Sally Surtada: Verbalize já!

Hoje escrevo aos Cuecas. Não adianta, vocês são a minha cachaça. É com vocês que eu me (des)entendo.

Já conversamos aqui (ou seria no Sally Surtada?) sobre a necessidade de verbalizar um fora. Não basta sumir, é muito menos doloroso para nós, mulheres, se vocês verbalizarem o fora. Pois bem, hoje venho falar do tema oposto: a necessidade de verbalizar uma relação estável e monogâmica. Talvez essa necessidade seja só minha, talvez não. Veremos nos comentários.

Existem homens que começam a sair com uma mulher e vão saindo, vão saindo, vão saindo… sem nunca verbalizar a natureza da relação que se estabeleceu entre os dois. E por incrível que pareça, muitas mulheres acham isso normal e realmente não se importam! Será que eu sou insegura? Eu me importo, eu fico tensa, eu fico ansiosa e começo a sofrer os sintomas da TPN – Tensão Pré Namoro.

Essa não verbalização começa a gerar um incômodo silencioso. Cria um novo estado civil, o QAC – Quase Alguma Coisa.

Eu fico tensa na presença de QACs. Aquilo me parece uma situação transitória desconfortável, quase que uma gambiarra emocional. Como apresentar um QAC a um conhecido? Não dá para chamar de amigo, né? Muito menos de namorado, porque QAC são criaturas sensíveis que se sentem pressionados por qualquer merdinha que a gente fale ou faça. Eu opto por apresentar pelo nome: “Este é Fulano”. Maaaaas… sempre tem um espírito sem luz que solta a pergunta: “Vocês estão namorando?”

Passei por isso com meu último QAC. Um grande amigo meu, muito sacana, por sinal, me solta essa, na presença de várias pessoas: “Qual é a de vocês? Vocês estão namorando?”.
Eu olhei para ele e disse: “Quando você limpa a bunda, você olha para o papel antes de jogar no vaso?”. Silêncio total na mesa. E complementei: “Ué… que foi? Se é para fazer pergunta constrangedora, eu sei fazer também…”.

Entendem o drama da TPN? Não estou aqui fazendo campanha para que todo mundo comece a namorar de cara, acho saudável conhecer bem a pessoa antes, fazer um test-drive muito bem feito. Só estou dizendo que quando o Cueca sente internamente que quer firmar um compromisso com a mulher, DEVE VERBALIZAR ISSO DE FORMA CLARA E INEQUÍVOCA, porque a mulher pode estar ali sofrendo silenciosamente os efeitos devastadores da TPN.

Tem aquelas que ficam com uma paranóia de “ele só quer me comer”. Isso eu nunca tive. Não me tenho em tão alta conta a ponto de achar que uma foda comigo valha meses de cineminha e jantar, até ele finalmente conseguir o que quer. Quem quer apenas isso, procura outro tipo de mulher (nem pior, nem melhor, apenas outro tipo) que topa um sexo casual já no primeiro ou segundo encontro e não dá trabalho.

A TPN se manifesta em mim aproximadamente um mês depois de estar saindo regularmente com a pessoa. Fico em casa roendo a própria mão, tipo cachorro estressado, me perguntando porque ele não verbaliza. Sempre estipulo um prazo mental, geralmente algo em torno de dois meses depois que comecei a sair com regularidade, e chegado o prazo, se não veio a verbalização, mando um “precisamos conversar” e digo que não dá mais. Geralmente não explico o motivo, porque soa como chantagem: “ou namora comigo ou acabou”. Assim eu não quero. Se não for por vontade de pessoa, espontânea, então deixa pra lá.

Mas nesse período de 30 dias que se dá entre o momento em que eu estipulo o prazo e o momento em que o prazo expira, vivo o inferno na Terra. Uma espécie de continuação do efeito “Bastidores”.

“Sally, você é maluca”. Sim, ainda pairava alguma dúvida?

“Mas Sally, porque você simplesmente não pergunta para a pessoa?”. Porque QACs se sentem cobrados com facilidade. Eu quero que A PESSOA QUEIRA namorar comigo, e não que a pessoa ceda à pressão de namorar comigo! Sim, tem que ler minha mente, tem que ter bola de cristal e tem que verbalizar sem que eu tenha que ficar sondando e mandando indiretas. (30 anos e solteira… bem feito!)

Já escutei de muita gente coisas como “Namoramos faz mais de três anos e nunca teve verbalização!”. PARABÉNS. Eu não tenho esse desprendimento. Eu sempre fico com medo de presumir errado e me comportar como namoradinha enquanto o outro quica no calcanhar e faz o que bem entende, para depois me dizer que “nunca te prometi nada”.

Em parte, entendo os Cuecas. Deve ser chato verbalizar. Sempre acaba ficando uma coisa meio brega. É um horror chegar e perguntar “Você quer namorar comigo?”. Também é um horror sair afirmando que é namorado sem consultar a outra parte envolvida! Se eu fosse homem, teria muita dificuldade em expressar com palavras a estabilidade de uma relação. Deveria existir um código mundial para isso! Ex: Quando ele comparecer a um encontro com uma camisa AZUL, está socialmente instituído que vocês estão namorando. (insegura? Eu?)

Cansei de estar jantando, ou dentro do carro, ou na casa da pessoa e ficar pensando “Verbaliza, verbaliza, verbaliza… filho da puta! Tá esperando o quê porra?”.

EU PRECISO DE VERBALIZAÇÃO! Alguém aqui me entende?

*grilos

Ok. Só para ilustrar, porque meu público alvo de hoje tem uma certa deficiência cognitiva quando se trata do universo feminino…

NÃO GERAM PRESUNÇÃO DE NAMORO

– “Não paro de pensar em você”

– “Você é minha”

– “Vamos lá em casa conhecer minha mãe”

GERAM PRESUNÇÃO DE NAMORO:

– “Essa é Sally, minha namorada”

– “Que sorte que eu tenho, por ter uma namorada tão linda”

– Tatuagem escrito “Eu namoro a Sally” – mas só se for em um lugar visível… hahahaha

Para pedidos de namoro, sugestões de temas e convites para o ano novo: sally@desfavor.com

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Comments (33)

  • Sally, sei que ja faz tempo que o texto foi publicado, mas to passando por uma situação parecida… porém ao contrário.
    O que vc acha de gente que some aos poucos, vai esfriando, sem verbalizar o pé na bunda ?
    Depois de já ter ficado um mês com a pessoa, dormindo junto, andando de mãos dadas etc

    Eu acho maldade, frieza, psicopatia.
    Gostaria de saber seu ponto de vista sobre pés na bunda não verbalizados também !

    Ah, excelente texto, como sempre.

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  • Sally, não vai nada. Quer dizer, depende do cara.
    Se ele enrolar é pq não. Se ele sorrir e concordar, é pq sim.

  • Sally, sou completamente oposta, haha. Sério, entro em desespero: não quero ouvir, não quero falar! E sempre chega um ‘mas tu acha isso normal?’, óbvio que não é normal ver e dormir com uma pessoa durante toda semana, mas não me interessa falar sobre isso!

    Da última vez que resolveram ter uma DR de uma R que ainda não existe comigo, eu quase chorei, haha! Imagina se eu fosse homem Oo.

  • Laivine, não tenho coragem de perguntar na cara se estamos namorando, fico achando que ele vai se sentir cobrado ou pressionado…

  • uma vez conheci um cara num carnaval.ñ sei pq,fiquei com ele a noite toda,e ele me apresentava pros amigos como “minha namorada”,e dizia pros outros” sou o namorado dela”..nunca entendi…

  • Concordo PLENAMENTE, Sally ! Não dá uma aflição ? eles não sabem o quanto causa dúvida essa falta de verbalização !

    “- Tatuagem escrito “Eu namoro a Sally”” HAHAHAHAHAHHAHAHA, eu ri MUITO com isso !

  • Quero ver você não chorar,
    Não olhar para trás,
    Nem se arrepender do que faz.
    Quero ver o amor vencer
    E se a dor nascer,
    Você resistir e sorrir.
    Se você pode ser assim,
    Tão enorme assim eu vou crer
    Que o Natal existe
    E ninguém é triste
    Que no mundo há sempre amor.
    Bom Natal, um feliz Natal,
    muito amor e paz pra você,
    pra você.

    Um Feliz Natal das 3 mentes perigosas!

  • Concordo em gênero, número e grau. Até porque, verbalizar namoro não significa enfurná-lo na sua casa e na sua família.

    Eu me preservo ao máximo. Ainda mais na minha idade, quando meus pais pararam de ter medo dos meus namorados e agora em medo porque não tenho namorado. Funky time…

  • Mulherzinha Sim!

    Ainda bem que fui a primeira a comentar neste post, pois estou passando pela mesma situação.

    Fico com um cara desde julho, mas ele não morava aqui no Rio – mudou agora em dezembro para cá. Mas sempre que ele estava por aqui, a gente se encontrava e passava o final de semana todo junto.

    O dito cujo me convidou para a formatura dele no ES, viajei com a família dele, conheci os amigos e nada do fulaninho verbalizar sobre a nossa relação. E o pior: o fotógrafo da festa perguntou o que eu era dele e sabe o que ele respondeu? “Minha amiga, por enquanto”. Porra, amiga que beija na boca dele e faz outras coisas mais?

    Agora, já no Rio, me convidou para participar do amigo-oculto de Natal na casa dele. Não sei se eu surtei, mas isso é coisa de namorados… E o que ele está esperando?

    Tô puta com essa TPN porque, como você disse, não quero chegar e falar nada para não causar pressão. Mas também não quero dar o direito dele fazer gracinhas e depois dizer que não é meu namorado. Estipulei um prazo também e se ele expirar, azar o dele.

    Quanto ao meme, você coloca aqui no seu blog com o nome do blog que te passou e depois repassa para outros seis.

  • Mas tem que mesmo!

    Se os dois estão solteiros e se querendo, que custa ser homenzinho e fazer às vezes? Não precisa ter serenata nem nada, mas é bem bonitinho ver o marmanjo te pendindo pra ser sua namorada.

    Hihi

    *suspiros

  • ” GERAM PRESUNÇÃO DE NAMORO:

    – “Essa é Sally, minha namorada””

    Não parece muito complexo o conceito…

    Eu acho boa essa verbalização, por parte de ambos… O começo é tão difícil. No meu atual namoro, veio por parte dela, que disse “meu namorado”, isso em um chilique por ciúmes. Foi bom, me senti no direito de dar os meus também.

  • Não sei do que você ta falando. o.õ
    Mas por que você não simplesmente chega, com aquela cara mais alegre do mundo, e pergunta:

    “Estamos namorando?”

    ou

    “Isso é o que? Namoro ou amizade?”

    Claro, seguido de um sorriso de uma orelha a outra, e, dependendo da resposta, tire suas conclusões.

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