Ele disse, ela disse: O que ficou atrás.

Sally e Somir concordam num ponto: perguntar sobre a vida sexual passada do parceiro é um tremendo desfavor. Mas o milagre termina aí, a partir do momento que a pergunta é feita eles discordam totalmente sobre o que deve ser dito em resposta.

O assunto de hoje é: DEVE-SE RESPONDER A VERDADE QUANDO SEU(SUA) PARCEIRO(A) TE PERGUNTA SOBRE SEU HISTÓRICO SEXUAL?

Semana passada eu fiquei injuriado. Minha CARA usou uma tática bem suja para ganhar a discussão. Não que eu não tenha a respeitado mais ainda depois disso, minha escala de valores tem dessas liberalidades, mas vou fazer o possível para não deixar isso acontecer de novo.

A verdade faz bem, a verdade liberta. Não apóio que se sustente qualquer relação baseada numa mentira, é um risco muito grande e tira muito da graça da vida.

O que não quer dizer que excesso de sinceridade seja uma alternativa à mentira.

Ninguém sai falando tudo o que pensa sem freios porque é receita comprovada de desgraça. As palavras tem força, principalmente se saídas da boca de alguém de quem você gosta. Um certo controle sobre as idéias que você expressa não é só questão de auto-proteção, é sinal de preocupação com o bem estar do outro.

Isso é muito óbvio quando se pensa em não humilhar alguém que você gosta em público. Mas começa a ficar meio nebuloso quando se está na segurança do ambiente controlado. Você e uma pessoa com a qual você tem algum relacionamento afetivo. Nessas horas não é incomum que a liberdade de poder ser você mesmo acabe te fazendo ser mais honesto do que deveria.

“Mais honesto do que deveria? Isso é eufemismo para mentira, Somir!”

Não, não é. Tem coisas que não precisam ser ditas, ou pelo menos não ditas com as primeiras palavras que vêm à sua cabeça. A pessoa que ouve o que você vai dizer não tem obrigação nenhuma de saber toda a sua linha de raciocínio. Ela vai processar a informação que receber. E uma das piores coisas que você pode fazer é colocar essa pessoa na defensiva antes de se expressar corretamente.

Afirmo com certeza e conhecimento de causa: Evita-se METADE das brigas de um casal se você souber como usar as palavras. Não estou falando de erudição, estou falando de expressar o que você REALMENTE quer dizer, do começo ao fim.

Ser mais honesto do que se deve não é questão de mentir sobre algumas coisas, é ser honesto de forma atabalhoada, despejando tudo o que pensa em cima de outra pessoa. Ela não está dentro da sua cabeça, não tem como saber o que você realmente quer dizer a não ser que você a ajude.

Não se começa um texto pela conclusão.

Embora não seja um conceito lá muito complexo, essa organização da informação, essa calma de colocar suas idéias numa ordem amigável para seu(sua) parceiro(a) não é a situação mais comum. Quando existe sentimento envolvido, essa frieza chega a ser utópica.

O sangue ferve, a frustração toma conta e você toma uma medida drástica: Solta os cachorros para cima da outra pessoa, do jeito que as coisas aparecem na sua mente. Com raras exceções, as pessoas tendem a não engolir muito bem essa pancadaria verbal. Sentem-se pressionadas, acuadas e ofendidas.

Pronto, começa uma discussão e duas pessoas que se gostam acabam ficando furiosas uma com a outra porque não conseguiram se comunicar.

“Então você está explicando como a pessoa que ouve essa pergunta deve agir, Somir?”

Não, eu estou explicando como grande parte dessas perguntas surge. Eu acho uma estupidez TÃO grande fazer uma pergunta desse tipo sobre passado sexual que só consigo concebê-la vinda de duas situações:

– Descontrole;

– Insegurança.

A pessoa descontrolada vai perguntar alguma coisa desse gênero numa crise de ciúmes ou durante uma discussão acalorada. A pessoa insegura vai perguntar isso apenas para ouvir uma mentira e se sentir melhor consigo.

A pessoa descontrolada nem vai pensar se ela realmente quer saber a resposta. E, convenhamos, todo mundo acaba perdendo a cabeça eventualmente. Ninguém está completamente imune a falar uma bobagem e perceber segundos depois que não deveria ter falado aquilo. A pessoa insegura não quer a verdade a não ser que a verdade seja do jeito que ela imagina. E até mesmo pessoas que são muito seguras tem seus momentos de fraqueza. Ninguém é de ferro.

Percebem como quase sempre esse tipo de pergunta sai da boca de uma pessoa que não está sendo racional? E percebem como nenhuma delas quer a verdade a qualquer custo?

Somos falíveis.

Adianta dar uma resposta para a pessoa que ela NÃO quer ouvir só para puní-la por ter demonstrado fraqueza? Vai exigir perfeição de alguém? Boa sorte quebrando a cara na vida para sempre!

Não seria muito melhor para a relação tentar trazer essa pessoa de volta aos seus sentidos e explicar para ela que não quer falar sobre isso porque não faz nenhuma diferença agora?

Não responda o que não te foi perguntado. Você pode até achar que a pergunta realmente tem a ver com as estatísticas sexuais do seu passado, mas não tem. Ela é um momento de estupidez, estupidez humana, do qual ninguém está completamente livre.

Se a verdade é que você não se preocupa mais com o passado por causa da sua relação presente, diga a verdade: Não quero responder. Nem sempre os dois de um casal podem ser os adultos da relação. Eventualmente você vai ter que assumir essa responsabilidade e lidar com a crise.

Eu falei disso anteriormente, dizer a verdade não é só disparar um monte de informações para cima de alguém, dizer a verdade é expressar o que você realmente quer dizer.

“Mas e se a pessoa me pergunta isso o tempo todo?”

Aí sim você vai ter certeza que não é um deslize.

Se for insuportável para você, pule fora da relação. Se não for, continue saindo pela tangente. Nunca vai ser bom responder a pergunta. Se for para alguém que você goste e queira continuar junto, provavelmente vai fazer mal para ela e vai render uma briga. Se for para alguém que você não quer mais… Vai ficar dividindo intimidades com ela? Eu hein…

Para perguntar sobre o meu passado sexual e não receber a resposta: somir@desfavor.com


Quando me perguntam o que fazer nessa situação, eu procuro sempre dar o que julgo ser o melhor conselho para quem pergunta. Dou conselhos apaziguadores quando vejo que a pessoa quer manter a relação. Mando a mulher desconversar ou simplesmente não responder.

Mas a minha opinião pessoal é diferente. Porque? Porque eu acho muito grave essa pergunta. Aparentemente as pessoas não acham. Vejamos… se a pessoa que foi vítima (essa é a palavra: vítima) desta pergunta escrota não deu um pé na bunda do cretino, babaca, inseguro, na hora em que a pergunta foi feita, sinal que não considerou tão grave assim. Então, já que pretende continuar com um imbecilóide que pergunta isso, que ao menos não responda para que não seja importunada (mais ainda) no futuro. Sim, porque tudo que você falar pode ser usado contra você por esse tipo de pessoa!

Mas, para mim, essa pergunta, como eu disse, é muito grave. Mostra, entre outras coisas, que a pessoa é: sem noção, pé no saco, pentelha, inconveniente, insegura, chata pra caralho e carente. Acho um abuso me fazer esse tipo de pergunta. Uma pessoa que me pergunta sobre meu passado sexual cai um milhão de pontos no meu conceito e dificilmente eu continue com ela. O mínimo que eu espero de um homem é que ele seja seguro, estou cansada de levar bebês inseguros no colo.

É justamente por isso que eu acho que se o animalzinho abriu a boca cheia de dentes para me perguntar um desaforo desses, MERECE (e como merece!) ouvir uma resposta. De preferência uma resposta anabolizada, bem pior do que a realidade. Que doa no fundo da alma dele e mexa com suas piores inseguranças. Podem ter certeza, eu não vou continuar com um pateta que me faz uma pergunta dessas. Mas ao menos devolvo esse peixe para o mar adestrado, garanto que a próxima que o pescar não terá que passar por isso, porque ele nunca mais pergunta isso para ninguém.

Onde já se viu querer saber do meu passado sexual? Curiosidade ele pode até ter, mas se não tem o bom senso de saber que isso é uma coisa que não se pergunta, ele e muito sem noção. É aquela história que eu sempre digo, as pessoas vem em pacotes. Um sem noção tem um pacote que não me agrada, é o mesmo que vai ficar me ligando quando eu estiver no trabalho, que vai me acordar quando eu estiver dormindo e que vai fazer comentários idiotas e impróprios na frente dos meus amigos. É de uma inconveniência que chega à falta de educação. Tem coisa menos charmosa que homem inseguro e inconveniente? Argh… nojinho!

Partindo da premissa que eu vou pegar um nojinho escroto do sujeito que me faz uma pergunta dessas, eu acho que tem que responder o que foi perguntado. Se não queria saber, não pergunte. Se não agüenta, porque veio? Claro que se eu não perdesse todo o respeito pelo bostinha que se atreveu a fazer esta pergunta inconveniente e tivesse interesse em preservar minha relação, eu mentiria ou não responderia. Mas não é o caso. Quando escuto uma porra dessas me sobe um ódio mortal.

E o ódio é de mim mesma, viu? Por ser tão imbecil de ter escolhido para estar do meu lado um IDIOTA que é capaz de abrir a boca para perguntar isso. O que é essa pergunta? É um JOGUINHO, um joguinho idiota onde o babaquara quer saber não uma resposta sincera e sim se você gosta dele o suficiente para mentir. Pois de mim vai ter a mais sincera das verdades, se possível, piorada. Tá para nascer homem que me faça jogar joguinho. Vai pro inferno.

“Mas Sally, te pedi um conselho lá na comunidade e você me mandou não responder”. É o que eu disse, se dentro da sua escala de valores essa pergunta não é uma coisa grave, minta e continue com seu amor. Dentro da minha escala de valores, o homem que pergunta isso está reduzido ao patamar de um verme. E merece ouvir a verdade, que nada mais é do que um “Olá, meu nome é Sally, eu não vou jogar esse joguinho babaca, prazer”.

Não estou dizendo que quem aceita ficar com um homem assim é imbecil. Cada um tem a sua escala de valores e uma não é melhor do que a outra, nem mais correta do que a outra. Só estou dizendo que PARA MIM, homem que pergunta isso é um bostinha e merece se foder. Tenho prazer em ver a cara de bunda, de surpresa, que eles fazem quando mando uma resposta sincera na lata.

E querem a parte engraçada? Neguinho pergunta, muitas vezes insiste, mas quando vem a verdade, ainda ficam putinhos com você! Parece um bebê chorão, com cara de bunda. Só falta dizer “Porque você não mentiu para mim? Porque? Eu não queria saber a verdade! Buáááááá…”. Dá um tempo.

O que eu fiz ou deixei de fazer com outros homens não interessa A NINGUÉM, nem a meu namorado, nem a meu marido, nem à minha família nem mesmo às minhas amigas. Não ter esse bom senso de respeitar o espaço e a vida privada do outro me dá calafrios. Odeio gente que pensa que casal tem que ser uma coisa só, tem que contar tudo um para o outro e não tem direito e um pouco de privacidade mental.

Repito: o problema não é ter a curiosidade. O problema é não ter o bom senso de saber que é altamente inconveniente e queima-filme soltar uma pergunta neurótica dessas. Deus me livre de homem assim! Se todas as mulheres jogassem uma verdade dolorosa na cara desses panacas, com o tempo, eles parariam de perguntar essas coisas.

Para me perguntar sobre meu passado sexual e ouvir um palavrão de 17 sílabas, para me contar sobre o seu passado sexual e ouvir um deboche e para sugestão de temas: sally@desfavor.com

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Comments (8)

  • Como eu só tive um namorado e ele não tinha vida sexual ativa antes de me namorar e nem eu, não passei por esse desfavor. Mas é algo chato mesmo.

  • Não me interesso pelo passado sexual de nenhuma mulher, aliás, acho desnecessário, de péssimo gosto, ela sequer comentar que já teve um namorado antes de mim.

    Sou um tanto quanto ciumento e possessivo, me faz mal.

  • Querido Somir, a maior prova de que eu não procuro perfeição é que NAMOREI COM VOCÊ.

    Não faça parecer normal que um homem pergunte sobre o passado sexual de uma mulher porque NÃO É, é demência em último grau, é encrenca na certa!

  • Só responda se for pesquisa para escritor, estatística e coisas do gênero. Ou para se livrar de quem pergunta.
    Abraços aos dois.

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