Dia: 13 de fevereiro de 2010

Bacana!

Duvidavam?

Somir

Assim que acaba a chatice das pessoas te perguntando o que você vai fazer nas festas de final de ano, começa a chatice das pessoas te perguntando o que você vai fazer no carnaval. Quando o assunto surge, eu começo a usar as minhas táticas ninjas para ficar fora do foco da conversa o tempo necessário para mudarem os rumos e ninguém me pentelhar sobre algo o qual eu não quero falar.

Nem sempre eu consigo. Antigamente eu dizia a verdade: “Eu sou um ser humano civilizado, tento ficar longe dessa plebe fedorenta nessa época.” Mas a verdade acabava criando algumas situações desagradáveis. Depois de algumas caras feias e rompimentos de relações amistosas, decidi ficar com o famoso “Ainda estou vendo, não gosto muito de Carnaval…”

Claro que a conversa eventualmente descamba para a minha suposta incapacidade de me divertir. Descubro sempre que preciso relaxar mais e aproveitar a vida.

Ok. Tudo para mudar de assunto. Aqui, contanto, eu vou continuar no tema, falando dessa nossa maravilhosa festa cretina nacional.

Música, bebida, sexo… Os pilares do Carnaval. Pensando assim, de forma genérica, realmente parece que eu sou um chato que não sabe aproveitar a vida. Eu gosto de música, de bebida e de sexo, mas não gosto de Carnaval…

Oras, por que será?

Eu adoro pizza. Mas jamais encararia uma daquelas pizzas malucas que levam frutas. Ou mesmo aquelas aberrações que costumam fazer fora das grandes cidades do estado de São Paulo… Não é qualquer uma. Tem que ser uma pizza boa.

Pensemos em música no Carnaval. Como todo elitista cultural, eu desenvolvo boa parte do meu preconceito contra o resto da população pelo meu gosto musical. Uma das discussões mais comuns que eu tenho com quem escuta de mim que só escuta merda é que “gosto não se discute”. Pena que as coisas passem longe de questão de gosto… As músicas populares dessa época do ano são ruins feitas por produtores musicais babacas que CONTAM com a ruindade delas para torná-las descartáveis. Não são as pessoas que decidem os hits da estação, é quem paga o “jabá”.

As pessoas não gostam mesmo dessas músicas, elas se acostumam com elas. Eu tenho certeza disso por um simples motivo: São as MESMAS músicas com letras diferentes TODOS os anos. Uma pessoa tem gosto musical quando ela ESCOLHE o que vai ouvir. Não é questão de gosto na maioria dos casos. (No caso da Sally é. Ela tem gosto musical ruim MESMO. Eu percebi isso rápido e me resumo a debochar dela, já que gosto não se discute.)

As músicas são amontoados de batucadas e letras ESTÚPIDAS (Que não são de duplo sentido, são de ÚNICO sentido. Sério, decide aí. Prefiro letra pornô explícita do que esses trocadilhos baratos para fazer até a pobralhada entender. É mais digno.) cujo único objetivo e fazer as mulheres (e os homens que sonham ser mulheres) rebolarem. Bundas mexendo = Povo feliz.

Sério, não é sobre a música, nunca vai ser sobre a música: Bundas mexendo e aumentando a libido desse povinho católico reprimido de merda.

E quanto à bebida? Cria-se a obrigação social de se estar alcoolizado 99% do tempo durante o Carnaval. Não que eu seja contra beber socialmente, mas quem bebe para ficar MOOOOITO CHAPAAADOOOO tem merda na cabeça. E como uma hipocrisia defende a outra, ninguém realmente pega no pé da pessoa que enche os cornos e sai fazendo merda por aí.

Foge completamente da minha capacidade de compreensão como uma pessoa pode admitir orgulhosa que encheu a cara e fez besteira. E nem é questão de moralismo… É lógica simples mesmo. Uma pessoa que consumiu uma grande quantidade de algo e depois sofreu as conseqüências óbvias? É A MESMA COISA que dizer que comeu muita porcaria e teve uma caganeira daquelas. Precisa ter orgulho disso? Quer contar o que fez, conta. Mas tira esse sorriso de satisfação da cara porque você não fez nada demais.

“Batam palmas para mim, eu consumi álcool!” – Parabéns, mongo. Vai querer um prêmio também quando mijar depois disso?

E outra: Neguinho enche a cara para ATURAR a porcaria que vai vivenciar nos dias de festa. Um bando de gente suada, fedida e mal educada amontoada junta no verão? A rainha da bateria da escola de samba não vai estar seguindo o bloco. Ela vai estar dando para alguém rico num camarote com ar condicionado (Tá certa ela… Que gosta de povão é assistente social…). O que sobra é a mesma coisa que sempre sobra o resto do ano. O povo mais ou menos encarável, mais ou menos barango de sempre.

O que nos leva ao terceiro elemento do Carnaval que pessoas “sem noção de diversão” como eu acham um embuste: Sexo.

A mesma mulher mais ou menos, vestindo aquele abadá fedendo a ranço, que bochechou cerveja para limpar os arrozes perdidos na boca depois de vomitar e que vai voltar assim que terminar de mijar atrás daquela caçamba de entulho na esquina não seria nem mesmo sua última opção numa situação normal, seria? Até mesmo “de fogo” uma mulher dessas levantaria algumas dúvidas razoáveis.

Mas é Carnaval, se não traçar agora dificilmente vai traçar tão fácil depois. E estamos no clima de fazer essas coisas não? Basta culpar a cerveja. E com tanta pinga na cabeça, existem uma bela chance do cidadão vacilar e não perceber aquelas saudáveis protuberâncias na buceta da “vítima”. Isso para ficar não falar de todo o resto. Sempre tem as antas que enchem a cara e vão “na pele” mesmo.

O Carnaval se torna uma espécie de “cio artificial” do povo. Nada contra sexo, mas não PRECISA estar ridiculamente bêbado e pegar qualquer coisa que mije sentado para aproveitar a vida, oras.

Eu nem vou falar sobre essa coisa de “beijar muito” porque eu não tenho mais doze anos de idade e não consigo me lembrar de como a mente dos pré-adolescentes (de várias idades) funciona.

Só me resta torcer para que o trio-elétrico da Ivete Sangalo exploda e os destroços caiam em cima da Sapucaí. (Vai ter que ser uma bomba poderosa…)

Odeio gente.

Para dizer que eu não sei me divertir, para dizer que também acha que uma bomba em Salvador e outra no Rio aumentariam o Q.I. da população brasileira em 20 pontos, ou mesmo para reclamar que eu não coloquei o vídeo (vocês já vão entender): somir@desfavor.com


Sally

Se você não gosta de carnaval, aqui é o seu lugar. Porque o único dia em que vamos falar de carnaval é hoje. E vamos falar MAL.

Se você não agüenta mais ver Ivete cantando “Comigo é na base do beijooo…”, ver Mulheres Frutas e Putas de Carnaval pagando calcinha e gente perdendo a linha em função de uma mera convenção de calendário, seja bem vindo ao Desfavor da Semana. Agora, se você não acha uma delícia Leo Santana dançando Rebolation, vai se internar, Amiga Leitora, porque você é doida (Rebolation é bom, bom… Rebolation é bom bom bom)

Na minha cabecinha, quem não é promíscuo e não gosta de promiscuidade, NÃO FAZ promiscuidade, independente da data do calendário. Na minha cabeça, quem é promíscuo e é chegado a uma promiscuidade (não estou julgando) faz com convicção, sem precisar usar bebida ou carnaval para se permitir ou para justificar as baixarias que faz. Infelizmente o mundo tá cheio de gente que posa de correta o ano todo e no carnaval faz merda em cima de merda e acha que na quarta-feira de cinzas tá tudo apagado, pois afinal, era carnaval e a pessoa estava bêbada. Juro que não entendo esse mecanismo babaca de autoperdão. Mas é socialmente aceito, então, neguinho continua fazendo.

Além da conduta repulsivo-hipócrita da maior parte das pessoas que me cercam, tem também o fator mídia. O carnaval é explorado de forma massiva por todos os meios de comunicação, até o saturamento. Neguinho tem ORGULHO de carnaval. Eu acho um ritual quase que animalesco, uma involução. Pessoas em blocos de rua me fazem lembrar a macacos em bandos, tamanho seu comportamento indigno. Tirando Leo Santana mexendo o Balacobaco, carnaval é um lixo. (Baaaaalacobaco, mexer o Balacobaaaco). Ahhh… Leo Santana (o gostoso é até embaixo… o gostoso é até embaixoooo…)

Para piorar tudo, tem o calor. Porque carnaval, como vocês sabem, ocorre no verão. Aglomerações de pessoas já me aborrecem normalmente, no calor então… Daí neguinho (neguinho = minhas amigas) acham BACANÍSSIMA, não sei por que caralho, sair em blocos de rua, no meio de uma multidão, em um calor de 50º. E esse ano tá foda, dez horas da noite e termômetro marcando 35º. Quero frisar que este aglomerado de pessoas SUADAS na rua é composto basicamente por gente alcoolizada. Eu, enquanto ser humano que não bebe, tiro um proveito mínimo desse tipo de incursão. Sério… milhões de anos de evolução para ISSO? Aff. Se ainda tivesse Leo Santana… (Mão na cabeça que vai começaaaar… o Rebolation tion tion, o Rebolation…).

Daí você vai para a rua, com gente bêbada e suada. Daí neguinho bebe, porque aturar um programa de índio como esse, só com os cornos muito cheios. Daí você fica pulando com aquela gentalha suada, aquele cheiro de povo. Daí que ainda tem gente que BEIJA NA BOCA de algum elemento suado que seja mais bem apessoado. Tipo, você não sabe se o cara chupou o pau do porteiro, limpou a boca na cortina e está lá te beijando. É mesmo muita frescura minha não sair beijando quem eu não conheço? E nego SE DIVERTE fazendo essa merda! JURO que nego se diverte! Mi Buenos Aires queriiiidaaaa… Definitivamente, eu sou mais argentina do que brasileira.

E quando carnaval era sinônimo de mulher bonita com pouca roupa, eu até entendia os marmanjos acompanharem desfile de escola de samba. Mas hoje? Aff… Hoje acontece um fenômeno que eu chamo de Bunda a Qualquer Preço. Bando de mulheres flácidas, celulitosas, com bracinho Tyson e com PÂNÇA, mas que tem bundão. Basta ter bundão, foda-se o resto. Daí temos que ver essas mulheres fruta (não seria mais correto mulher-gelatina?) se achando, semi-nuas, com seus bracinhos de Bonequinho da Michelin, sambando e a banha reverberando.

Tem também as putas velhas, que ficam entocadas o ano todo tentando amenizar as rugas e fisgar um Senhor que Ajude. No carnaval elas saem das suas tocas com uma Síndrome de Susana Vieira, se achando garotinhas e vão para os holofotes todas montadas: Meia-calça comprada em Nova Iorque especial para esconder celulite, trocentos roxos nas pernas de carboxiterapia, botox na cara até ficar parecendo boneca inflável e mega-hair até a cintura. E apesar de toda a produção, continuam uma merda. Alguém avisa para a Nana Gouveia que ela parece o Mun-Rá, o de vida eterna? Saber envelhecer com dignidade é uma arte.

E ai de quem falar que detesta carnaval: chata, de mal com a vida, mal comida e daí pra baixo. Daí vem as amigas miando: “Ahhhh vem com a geeeenteeee… deixa de ser chaaaataaa”. Porque se você não gosta de tomar sol na moleira, mão na bunda e ouvir uma bandinha de rua tocar “Olha a cabeleira do Zezé”, você é uma pessoa azeda. Não dá pra mandar tomar no cu, porque vai, nego chama com carinho, daí tem que sorrir e explicar que não gosta. “Uéééé! Mas você não dança axééé?”. Sim, em um palco, espaçoso e ventilado. Sendo o centro das atenções. Na muvuca, no meio da prole é derrota.

E cortando na própria carne, porque escrevo para os leitores e não para mim mesma, carnaval é uma época de MÚSICA RUIM bombar. Não é porque eu gosto das músicas que elas são boas (aliás, muito pelo contrário). Eu adoro, mas imagino que para quem não gosta, ficar ouvindo essas músicas ruins full time seja um pau no cu. E também tem o que eu chamo de “Efeito Latino”. A música, quanto mais merda, mais gruda na nossa mente (hooooje é festaaaa lá no meu apê…). Então, não basta escutar à exaustão música ruim, depois ainda vem a rebarba de se pegar cantando “No rebolation tion tion, no rebolation” na frente de outros seres humanos, minando assim sua credibilidade para todo o sempre.

A maior merda nesta data é que não tem para onde correr. Onde você vai tem uma porra de bloco na rua, uma porra de um show, uma porra de uma batucada. Aliás, muitas vezes você nem vai, a batucada vem até você. Quantas vezes estava eu no sossego do meu lar quando passa um bloco e atrapalha minha paz? Se ainda fosse Leo Santana dançando o Rebolation… mas não, é sempre um Zé Buceta com pânça de chopp cantando uma marchinha de duplo sentido. Porque tem disso: se você escuta um funk de duplo sentido é baixo nível e tentam até proibir, mas marchinha de carnaval 100% baixaria tá tudo bem. Alguém sabe se tem promoção da Gol para Buenos Aires?

Se você gosta de carnaval, vai lá, aproveita. Eu acho uma festa decadente de gente que tem putaria na alma e só é reprimida demais para fazer aquilo que lhe é inerente o ano todo e/ou sóbria. Quem é correto, não faz nunca, não importa o calendário. Mas aproveita, porque a sociedade não pensa como a gente do Desfavor. Será concedido um belo perdão por qualquer bosta que você faça, afinal, é carnaval. Manda ver: fica com o ex de amiga, bebe e dá pra um que você mal conhece, mija na rua. Vale tudo. Quarta-feira de cinzas tudo vai ser apagado, até porque, todo mundo vai estar mais sujo que pau de galinheiro. Brasil il il!

OBS: Implorei pro Somir ilustrar este Desfavor da Semana com o clipe “Rebolation” do Parangolé. Atentem para o rebolation de Leo Santana, meninas.
Nota do Somir: Vai o link e OLHE LÁ!

Para me dizer que eu tenho mais é que voltar para a Argentina, para me dizer que acha Leo Santana rebolando extremamente gay e para dizer que toda gringa se amarra em um negão: sally@desfavor.com