Dia: 24 de janeiro de 2011

Imagem levemente modificada para grudar na sua retina para sempre.Hoje vamos colocar na balança, mais uma vez, opiniões divergentes sobre como se cuidar da própria forma física. Com a popularização das cirurgias de redução de estômago, não são mais apenas os “mortalmente” obesos que submetem à prática.

Tema de hoje: Redução de estômago por motivos estéticos é aceitável?

SOMIR

Sim. E olha que eu tenho lá meus estranhamentos com a vaidade habitual da humanidade. Fico puto quando percebo que muitas pessoas fazem esforços incríveis para ficar mais bonitas, mas não levantam um dedo para aprender a conversar sobre algo além de… outras pessoas. Vão até o limite do supérfluo de um lado, ignoram o básico do outro.

E não é discursinho hippie “todo mundo é lindo do jeito que é”, vaidade é uma coisa muito boa, mas deveria valer no campo intelectual também. Falar coisas estúpidas e demonstrar ignorância sobre diversos assuntos é até motivo de orgulho para muita gente!

Pois bem, se isolarmos o fato de que uma pessoa está fazendo uma intervenção cirúrgica com o objetivo de parecer mais atraente para outros seres humanos (e para si mesma, por que não?), a operação de redução de estômago não é tão diferente assim de colocar uma prótese de silicone ou fazer uma lipoaspiração.

É evidente que cada tipo de operação tem seus riscos e recompensas próprias, mas a idéia de modificar o corpo para se adequar a padrões de beleza que não alcançaria facilmente (ou nunca, no caso do silicone nos seios) está lá. Quando começaram as primeiras cirurgias plásticas, o alvoroço sobre “as implicações éticas” foi grande, mas bastaram algumas gerações de narizes mais finos e decotes mais preenchidos para o povo sossegar.

A cirurgia de redução de estômago para fins estéticos é um passo além das plásticas. Pode ser difícil de digerir agora (ha), mas não é nada tão chocante assim. A tendência é que uma sociedade com avanços tecnológicos significativos comece a achar soluções “preguiçosas” para problemas solucionáveis com esforço e dedicação.

Afinal, evoluímos para quê? Você não caça touros para fazer o churrascão de domingo, ou caça? Você não atravessa uma cidade grande andando todos os dias, atravessa? Tecnologia serve para diminuir a carga de esforço físico do ser humano (teoricamente para aumentar o mental, mas… pequenos passos…). O que nos leva a uma população cada vez mais sedentária e obesa. O caminho que pegamos, como espécie, não permite mais uma volta às raízes de muito esforço para pouco resultado.

Então chega de frescura! O que quer que inventem para “desembalofar” esse mundo de forma rápida e preguiçosa é ÚTIL. Porque a solução que a Sally prega NÃO tem mais lugar no mundo de hoje.

Força de vontade e disciplina não são características presentes em todos os seres humanos. Isso é papo de livro de auto-ajuda. É no mínimo de uma inocência incrível achar que dieta e exercícios são uma alternativa viável para todas as pessoas. Tem gente que simplesmente não tem saco para isso, tem gente que prefere morrer de infarto aos 40 do que fazer algo que não gosta até os 80. Ei, essa é a humanidade! Não deveria ser surpresa.

E se o poder interior não está em todas as pessoas, tem algo que está: O estômago. E existe uma cirurgia que o diminui e faz a pessoa perder peso! Pode não ser o mais saudável, mas é prático. Principalmente para quem nunca vai conseguir emagrecer de outro jeito (SPOILER: Quase todo mundo.).

E como em todo procedimento invasivo, existem riscos incluídos. Se vacilar dá até pra morrer no consultório do dentista. A questão é saber dosar o quanto você pode se arriscar com a necessidade da operação.

A vida não é feita só de sacrifícios, prezamos a conveniência (sabiamente) em vários aspectos da nossa vida. Só porque é uma decisão estética não precisa-se criar esse clima todo de reprovação. Fazer o mais fácil por um motivo fútil é algo tão alheio para você assim? (Pergunta retórica, eu sei que você que está lendo vai mentir quando responder…)

Mas nem tudo são flores. Um dos motivos pelos quais eu sou favorável à operação de redução de estômago para quem quiser é o simples fato de que essas pessoas podem parar de ENCHER O SACO dos outros com aquele nhé-nhé-nhé de gordo vítima. Sabe a pessoa que fica reclamando que não consegue emagrecer? Ou pior, que exige que outras pessoas a achem atraente? Ela é justamente quem não consegue seguir o caminho “natural”.

Mete a faca na pessoa e pronto! É a única chance dela conseguir. E se o mundo precisa de alguma coisa atualmente, é de menos gente gorda com mentalidade de minoria perseguida. Do jeito que a sociedade funciona atualmente, emagrecer traz felicidade e aceitação para esses chatos (pelo menos até eles descobrirem na prática que a personalidade repulsiva era o que afastava os outros…)

E se algum deles morrer no processo… O pool de genes fica mais limpo. Dá certo dos dois jeitos.

Enquanto não estiverem cortando o MEU estômago (Gezuiz me livre de não conseguir mandar um bife de meio-quilo goela abaixo ao meu bel-prazer), não vejo o menor problema.

Pessoas diferentes precisam de soluções diferentes. Menos idealismo romântico e mais tecnologia, por favor! Bem-vindos ao século XXI!

Para dizer que eu estou me defendendo neste texto, para dizer que prefere ser saudável do que ser feliz, ou mesmo para dizer que meu texto foi muito quadrado, bicho!: somir@desfavor.com

SALLY

É aceitável fazer cirurgia de redução de estômago para fins meramente estéticos? NÃO. Não é aceitável, é um absurdo, é bizarro mutilar um órgão em nome da estética. E olha que eu faço quase tudo em nome da estética, se EU estou dizendo que não é aceitável, melhor prestar atenção.

Uma cirurgia agressiva como essa só deve ser utilizada como último recurso para não morrer ou ficar seriamente doente. Isto, claro, se a pessoa tiver um mínimo de bom senso. E lhes fala de camarote quem fez uma colectomia em função de um tumor que também é realizada para emagrecer gordinhos (remove-se a parte do intestino que absorve a gordura, que calhou de ser o local onde eu tinha um tumor), então, não falo em tese aqui. Falo com o conhecimento de causa do que é e das consequências que uma cirurgia mutiladora desse porte deixa em uma pessoa para o resto de sua vida.

E não me venham com argumentos falsos do tipo “melhor isso do que ser gordo”, porque hoje em dia existem INFINITAS OPÇÕES. Você pode colocar um balão dentro do seu estômago e inflá-lo para ter sensação de saciedade sem cortar fora nenhum pedaço do seu sistema digestivo. Você pode tomar medicamentos que suprimam o apetite, como anfetaminas e cia. Você pode tomar medicamentos que impeçam a absorção de gordura como xenical e cia. Você pode recorrer a um milhão de coisas que não caberiam nas minhas duas páginas de hoje. Não há necessidade de se mutilar em nome da estética.

Vou contar um caso bizarro: a irmã de uma amiga minha viajou para outro país para fazer uma cirurgia de remoção dos dois últimos dedos de cada pé. Ela optou por amputar dois dedos de cada pé, o mindinho e o do lado. Sabem porque? Para poder usar seus sapatinhos Christian Louboutin, Manolo Blahnik e Jimmy Choo com conforto. Seus sapatos de bico finíssimo não cabiam em seu pé, que era largo. Ela mandou ver, cortou fora dois dedos de cada pé. Você está chocado? Você está indignado? EU TAMBÉM. ABSURDO! O mesmo absurdo que cortar fora um pedaço do estômago de alguém. Sendo que eu considero o estômago ainda mais importante que um dedo mindinho na hierarquia de funções corporais!

Até entendo aquela pessoa morbidamente obesa que está hipertensa, diabética, cardiopata, correndo mil riscos à sua saúde faça uma intervenção tão radical. Esta pessoa não pode esperar nem pode se dar ao luxo de tentar procedimentos menos invasivos e mais demorados. Mas atentem para o tema de hoje: PARA FINS MERAMENTE ESTÉTICOS. Quem mutila um órgão importante para fins meramente estéticos é débil mental. Nem eu que venero a estética faria uma porra dessas. Não é aceitável se mutilar com consequências e restrições para o resto da vida para fins meramente estéticos. Faz quem quer, mas não é aceitável. Existem outros meios de obter o mesmo resultado.

Porque tem dessa: as pessoas soltam um “faz quem quer” como se o fato da pessoa optar por aquilo fosse aceitável. Vomita após cada refeição quem quer e isso não é nem um pouco aceitável, se chama bulimia. Pessoas fazem coisas não aceitáveis o tempo todo.

Você sabe a que se resume a vida alimentar de alguém que faz essa cirurgia? Você sabe as complicações que a pessoa enfrenta para o resto da vida? Você sabe os riscos? Você sabe como é o pós operatório? É um absurdo que alguém ainda cogite isso como solução para problema de sobrepeso. Isso é último recurso para um obeso não morrer! Fico pau da vida quando vejo mulheres que tem filhos para criar se expondo a esse risco de morte por questões puramente estéticas. Egoístas é pouco!

Olha, não vou nem pedir para ter força de vontade, fechar a boca e malhar, porque as pessoas me metralham quando eu falo essas coisas. Parece que estou mandando os outros roubarem ou usar drogas. Sem contar que vem aqueles argumentos numa vibe auto-perdão do tipo “não tenho tempo para malhar”. Não tem tempo de malhar? NEM EU, FILHA. Daí eu abro mão de uma hora do meu sono e malho mesmo assim. Faça-me o favor… Bem, como ia dizendo, não vou mandar ninguém malhar porque isso parece que ofende, pedir força de vontade dos outros causa comentários irritados. Então ta, vamos pegar um atalho. Se quer pegar um atalho, toma remédio, faz até uma lipo ou quem sabe alguma providência mais “definitiva” só que sem mutilação! Porque fazer algo que é irreversível? Até eu, que sou EU, Estética Queen, fútil e obcecada com corpo, me recusaria a fazer algo irreversível por estética que implique em uma mutilação de um órgão!

Isso é tosco, é medieval. E muitas vezes, ineficaz! A compulsão por alimentos está na cabeça das pessoas. O estômago diminui mas a carência e a compulsão não. Muitas vezes os pacientes acabam comendo tanto por compulsão que simplesmente arrebentam o próprio estômago meses após a cirurgia! Pior: muitas das pessoas que fizeram redução acabaram virando alcoólatras, porque já que não pode comer, canaliza o vício e a compulsão para a comida. Vou repetir uma frase que eu sempre digo: GORDO SE É. Você não está gordo, você É gordo. O fato de mutilar seu estômago (seja cortando, seja grampeando), não te tira a forma doentia de lidar com comida. As pessoas se iludem achando que será uma solução mágica e não é. E ainda que fosse, repito: Não é aceitável mutilar um órgão para fins exclusivamente estéticos.

Que tal chegar até a raiz do problema em vez de sair se cortando? Que tal uma terapia, reeducação alimentar… Não? Malhar, quem sabe, e aprender a gastar mais do que se come, porque peso é matemática: gaste mais do que ingere e você vai emagrecer. Não? Ok, que tal procurar endocrinologistas, nutricionistas, nutrólogos e quantas outras especialidades forem necessárias e fazer dietas, tomar medicamentos… não? Que tal então algo cirúrgico mas que não te mutile?

E só para constar, não adianta merda nenhuma emagrecer vertiginosamente com redução de estômago e depois ter que se entupir de cirurgias nos braços, pernas e barriga porque tá parecendo um Sharpei pelancudo. Se estética era o objetivo… bem… FAIL!

Para dizer que esperava ver opiniões invertidas hoje, para dizer que nunca achou que fosse me dar razão em uma polêmica envolvendo estética ou ainda para ficar em cima do muro e dizer que cada um sabe o que é melhor para si: sally@desfavor.com