Dia: 25 de março de 2011

Gezuiz, me deixa!Lendo os comentários do texto de ontem vi um que me acusava de racista por achar uma mulher branquela estrangeira mais bonita que uma bem morena, produto nacional. Quando ia escrever uma resposta colocando em dúvida o desenvolvimento intelectual da pessoa, percebi que desenvolver o assunto seria mais arriscado (divertido).

Em primeiro lugar, eu sou um homem branco (quase transparente) que tem preferência por mulheres de pele clara e traços mais… europeus. A frase deve ter soado perfeitamente adequada ao título da coluna, não costumo ouvir declarações parecidas de outras pessoas. Quer dizer, não com pessoas brancas como objeto da preferência.

Pela forma como o discurso politicamente correto está arraigado na nossa sociedade, a mesma idéia pode soar de forma absolutamente oposta de acordo com a raça do grupo que se analisa.

Se eu digo que prefiro mulheres brancas, pareço racista. Mas se dissesse que prefiro mulheres negras, seria moderno. Tem algo errado aqui, mas pega mal até mesmo discutir o assunto.

Sorte que eu não tenho reputação a zelar. Que pegue mal!

Mas cada coisa ao seu tempo: Um homem que acha uma raça mais atraente (em média) que as outras não se encaixa no conceito de racismo.

As (corretas) leis que regem o assunto visam proteger o acesso de todos os seres humanos aos seus direitos universais. Se alguém tira um desses direitos universais de outro ser humano baseado na raça dessa pessoa, está sendo racista. E nem vamos entrar numa discussão complexa sobre termos jurídicos: Vamos tratar direitos universais como aqueles que alguém tem apenas por existir.

Mas ninguém tem o direito universal de ser considerado atraente. Temos liberdade total de escolher o que nos agrada ou não na procura de um(a) parceiro(a). Não se tira de alguém um direito que ninguém tem. Preferência sexual por determinada raça não é racismo. Simples assim.

Por mais que pareça horrível dizer que acha mulheres brancas mais bonitas em média, não é. A mesma idéia pode ser traduzida para qualquer outra raça quase que sem retaliações por parte da sociedade. Pensando friamente, não passa de mais uma daquelas declarações que não altera a vida de ninguém. Mesmo quem tem vergonha de dizer algo assim vai efetivar sua escolha no dia-a-dia.

O que não falta por aí é homem dizendo que gosta de tudo quanto é tipo de mulher e correndo atrás apenas de um ou dois tipos físicos recorrentes. Nosso mundo hipócrita valoriza muito mais o dizer do que o fazer. E pode anotar aí: Quase sempre quem faz discursinho sobre não ter preconceito algum é quem mais tem.

Não é possível que alguém não desenvolva alguma preferência sobre o tipo de pessoa com quem quer se relacionar no decorrer da vida. Isso é válido no campo intelectual, emocional e físico, oras. Tem contato com tanta gente na vida que é absolutamente natural formarmos idéias sobre alguns grupos. E gostando ou não, é fácil agrupar pessoas de acordo com sua raça.

Não é preconceito achar uma raça mais atraente na média. Isso é PÓS conceito. E lembramos que não é direito de ninguém ser considerado atraente?

Eu, por exemplo, reconheci meus padrões de atração e defini minha preferência. Poderia nunca ter dito isso, mas continuaria sendo válido do mesmo jeito. E não vamos nos esquecer que essa coisa de definir preferências para parceiros(as) é uma máquina de fazer exceções. Posso fazer um discurso apaixonado sobre a beleza das mulheres de descendência nórdicas e cair babando por uma mulata no dia seguinte.

Mas isso não quer dizer que o padrão estava errado. Coisa típica de quem não pensa muito é achar que qualquer exceção invalida a regra, aquela famosa mentalidade monocromática que só considera duas respostas para qualquer pergunta. A realidade não é assim.

Talvez a única argumentação que tenha valor contra pessoas como eu é que o padrão de beleza “branco” foi empurrado goela abaixo de vários povos por séculos de colonização européia e décadas de indústria cultural americana. Várias outras raças acabam cooptadas a simular uma aparência mais “caucasiana” para ter apelo.

Mas por mais que eu compreenda esse ponto, nada muda o fato que é meu direito inalienável continuar achando atraente o que eu bem entender. Assim como o resto do mundo. Esse tipo de liberdade é um direito universal.

A batalha contra o “clareamento” do padrão de beleza médio não é simplesmente racial, é cultural. E boa sorte disputando com a mídia de massa mundial atual… É mais fácil deixar outros povos entrarem nesse modelo do que forçá-los a se encaixar em outros. Passamos tanto tempo da era moderna enfiando isso na cabeça de quem não era branco que chega a ser ainda mais crueldade dizer que tudo está errado e pegar no pé de quem quer se adaptar a um padrão conhecido.

Serão gerações e mais gerações de pessoas que já estão perdidamente aculturadas sofrendo com restrição de liberdade de escolha. Se não disputar criando alternativas ATRAENTES, só vai ser mais uma vitória do politicamente correto contra o bom-senso.

E falando nisso, uma vitória já bem estabelecida é que me obrigou a escrever tanto para contextualizar uma afirmação banal como a que acho mulheres brancas mais atraentes. Coisa que não precisaria fazer se tivesse escolhido qualquer outro grupo racial.

Na mente da pessoa média, racismo só existe se o intolerante for branco. A ironia óbvia dificilmente é percebida, mas ela está lá. Uma afirmação sem consequências reais para a coletividade tem que ser tratada como tal em todas suas formas.

Por mais que eu me ache a última bolacha do pacote, nenhuma mulher vai mover uma sobrancelha que seja por não ser meu ideal de beleza. Afinal, os gostos variam tanto que todos entraríamos em colapso depressivo se fôssemos esquentar a cabeça com cada pessoa que não nos acha atraente. A necessidade de se ofender com opiniões alheias acaba ficando maior do que a capacidade de compreender o significado delas na vida.

Na lente de aumento de quem busca parecer mais agradável para os outros, tudo é motivo para enxergar os fantasmas da cretina crença em supremacia racial ariana. Só que essa mesma gente fica pra lá de míope se estiverem pregando qualquer outra idéia de vantagem racial que não a dos brancos.

A verdade é que somos basicamente a mesma merda, seja qual for a concentração de melanina na pele. Entender isso é preponderante para QUALQUER noção de igualdade racial no planeta. Pratique o prega.

O que não se pode fazer é tolher o direito de cada um enxergar beleza com seus próprios olhos. Se eu acho que no Brasil do sul de Minas para cima a chance de encontrar uma mulher atraente diminui consideravelmente, o problema é…

Meu. Importante ressaltar que o fato de eu ter uma opinião personalíssima não implica na expectativa de concordância ou reprovação de outras visões do mundo. Sou intolerante intelectual de carteirinha, noção de atração física alheia não me faz a menor diferença. E se você não for de uma futilidade incrível, também não deveria fazer.

Gentinha insegura essa que precisa que outros concordem para se sentir confortável com suas escolhas. Gosto é gosto.

Para me chamar de nazista (pode só escrever “nemli”, dá no mesmo), para fazer propaganda pessoal de seus predicados físicos, ou mesmo para me chamar de viado por não achar QUALQUER mulher atraente: somir@desfavor.com