Mês: setembro 2011

derpEu sei que comerciais de TV são matéria do Somir, mas meu enfoque não é na publicidade em si e sim na babaquice desnecessária que rodeia o evento e a minha crise de isolamento por ser repreendida pelos que me cercam ao expressar minha opinião.

Em um comercial de uma marca de lingerie (Hope) Gisele Bundchen ensina às telespectadoras que a forma correta de contar ao marido que estourou o cartão de crédito dele não é vestida, e sim usando uma lingerie e fazendo trejeitos que supostamente deveriam ter algo de sexy.

Daí surgiram diversas polêmicas. Alguns disseram que objetifica a mulher e é ofensivo, outros disseram que é uma brincadeira levada a sério demais e teve até uma coluna da Veja usando um argumento sensacional (como sempre), alegando que uma Ministra critica o comercial e que a explicação para esta crítica pode ser deprreendida pela foto da Ministra em questão, e em seguida expõe a foto dela ao lado de Gislele para contrastar o quão mais feia ela é.

Essa discussão toda nem me preocupa muito. Talvez o comercial nem seja degradante para a mulher, mas é feio. É uma coisa boba e ultrapassada que provavelmente vai queimar mais a marca do que divulgar. O que me surpreende é estar falando de uma marca grande e de uma modelo muito famosa. Porque enquanto apenas Cigano Igor (sim, este é o nome dele e ponto final) e Biafra se humilhavam e jogavam fora nada por uns trocados, eu até conseguia aceitar as justificativas do Somir, mas agora estamos falando de uma das maiores modelos (e pau no cu) da atualidade.

Provavelmente Gisele não tinha como prever a reação do público ao aceitar fazer este comercial. Por algum motivo ela achou que a exposição valia o risco. Fico me perguntando qual seria este motivo. Bem, dinheiro com certeza não é. Será que a fama está aos poucos se esvaindo e neguinha tá surtando e querendo ser centro das atenções para sempre? Olha, por mais consagrada que ela seja, ela náo é mais novidade, não é carne fresca. E como qualquer mulher com um filho pequeno, a maternidade respingou na carreira (eu disse respingou, não disse estragou).

Uma coisa é uma celebridade dar uma declaração impensada, soltar uma frase inconveniente em um momento de raiva ou até umas palavras desconfortáveios no Twitter. Somos todos humanos e todos surtamos e falamos merda vez por outra. Outra coisa muito diferente é aceitar estrelar uma campanha nacional que vai ao ar em horário nobre. Não é algo impulsivo e impensado, algo de momento. É cuidadosamente estudado, por semanas, até mesmo por meses. E mesmo após toda a reflexão, contrariando todo um discurso (que eu sempre soube ser falso) que ela tinha sobre mulheres, neguinha vai e aceita estrelar esta campanha.

De boba não tem nada, se não, jamais teria chegado onde chegou. Tem algum ganho secundário nesse comercial com vibe de piada de Escolinha do Professor Raimundo que a favorece. Não saberia dizer qual é, até porque, isso é matéria para que o Somir analise em na coluna Publiciotários. Em todo caso, para mim o pior desse comercial não é o banho de merda que Gilsele deu no seu nome. Existe algo ainda mais preocupante. Minha inadequação galopante com o consenso geral sobre o que é um papel feio e o que é bacana em uma mulher. Acho que meu prazo de validade expirou.

Vejamos, é um comercial para mulheres. Busca a simpatia das mulheres, a aceitação. Qualquer idiota sabe que a consumidora tem que se identificar com o que está relacionado ao produto. Ninguém vai fazer um comercial exaltando algo que a consumidora não sonhe ter ou ser, caso contrário, encalharia. Empresas grandes como a Hope não trabalham com achismo nem com amadores, devem ter realizado pesquisas consideráveis e concluido que este é o espelho da nossa sociedade.

Muito me preocupa que as mulheres de hoje se identifiquem com Gisele neste comercial. A mulher usa o cartão de crédito do marido, gasta o dinheiro do marido, ultrapassa o limite e quer se prevaler de um jogo de sedução para ser perdoada. Pense no contrário. Pense em um comercial que coloque a mulher como objeto visto do ângulo de um homem. Por exemplo, uma mulher pede o cartão de crédito do marido emprestado e ele diz que só empresta se ela pedir fazendo biquinho e usando calcinha fio dental e sutiã. Estaria todo mundo metendo o pau nesse comercial. Independente do que você pense do comercial da Gisele ou deste comercial imaginário, contra ou a favor, é preciso ter coerência.

E mesmo aquela que não é, pelo visto gostaria de ser. A mulherada gostaria de ter um marido que lhe ceda um cartão de crédito, gostaria de estourar o limite e gostaria de se eximir das consequencias e responsabilidades miando de lingerie. As mesmas que dizem que mulher rata de academia é burra e escrava do corpo. Alguém avisa a elas para afinarem o discurso? Mulher gorda miando de lingerie pequena só vai piorar sua situação. Feministas de ocasião, incoerentes. Na hora de ralar e manter um corpão acham que são feministas contestando a ditadura da beleza mas no fim do dia querem estourar o cartão de crédito do marido e se livrar na bucetada?

Para meu espanto, este é o perfil de mulhere que o setor de marketing da Hope estudou e concluiu ser o das brasileiras: a mulher que faz ou que gostaria de fazer esse tipo de coisa. O comercial é um reflexo do comportamento na vida real. Olha, do fundo do meu coração, eu teria muita vergonha de comprar com o cartão de crédito do meu marido, mais ainda de ultrapassar o limite de crédito e mais ainda de ir comunicar isso a ele miando de calcinha. Não, juro que não é moralismo nem feminismo, é RIDÍCULO mesmo, independente de questões culturais. É grotesco, é A Praça é Nossa. É medíocre, idiota, canastrão e mega-vergonha-alheia.

Daí em entrevista Gisele, que nunca foi uma mente brilhante, deu a pior das desculpas. Disse que quando a chamaram para fazer o comercial ela aceitou porque achou que fosse “uma brincadeira divertida”. Gente, ninguém duvida que o comercial é uma brincadeira, mas querer se safar alegando que “era brincadeirinha” não cola. Vê se alguém faz um comercial ofensivo a algum grupo e fica tudo bem porque diz que é brincadeira? Com algumas coisas não se brinca, não por serem sagradas, mas por ser brega, de mau gosto, por ser uma tentativa infantil e desesperada de chamar a atenção a qualquer preço. Imagina um negro fazendo comercial de desodorante e dizendo “Para mim tem que ser forte mesmo, porque vocês sabem, meu suor tem um cheiro horrível”. As demais pessoas com certeza condenariam, mesmo se ele explicitasse que era uma brincadeira.

Porque a Hope não faz inovações bacanas nas suas lingeries e chama a atenção das consumidoras com inovações bem vindas, como uma calcinha que combata celulite, um sutiã que aumente de tamanho com mecanismo que infla e desinfla ou uma maldita calcinha cor de pele que não seja broxante? Não tem. Então vamos chamar a atenção com Gisele ensinando a se safar de um surto de consumo na bucetada. Olha, meus parabéns pros publicitários que idealizaram esta bosta. Uma palavra para vocês: tutuntsss.

Além de ficar chateada em saber que o perfil médio da consumidora brasileira é o da mulher que acha válido gastar todo o dinheiro do marido e depois tentar compensar na bucetada, também me entristece perceber que isso é visto não apenas como normalidade, mas também como uma coisa espertona a se fazer. É bacanão você usar seu corpo para arrancar do seu marido mais dinheiro do que ele estava disposto a te dar. É o feminismo seletivo, o primo do católico não praticante. Na horas dos direitos, neguinho queima sutiã e bate no peito que quer direitos iguais, mas na hora do aperto todas viram mulezinha histerica que argumenta com a buceta. Odeio mulher que argumenta com a buceta, acho uma vergonha para a classe.

Olha, eu tô chegando a uma conclusão que venho amadurecendo desde que a Maria ganhou o BBB e a Joana Machado é a favorita da Fazenda: eu devo estar ficando velha e ultrapassada, porque na minha cabeça é tudo tão errado e reprovável enquanto que para a maior parte das pessoas é bacaníssima, que o problema deve estar comigo. Vai ver o novo pretinho básico é ganhar as coisas na bucetada. Vai ver que mostrar conteúdo está fora de moda. Alguém viu alguma dessas duas falar da profissão no reality? Se eu fosse a um reality (toc toc toc) ia falar de direito o tempo todo, dos direitos que as pessoas tem e não sabem, tipo um Em Direito Live.

Eu não acho aceitável (independente de qualquer passado) uma pessoa ir a um programa de TV que seu pai, sua mãe e seu avô estão vendo e tirar a calcinha na frente das câmeras e depois ficar se esfregando em um cara que conhece faz vinte dias e implorando para que ele a beije. Mas as pessoas acham bacaníssimo e me chamam de preconceituosa, assim como chamaram MauMau de um bando de coisas piores. “Ela ganhou porque fez tudo que tinha vontade, foi quem ela realmente é”. Olha, eu faço o que eu tenho vontade, mostro quem eu realmente sou e nunca tiraria a calcinha para o Brasil todo ver nem rastejaria na frente de todos aos pés de um Zé Ruela que eu acabei de conhecer. Vão todos à merda.

Eu não acho aceitável uma pessoa resolver as coisas no grito, xingar todo mundo para o Brasil ver, dizer que quer bater, matar, arrebentar, ficar lambendo o mamilo de um e o pescoço de outro, gritar que não vai dar, vai distribuir e ficar gritando que já ganhou muito carro e muito presente de homem na vida porque fez por merecer. Daí neguinho me chama de machista e me manda não julgar. ALOU? A pessoa que topa ir para um reality sabe que está se expondo a julgamento. “O que vocë tem com a vida pessoal dela? É vocë que namora com ela?”, não, mas tenho todo o direito de achar incorreto o que uma pessoa faz EM PÚBLICO. Assim como quem diz esta frase ficaria possesso se fosse SEU PARCEIRO protagonizando essas cenas. No cu dos outros é refresco, né? Mulher pode tudo agora. Só não pode pagar seu próprio cartão de crédito…

Agora esse comercial da Gisele veio para me consagarar como Mulher Obsoleta. Cabeças pensantes, descoladas, formadoras de opinião, estão todas achando lindo. Quando eu falo o que penso me olham como quem olha para um dinossauro ou para uma pessoa burra. Passo por preconceituosa, praticamente. Me sinto como aquelas idosinhas que começam frases críticas dizendo “No meu tempo…”.

Por mais que qualquer mulher já tenha pensado em se prevalecer de sua condição de mulher bonita para obter benefícios pecuniários junto ao marido ou de fato o tenha feito, até onde eu sei, ao menos se sabia que isto era vergonhoso. Agora não, agora é bacana. É aceitável. Joguem o cordão umbilical que eu quero subir de volta. Eu até começaria um longo discurso sobre como eu me sinto deslocada aqui e da minha vontade de voltar para Buenos Aires, mas não duvido nada que lá esteja a mesma merda. A globalização está cagando o mundo todo por igual.

Porra, é isso. Desculpa o desabafo mas eu acho esse comercial uma bosta, não por ser ofensivo à mulher e sim por ser ofensivo ao bom gosto, ao bom senso e ao discurso coerente de que mulher não deve depender de homem e não deve misturar sexo com dinheiro. Meu consolo? Eu sou mulher. Sou apenas um dinossauro ridicularizado pelas amigas moderninhas. Se eu fosse homem e tivesse que encarar esse tipo de mulher já estaria pensando em mudar de time.

Para confirmar que eu sou ultrapassada mesmo e que você já fez sexo várias vezes como forma de compensar dívidas pecuniárias, para dizer que as mulheres de hoje oscilam entre feminismo extremo e machismo extremo em questão de segundos ou ainda para dizer que tá cagando para o comercial e quer saber mais fofocas do Rock in Rio: sally@desfavor.com

comofaz?O mercado nunca falha em seguir alguns padrões. Como muitos outros produtos, o computador pessoal passou por fases como “coisa do capeta”, “novidade interessante”, “necessidade moderna”, “obrigação” e agora começa entrar na fase em que todo mundo já tem/usa. Não é à toa que as grandes fabricantes mudaram a estratégia de alardear que seus computadores são mais poderosos para dizer que eles são mais… bonitos.

Steve Jobs, ex-presidente da Apple e atual acumulador de células, é reconhecido mundialmente por ter revolucionado o mercado de computadores pessoais; mas do ponto de vista deste que lhes escreve, ele não fez nada além de perceber o ciclo do produto antes da concorrência. Se as coisas continuassem sendo vendidas apenas na base de suas vantagens práticas, o mundo seria obrigado a entender como funcionam os computadores. E convenhamos, é muito mais simples escolher o computador mais bonito. Lei do menor esforço.

(Não é Enveja, acho o Steve Jobs um cara muito esperto. Não gosto da viadagem que ele tornou o mercado, mas respeito sua habilidade de ficar bilionário sacando como as coisas funcionam muito antes que o resto…)

A minha previsão é que com o passar dos anos, as pessoas vão acabar entendendo muito bem o que fazer com um computador, mas vão ignorar totalmente como ele funciona. Isso é bom para os negócios, mas não sem consequências para o usuário final. Por mais avançado que tudo pareça hoje em dia, de uma certa forma a tecnologia que alimenta os computadores é basicamente a mesma há décadas.

Aquele primeiro computador que você usou, talvez com uma daquelas telas que só mostravam caracteres verdes num fundo preto, e um computador atual, rodando um jogo 3D de última geração… Sabem qual a diferença? O tamanho. A tecnologia dos computadores avançou na base da miniaturização. O computador de hoje corresponde basicamente a bilhões de computadores dos anos 80 espremidos sobre uma mesa, ou mesmo sobre o seu colo. A ideia é a mesma. Ainda é uma sequência de zeros e uns transformada em pontinhos luminosos na tela.

O que eu pretendo com este texto é destrinchar partes comuns à maioria absoluta dos computadores, sem linguagem técnica e sem presumir que você entende lhufas sobre o assunto. Entender como esse trambolho funciona pode te dar ótimas dicas sobre como comprar o mais indicado a você e principalmente como reagir se defrontado(a) com falhas. Este tipo de conhecimento tende a ficar cada vez mais raro em conversas informais, e aposto que mesmo que não apele a você agora, ainda vai te servir para economizar dinheiro e encheção de saco.

E para não perder a oportunidade de dar aquele ar “desfavor” ao texto, tenho que dizer que sempre enxerguei o interior de um computador como um grupo de mulheres histéricas trabalhando em um escritório. E por que mulheres? Funciona tudo muito bem até o primeiro chilique. Vamos fazer uma visita à sede da Personal Corporation?

PERSONAL CORPORATION

O seu computador (laptop e tablet também contam) é um conjunto de peças que trabalham em conjunto. O grande segredo é ter a maioria das peças em harmonia. Uma precisa da outra para funcionar direito. Uma peça muito vagabunda influi mais no resultado geral do seu computador do que uma caríssima. Isso se chama “gargalo”.

Tem muito computador por aí que já vem de fábrica com gargalo. Colocam uma parte (QUASE SEMPRE memória RAM) exagerada num conjunto tosco e vendem mais caro. Cuidado: Vai ser tosco do mesmo jeito. Nenhuma peça resolve tudo sozinha.

Hoje eu vou falar sobre o trio mais importante de qualquer computador: Processador, HD e Memória RAM. Futuramente tem mais.

PROCESSADOR

 

O processador é a presidente da empresa, além de cuidar praticamente sozinha da casa, do marido, dos filhos e do pouco de vida social restante. Ela passa praticamente todos os minutos de sua vida tomando decisões. É tanta gente dependendo dela que mesmo sendo muito rápida para decidir, ainda forma-se uma fila enorme na porta do seu escritório.

E por incrível que pareça, a fila é o pior problema. Decidir é o que ela mais sabe fazer, a partir do momento em que a pessoa entra no seu escritório, as coisas vão bem rápido. Só que ela só pode tomar uma decisão por vez. Imagine a confusão se todo mundo entrasse junto?

A gentalha se acotovelando na fila na porta de sua sala só pode sair depois de conversar com a Presidente Processador. E sintam a responsabilidade: Se uma dessas pessoas na fila ficar sem resposta, começa um efeito cascata de desencontros e desentendimentos que acaba dobrando o tamanho da fila logo a seguir.

E como já chegamos a um ponto da tecnologia onde é MUITO difícil tornar a tomada de decisões pela presidente mais rápida, a solução é resolver a fila. É por isso que os processadores atuais (os Pentiuns e AMD’s da vida) começaram a trabalhar com clones da presidente. Ao invés de uma sala, várias como cópias idênticas dela para tomar as decisões. O que também ajuda bastante quando uma resolve dar chilique e parar de atender as pessoas. O número de travadas nos computadores modernos diminuiu também por causa disso.

Um computador não funciona sem a presidente. A empresa nem abre as portas se ela não estiver trabalhando. E se por um acaso ela tiver que fazer muito mais trabalho do que pode, começa a ficar de cabeça quente e para tudo numa tacada só. Se o processador esquentar demais, o computador para. E mais do que TODO mundo na empresa, o ar condicionado (Cooler) da sala dela tem que funcionar impecavelmente. Se o cooler parar de funcionar, o processador esquenta rápido, MUITO rápido.

A capacidade da presidente de tomar decisões é medida em “Gigahertz”. Uma presidente que funciona a 2 GHz é mais rápida que uma de 1.8GHz. Isso é sim muito útil, mas não é mais a única coisa a se considerar atualmente.

Cada cópia da presidente numa sala própria é um “Core”. E cada core divide a fila, além de diminuir o stress das presidentes. Na maioria dos casos, é melhor ter um processador com mais cores.

Temos uma questão valiosa aqui: A presidente tem que funcionar, e basicamente só isso. Você não precisa de uma formada em Harvard para cuidar de uma empresa pequena. Se você não joga jogos pesados ou trabalha com vídeo e/ou 3D, não precisa gastar uma fortuna com essa peça.

Dica: A presidente deve ter sobrenome Intel ou AMD. Você vai se arrepender se contratar outras famílias.

HD

 

HD é a arquivista da empresa. Metódica e arredia a decisões rápidas, é ela a única que realmente se lembra das coisas na empresa. Solteirona e mal-amada, a arquivista pode ocupar todo seu tempo organizando um monstruoso arquivo escrito com todas as decisões da presidente. E como sabemos que a presidente não para de tomar decisões, chega uma hora que a sala da arquivista já não comporta mais tanto papel.

E como aumentar a sala não é uma opção, ela tem uma solução: Escreve tudo com lápis e apaga o que não for mais necessário para escrever de novo por cima. Não é o jeito mais bonito de fazer, mas resolve o problema.

E não é só isso. No começo é tudo muito bonito, tem espaço para colocar tudo o que é relacionado perto um do outro. Mas o espaço começa a minguar logo. Eventualmente a arquivista precisa guardar um relatório financeiro no meio do arquivo dos recursos humanos. Está guardado, mas começou a ficar menos intuitivo achar a informação. A arquivista tem que se lembrar de caminhos cada vez mais complexos para chegar na informação que quer. E isso demora.

Num computador, isso se chama fragmentação. Quanto mais tempo você usa um HD sem deixar a arquivista fazer a “desfragmentação” (ou seja, reorganizar a bagunça), mais demorado fica o processo de pesquisa.

Demorar pode ser um problema, mas perder arquivos é ainda pior. A arquivista pode ficar tão maluca com esse trabalho que eventualmente rasga as páginas enquanto apaga o texto para escrever o novo. Ela até dá um jeito colando com fita ou cuspe na hora, mas pode acreditar que aquela página vai dar trabalho extra a partir dali. O certo é parar um pouco a correria e “corrigir erros” nas páginas rasgadas. Se tiver que escrever algo numa página bichada com pressa, pode ferrar todo o processo e perder a decisão da presidente para sempre. Arquivos somem assim.

E como eu já disse, nenhum livro é jogado fora, suas páginas são apagadas e reescritas. Isso quer dizer que a maioria dos arquivos ainda deixa rastros depois de apagados. Pode ser um rastro de grafite ou mesmo a afundada que fica no papel, mas podem confiar que raramente um arquivo se perde logo após ser “jogado na lixeira”. Existem vários especialistas em recuperar o que a arquivista tentou esconder. Não é seguro, se é que vocês me entendem…

O tamanho da sala da arquivista é medido em Gigabytes (GB), e mais recentemente em Terabytes(TB). Um TB equivale a mil GB. Ou seja: Um HD de 1TB é maior que um de 800GB. Quanto maior melhor, mas tenha em mente que pouca gente realmente precisa de tanto espaço.

A velocidade com a qual a arquivista consegue correr pela sala em busca do arquivo é a “RPM” do HD. Um de 7200 é mais rápido que um de 5400. Isso é importante, evidente. Mas tem uma outra coisa no HD, chamada “Buffer”. O buffer é a ante sala do depósito, onde a arquivista pode receber os pedidos de outros funcionários e deixar os arquivos que acabou de separar. Quanto maior o buffer, maior o local. Você também vai querer mais espaço para isso. Um buffer de 32mb é melhor que um de 16mb.

Tente sempre priorizar velocidade (RPM e Buffer) em detrimento de espaço (GB ou TB).

Estão ficando cada vez mais populares os HD’s com a sigla SSD. Eles funcionam de forma diferente, são mais rápidos e bem mais caros. Se você não for entusiasta de tecnologia, ainda não é hora de comprometer orçamento com isso. Ano que vem veremos como a coisa se desenrola.

MEMÓRIA RAM

 

A RAM é a secretária. Ela faz a ligação entre presidente e arquivista. Nossa secretária pensa muito rápido e basicamente faz tudo funcionar. Infelizmente, ela tem um caso sério de memória de passarinho. Se ela olhar para o lado enquanto fala com você, esquece totalmente o assunto. Por isso é muito bom que o trabalho dela seja basicamente correr de um lado para o outro com pastas de arquivos. Pouco espaço para distração.

O que não quer dizer que problemas não aconteçam. E muitas vezes não é culpa dela. Se a fila na sala da presidente estiver criando confusão, ou mesmo se a arquivista não for capaz de trabalhar rápido, ela fica parada, com cara de tacho, esperando alguma coisa acontecer. A memória RAM é tão rápida quanto o sistema permite. Por isso não adianta apenas ter uma secretária rápida feio o Usain Bolt, ela tem que ter espaço para correr e algum lugar para chegar.

Se a secretária ficar presa esperando presidente ou arquivista fazerem alguma coisa, a empresa toda fica esperando. Ou funciona todo mundo, ou não funciona ninguém. Pensando nisso pensou-se numa grande solução que já virou padrão nos computadores recentes: Ao invés de uma secretária correndo muito, duas correndo um pouco menos. É o que se chama de “Dual Channel”. Memória RAM funciona muito melhor em pares (e mais recentemente, em trios, o “Triple Channel”). Se uma ficar enrolada, a outra continua trabalhando. Sem contar a vantagem de que a espera cai pela metade. Ninguém precisa mais esperar uma secretária fazer todo o caminho para ter algo o que fazer. As duas correm sempre em sentidos opostos. Entregou um trabalho, recebe outro.

Você vai querer pelo menos duas secretárias na empresa. A RAM já é medida em Gigabytes (GB), e quanto mais melhor, evidente. Mas lembre-se: Duas de 2GB são melhores que uma de 4GB. Lembra que no mínimo sua empresa tem duas salas da presidência? Faz sentido ter uma secretária para cada.

E sem querer explicar muito, lembrem-se dessa regra: Mais que 4GB de RAM só faz diferença se o sistema operacional (Windows, por exemplo) for 64bits. Essa informação sempre está escrita na hora de comprar. Se você vir um computador ou laptop com mais de 4GB de RAM sem ter “64bits” escrito em algum lugar, corra.

RAM é medida em tamanho do corredor por onde a secretária passa (é bom ter espaço), que são os GB; mas também é medida em frequência, que é a velocidade com a qual ela corre. Como também é questão de número que aumenta de acordo com a velocidade, basta lembrar que o outro número também conta. (Memória RAM é bem mais complexa, e não sei se faz alguma diferença criar analogias para isso…)

Importante: Como HD e RAM costumam ser medidos em GB, lembre-se de uma regra simples para diferenciar a contagem. Se tem três dígitos é HD, se tem um ou dois, é RAM. 500GB só pode ser HD, 12GB só pode ser RAM. (TB SÓ pode ser HD).

Cinco páginas, eu vou levar bronca de mim mesmo.
E sim, vou escrever mais uma coluna, independentemente do interesse gerado. Achei bacana.

Para discutir analogias malucas com informações técnicas malas que está na cara que eu também sei, mas achei que não acrescentariam porra nenhuma ao texto voltado para leigos, ou mesmo para dizer que nemleu: somir@desfavor.com

Fila da banheiro vista de cima.Sabe todas as críticas negativas ao Rock in Rio que você viu respingando aqui e ali? São a ponta do iceberg. São aquilo que não foi possível abafar. A verdade é bem pior. A verdade é que saiu tudo cagado. Um evento para apenas cem mil pessoas deu um nó no trânsito, gerou crimes e confusão e não atendeu às necessidades dos participantes.

Para começo de conversa, as atrações foram um desfavor. Mas já falamos sobre isso no Desfavor da Semana, então, não vou ficar me repetindo: pop descartável ou rock decadente. Uma merda. Uma merda vendida como a oitava maravilha do mundo e comprada com facilidade, afinal, carioca tolera qualquer merda em matéria de música (vide micaretas) para ter um pretexto para beber e fazer putaria. Se colocar Somir e eu cantando “atirei o pau no gato” (sendo o Somir vestido de gato gigante e eu batendo nele com um pau de isopor) e tiver álcool e cantinho para beijar na boca, neguinho VAI e periga nem criticar. Este Rock in Rio foi um desastre. Se a imprensa não quer noticiar, EU QUERO.

Vamos falar dos transportes. Foi amplamente divulgado que seriam montados esquemas especiais, com transporte garantido, incentivando as pessoas a não irem de carro. Primeira questão: o evento é organizado NA PUTA QUE PARIU, em um espaço gigantesco, custava fazer um mega-estacionamento no local em vez de botar uma porra de uma roda-gigante? Segunda questão: fecharam uma porrada de ruas e cagaram o trânsito da cidade toda, quer dizer, além de paunocuzar quem vai, paunocuzaram todos os habitantes da cidade. Terceira questão: quem acreditou e confiou se fodeu, pagou TRINTA E CINCO REAIS por uma passagem de ônibus com hora marcada e se fodeu porque a) não conseguiu chegar b) chegou atrasado c) viajou espremido.

Porque teve essa: os ônibus eram especiais, só para o Rock in Rio. A passagem era comprada com antecedência (filas de mais seis horas). Daí vai um cidadão querer ser correto, perde um dia de trabalho para fazer a fila e comprar esse caralho de passagem especial e só toma na tarraqueta. Na hora do embarque colocavam para dentro pessoas que não tinham o comprado porra de passagem nenhuma mas pagavam vinte pratas na mão do motorista, que embolsava o dinheiro. Foda-se quem fez o certo e comprou antes. Nessa, muito malandro tomou a vaga de quem tinha passagem na mão. Muita gente ficou de fora, desistiu ou não conseguiu chegar. Não custa lembrar que não havia nenhum local nas proximidades para estacionar, então a opção era andar quilômetros ou ficar escravo do transporte público

O que esperar de um evento onde a malandragem vem direto da organização? Vocês sabem que eu não tenho medo de processo, vou falar mesmo: uma “atriz” da Record chamada Livia Rossi vendia nos corredores da emissora ingressos para o Rock in Rio (quando estes já estavam esgotados), por um preço bem acima do valor, para faturar mesmo. Feio? Calma que fica mais feio. Esta moça é namorada de Rodolfo Medina. Para quem não sabe, é a família Medina quem organiza o Rock in Rio. Ou seja, centenas de pessoas encararam horas de fila e não conseguiram comprar ingresso enquanto a namorada do dono ganha um monte DE GRAÇA e revende ACIMA DO PREÇO para COLEGAS.

Quem queria ir de carro também sofreu. No primeiro dia de Rock in Rio a Guarda Municipal do Rio de Janeiro amanheceu em greve, com apenas 30% do seu efetivo na rua. Ou seja, caos no trânsito. Sem contar que não havia local para estacionar, não havia placas indicando o caminho, não havia qualquer suporte para quem pretendia ir de carro, muito menos para quem não conhecia o local. Como se tudo não estivesse suficientemente cagado, o trânsito ainda era tumultuado por uns crentes que fechavam as ruas com faixas de protesto escrito “Um mundo melhor? Só Jesus” (com as letras do logotipo do Rock in Rio). Eram muitos deles, em cada esquina tinha um.

Os infelizes que tiveram “sorte” e conseguiram chegar ao evento também se foderam das mais diversas formas. Na entrada, vários cambistas abordavam as pessoas. Ou seja, você, babaca, que ficou horas na fila para comprar o ingresso e voltou para casa sem, saiba que a culpa foi dos organizadores que não criaram mecanismos para coibir a compra em massa por cambistas para revenda. Pior: permitiram que cambistas lucrem com isso, vendendo ingressos a valores extorsivos como R$ 700,00 a fãs desesperados.

Pior do que pagar caro por um ingresso verdadeiro é pagar caro por ingressos falsos de cambistas na porta, coisa que também aconteceu. Que tipo de organizadores permitem que cambistas vendam ingressos na porta de um mega-evento, ainda mais quando tem o apoio do Estado e Município para fiscalizar e coibir esse tipo de coisa? Na fila para entrar pessoas praticavam furtos na cara de pau: puxavam a bolsa e saiam correndo ou metiam a mão e furtavam pertences de dentro da bolsa. Outros pequenos crimes corriam soltos. Na entrada, as pessoas eram informadas que não poderiam levar alimentos. Quer dizer, você é obrigado a chegar com uma antecedência enorme por causa da má organização do evento e ainda é obrigado a pagar um preço extorsivo pela comida do local, isso quando ela não acaba.

Sim, vários pontos ficaram sem alimentos. Os shows menos importantes começam às duas da tarde, então, imagina a demanda. Ainda assim, acabou comida e acabou bebida. Isso porque um copinho de água custava CINCO FUCKIN´ REAIS e um sanduiche R$29,00. Mas isto não foi tudo. Filas enormes obrigavam as pessoas a esperar horas para ter acesso a comida cara e ruim. Quando falo “as pessoas” me refiro às pessoas educadas. Pessoas mal educadas como o diretor global Wolf Maia saiam furando fila do Bob´s e gritando “Dá licença que eu sou o Wolf Maia”. Uma pena que eu não tenha nascido homem para poder cobrir esse cara de porrada (vale a cesta básica) e uma pena que as centenas de homens no local tenham menos testosterona do que eu. Para completar o pacote, em determinado momento os caixas ficaram sem troco e só comprava comida quem tivesse o valor certo, trocado, ou abrisse mão de receber o troco. Muito bem organizado.

Já prevendo a muvuca, os organizadores quiseram pagar de espertos e espalharam uns cervejeiros ambulantes, uma espécie de São Bernardos humanos, que andavam com um barril de chopp a tiracolo vendendo doses de cerveja. Mas quando o povo é corrupto e sem educação, nada dá certo. Surgiram as “máfias do barril”, pessoas que pagavam subornos (em torno de R$ 250,00) para que o cervejeiro privilegiasse seu grupo. Quando outras pessoas pediam por cerveja, o cervejeiro dizia que tinha acabado, minutos depois ele era visto servindo com exclusividade o grupo que o subornou. Nessa brincadeira, só conseguia cerveja quem subornava, e formou fila para subornar! Tem coisa mais carioca que isso? Fila até para subornar! Resultado: muita gente não conseguiu beber, pessoas foram obrigadas a assistir Claudia Leite SÓBRIAS. Isso é tortura e crime contra a humanidade.

Por falar em Claudia Leite, vocês sabem, a gente tem todo um carinho especial por ela. Continua a mesma arrogante escrota sem carisma de sempre. Ela foi responsável por dezenas de feridos graças à sua falta de consideração e arrogância. Explico: uma de suas músicas mais “famosas” chamada “Caranguejo” (na verdade é da sua ex-banda, Babado Novo) tem uma coreografia conhecida. Na hora em que ela canta o refrão “Segura na corda do caranguejo… pra lá e pra cá” as pessoas pulam e se empurram de um lado para o outro. Vejam bem, meu professor de axé parou de passar essa música NA AULA porque pessoas se machucavam. Sempre tem um sem noção que empurra forte demais. Estou falando de uma sala de aula ampla, com vinte, trinta alunos. Parece uma boa idéia cantar esta música para uma muvuca de cem mil pessoas?

Claudinha da perna de saracura achou que seria uma boa idéia. Normal, ela também achou que seria uma boa idéia parar de amamentar o filho para tomar bomba e estar em forma apenas 30 dias depois do parto e quase matou o moleque de meningite porque o bichinho não tinha um anticorpo. Esta pessoa não tem bom senso. Deu merda. Pessoas se machucaram, várias pessoas chegaram a DESMAIAR. A multidão pedia aos berros para que ela pare de cantar. O que ela fez? Mesmo vendo pessoas caídas no chão e pessoas sangrando ela parou a música e disse “Se você não agüenta o curso, então porque se matriculou?” e continuou cantando o refrão. Mais gente machucada. Foi vaiada pela multidão por causa desta atitude e continuou cantando mesmo assim. Também machucou os ouvidos de todos os presentes, porque desafinou absurdamente, principalmente nesta música. Tá se achando, né Claudinha? Esqueceu que sem plástica você é o diabo de alpargatas. Eu não esqueci. Quem quiser conhecer Claudinha antes de ser tunada para virar uma estrela pop dá um look neste vídeo. Mas você era baranga, hein filha? Eu sou 100% natural e sou bem melhor do que isso.

Fato: Claudia Leite desperta o que há de pior nos seres humanos. Foi durante o show dela que teve um FUCKIN´ ARRASTÃO onde os pertences de centenas de pessoas foram roubados. Sim, isso aí que você ouviu, teve um arrastão do lado de dentro do Rock in Rio. Neguinho paga ingresso caro, comida cara, sofre para chegar e ainda tem arrastão. Isto é Rio de Janeiro, bem vindos. Tem como culpar pessoas que estão sendo obrigadas a ouvir Claudia Leite por algo? Se o caso fosse de Júri e eu fosse jurada, eu inocentava. Além de arrastão também ocorreram muitos furtos e outros crimes do lado de dentro. No dia seguinte disseram que iriam “reforçar o policiamento” do lado de dentro como se isso fosse um cala a boca. Meus queridos, vão reforçar seus caralhos, porque deveria estar policiado desde o primeiro dia! INACEITÁVEL que tenha ocorrido. Mania nojenta de carioca de esperar dar merda para depois se mexer. Na Copa do Mundo como vai ser? Vai desabar o Maracanã lotado na final e no dia seguinte vão dizer que vão “reforçar as estruturas do estádio”?

Outra inoperância digna de nota: os “brinquedos” que instalaram ali. Tinha roda gigante, montanha russa… e fila de, no mínimo quatro horas para usufruir. Pior do que isso: os brinquedos chegaram a ser fechados por causa do mau tempo e dos ventos. Colaram com cuspe que não pode funcionar se ventar? Um cidadão que passou exatas quatro horas na fila da roda gigante teve um dia de fúria quando finalmente chegou a sua vez e lhe disseram que fechariam a roda gigante porque estava ventando. Não sei que fim ele levou, mas se estiver vivo, queria parabenizá-lo, o show dele foi o melhor da noite.

E por falar em brinquedos, tinha uma Tirolesa. Para quem não sabe, é uma espécie de bondinho do Pão de Açúcar, só que de gente. Você desliza por um cabo preso a duas extremidades. Parece simples, né? Não precisa de nenhum milagre da engenharia para amarrar um cabo em cada ponta e fazer uma pessoa cruzar usando uma roldana. Mas até a Tirolesa estava toda cagada. Pessoas ficavam presas no meio do caminho, suspensas no ar, esperando pelo resgate. Puta merda, que vergonha.

Além de fazer um evento todo cagado, ainda mentem para o público. Mentem e dizem que fora “pequenos imprevistos” (tipo falta de comida? Falta de bebida? Arrastão?) correu tudo bem. Daí pintam aquele quadro bonito de que o Rio de Janeiro está suuuper preparado para eventos de grande porte. NÃO ESTÁ, acreditem em mim, FOI UM DESASTRE, UMA VERGONHA E UM CAOS.

Curioso que todo ator global entrevistado na área VIP (que ficava na puta que pariu de distância do palco, bem feito!) repetia feito um papagaio, fora de contexto com o que era perguntado, que o Rio está super preparado para sediar grandes eventos. Sabe como é, semana passada a FIFA ameaçou tirar a Copa do Mundo do Brasil e levar para a Alemanha, o cu piscou. Imagina o dinheiro que neguinho perderia se isso se concretizasse! Sabemos que não vai acontecer, mas, puta que me pariu, o simples fato da FIFA anunciar publicamente a possibilidade de tirar a Copa do Mundo do Brasil já é uma MEGA VERGONHA. Não me lembro disso ter acontecido antes.

E por falar em mentir para o público, a mentira não se limitou à organização e segurança do evento, se estendeu a seus artistas também. A “cantora” (sério, muitas aspas aqui se você tem um pingo de bom senso e não teve sua cabeça estuprada pela mídia) Rihanna atrasou bastante o começo do seu show, razão pela qual foi até vaiada (Chris Brown, mandou bem) . Trataram logo de espalhar através da mídia no dia seguinte que ela teve uma dor de garganta e teve que ser atendida às pressas por um médico que mandaram vir de um hospital em outro bairro. Tentativa idiota de salvar a reputação do evento.

Sério, gente. Quando eu digo que as pessoas tem que contratar o Somir como assessor, eu não estou brincando. Porque ele faz melhor do que 90% dos assessores que estão por aí. Se queriam inventar uma emergência médica, tivessem a decência de inventar algo plausível. Ela acordou bem, chegou no camarim bem, mas, curiosamente, uma hora antes do show, ela foi acometida de uma dor de garganta súbita? ALOOOOOOU? Dor de garganta não vem de uma hora para a outra, e depois que ela vem, não existe tratamento imediato que deixe a pessoa com a voz bacana em quinze minutos! Chocada como as pessoas engolem tudo que sai na imprensa.

Rihanna, PROCESSA EU, porque eu vou contar o que realmente aconteceu. Por motivos óbvios vou preservar a minha fonte. Seguinte: o show da Katy Perry, no mesmo dia, algumas horas antes, correu muito bem, tudo dentro do que era esperado. Daí ela montou uma mega-comemoração no seu camarim. Rihanna deu uma passadinha na festinha armada pela Katy Perry e… digamos assim… se excedeu no uso de algumas substâncias. Ficou de-to-na-da, incapaz até de andar com dignidade. Precisou de uma ajudinha médica, de diversos medicamentos e de uma horinha para se recuperar para conseguir subir ao palco. Observem a moça durante seu show, vocês sentirão uma vibe meio Amy, ela não estava purinha não. Uma informação que não pude apurar: será que a Christiante Passarinho Imaginário Torloni também passou no camarim da Katy Perry?

Gentem, to no fim da quinta página, hora de dar tchau. Uma pena, tava uma delícia essa meteção de pau (quem fizer trocadinho com esta frase será considerado infantil). Semana que vem prometo que faço um Desfavor Explica para compensar, sobre algum assunto bem interessante e instrutivo.

Para fechar, acho que o pior desfavor não foram os organizadores. Eles só fazem isso porque sabem que neguinho engole. O que mais me aborrece é ver gente que ESTAVA LÁ achando tudo muito lindo. As pessoas são IDIOTAS, só pode! Fico me perguntando como vai ser na Copa do Mundo, onde cem mil deve ser o número DE JORNALISTAS do evento. Tô falando muito sério, eu quero sair do Rio de Janeiro antes de Copa do Mundo e Olimpíadas. Aceito propostas de emprego em outros estados. É sério.

Para dizer que prefere acreditar na versão colorida e açucarada da mídia, para dizer que está muito feliz por não ter ido ou ainda para dizer que cada dia aumentam as probabilidades de que eu encontre uma bala perdida quando sair na rua: sally@desfavor.com

Esse não é meu aquário...Em algumas culturas, principalmente as asiáticas, animais que ainda se movem na mesa são considerados uma iguaria. E com tantos restaurantes japoneses e chineses aqui no Brasil, não é de se surpreender que alguns desses pratos tenham chegado até estas bandas. Isso gera polêmica, inclusive entre Sally e Somir.

Tema de hoje: Comer animais vivos é mais condenável que comer animais mortos?

SOMIR

Sim, é. Essa frescura em defender culturas alheias serve apenas para um propósito: Manter viva uma desculpa para atitudes bárbaras. Dizer que algo faz parte da cultura de um povo já foi defesa para inúmeros comportamentos terríveis da humanidade. Compreender que uma pessoa foi criada de forma diferente não a livra da responsabilidade por seus atos.

Tanto que na maioria dos países civilizados do mundo, dizer que não conhece uma lei não inocenta ninguém. Já faz parte da nossa evolução como espécie relativizar o valor da cultura alheia. É tudo muito exótico e bacana até cruzar alguma linha do que se espera de um ser humano funcional.

Calma, eu não estou querendo comparar DIRETAMENTE um crime de humano contra humano com um prato que se debate na mesa. Tenho plena noção que existe um mar de diferença entre nós e os animais irracionais. Falo aqui sobre o nosso lado das coisas: Como que definimos o que nos separa do reino animal.

E sim, somos separados. Mesmo que um chimpanzé tenha mais de 96% dos nossos genes, a humanidade se afastou, e muito, do resto das espécies há milhões de anos atrás. E o abismo só aumenta. Essa mudança teve apoio dos 4% genéticos, mas foi essencialmente cultural. Não me perdoem, mas é infantilidade pregar igualdade irrestrita de direitos entre nós e o restante das espécies. É evidente que existe uma diferença, e enquanto eu não vir uma nave projetada e pilotada por golfinhos alcançar a Lua, sem chance de mudar de ideia.

Sei que minha argumentação parece levar para o sentido contrário do lado tomado nessa discussão, mas dizer que somos absurdamente mais evoluídos e vivemos em “outra realidade” não é desculpa para tratar nossos companheiros irracionais de planeta de qualquer forma. A nossa evolução é um privilégio com responsabilidades.

Obedecer a lei da selva nos colocou no topo da cadeia alimentar. Subvertê-la nos tirou dela. Uma sociedade baseada exclusivamente na lei do mais forte, na noção de que a única função do fraco é servir, jamais chegaria ao ponto onde chegamos. Enfrentamos o barbarismo e conquistamos a recompensa.

Esses pratos onde a carne ainda se mexe não servem a nenhum propósito específico. São resultado de sociedades incapazes de lidar com a noção de que JÁ sabemos fazer melhor. Cozinhar a carne foi um dos primeiros passos para deixar nossos primos chimpanzés para trás. E antes disso, matar a presa antes de devorá-la também foi uma vantagem estratégica.

Na natureza o mais comum para os predadores é comer a presa enquanto viva. Eventualmente ela perece, mas boa parte das mordidas são registradas pelo seu sistema neurológico agonizante. Um leão mastigando uma zebra viva não o está fazendo porque é mais divertido: Não tem onde armazenar (quanto mais tempo a presa vive, menor a possibilidade de estragar) e também não pode dar bobeira, já que tem muito mais animais doidos para pegar seu pedaço.

O ser irracional faz o estritamente necessário por falta de capacidade de fazer melhor. E essa capacidade nós temos. Uma considerável parte da produção mundial de carne provém de abatedouros obrigados a obedecer regras que punem crueldade animal. O sistema passa longe de ser perfeito, mas essa coisa de fazer simplesmente o mais fácil e barato não é como enxergamos o assunto. Se a nossa evolução nos ensinou que é mais EVOLUÍDO matar antes de comer, um dos melhores subprodutos dessa evolução garante o interesse por fazer isso da forma mais “humana” possível.

O subproduto da nossa evolução? Senso de justiça. Tire o senso de justiça da humanidade e voltamos às cavernas em poucas gerações. Crueldade injustificável deve ser abolida de todas as esferas da nossa interação com o mundo que nos cerca. Comer um animal vivo SEM a necessidade para tal configura óbvia crueldade.

E quando eu falo em abater animais de forma “humana”, não estou dizendo que os animais são humanos, estou dizendo que NÓS somos. Esse é o ponto principal. NÓS somos humanos. Devemos agir como tal. É claro que uma lagosta não pensa como um humano, mas a partir do momento em que você justifica um ato que SABE que é excessivo e incomum a partir da ótica de um ser muito menos evoluído, iguala-se a ele.

Apesar de gerar grupos de malucos hipócritas como a PETA, a empatia, mesmo com animais irracionais, é uma das partes integrantes do nosso processo de “conquista” do mundo. Um bom termômetro da capacidade de compreensão do que significa ser humano é a disposição de uma pessoa de entender que ela não está sozinha no mundo. Já disse isso numa coluna anterior com tema parecido: Psicopatas costumam começar torturando e matando animais. Se colocar no lugar de outro e tentar tratá-lo da forma como você gostaria de ser tratado é um dos blocos de construção da complexa e abstrata mente humana. Somos tão complexos que conseguimos enxergar semelhanças em seres muito diferentes.

Uma pessoa que diz ter empatia SÓ por humanos ou está se enganando (para fazer pose de rebelde na internet) ou está enganando a todos (e vamos torcer para que ela não pegue uma metralhadora num futuro próximo…). Não é tão simples assim. Empatia e senso de justiça são MUITO maiores que senso de reconhecimento.

Comer animais vivos não serve a nenhum propósito que prede a necessidade de agir feito um ser humano. É indulgência, ostentação ou falta de uso da massa cinzenta. Se quer incentivar crueldade, que pelo menos tenha a decência de assumir que é condenável.

Eu tenho orgulho de ser um animal racional. E você?

Para me chamar de viadinho porque é muito mais fácil do que assumir a responsabilidade de honrar o que tem dentro do crânio, para me chamar de viadinho porque acha engraçado mesmo, ou mesmo para me chamar de viadinho só para acompanhar o bando: somir@desfavor.com

SALLY

Comer animais vivos é mais condenável que comer animais mortos? Atenção ao tema proposto. Eu perguntei se é MAIS CONDENÁVEL. Pode ser mais nojento, mais estranho… mas MAIS CONDENÁVEL? Não acho. O animal é morto com extrema crueldade em ambos os casos, só porque você não vê, não quer dizer que seja menos cruel.

Tudo começou com uma revolta coletiva contra um restaurante que serve sashimi de lagosta, trazendo a lagosta viva à mesa e arrancando gomos das suas costas para que as pessoas peguem a carne fresca enquanto a coitada ainda se mexe. Comentei com o Somir e começou a discussão.

Vocês acham que a vaca que vocês comerão na próxima semana foi morta com que? Com carinho? Verdade inconveniente: os animais que nós comemos levam uma vida de merda, do minuto que nascem até a hora da sua morte. Na maior parte das vezes eles nascem com o único propósito planejado de nos servir de alimento e são tratados da pior forma possível. É assim que as coisas são na maior parte das vezes.

Ainda assim, milhões de pessoas aceitam este pacto silencioso de fingir que não sabem, da mesma forma como compram produtos da Nike, Zara e outras grandes marcas igualmente fingindo que não sabem ser fruto de trabalho escravo e/ou trabalho infantil. As pessoas gostam de se enganar. Até aí, tudo bem, porque este mundo está tão cagado que fica muito difícil sair da cama toda manhã se a gente focar o tempo todo na realidade.

O que eu não acho admissível é essa “realidade seletiva”. Uma coisa meio “quando eu não vejo morrer, que se foda, mas se matarem na minha frente eu viro ativista”. Gente, coerência por favor. São todas mortes cruéis, nenhuma é pior do que a outra. Se quer se revoltar contra mortes cruéis dos animais, abrace a causa e vamos começar a bater nos maiores vilões do momento: os frigoríficos e abatedouros. Ou então, aceite o fato de que comemos animais que são mortos de forma cruel e siga a vida.

Mas não, neguinho dá um escarcéu por causa de uma lagosta que foi comida viva e depois vai no mercado e compra um Baby Beef, feito de vaquinha bebê morta da forma mais torturante possível. Não agüento com isso. Não consigo nem argumentar, a vontade e sair dando tapa na cara. Você pode até se chocar, se sensibilizar mais por ter efetivamente presenciado o sofrimento do animal, mas, puta que pariu, o que VOCÊ sente não tem a menor importância para determinar se é mais grave ou menos grave. Sim, você NÃO É tão importante. Não é o seu sentimento pessoal que torna aquilo grave, é o ato em si.

Digo mais: na minha opinião o momento da morte nem é o mais grave. Porque, vamos combinar, se aquela lagosta estivesse na mãe natureza e um predador a encontrasse, vocês acham que ela morreria como? Seria comida viva também, com dor e sangue. A diferença é no tipo de vida que os animais levam. Seja em cativeiro para virar almoço ou na mãe natureza, sua morte é cruel e sangrenta, mas na mãe natureza eles levam uma vida digna, enquanto que animais de cativeiro geralmente levam uma vida de extremo sofrimento.

Sabem como se cozinha uma lagosta? Se joga a lagosta viva em uma panela de água fervendo. Não parece uma experiência prazerosa. Mas neguinho come a lagosta sem chiar, porque se fizer isso longe dos seus olhos tudo bem, né? A grande revolta vem quando se assiste o making off do prato. Um tanto quanto hipócrita, vocês não acham? Muito fácil criticar de forma seletiva tomando seu senso de reprovação, o quanto aquilo te afeta, te revolta, como medida para o grau da sua indignação. Lamento, mas são os maus tratos ocorridos, seja na sua frente ou não, que devem nortear a sua conduta. Comer animais vivos não é “pior” do que comer animais mortos. Acredito que se tiverem que matar diante dos olhos de testemunhas, periga até que se preocupem em dar uma morte mais digna.

Quem quiser dar chilique e dizer que é cruel comer a lagosta viva, pode dar, concordo em gênero, número e grau. Mas então que se porte de forma coerente e não coma animais mortos de forma cruel. NENHUM DELES, sejam eles mortos diante dos seus olhos ou não. E não façam nada que provoque sofrimento animal, como por exemplo, pescar. Vocês acham que deve ser bacana para o peixe ser pescado? Você gostaria que um gigante enfiasse um espeto na sua boca e te afogasse? Se vai discursar defendendo o direito dos animais, seja coerente.

Inadmissível pessoas gritando e chorando por uma lagosta enquanto animais de maior porte (e com mais “capacidade” de sentir dor) são pendurados e sangrados até a morte, no meio de fezes e urina. É aquele comportamento Universo Umbigo de gente que acha coreano um povo bárbaro porque come cachorro. O que será que os indianos pensam da gente?

Só para esclarecer, eu não estou escolhendo lados aqui. Não estou dizendo que tem que matar mesmo nem estou dizendo que não tem que matar. Estou dizendo que SE FOR CONTRA UMA MORTE CRUEL, tem que ser coerente e se posicionar contra todas elas, inclusive da vaca confinada e proibida de andar para que sua carne fique mais macia e da galinha criada em um cubículo com luz na cara o dia todo para comer mais e engordar mais rápido. Em resumo, se você for contra uma morte cruel, saberá que tanto faz comer viva ou jogar viva em uma panela de água fervendo, é cruel do mesmo jeito.

Nem sei porque perco meu tempo, para a maior parte das pessoas, o que os olhos não vem o coração não sente. As mesma pessoas que choram indignadas quando recebem por e-mail aquelas fotos do ganso com um funil sendo alimentado para fazer o patê de fígado de ganso são as mesmas que depois abrem uma lata de atum e comem aquela merda mesmo sabendo que é golfinho ralado. Este tipo de pessoas são sensíveis e protetoras dos animais QUANDO CONVEM, quando isto vai fazer com que elas fiquem bem socialmente. Porque agora é super bacana ser protetor dos animais.

Não me leve a mal, mas se você não come um bicho só porque ele foi morto na sua frente e condena esta prática mais do que quando ele é morto longe dos seus olhos, você é hipócrita. TANTO FAZ onde ele foi morto, o sofrimento do animal não é maior ou menor por estar sendo morto na sua frente, apenas o SEU sofrimento varia. E se você defende animais pensando no SEU sofrimento, você além de hipócrita é egoísta, só está defendendo os animais para que VOCÊ não tenha que passar pelo sofrimento de vê-los sendo mortos.

Não é menos condenável comer um bicho que foi morto na sua frente. Você pode até achar desagradável, pode te deixar sem vontade de comê-lo, pode te deixar com nojo. Mas não é MAIS CONDENÁVEL.

Para fazer um longo discurso pró-animal fora de contexto com o tema proposto, para pedir o nome do restaurante ou ainda para dizer que você só come vacas que morreram de velhice: sally@desfavor.com

MÉÉÉÉÉÉTAU!Começou ontem mais uma edição do Rock in Rio, com Milton Nascimento, Claudia Leitte, Katy Perry, Elton John, Rihanna, Os Cambistas, Banda Muitas Filas, Lixo & Atrasos…

Line-up de primeira, desfavor da semana.

SOMIR

Tentando ver o lado positivo: Pelo menos dessa vez o Rock in Rio está sendo no Rio. Acredito que até por isso flexibilizaram toda aquela parte do “Rock”. Pode-se até argumentar que o Motörhead sozinho vale o título, mas a média denota que o evento é um caça-níqueis descarado.

Deve ser infernal organizar um show de grande porte no Brasil, tenho dificuldades de lembrar de uma porcaria de evento onde o público não foi tratado como gado e o jeitinho nacional não deu o ar da graça para coroar a situação. Quem se dá bem nessas é caixa dois de organizador e cambista.

Confesso que quando anunciaram o Rock in Rio, fiquei um pouco esperançoso. Tudo bem que a oferta de bons shows internacionais já melhorou aqui desde a edição anterior (em solo nacional), mas poderia ter a chance de pegar uma daquelas sequências “mágicas” de shows. Imaginem qual não foi a minha surpresa (minha e de muita gente) quando começaram a anunciar coisas como Claudia Leitte e Rihanna…

A merda nem é só a qualidade das músicas “jabá de rádio”, é o público que isso atrai e o que diz sobre a intenção da organização. Soltaram um “assina com quem é famoso e foda-se”. E aí não dá nem para se surpreender com a bagunça que vira o evento. O público-alvo é qualquer um que pague o ingresso, aliás, meio-ingresso. Porque aqui na República das Bananas a esperteza é endêmica. Se vivêssemos num país com tantos estudantes assim, o nível cultural desse povo seria bem melhor.

Paga o dobro do valor minimamente justo (vocês acham que eles não acham o preço certo e dobram?) quem não entra no jogo da UNE e outras organizações mafiosas. Depois não sabem por que os ingressos aqui no Brasil são em média mais caros que em países semelhantes. Tudo bem que eu quero que falte dinheiro, comida e atendimento médico na casa de fãs da Katy Perry e Cia., mas isso não é sobre minhas vontades. É mais um daqueles “momentos Brasil” onde ser honesto custa mais caro.

E mesmo com o sonoro “se fode aí” que é o evento, a pobralhada se acumula. O público dessa vez vai ser menor que em edições anteriores, pode até parecer que a organização achou melhor controlar a aglomeração da pobralhada, mas a verdade é que as bandas são bem… meia-bomba. Porra, o show de encerramento vai ser com o que restou do Guns N’ Roses (e mesmo que você seja fã, vai admitir que não sobrou muita coisa…).

Vários dos grupos já entraram definitivamente na fase “pé-de-meia” da carreira. Red Hot Chilli Peppers e Metallica como dois dos exemplos mais claros. O Coldplay já está pegando a descendente. As outras? Porra, nem para fechar os dias estão servindo (sem contar os dinossauros, que completam bem um set-list, mas já passaram da fase de atração principal). Eu fui adolescente no final dos anos 90, comecinho dos 2000, não tenho nada contra Slipknot e System of a Down, mas… eles não fecham dia mais em festival algum.

Se comparar com o line-up de um Glastonburry da vida, é de chorar o nível dos convidados. Não sou muito fã de ficar relembrando as primeiras edições do Rock in Rio (o povo ia ver o Cazuza! que horror…), mas há de se concordar que boa parte dos grupos estava no auge. Isso já faz uma puta de uma diferença. Numa comparação triste, se ontem tivesse terminado com aquela anta da Lady Gaga, até teria mais moral.

O Rock in Rio tem toda cara de “o evento que deu para fazer”. Mas a mídia vai cair matando em cima (tem que ter notícia e botar aqueles refugos da MTV para trabalhar no Multishow…) como se fosse um grande orgulho nacional um festival “enfiando dobrado” como esse.

O público do primeiro dia foi uma merda TÃO grande que a Claudia Leitte não levou chuva de garrafa! Gezuiz, o LOBÃO levou garrafada em edições anteriores. Alguém me explica como uma cantora de axé passou ilesa? Se explodisse uma bomba e matasse todo o público, a única consequência econômica seria a falta de tração animal por algumas semanas. Aliás, engraçado como bateu um momento honestidade nela e ela mudou pra caralho o set-list. Tudo bem que Chico Science é mais um daqueles “gênios porque morreu”, mas deve ter se revirado no túmulo depois dela mandar um Manguetown.

Ah sim, os atrasos. A última a se apresentar, a mulher-saco-de-pancadas, Rihanna, entrou só com duas horas de atraso. Espero que num evento mil vezes mais complexo como uma Olimpíada fique mais fácil de organizar as coisas.

Mas quem se importa? O evento vai girar quase um bilhão de reais. Tenho certeza que pelo menos alguém vai aproveitar bem o Rock in Rio. SPOILER: Esse alguém não vai estar na platéia.

Para fazer alguma defesa apaixonada da banda que marcou sua adolescência, como se isso tivesse alguma coisa a ver com o festival capenga mencionado aqui: somir@desfavor.com

SALLY

O que está acontecendo neste final de semana no Rio de Janeiro é uma amostra grátis do que veremos nas Olimpíadas e na Copa do Mundo: uma bagunça generalizada que a imprensa insiste em noticiar como um evento de sucesso. Não é. ESTÁ TUDO UMA MERDA.

O Rio de Janeiro está UM CAOS. Todo mundo sabia que o Rock in Rio daria um nó no trânsito, mas como desgraça pouca é bobagem, a Guarda Municipal amanheceu em greve ontem primeiro dia do evento. MUITO BACANA. O que já estava cagado, ficou cagado ao quadrado.

Para começo de conversa, as determinações anunciadas não foram seguidas. Informaram em tudo quanto era canto quais as ruas que fechariam e em quais horários. Me programei para passar por uma destas ruas uma hora antes do seu fechamento, para não correr riscos. Quando entrei na rua, uma hora antes do horário do seu fechamento, me deparo com um caminhão destinado a rebocar veículos que se atravessou na pisa DO NADA, sem fechamento prévio das entradas por cones (como deveria ser) impedindo a passagem. Perguntei o que era aquilo e eles me avisaram que o trânsito estava fechado e quando eu perguntei porque anunciaram uma hora e fecharam na outra, a resposta não poderia ter sido mais educada: “Porque sim, Madame, pode dar meia volta”. Eduardo paz, muita luz e muita saúde para você e para sua família, tááá?

O caos se estendeu de uma forma que eu precisaria de dez páginas para narrar. Os ônibus não deram vazão, o terminar principal de ônibus ficou sem luz, deixando uma multidão no escuro, fila para comprar cartão de ônibus, depois fila para pegar o cartão e depois fila para embarcar. Um amigo meu que veio de outro estado disse que demorou mais do terminal do ônibus especial para o Rock in Rio do que para chegar da cidade dele até a minha casa. O bacana é que o tal ônibus VIP não foi barato não: R$ 35,00. Muita gente NÃO CONSEGUIU CHEGAR.

Teve gente entrando armada, teve gente entrando com drogas e teve gente entrando sem pagar. Falhas grosseiras de fiscalização por todos os lados. Gente branquinha e bem vestida sequer era revistada. Fila para tudo. Ingressos caríssimos que vieram com falhas no código de barras deixaram muita gente na mão. É tanta merda, mas tanta merda, que vocês não tem noção. Infelizmente não é esse o ponto central da minha postagem, então, deixo os detalhes da bagunça e desorganização para aquela parcela da imprensa que tem comprometimento com a verdade divulgar. Mas podem acreditar, a maior parte da imprensa vai fazer parecer que foi um sucesso e que o Rio está suuuper preparado para eventos de grande porte. MENTIRA.

O ponto central é: tanto perrengue, tanta confusão, tanto esforço por shows que de rock que, de rock não tem nem o cheiro! Não que eu esteja falando mal dos artistas que irão se apresentar, gosto de diversos, mas porra, querer empurrar que Claudia Leite, Katy Perry, Elton John e Rihana são rock ofende minha inteligência. Depois, quando eu falo que Rafael Pilha é um astro do rock neguinho reclama! E nos próximos dias a coisa não fica muito melhor do que isso não: NX Zero, Ke$ha, Jamiroquai, Stevie Wonder, Jota Quest, Ivete Sangalo, Lenny Kravitz, Shakira, Skank e tantos outros NÃO SÃO ROCK. Eu sei que talvez seja complicado fazer um evento SÓ de rock, mas vocês tem que concordar que fazer um evento chamado “Rock in Rio” onde o rock é uma EXCEÇAO, é algo meio 171.

Acaba que a maior parte das atrações principais tem aquele estilo show fake americanizado já manjado e saturado, onde nos deparamos com as seguintes variáveis: a) quem se apresenta tenta cantar ao vivo e dá vexame, pois sua voz é fraca, despreparada e não suporta os movimentos de dança da apresentação, criando falhas e “ofergâncias” ou b) a pessoa assume que sua voz é um cu e faz um show em playback cheio de dança, cores e efeitos especiais mas que musicalmente não tem valor algum. Chega a ser um choque quando, no meio da música, ligam o microfone da pessoa e sua voz REAL ecoa, nada a ver com a voz tratada e sintetizada que canta a música. Francamente, acho ambos estelionato musical. Todo mundo sabe que essas celebridades pop dão vexame quando tem que cantar ao vivo, sem os inúmeros recursos de estúdio para melhorar suas vozes estridentes e irritantes e ainda assim insistem em chamá-los de cantores!

O mais bacana é reparar nas letras. A grande maioria é futilidade pura, ou baixaria, ou imbecilidade. Se as pessoas entendessem o que estão cantando, não teriam a metade dos fãs. Mas aqui é assim, o artista fala duas frases em inglês e todo mundo bate muitas palmas e vai ao delírio, sem nem ao menos entender metade do que foi dito, mesmo que tenham sido mandados tomar no meio dos seus cus e chamados de otários. Eles batem palmas pelo simples fato do artista ter lhes dirigido a palavra. Que honra uma celebridade de momento, drogada ou anoréxica ou que apanha do namorado ou que barraqueia onde quer que vá ter a generosidade de te dirigir uma frase de forma coletiva, depois de vocë ter gasto trezentas pratas para vê-la tão distante a ponto dela fica do tamanho do seu polegar, hein? Bate palma mesmo, foquinha latina subdesenvolvida!

O preço é outro fator que deve ser levado em conta. Se você não tinha tempo e paciência de virar a noite em uma fila para comprar ingressos (já caros no original), levou uma facada nas mãos de cambistas, que compraram tudo. Quem mandou trabalhar e não poder passar vinte e duas horas numa fila? Ingressos chegaram a ser vendidos pela exorbitante quantia de setecentos reais. Esse é o problema de deixar cambistas comprarem os ingressos: eles esgotam todos em poucas horas e o povo se fode, tendo que pagar pelo menos o dobro do preço.

Paga caro pelo ingresso, tem dificuldades para chegar no local e quando chega tem dificuldades para entrar e quando entra vê show em playback ou então cantado de forma vergonhosa. Sou eu que estou ficando velha ou o Rock in Rio é a maior furada?
Para piorar, a transmissão televisiva foi risível. Padrão Globo de Qualidade, conhecido também como TOQUE DE MERDAS (o oposto do toque de Midas). Só valeu a pena ver as entrevistas na área VIP, várias celebridades visivelmente bêbadas protagonizando vexames. Estou começando a achar que merece um Plantão Rock in Rio, pois a baixaria VIP tá correndo solta: é gente comprometida se chupando nos cantos com desconhecidos, é briga de marido e mulher com lavação de roupa pública em público, é crise de choro de mulher traída… teve de tudo ontem. Até os peitinhos da Gloria Maria deu para ver, quando jogaram um holofote nela durante uma entrevista. Tadinha, a blusa dela ficou transparente pra caralho, parecia um raio-x.

Enfim, o primeiro dia de Rock in Rio foi um cu completo e fodeu com a cidade toda. Imagina como vai ser quando for uma Copa do Mundo! E quando for uma Olimpíada, com semanas de atividades diárias? HAHAHAHA. Querem tentar maquiar e dizer que foi bonito? Tenta a sorte, se for leitor do Desfavor vai saber a verdade.

Mal posso esperar pelo dia de amanhã, a previsão é de chuvas torrenciais, vai ficar ainda mais divertido!

Para me chamar de espirito de porco, para me chamar de mentirosa porque reporteres da Contigo disseram que a organização foi exemplar ou ainda para dizer que toda paunocuzação nos cariocas é pouco: sally@desfavor.com

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