Flertando com o desastre: Filhadaputização.

Apesar de ser um “Flertando com o Desastre”, hoje não pretendo esboçar uma certeza ou convencê-los de um ponto de vista. A intenção é chamá-los a uma reflexão, uma reflexão que em minha opinião, todos nós deveríamos fazer de tempos em tempo. O quanto você se filhadaputizou ultimamente?

Quem convive comigo já ouviu essa expressão. Para quem não convive, explico melhor: vivemos em uma sociedade hipócrita, competitiva e muitas vezes com valores invertidos. Só sobrevive quem abre mão de alguns ideais e eventualmente topa ser um filho da puta em alguns aspectos, em algumas situações. Cada qual tem a sua dosimetria pessoal e vai se filhadaputizando conforme as necessidades e as experiências pessoais de vida. Aos poucos todos vamos fazendo coisas que sabemos ser erradas ou então vamos fechando os olhos para o conceito de certo ou errado para, em troca, alcançar uma finalidade. Nem que a finalidade seja sobreviver.

Quem nunca foi escroto no seu ambiente de trabalho, por um motivo ou por outro? Quem nunca deu uma filhadaputizada com um concorrente, em qualquer situação de disputa? (disputa por um homem, por uma mulher, por um cargo, por um objeto…) Quem nunca se filhadaputizou porque estava com pressa e furou uma fila, contou uma mentira ou estacionou em uma vaga para deficiente? Quem nunca deu uma filhadaputizada para se defender de um ataque de outra pessoa? O rol de hipóteses é interminável.

Dar uma filhadaputizada não é de todo ruim. É um mal necessário. Não precisa ter vergonha de ter dado uma filhadaputizada. O problema é quando nos esquecemos de que existe esse mecanismo de filhadaputizar e aprendemos a funcionar filhadaputisticamente sempre, meio que no piloto automático, como se esta fosse a única opção. Não, não é. Podemos ser boas pessoas com surtos filhosdaputísticos quando achamos que a situação exige. É recomendável que cada um de nós, de tempos em tempos, faça uma revisão mental do seu nível de filhadaputagem e veja se está dentro daquilo que considera aceitável. Temos que ter em mente que a filhadaputizada é um mecanismo de sobrevivência de emergência, para ser usado em situações especial, não como regra.

O que quero dizer é que muitas vezes a vida te exige que você seja momentaneamente um filho da puta. O fato de que eventualmente você dar uma filhadaputizada não quer dizer que você SEJA um filho da puta. Mas para que você não se torne um tremendo filho da puta em tempo integral, é necessário que reflita sobre a real necessidade de usar esse recurso e a forma como você vem fazendo uso dele. Muita gente se convence que “a vida é assim, não dá para ser bonzinho” e se sente autorizado a se tornar um baita filho duma puta. Não! Dar uma filhadaputizada quando a situação exige eu compreendo, ser um filho da puta não.

Eu já me flagrei diversas vezes me filhadaputizando em excesso. Em um período trabalhei com pessoas muito, muito, muito ruins e fiquei tão transtornada com o que estas pessoas estavam fazendo, que comecei a me filhadaputizar e fazer coisas horríveis com elas. Por sorte tive quem me puxasse a orelha e me avisasse, nos meus próprios termos, que eu estava me filhadaputizando demais. Você anda se policiando para perceber se anda se filhadaputizando demais? É bom refletir sobre o assunto de vez em quando. Normalmente ouvimos que não devemos ser filhos da puta nunca. Hoje eu estou te dizendo que isso é hipocrisia e que sim, precisamos nos filhadaputizar algumas vezes. Só estou pedindo que reflita sobre a adequação da sua filhadaputização.

Um exemplo desagradável que com certeza vai despertar revolta: eu acho que pessoas com filhos se filhadaputizam muito mais do que pessoas sem filhos. Sim, eu sei que o fato de ter filhos para criar acaba permitindo mentalmente que a pessoa se filhadaputize um pouco mais porque, em tese, o objetivo pelo qual ela está se filhadaputizando é “nobre”, seus filhos. Mas é preciso que seja um exercício consciente, que a pessoa saiba que está sendo uma filha da puta por escolha, porque tem que pagar a creche do filho.

A maior parte das pessoas não pensa assim, elas se autoenganam (e enganam terceiros também) achando que não estão sendo filhas da puta e que quando você tem um filho não é filhadaputagem, é necessidade. Oi? Ter filho não avaliza filhadaputagem, viu? Respeito a filhadaputagem alheia, desde que seja fruto de uma escolha consciente. Vocês, Papais e Mamães, parem de usar o filhote como escudo antifilhadaputagem. É feio demais fazer isso.

Porque custa tanto às pessoas assumir sua filhadaputagem? “Eu? Eu não! Eu faço o que eu acho certo”. Tá bom. Quem de nós tem a possibilidade de só fazer o que acha certo? Provavelmente ninguém. Sejamos francos aqui, todo mundo dá sua filhadaputizada em uma situação ou em outra, em maior ou menor grau. Todo mundo faz coisas que sabe não serem corretas porque acredita que naquela situação vale a pena. Precisou ser filha da puta para se defender? Beleza. É justo. Não te julgo por isso. Mas porra, bata no peito e assuma que você se filhadaputizou.

Geralmente é mais fácil perceber a filhadaputização nos outros, nas pessoas próximas que nos cercam. Aprecio amigos que avisam quando meu grau de filhadaputização está excessivo. Quem te conhece bem, sabe bem quem você é. Vai saber perceber quando seu grau de filhadaputização passar dos limites considerados normais. E, porque não, aqui na República Impopular do Desfavor, nós também temos graus de filhadaputização! Quantas vezes cada um de nós não tripudiou de um assunto, de uma pessoa ou de um comentário? Algumas vezes nos excedemos e dou total liberdade a vocês para me alertar se um dia eu ultrapassar os limites da minha filhadaputização aqui dentro. Vocês me conhecem, vocês conhecem o tipo de resposta que eu costumo dar. Se um dia acharem que eu me excedi, podem dizer “Sally, você está se filhadaputizando demais”.

As pessoas precisam aprender a voltar. Eventualmente nos deslocamos do nosso normal para a filhadaputização, mas a filhadaputização tem que ser um estado transitório, como se fosse um Estado de Defesa ou um Estado de Sítio. Não é para ir para a filhadaputização e acampar ali, fazendo dela seu jeito oficial de funcionar! É por causa desse caminho sem volta que o mundo está ficando a merda que está. Policie-se sempre: dar uma filhadaputizada sim, infelizmente é um mal necessário e você determinará o grau de filhadaputagem que quer infligir. Permanecer na filhadaputagem não. Permanecer na filhadaputagem é ruim para todo mundo, inclusive para você.

Quando a pessoa permanece da filhadaputagem geralmente encontra algum mecanismo para se convencer que não está na filhadaputagem, que está fazendo algo inevitável, necessário ou algo que todo mundo faz ou faria. Filhadaputagem é um facilitador de vida, um atalho, é muito tentador ficar nela. Porém a longo prazo, viver constantemente na filhadaputagem costuma custar caro. Sim, costuma. Existem filhos da puta que saem ilesos após uma vida toda de filhadaputagem incessante, por mais que isso vá de encontro com a ideia de justiça divina, acontece. Mas geralmente que funciona com a filhadaputagem mode on, full time, acaba mal. Por isso, por mais difícil que seja, aprenda a ir e vir da filhadaputagem, usando-a apenas para situações realmente necessárias. Filhadaputagem vicia…

Atentem para o fato de que meu discurso não é de amor e bondade. Não estou aqui pedindo que todos sejam bondosos o tempo todo. Estou admitindo que momentos de filhadaputagem podem se fazer necessários em nossas vidas. Só estou pedindo para que não se acomodem neles nem percam a noção de que eles devem ser usados em situações extremas e para que, de tempos em tempos, olhem para dentro de vocês e avaliem se não estão fazendo uso excessivo dessa ferramenta.

Vamos combinar também que filhadaputagem tem diversos graus. Não pensem necessariamente em filhadaputagem como algo terrível, coisas como roubar, matar ou trair. Não é o fato da atitude ser grave que a faz filhadaputagem. Existe filhadaputagem de todos os tamanhos. Por exemplo, dentro da minha escala de valores, mentir para uma amiga dizendo que não vai sair com ela porque surgiu um imprevisto no trabalho quando na verdade você vai deixar de sair com ela para sair com um sujeito bem apessoado com o qual vinha flertando é uma filhadaputagem. Não acho grave, mas é uma filhadaputagem. Pode ser feito em uma situação excepcional, emergencial, mas não deve ser o jeito padrão de funcionar com a sua amiga.

Na prática, a gente acaba pesando na balança o que é pior: a filhadaputagem ou o transtorno que a falta da filhadaputagem vai gerar. A filhadaputagem só deve ser usada quando for realmente necessária. É o caráter excepcional da filhadaputagem que difere pessoas comuns (que eventualmente filhadaputizam) de pessoas filhas da puta. Como é bem mais fácil viver na base da filhadaputagem, muitos vão e não voltam, como se fosse um uso de drogas, só que o vício está na conduta filha da puta.

Daí você deve estar pensando quem é que vai avaliar se as suas escolhas de filhadaputização são apropriadas. Ninguém, quem tem que saber isso é você. Provavelmente você vai se cercar de pessoas com escolhas mais ou menos parecidas, pois são as que terão interesse em ficar ao seu lado. Filhadaputagem atrai filhadaputagem. Uma pessoa bacaninha e emocionalmente saudável não vai ter interesse em ficar ao lado (seja como amigo, seja como companheiro) de um grande filho da puta. Por isso se exceder na filhadaputagem é prejudicial: só pessoas bem filhas da puta começam a te cercar.
Podem reparar que geralmente escolhemos para estar ao nosso lado pessoas com as quais temos afinidade ética ou moral. Pessoas que geralmente compreendem nossa filhasdaputada, talvez porque se colocadas na mesma situação, fariam o mesmo. Qual grupo acerta na medida da filhadaputagem? Nunca saberemos, cada grupo deve achar que sua escolha é a certa. Nem adianta discutir o assunto. Só fica minha recomendação para que você ande e se junte com pessoas com as quais tem afinidades filhadaputísticas. São estas as relações que costumam dar certo, vide a Madame que divide este blog comigo e eu, que sempre estamos em total sintonia filhadaputística.

Não que pessoas que tem escolhas filhasdaputísticas diferentes de você sejam necessariamente más. Talvez não. Talvez algumas sejam até melhores. Outras piores. O fato é que dificilmente uma relação, qualquer que seja ela, dá certo quando a filhadaputagem não está em sintonia. Muitas vezes a pessoa reclama que só atrai filho da puta e na verdade seu grau de filhadaputagem saiu do controle sem que ela perceba, ou então ela está passando essa impressão errada, por isso só filhos da puta ficam a seu lado. Aposto que você nunca tinha parado para refletir sobre a importância da filhadaputagem nas relações. Desfavor é antropologia, Desfavor é sociologia, Desfavor é total ausência de medo do ridículo. Desfavor, desde 2008 inventando novas palavras.

Por tudo isso que foi dito eu peço que reflitam de coração aberto sobre o quanto andam filhadaputando. Pensem como vocês eram nos tempos do colégio, da faculdade, antes de ter filhos, enfim, em diferentes fases da vida. Vocês fariam as coisas que andam fazendo? Você continua sendo quem você é ou você se tornou naquilo que a filhadaputagem te transformou? Até que ponto agir filhadaputísticamente é uma escolha usada excepcionalmente para você hoje? Até que ponto você está dosando bem? Será que você não precisaria ser mais (ou até mesmo menos) filhadaputizado nas suas escolhas? Reflitam sobre isso com frequência, pois é muito fácil se perder na filhadaputagem e não voltar mais.

Por favor, de tempos em tempos, revejam seu grau de filhadaputização e nunca se esqueçam de que filhadaputizar deve ser uma condição extraordinária e transitória, utilizada apenas quando realmente necessário. Nunca caiam na armadilha de achar que na filhadaputização estão os segredos do sucesso, das pessoas bem sucedidas nem de achar que filhadaputizar constantemente é coisa de gente forte, esperta e safa. Saiba usar e, acima de tudo, saiba parar de usar.

Para dizer que este texto é uma perda de tempo pois os filhos da puta nunca se acham filhos da puta, para mentir e dizer que você nunca faz nada que considere filhadaputagem ou ainda para dizer que a filhadaputagem está nos olhos de quem vê: sally@desfavor.com

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Comments (59)

  • Sally, esse seu texto é uma obra-prima sobre ética e comportamento anti-social. Já reli umas quatro vezes desde a sua publicação!
    Sugiro que você o republique de tempos em tempos, pois no caos moral que vivemos é urgente lavarmos nossos próprios umbigos, já que apontar o dos outros está fácil demais!

    • Camila, fico me perguntando se adianta… pois quem o entende, não precisa dele e quem precisa dele acaba que não o entende.

  • Sally, muito legal seu texto. Reflexivo! É importante refletir sobre isso dado que falo por experiência própria: já filhadaputizei muito na vida, na infância e adolescência(é, eu fui aquele aluninho dedo duro que tudo “eu vou contar pra tia” e contava mesmo! kkk depois os colegas diziam “Ge vou te pegar na esquina”, e essa era a melhor parte: Isso gente pega mesmo! Até pq eu sei me defender, luto Karate e Jiu Jitsu então… e fui daqueles cupidos em que armava altas situações para as pessoas se encontrarem ou se DESencontrarem kkk… enfim, bah nem sei pq estou dizendo isso tudo), mas como se diz: “A vida ensina.” Só depois de tomar uns tombos, quebrar a cara é que aprendemos a ser pessoas melhores. E penso neste sentido, que é normal do ser humano esse crescimento mesmo que dolorido.

    • Ge, ser pior ou melhor é questão de escolha. Existem pessoas que são felizes sendo filhos da puta e cercados de filhos da puta. Respeito. O que não pode é gente que só atrai filho da puta e sofre com isso sem saber porque, achando que é azar. Não é, são as suas escolhas de vida que determinam as pessoas que te cercam.

      Muito bacana que tenha te incomodado filhadaputizar e que você tenha aprendido a funcionar de outra forma.

  • Admitir sua própria filhadaputização requer muita coragem. Requer assumir e aceitar que não se é perfeito. Já tive que me defender de uma maneira bem torta, por falta de experiência, a pessoa se colou como vítima da história. Não esqueço disso nunca mais. Foi o maior aprendizado que tive. Por isso hj tenho um nojo enorme de pessoas que tentam estabelecer jogos de poder comigo. Posso até estar errada, mas muitas vezes hierarquia é o caralho. Respeito se houver honestidade nisso.

    • Não tem coisa mais irritante do que o joguinho passivo-agressivo, onde uma pessoa provoca discretamente sem parar e quando a vítima finalmente se defende, a pessoa que começou tudo vira a mesa e sai de vítima.

      Com gente assim tem que devolver no totozinho também, guerra de nervoso. Por isso acho que o melhor a fazer é se afastar, pessoas assim não valem cair nessa disputa de nervos.

      • Concordo. Hj penso que se cair nesse jogo, estarei cometendo o maior erro, ME DESRESPEITANDO. E se parar pra analisar, realmente se vc cai, é esse o erro que vc comete consigo mesmo se deixando levar pela escrotidão do outro. Se vc permite que o outro te tire do teu eixo.
        Curioso é que vc assim, provoca o efeito contrário, vc termina deixando a pessoa mais puta da vida ainda, pois ela vê que não consegue. Isso me torna filhadaputizada? :D
        Mas de fato, se vc pode, o melhor é se afasta.

        • Lichia, geralmente não dar importância irrita profundamente. Mas quando a outra pessoa tem algum poder, pode ser uma faca de dois gumes, porque ela vai te provocar até conseguir atenção e para isso vai te sacanear aos montes. Em alguns casos excepcionais eu sou favorável a dar logo uma pancada para que a pessoa veja que não há condições de ficar te prejudicando… Mas concordo que se for possível, se afastar é sempre melhor.

  • e o contrário da filhadaputagem? Era oq eu mais gostaria de fazer, que é dar realmente a real sem fingir. Exemplo: emprestei algo e o cara n devolveu, e em outra ocasião pede novamente algo.

    Dai ao invés de dizer que não posso por qualquer desculpa, dizer: meu irmão n vou emprestar nada pq vc n cumpriu c sua palavra. Mas não…se eu falar isso eu sou um filhodaputa né n?

    • Claro que não! Se você falar isso você é apenas sincero!

      Se o fato de ser sincero com aquela pessoa não vai te trazer prejuízos significativos, acho que tem que falar mesmo. Mas fale ciente de que as pessoas costumam se ofender com sinceridade, pois esperam e presumem sempre hipocrisia social como demonstração de que você gosta delas.

  • Obrigado (de verdade) pelo texto. Foi esclaredor. Dentre outros comportamentos, já venho pensando nisso há algum tempo. Comigo foi de dentro pra fora. Primeiro usei contra mim mesmo a filhadaputize e, óbvio, respingou MUITO em quem estava perto.
    Minha auto-sabotagem foi tão grande que, enfim, me tornou um filho da puta do primeiro escalão fulltime.
    Aquele auto-perdão escrotíssimo em que você jura que só você será prejudicado e ninguém se afetará com na-da, logo não podem se meter (meter = tentar me ajudar no caso). Esse mesmo.
    Aí depois os amigos se afastam e “eles é que são os filhos da puta”. Como se nêgo fosse obrigado a tomar muito na cara o tempo inteiro de quem não aceita e nem vê o problema.
    E olha, depois que lentamente fui percebendo a questão vi o quanto é difícil mudar a atitude filhadaputa automática. É se policiar a porra do dia in-tei-ro.! Porque, pelo menos comigo, a ação escrota e sem motivo se instalta fantasiada de ~opinião sincera~.
    É MUITO complicado, quase uma rehab (inclusive com recaídas eventuais), mas rola. É bem possível.
    O que me consola é que depois de um boooom tempo no estado filho-da-puta-amarguradoplus de ser, quando tentei reverter a situação com gente tão filhadaputizada por mim, ELES VOLTARAM! =) Sinal que nos meus áureos tempos, algo de bom eu devo ter feito. Hahaha

    • Bode, é difícil no começo. Depois que você aprende a funcionar de outra forma acaba se condicionando a ficar em outro estado de espírito e a filhadaputisse não sai mais de forma incontrolável nem automática. Demora um tempo, mas você muda o seu jeito de funcionar e a filhadaputisse volta a ser exceção.

      Bacana que você conseguiu perceber e tentou corrigir. Muita gente morre sem perceber, achando que todo mundo é assim, que é preciso ser assim para conseguir sobreviver. Parabéns.

  • Off.: Ainda não li todo o texto, mas precisava compartilhar algo contigo Sally.

    Fui dar banho no meu filho (um bebe de 5 meses) e deixei de lado a banheira. Fui escondido da mãe dele tomar banho de chuveiro em pé como ‘homem’. Ele estava em meu colo e comecei meu ritual básico de batizar o chão do box com o chuveiro ligado; qual não foi minha surpresa ao perceber que ao mesmo tempo ele tambem estava fazendo xixi no banho?

    Tem coisas que não tem como explicar o quanto é emocionante. Acabei lembrando do desfavor. E estou agora compartilhando.

    Quanto a filhadaputisse…ahn..não imagino o que seja isso.

  • Sally, olhando pra trás, eu acho que não mudei muito ao longo da vida quanto ao que eu acho moralmente correto ou não. Pelo contrário: acho que meu senso de moral e honra e também minha noção de certo e errado ficaram até mais aguçadas em mim. Por isso mesmo, às vezes, sou chamado de “cagão” ou de “chato” quando não topo fazer parte de um grupo que está pra fazer algo que considero condenável, como ficar até alta madrugada na rua, enchendo a cara e ir pro “zonão”…. E creio que ainda tenho um mínimo de auto-controle sobre meus momentos de “filhadaputização”. Pode até ser que pra quem olha de fora seja diferente, mas tenho pra mim que, durante praticamente a vida toda, só agi de modo “filhadaputístico” quando provocado. Geralemnte, quando me irritam. Eu irritado não é algo bonito de se ver… Não sou nada sutil quando estou nesse estado. Mas também ninguém nunca pôde de acusar de exagerar na dose ou de ficar puto por nada…

    • WOJ, você deve saber dosar sua filhadaputagem, caindo nela só em situações extremas e voltando a funcionar na normalidade quando a agressão acaba.

  • Parceiro é parceiro. Fila da puta é Fila da puta.

    Às vezes é questão de defesa, porque infelizmente existe muita gente traíra, principalmente no trabalho. Que ri na sua frente e te apunhala pelas costas….

          • Isso te autoriza se defender…
            O problema é que temos que ser inteligentes e não nos deixar levar pela raiva do momento. Pensar friamente e com calma sempre.

            Existem caminhos que nao sao os da filhadaputagem…

            Como por exemplo no trabalho…ser claro com o seu chefe sobre o que esta acontecendo…se o chefe é filha da puta….falar com o chefe do chefe….se todos sao filha da puta…muda de emprego pq esse nao vale a pena.

            A gente tem que saber até a hora de se retirar.
            Brigar quando a competiçao nao é boa ou nao vai chegar a lugar nenhum….é perda de tempo.

            Tem que ser sábio e nao usar das mesmas armas do outro.

            • Exatamente, tem que saber a hora de se retirar. Trabalhar para um filho da puta não vale a pena. Você pode até continuar lá até conseguir coisa melhor, mas tem que começar a se movimentar para sair…

  • Sally dá uma palhinha do que vc fez com seus ex-colegas de trabalho… Talvez eu exerça algum grau de filhadaputização esse mês…

    • Fiz coisas sutis para que aos poucos eles pensem que estavam ficando malucos. Foi um projeto demorado, imperceptível no começo mas grandioso em seu final, só que acabou mal, com a internação de uma pessoa que já era meio borderline em uma clínica psiquiátrica. Não foi certo mexer com quem já estava com um pé do colapso mental.

      Meu conselho é o bom e velho purgante na água ou no adoçante do café. Dá menos trabalho, é mais imediatista e é muito mais engraçado.

            • Ihp, existe uma regra geral sobre atacar outra pessoa que, se for observada, aumenta suas chances de sucesso.

              Normalmente as pessoas atacam alguém pensando em seus próprios pontos fracos. Por exemplo, uma mulher mal resolvida com seu corpo provavelmente vai vir aqui me chamar de gorda, porque isso é o que doeria NELA e ela não tem a capacidade de perceber que nem todos pensam como ela. Amadores atacam assim, com argumentos baseados em seus próprios medos.

              Quem sabe fazer a coisa certa, OBSERVA o alvo antes de atacar. Perde algum tempo observando seus medos, suas fraquezas. Depois de conhecer o alvo, ataca no seu verdadeiro ponto fraco. Não é difícil perceber o ponto fraco de uma pessoa: questões mal resolvidas sempre são abordadas de forma diferente, cheias de mecanismos de defesa. Exemplo: uma pessoa que repete o tempo todo como todo mundo dá em cima dela provavelmente tem sérios problemas de relacionamento, pois é insegura o bastante para precisar ficar se auto-afirmando dessa forma.

              Então, é preciso sutileza para perceber onde estão as questões mal resolvidas da pessoa. Depois, é preciso sutileza no agir, pois se você bate abertamente, todos se voltam contra você. O ataque tem que ser discreto, de tal forma que se a pessoa resolver se defender pareça que ela é que está te agredindo sem motivo e você saia como vítima. Joguinho passivo-agressivo, conhece?

              Atacar os outros é uma tarefa demorada, é preciso paciência e sabedoria. Mas se você consegue traçar uma boa estratégia, os resultados são incríveis. As pessoas no geral são muito burras e caem em qualquer armadilha mais bem elaborada. Um dia ainda escrevo um texto com mais dicas…

              Para aqueles que me acham má, eu tenho potencial para ser má, apenas escolho não exercer a maldade. Isso é mérito. Pessoas que simplesmente não sabem sabem ser más não o são por falta de opção.

                • Dani, ninguém é incapaz da maldade apenas pela bondade. Você não é pamonha. Você só não foi devidamente provocada.

                  Quem é incapaz é a pessoa burra, que não consegue raciocinar para montar uma boa estratégia e isso eu boto minha mão no fogo que você não é!

              • Caray sally, agora deu medo de vc…

                Eu não tenho muito isso de atacar os outros de caso pensado, sou mais impulsivo nesses casos. Mas faz um bom tempo que estou manso.

                O que tenho é mente de bandido…fora da lei…isso tenho que controlar de maneira consciente mesmo..

              • A história dava um filme… rs

                Não te acho má, maldoso é o cara que começou, que sem motivo algum age filhadaputisticamente com alguém.

                Aguardando ansiosamente o Desfavor Explica: Filhadaputagem em diversos ambientes.

                Por aqui o ponto fraco do povo aqui é querer subir de qualquer jeito… qualquer coisa que esbarre nessa possibilidade machuca… [fazendo cara de louca]

  • Por conta dessas ‘filhasdaputices’, sinto-me muito mal quando alguém me tece um elogio, no sentido de me considerar uma ‘pessoa humana’ (?), que tem consideração pelos outros, solícita, solidária, etc, etc. Idealização também ofende.

    Nessas horas, traz muito mais conforto ser chamado de “Língua Preta” pelo namorado, de maldoso pelos amigos e de mente mais doente do mundo pelos colegas de trabalho. Não há nada melhor que amigos e colegas que te colocam no devido lugar, baixando sua bola…

    Nesse sentido, embora a filhadaputização esteja mesmo longe de ser um meio de sucesso, essa estória de “Noblesse oblige” também pode ser uma merda. (http://www.etiquetacelialeao.com.br/artigo_22.asp)

    • Uma filhadaputização eventual não te faz má pessoa. Má pessoa é quem funciona em constante estado de filhadaputização.

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