Siago Tomir: Aquela do Fernandinho…

Naqueles tempos em que namorava com Siago Tomir eu morava em um prédio onde também residia um rapaz com Síndrome de Down. Não tenho nada contra pessoas com Síndrome de Down, mas um triste incidente se dava sempre que eu cruzava com esse menino, cujo nome era Fernandinho.

Fernandinho tinha na cabeça dele que éramos namorados, apesar de eu nunca ter trocado mais do que meia dúzia de palavras com ele. Algumas vezes eu entrava no elevador e me deparava com Fernandinho e sua mãe, ele apontava para mim e dizia “Minha namorada”. Eu apenas sorria, pois achava rude dizer um “Manemfodendo que eu sou sua namorada!”. Ele dizia para o prédio todo que eu era a namorada dele e que ele ia casar comigo. Como a mãe não cortava, eu ficava sem graça de cortar.

Tudo ia bem, até que comecei a namorar com Siago Tomir, que fatalmente começou a frequentar a minha casa. Fernandinho não estava acostumado a me ver com ninguém e teve um choque da primeira vez que me viu de mãos dadas com Somir dentro do elevador.

Fernandinho: Minha namorada!
Tomir: *risos
Fernandinho: Saí! É MINHA namorada!
Tomir: *ignorando
Fernandinho: *tirando a mão do Tomir da minha mão
Tomir: * me olhando com cara de espanto
Sally: Fernandinho, para com isso!
Fernandinho: Não!
Sally: Fernandinho, larga ele!
Fernandinho: Larga a minha namorada!
Sally: Fernandinho, eu não sou a sua namorada, eu sou namorada dele!
Fernandinho: LARGA A MINHA NAMORADA

O elevador finalmente chegou no meu andar e eu me apressei para sair logo, tentando fugir daquela situação constrangedora. Bastou que eu dê alguns passos para frente que Fernandinho me agarrou por trás, com os braços entrelaçados na minha cintura e não soltou mais

Fernandinho: MINHA namorada!
Tomir: Acho que temos um problema…
Sally: Fernandinho! Me larga!
Fernandinho: Não
Sally: Fernandinho! Me deixa sair do elevador!
Tomir: Quer que eu tire ele de você?
Sally: Não, espera, vamos resolver isso no diálogo
Fernandinho: Minha namorada!
Sally: Fernandinho, se você não soltar eu vou ficar muito triste com você
Tomir: *prendendo o riso
Sally: Você pode por favor me largar?
Fernandinho: Não

Lá estava eu, presa em um elevador com Fernandinho pendurado no meu lombo. Aquilo foi me irritando, porque tá, é Down, tá, não sabe muito bem o que faz, mas porra, os pais não deveriam deixar sozinho se esse tipo de coisa pode acontecer.

Tomir: Você tem o telefone dos pais dele?
Sally: Não, só sei que eles moram no andar de cima
Tomir: Quer que eu vá chamá-los?
Sally: E me deixar aqui, sozinha, ASSIM? Nem pensar!
Fernandinho: Minha namorada!
Sally: Fernandinho, vou contar até três e se você não me soltar, eu mesma vou sair
Fernandinho: Não
Sally: um… dois…
Fernandinho:
Sally: TRÊS!

Fiz um movimento brusco com muita força para me soltar mas não apenas não consegui como Fernandinho não sentiu nem cócegas. Olhei para Tomir com cara de desespero. Comecei a sentir minhas pernas formigando tamanha a pressão que Fernandinho fazia na minha cintura com seus bracinhos. Tentei conversar de tudo quanto era jeito, por mais de vinte minutos e nada. Para minha infelicidade, ninguém chamou o elevador nesse meio tempo e eu não consegui convencer Fernandinho a me soltar.

Tomir: Quer ajuda agora?
Sally: Se a gente machucar ele vai dar uma meeeerda…
Tomir: Ele não está machucando você?
Sally: Mas ele é Intocável, eu não sou!
Tomir: É legítima defesa, ele está deixando marcas vermelhas na sua cintura!
Sally: Não, espera, vamos tentar outra coisa antes de você sentar a mão nele
Tomir: Tipo o que?
Sally: Fernandinho, se você me soltar eu te dou um chocolate!
Fernandinho: Não
Sally: Então eu te dou o brinquedo que você pedir!
Fernandinho: Não
Sally: Eu caso com você!
Fernandinho: Não
Tomir: Fernandinho, o que você quer que eu te dê para você soltar ela?
Fernandinho: CALA A BOCA SEU BABACA!

A agressividade de Fernandinho com Tomir começou a me preocupar, mais pelo Tomir, que não é de levar desaforo de ninguém, do que pelo Fernandinho.

Sally: Não responde. Não antagoniza. Aperta o botão do andar de cima, vamos nós dois até os pais dele
Tomir: Garoto… Se você gritar comigo mais uma vez…
Sally: Não ameaça bater em um Down! Isso vai dar merda…
Tomir: Eu mato sua mamãe
Fernandinho: *chorando
Tomir: Eu sei que ela mora no andar de cima, eu vou e mato ela enquanto ela estiver dormindo!
Sally: Puta que te pariu, Tomir!
Fernandinho: Abrindo um berreiro
Tomir: Aproveita para sair agora que ele está chorando!

Tentei sair mais uma vez, mas era impossível. Fernandinho era excessivamente forte para um ser humano. Tomir abriu a porta do elevador para mim e eu saí arrastando Fernandinho como se fosse meu rabo.

Sally: Não é possível, Fernandinho é um X-Man! Nunca vi ninguém com tanta força!
Tomir: Vem arrastando ele!
Sally: Vem, Fernandinho, vamos sair do elevador
Fernandinho: Não
Sally: VEM FERNANDINHO!
Fernandinho: NÃO
Tomir: Hora de fazer valer anos de leg press…
Sally: Tem coisas que só acontecem comigo!

Me arrastei até a porta da casa do Fernandinho e toquei a campainha. Ninguém abriu, mas eu sabia que havia alguém em casa porque estava ouvindo uma música alta no lado de dentro.

Sally: Fernandinho, você está me machucando, você consegue compreender isso? VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO! Me solta!
Fernandinho: Não.
Tomir: Isso é ridículo, deixa eu tirar ele de você…
Sally: Você viu como ele ficou agressivo? Se você tirar ele à força vai dar merda!
Tomir: Qual é o problema? Ele passou dos limites, não tem outro jeito!
Sally: Meu Querido, não estou mais pensando mais no clamor social, estou é com medo dele te moer na porrada! Ele é absurdamente forte!
Tomir: Sally, ele não vai conseguir me bater…
Fernandinho: TE ENFIO A PORRADA!
Sally: *espancando a porta
Fernandinho: TE ENFIO A PORRADA E TE MATO!
Sally: ALGUÉM ABRE ESSA PORTAAAAAAAA!

Tamanho foi o escândalo que eu fiz que vizinhos abriram a porta e me viram naquela situação lastimável. Um vizinho tinha o telefone da casa do Fernandinho e ligou para lá. A empregada abriu a porta.

Sally: Bom dia. Fernandinho colou em mim e não quer sair
Empregada: Ele faz isso
Sally: Ahhh… ele faz isso?
Empregada: Às vezes ele faz isso
Sally: E como faz para ele soltar?
Empregada: Ele só solta na hora que quer
Sally: Ele está sob a sua responsabilidade?
Empregada: Como assim?
Sally: Os pais dele estão em casa?
Empregada: Não
Sally: Os pais dele te pagam para tomar conta dele?
Empregada: Sim
Sally: E você toma conta dele deixando ISSO acontecer?
Empregada:
Sally: SE VOCÊ NÃO TIRAR O FERNANDINHO DE MIM AGORA MESMO EU VOU TE PROCESSAR! ELE ESTÁ SOB SUA RESPONSABILIDADE!

A empregada virou as costas e saiu. Siago Tomir me olhava com cara de “deixa eu bater nele?”. Os vizinhos não fecharam suas portas, resolveram assistir à minha desgraça. De tempos em tempos Fernandinho descolava a cabeça das minhas costas para dizer aos vizinhos que eu era namorada dele. A empregada voltou com um cabo de vassoura na mão para tentar tirar Fernandinho de mim.

Sally: Você não vai bater nele, vai?
Empregada: Não tem outro jeito
Sally: Como não tem outro jeito? Ele não tem nenhum remédio para esses casos de… alteração?
Empregada: Os pais não gostam de dar remédio para ele *levantando a vassoura
Sally: Ok, mas não bate forte não, bate só para assustar…

A empregada sentou a vassourada com força mas acabou acertando em mim em vez de acertar em Fernandinho. Nisso os vizinhos começaram a se assustar e fechar as portas.

Sally: AAAAAAAIIIIII
Empregada: Desculpa, Moça
Sally: *palavrão
Tomir: Eu estou delirando ou ele desviou da vassourada?
Sally: AGORA EU VOU TE PROCESSAR!
Tomir: CHEGA! EU VOU TIRAR ELE DE VOCÊ!
Sally: Liga para os pais dele e pergunta o que fazer!
Empregada: Sim Senhora
Tomir: *arregaçando as mangas
Sally: Tomir, você pode me escutar um segundo?
Tomir: Fala
Sally: Esse porra é forte pra caralho. Você vai puxar ele, ele não vai me largar e ainda vai me machucar pelo seu puxão
Tomir: Então vamos fazer de outro jeito
Sally: O que você fizer ele vai me machucar
Tomir: Não, tem que ter um jeito!
Empregada: A mãe dele falou que é para deixar, que uma hora ele cansa e larga
Sally: Uma hora ele cansa? Eu tenho que trabalhar! Já estou atrasada! Manda ela vir aqui tirar ele de mim!
Empregada: Ela disse que não pode agora, que está trabalhando
Sally: * palavrão

Siago Tomir muito puto com a situação e com o desaforo dos pais pegou o cabo de vassoura e em um movimento rápido deu uma porrada nas costas de Fernandinho. Ouviu-se um “crec”.

Sally: Puta que pariu! Puta que pariu! Você quebrou o Fernandinho!
Tomir: Relaxa, só quebrou o cabo de vassoura…
Sally: Fernandinho, você está bem
Fernandinho: *gargalhando
Sally: Fernandinho, qual é a graça?
Fernandinho: Se deu mal! *olhando para Tomir
Tomir: *veia da testa saltando
Sally: Dá comida para ele! O que ele gosta de comer?
Empregada: Manga
Sally: Dá uma manga para ele, assim ele me solta!

A empregada trouxe uma manga cortada ao meio, só que para minha infelicidade, em vez de Fernandinho me soltar ele continuou me segurando E comendo a manga. Nem preciso dizer como ficou minha roupa, que por uma ironia do destino, era branca.

Sally: CHEGA! CHEGAAAA! TIREM ESSE DOWN DE MIM!
Tomir: Posso tirar?
Sally: Pode! Mas cuidado para não me mach…

Siago Tomir parecia que ia dar um Fatality. Segurou Fernandinho pelo pescoço até ir levantando-o do chão. Quando Fernandinho começou a perder os sentidos, ele deu um puxão para trás, mas acho que em um último reflexo Fernandinho se agarrou a mim pela última vez, o que me causou uma fratura de costela que, para quem não sabe, é uma lesão muito chata de cicatrizar, demorando em média seis meses para que a pessoa volte a levar uma vida normal.

SALLY: AAAAAAAAI! PORRAAAAAA!
Tomir: Pronto, saiu!
Sally: E minha coluna saiu junto!
Fernandinho: *levantando para vir para cima de mim novamente
Sally: Não… não… NÃO!

Siago Tomir ficou na frente e Fernandinho ameaçou dar um soco nele, levando o punho para trás com as mãos fechadas e olhando de forma intimidadora. Ficou alguns segundos nessa posição.

Tomir: Se você me bater, eu vou te arrebentar, não quero nem saber se você é Down, tá me ouvindo? Pouco me importa, vou te moer na porrada!
Fernandinho: Sai da frente da minha namorada
Tomir: Estou falando sério, eu vou te matar de pancada
Sally: Tomir, vai dar muita merda, vamos embora
Tomir: Não. Ele tem que aprender que não pode fazer o que quiser
Sally: Ele PODE fazer o que quiser, é assim que a sociedade funciona
Tomir: Caguei, comigo ele não pode fazer o que quiser

A dor na costela não me permitia movimentos bruscos, por isso fiquei quieta parada atrás de Tomir.

Sally: Faz alguma coisa! Tranca ele dentro de casa!
Empregada: Vou fazer sim, vou fazer as minhas malas, com esse maluco eu não trabalho mais! *batendo a porta
Sally: Olha só, eu estou com muita dor, a gente vai ter que ir para um hospital AGORA
Tomir: Ok
Fernandinho: SE VOCÊ SAIR COM ELA, EU TE MATO!
Sally: Se você fizer alguma coisa com ele, EU TE MATO
Fernandinho: *cara de choro
Sally: Não pode sair agarrando as pessoas, batendo nas pessoas! Tá pensando o que da vida, rapaz?
Fernandinho: VOCÊ É MÁ!
Sally: Olha aqui! Olha aqui! Eu to machucada por SUA CULPA
Fernandinho: Por culpa DELE! ELE TE BATEU
Tomir: Oi?
Fernandinho: Eu vi ele te bater! Eu vou contar para todo mundo que ele te bate!
Sally: Fudeu
Tomir: Tem câmera aqui nos corredores?
Sally: Não
Fernandinho: O NAMORADO DA SALLY BATE NELA E MACHUCOU ELA!

Neste exato momento o pai do Fernandinho sai do elevador

Sally: Ainda bem que o Senhor chegou, seu filho está incontrolável!
Pai: Fernandinho? Fernandinho é um doce
Sally: Meu Senhor, seu filho me atacou, grudou em mim e me machucou!
Fernandinho: Quem machucou ela foi ele!
Tomir: EU?
Fernandinho: Foi sim que eu vi!
Sally: NÃO!
Pai: Você está sugerindo que meu filho, uma criança com Síndrome de Down, é um agressor? Pelo visto quem bate em mulher é seu namorado!
Sally: Olha, não foi por querer, mas o Fernandinho me machucou sim!
Fernandinho: Mentira, foi ele!
Pai: Vamos precisar chamar a polícia?
Sally: Não, não, esquece, a gente está ind…
Tomir: Porque vocês não colocam este animalzinho em uma jaula?
Sally: Fudeu…
Pai: Desculpe?
Tomir: Se não conseguem controlar seu filho, ele deveria ficar acorrentado dentro de casa, de preferência no PORÃO
Pai: Como é?
Tomir: COM A MÁSCARA DO HANNIBAL!
Pai: Chega, eu vou chamar a Polícia!
Sally: Não… não tem necessidad…
Tomir: Agora eu vejo A QUEM o Fernandinho puxou sua inteligência!
Pai: Você está pensando que está falando com quem?

Nesse descuido, Fernandinho veio por trás e me abraçou novamente.

Sally: SOCORRRRRO! TIRA ELE! EU ESTOU COM DOR!
Pai: Fernandinho, solta a moça
Fernandinho: Não
Sally: TIRA ELE LOGO!
Pai: Calma, vamos tentar o diálogo primeiro…
Tomir: A gente já tentou tudo, ele passou as últimas horas grudado nela. Você tem dez segundos para tirar seu filho daí senão eu mato ele de pancada na sua frente
Pai: Fernandinho! Vem!

O pai fez um movimento brusco para tirar Fernandinho. Fernandinho se virou e deu um murro na cara do pai, que estourou o nariz do infeliz.

Tomir: Tá vendo? TÁ VENDO O QUE O SEU FILHO FAZ!
Pai: AHHHHHHH MEU NARIZ!
Fernandinho: Desculpa
Sally: Tomir, vamos embora…
Tomir: Não, eu vou matar esse filho da puta
Sally: Deixa ele, ele também já apanhou
Tomir: Eu estou falando DESSE filho da puta *apontando para Fernandinho

O pai de Fernandinho foi lavar o rosto e Siago Tomir aproveitou e partiu para cima de Fernandinho e não sei como puxou os dois braços dele para trás, imobilizando-o.

Tomir: Tira o cadarço do meu tênis
Sally: Oi?
Tomir: TIRA O CADARÇO DO MEU TÊNIS
Sally: Tomir, vamos embora…
Tomir: Justamente, é para a gente conseguir ir embora
Sally: Não precisa disso…
Tomir: OLHA A SUA BARRIGA
Sally: Está roxa
Tomir: Está MUITO ROXA, você está com hemorragia e eu não vou deixar este merdinha te agarrar mais uma vez
Sally: Tá, toma o cadarço
Tomir: Agora tira o outro

Siago Tomir amarrou Fernandinho feito um bezerro de rodeio, com as pernas nas mãos. Como se isso não bastasse, arrastou Fernandinho pelo chão até o elevador e o deixou lá dentro, imobilizado.

Tomir: Ele vai gritar, uma hora acham ele
Sally: Precisava?
Tomir: Precisava, porque um dia ele podia te pegar e eu não estar aqui. Quero ter certeza que ele nunca mais chega perto de você
Sally: Vamos ser presos…
Tomir: Ele é que vai, ele machucou você
Sally: o que vamos dizer para o médico?
Tomir: A verdade?
Sally: E no meu trabalho?
Tomir: Ué… diz a verdade…

Chegando no médico fui radiografada e o médico se assustou com a minha fratura de costela. Peguntou como eu tinha conseguido aquilo. Comecei a contar a história e reparei que o médico olhava para alguns arranhões e escoriações que tanto eu como Tomir tínhamos nos braços originários das tentativas de tirar Fernandinho de mim.

Médico: Eu vou ter que pedir que o Sr. se retire da sala por um instante
Tomir: Eu?
Médico: Sim
Tomir: Porque?
Médico: Por favor…
Tomir: Ok
Sally: O que está acontecendo?
Médico: Pode falar a verdade para mim
Sally: Oi?
Médico: Não é motivo de vergonha ser vítima de violência doméstica
Sally: Não me faltava mais nada!
Médico: Vou chamar uma assistente social e…
Sally: saindo e batendo a porta

Puxei o Somir pelo braço e fomos a outro médico.

Sally: Ok, a verdade não dá
Tomir: É, não dá. É realmente algo improvável…
Sally: Precisamos de uma nova história
Tomir: Ok, nova história
Sally: Apesar de que, acho que sempre vai pairar a dúvida que você me bateu
Tomir: Essas marcas roxas segurando no seu braço…
Sally: os arranhões
Tomir: Teve sorte de não pensarem que foi um estupro
Sally: A verdade definitivamente não dá
Tomir: A verdade não dá, nem para os seus amigos, ok?
Sally: Ok, ninguém acreditaria mesmo…
Tomir: Esta versão morre hoje
Sally: Realmente é uma versão improvável
Tomir: Apaga da sua mente
Sally: Já está apagada, vamos pensar em algo mais verossímil
Tomir: O médico está vindo, faz cara de não-espancada!
Sally: *sorriso feliz

Para defender Fernandinho a qualquer custo, para dizer que esta postagem, mera narrativa fiel de fatos ocorridos, é um desrespeito com os portadores de Síndrome de Down ou ainda para perguntar qual foi a reação de Fernandinho quando me encontrou novamente no elevador: sally@desfavor.com

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Comments (133)

  • Assim como muitos leitores recentes do desfavor fui guiado até aqui pelo twitter do Gentili. Qualquer dia te passo um e-mail falando sobre o que achei do blog e de alguns posts que eu já li. Mas desde já confesso arrependimento de não conhecer o desfavor antes. Me identifiquei muito e penso em quantos artigos eu perdi, já faz 3 semanas que não paro de fuçar as coisas aqui… e sempre artigos muito bons, seu estilo caricato é impagável, não me admira seu gosto pelo Alborghetti. Concordo com muita coisa e discordo de outras tantas.
    Mas Sally, quais medidas de proteção e cautela você adotou? Pois com a força desses downs (sempre achei-os fortes é só observar os braços deles) e a falta de raciocínio não seria nada difícil ele te machucar mais ainda… imagine se ele te pega no elevador sozinha e tenta alguma coisa? Enfim, o blog é muito bom e parabéns a vocês por tanto conteúdo de qualidade em troca apenas de angariar leitores inteligentes.

    • Medias de proteção e cautela: um aparelho de choque. Fernandinho era tocado feito gado para fora do elevador

      Fico feliz que tenha gostado do Desfavor, é raro encontrar pessoas que apreciem nosso estilo. Seja muito bem vindo e sempre que puder, comente. Os comentários são a melhor parte do Desfavor!

  • Sally,
    apenas hoje tive oportunidade ler o texto e, ao contrário de muitos, NÃO achei a menor graça. Me coloquei no seu lugar e fiquei aterrorizada com a situação, imaginando o CONSTRANGIMENTO e a DOR que você estava sentindo, além da lesão que resultou da AGRESSÃO que você sofreu. Pois foi exatamente isso, uma AGRESSÃO! Ok, se o Somir não tivesse puxado bruscamente o Down, você não teria quebrado a costela, mas inda assim estaria com um machucado no abdômen, não?
    Corrija-me se eu estiver errada: o Down é inimputável, mas os pais não poderiam ser responsabilizados, dada a despreocupação em tomar medidas protetivas (tanto para o filho quanto para outrem) e evitar situações como essa ou piores, configurando negligência?
    Você afirma que eles ainda ameaçaram processá-la por meses porque Fernandinho dizia que o Somir tinha te agredido, mas o elevador não tinha câmera? Não dava pra usar essas filmagens como prova da agressão pelo Down?

    • Mary, apenas agarrar em mim dificilmente seria considerado “agressão” nestes tempos politicamente corretos. Mas mesmo que fosse, o menino era Down e Somir nem tanto, então, o que o Somir fez pesaria muito mais. Para piorar o pai do Fernandinho é jornalista de um grande jornal, então imagina se sai uma nota dando nome e sobrenome do Somir como alguém que bate em criança com síndrome de Down? Minha preocupação nem era o processo por agressão em si, que sempre acaba em cesta básica e sim jogarem o nome do Somir na merda.

      Já pensou que bonito um publicitário responsável por propaganda de produto infantil sair na mídia porque bateu em um menino com síndrome de Down? Infelizmente estamos reféns dos Intocáveis, se quisermos reagir tem que se discretamente e sem que os outros saibam quem foi.

      E fratura na costela é um inferno. Por ser uma área móvel (mexe quando a gente respira) demora mais ou menos seis meses para cicatrizar. Cada respirada, dor. Uma merda sem tamanho. Até hoje tenho um certo receio quando um Down menino chega perto de mim.

  • sally, qual foi a versão que vocês contaram pras pessoas? fiquei curiosa, não deve ter muitos motivos pra se arranjar tal fratura, né

    • Acidente de carro: uma parada brusca, eu estava sem cinto, acabei batendo com o tórax no volante. Mas o médico disse nos meus cornos que isso não era possível “pela natrureza da fratura”

  • O mundo é mesmo estranho e as pessoas são doidas! Imagine uma empregada de vez em quando com o Fernandinho grudado na cintura até ele cansar. Perto disso, vamos combinar que os desfavores do Ei você e o José Mayer de Sunga se tornam inofensivos.

    • Entre as quatro paredes das casas de muitas famílias aparentemente normais acontecem coisas estranhas. Aposto que a mãe do Fernandinho é aquele tipinho que fica entrando em rede social para exaltar como seu filho é um ajdo de luz e como é feliz.

      • Duas considerações:

        1) no caso dela pode até ser verdade. Ficar o dia todo longe deixando o guri sendo cuidado por ume empregada não-qualificada (=cobra barato, uma empregada qualificada e treinada pra lidar com um deficiente custaria mais caro) que trata o guri a cabo de vassoura, pra chegar de noite e dar beijinho na testa antes de dormir, deve ser uma forma bem fácil de cuidar de um filho deficiente. Qualquer dia o piá entra em crise e machuca uma empregada, ela revida e sai denunciada como uma criminosa que agride deficiente enquanto os pais não estão.

        2) “Entre as quatro paredes das casas de muitas famílias aparentemente normais acontecem coisas estranhas.” Eu lembro disso toda vez que aparece alguém defendendo com unhas e dentes essa entidade estranha, “a família”. Principalmente os moralistas/saudosistas, que vêm com aqueles papos de “bom mesmo era antigamente, quando os casamentos eram pra vida toda, não tinha essa coisa de divórcio e essa putaria de hoje em dia”. Eu me pergunto se isso tudo é ingenuidade ou desonestidade intelectual ou as duas coisas, acho impossível as pessoas não imaginarem nem por um momento que aquelas famílias unidas e perfeitas de antigamente eram mais fachada do que qualquer outra coisa.

        • De perto, nenhuma família é normal. Acho até que hoje em dia é menos pior, porque se a coisa está pesada as pessoas podem se separar. Fico me perguntando o que os casais tinha que aturar antigamente, quando não havia chance de se separar…

          Quanto ao Fernandinho, criar filho dá muito trabalho, criar filho com Síndrome de Down mais ainda. Se a mãe e o pai querem se omitir, não educar, não dedicar todo o tempo e atenção que precisa para educar e manter o mesmo ritmo de trabalho deixando a criança o dia todo sozinha, que ao menos a deixem trancada, assim ela não agride outras pessoas.

    • Não acho que ele tenha cognição suficiente para elaborar uma história tão complexa, o grau de atraso mental dele era enorme. De qualquer forma, me mudei e não tenho mais contato com Fernandinho. Mas já aconteceu até em shopping de Down me causar problemas, eu definitivamente tenho algo que os atrai!

  • Na época que eu era soldado, às vezes tirava serviço no QG do COMAR, e lá dentro tinha um hospital da Aeronáutica. Esses hospitais, pra quem não sabe, atendem tanto os militares quanto os parentes e dependentes.

    Uma vez avisaram pra nós pra barrar no portão (onde a gente tirava guarda) um sujeito estranho, acho que se chamava Juraci. A mãe dele estava internada, e ele era doente mental. Já tinha tentado matar a mãe, derramando água no rosto dela lá no hospital mesmo. Segundo alguns boatos, ele tinha tentado mais de uma vez. Mas o absurdo era a ordem que deram, não pra impedir ele de entrar 100% e simplesmente mandar embora, mas sim chamar alguém pra acompanhar a visita.

    Ora, acho que quem está louco sou eu, porque no meu entender se ele tentou matar a mãe eles não deviam deixar ele chegar perto dela nunca mais, e não permitir visitas nem acompanhado, pelo menos enquanto ela estivesse incapacitada e sob a responsabilidade deles. Deveriam era ter mandado examinar o estado mental dos debilóides que permitiam essas visitas.

    • Também acho. Se o sujeito tinha o HÁBITO de tentar matar a mãe, só deveria vê-la medicado ou lobotomizado. Haldol na veia e quando estivesse “marchando” liberava a visita! Queria ver se fosse outra doença menos socialmente aceitável, como vício em drogas (sim, é vício em drogas é catalogado como doença). Se um filho cheirado tentasse matar a mãe seria escurraçado debaixo de xingamentos!

  • De vdd eu não achei nada demais… O somir foi um herói.. Mesmo q ele quase tenha quebrado BC, se o muleke continuasse apertando poderia ter sido pior…

    • Ele poderia ter quebrado O DOWN para tirar ele de mim, tipo quebrar o braço ou dar uma pancada na cabeça. E não precisava ter deixado o menino todo amarrado no elevador!

  • Por que tu não comprou um cinto daqueles de roqueiro, cheio de pontas afiadas, pra usar debaixo da roupa? De preferência aguçando as pontas ao máximo com um esmeril (qualquer quiosque de chaveiro tem). Com certeza bastaria deixar ele te agarrar uma vez e ficar todo furado pra nunca mais tentar algo semelhante.

    • Koppe, eu não estou muito certa que eles aprendam com tentativa e erro, porque ele passou maus bocados amarrado naquele elevador e ainda assim tentou me agarrar outras vezes. Algumas dei choque nele até ele desmaiar e ainda assim, quando me encontrava novamente ele tentava me abraçar. Não sei como funciona a cabeça deles ou desse em particular. Só sei que eu culpo os pais. Se o seu filho pode causar dano físico a alguém deve ser mantido sob vigilância.

  • Na moral, ainda falam que vc é estourada quando na verdade é uma santa! Se fosse comigo, primeiro que eu nunca iria dar trela e vc deu papo demais pro carinha, desde o primeiro dia tinha que ter cortado. Queria saber quantos anos, qual altura e quantos quilos do superman pra ser tão forte assim. Eu teria tentado dar um coice entre as pernas bem no saco do downzinho, beliscado, virado a mão e socado na cabeça, tentar quebrar os dentes etc…
    Eu prefiro ser taxada de sociopata do que deixar as coisas chegarem a esse ponto. Sempre tem como piorar, pode ter certeza.

    • Anônima, correndo o risco de você me achar uma mentirosa, eu vou te falar a verdade: Fernandinho era branco, baixo (mais baixo do que eu, ou seja, um pouco menos de um metro e meio) e não parecia forte e acredito que tinha entre 20 e 25 anos de idade física. Juro que não sei como ele era tão forte assim. Não sei se são todos os portadores de Síndrome de Down que tem essa força ou era só ele.

      • Principios fisicos de alavanca. Como o braco dele era mais curto, ele precisaria aplicar menos forca.
        Ex: Numa queda de braco quem tem o braco mais curto, tem uma certa vantagem.

        • Não acho que seja isso não, porque Fernandinho entortava os canos dos brinquedos do Play. Aquilo era um X-Man que deu errado…

          • Pedro Campolina

            Esse povo n tem muita noção de força, então eles usam toda a força que tem, sem usar nenhuma reserva.

            • Pedro, o menino era menor do que eu e tinha mais força que o Somir, que é alto e não é magrelinho não! Será que eles não tem mais força do que uma pessoa comum?

              • Pedro Campolina

                Pq teria? Não faz sentido. Duvido que faça academia, que lute alguma coisa, o que se exercite. Aquilo lá é ele usando toda força que tinha, e um pouco de física, já que ele por ser pequeno e ter braços menores,, n precisa fazer tanta força pra segurar/levantar alguem, ai o resultado já viu.

                • Porque teria? Não sei, da mesma forma que a língua deles é maior do que a nossa as fibras musculares também podem ser, não sei. O físico de uma pessoa com Síndrome de Down não é exatamente igual ao nosso. Certeza que em um embate pau a pau em igualdade de condições Fernandinho cobre de porrada qualquer um de nós, inclusive eu ou o Somir.

        • NÃO SEI. Se tiver algum “Downzólogo” na área, explique para a gente se é comum eles serem bem mais fortes do que uma pessoa comum…

          • É comum sim, mas é incomum eles reagirem com violência. EXTREMAMENTE incomum. Mas se por algum motivo ele se sentir ameaçado ou sentir alguém que ele ama ameaçado, FODEU.

            • O problema é que durante ANOS ele nutria um sentimento de posse por mim. Esse conceito de eu ser “namorada”dele não era propriamente relação homem/mulher. Não sei bem o que ele achava que significava eu ser “namorada” dele, mas a sensação que me passou era como se ele sentisse que o Somir estivesse roubando injustamente um brinquedo dele.

              Já me falaram que Down meninos costumam ser mais agressivos que as meninas pois não lidam bem com a testosterona, não sei se procede. O fato é que ele se emputeceu de uma forma assustadora, a ponto de eu ficar com medo dele cobrir o Somir (pessoa com 1,80m) de porrada!

      • Sally, eu tenho um tio com Sindrome de Down, mas ele é, realmente, um amor, e olha que foi criada como todos os meus tios, quando fazia bagunça apanhava como todo mundo… As vezes ele surta e sai chingando todo mundo, mas nada grave.

        Mas, aquele bicho tem uma força! Ele deve ter 1m55, bracinho fino, mas as vezes meus primos queriam brincar com ele de “lutinha”, ou braço-de-ferro, e como os Down têm, muitas vezes, uma mente de criança, ele adorava brincar com meus primos, mas minha mãe e minhas tias sempre se inquietavam pois meu tio tem uma força monumental, as vezes, brincando, ele podia machucar alguem. As vezes é algo que eles têm, uma força fisica enorme.

        • ESTÃO VENDO? EU NÃO SOU MALUCA! ELES TEM MESMO UMA FORÇA DESCOMUNAL!

          Porra, eu sou pequena mas eu não sou fraca não! E não consegui me soltar dele de jeito nenhum!

  • Eu senti dor por ti, Sally. Muita raiva desse tal de Fernandinho!
    Tu ficou por muito tempo morando nesse mesmo prédio? E qual foi a reação do Fernandinho quando te viu de novo?

    • Priscila, dói muito e por muito tempo. Como a costela é uma área que está em constante movimento (respiração), demora MESES para formar a porra do calo ósseo e cicatrizar.

      Morei naquele prédio pro anos depois disso. A porra do Fernandinho continuava me agarrando cada vez que me via, o que me fez fugir dele por muitas vezes e até mesmo aplicar-lhe um choque com meu aparelho de choque, um dia eu conto com detalhes mais episódios do Fernandinho…

        • Certamente, tenho várias histórias do Fernandinho. Até porque, daí para frente, todas as vezes que Tomir encontrava com ele o provocava ostensivamente. Já imagina a merda que dava, né?

  • Não me surpreende isso. Já cheguei a conhecer uns down lá nos meus tempos de criança em excursão pela APAE, sendo que me lembro de relance dessas ocasiões.

    É um bando de “criança grande” sem muita noção no campo mental, sendo bem difícil de lidar mesmo.

    A história é totalmente verossímil, apesar de as pessoas acharem mais provável a parada da violência doméstica.

    • Difícil explicar para as pessoas que Down tem força descomunal, ninguém acredita. Eles também tem uma sexualidade bem aflorada e podem fazer coisas constrangedoras…

      • Verdade, eles são bem pervertidozinhos. Quando eu era moleca tipo uns 7 anos tinha um desses no clube e o moleque também ficava tentando pegar na minha mão e falando em namorado, casar e tals, mas eu sempre na grosseiria. Comigo não tem essa de ter peninha, ou vai na porrada ou na ameaça Tomir rules!!!

        • Certa está você. Desde então eu não tolero mais esse tipo de brincadeira de ninguém: se começar a chamar de namorada, pode ser até criança que eu coloco logo um freio.

            • Rapaz… eu tenho meio que trauma disso. Quer ouvir uma coisa engraçada? Fernandinho não foi o único que me colocou nessa situação bizarra, pelo menos mais dois ou três Downs cismaram comigo! Quando eu vejo Downs trato logo de sair de fininho, porque se a Sula Miranda é a rainha dos caminhoneiros, eu sou a Rainha dos Downs (derrota forever). Não passa muito tempo sem que eu tenha problemas com isso, cheguei até a trocar de academia porque tinha um Down me enchendo o saco.

              Somir tem uma teroria que isso acontece porque eu sou mais ou menos do mesmo tamanho que eles e tenho cara de otária indefesa…

      • Pois é, fui ontem ao médico e, ao meu lado na sala de espera, encontrei uma senhora conhecida que era síndica há mais de 15 anos em diversos prédios. Aí puxando conversa com ela sobre a selva que é um condomínio, perguntei se ela já tinha problemas com ‘downs’ nos prédios, ao que ela respondeu: “esses são os piores, agarram mulher no elevador, não largam, aí os pais geralmente estão trabalhando ou fingem não estar em casa, nisso o morador acaba tendo que agredi-los para ser solto, e os pais reclamam. Muito mais transtorno do que tomar providências para a remoção de pessoas que morrem dentro do apartamento, seja de forma natural, seja de suicídio”.

  • Nunca agredi um Intocável, me sinto excluída. :(
    Morei perto de um centro comunitário, que promovia bailes da 3ª idade à tarde. Com a minha mãe aprendi a não dar lugar no ônibus porque “esses véio ficam dançando a tarde inteira depois querem tomar o lugar de quem tava trabalhando”. <3 Fujo dos bancos reservados do ônibus como se estivessem contaminados com material radioativo, porque sabe como é Murphy, né, o ônibus pode tá vazio, mas CERTAMENTE logo embarcará um idoso que vai me olhar torto. Então fico bemlinda sentada no não-reservado, porque eu PAGUEI por ele e foda-se. E pra grávida ou mulher com criança no colo AÍ SIM que não dou lugar, teve filho porque quis, humpf.
    "Mas, Daniela, até parece que você nunca vai ficar velha ou ter filho": filho não está nos meus planos, e se for pra ficar velha dependendo da caridade alheia, prefiro morrer cedo.

    • Não se preocupe, Dani, do jeito que os Intocáveis estão ficando abusados, já já você vai ter a oportunidade de dar um freio em um deles!

    • Bah! Uma vez aconteceu um episódio vergonhoso comigo e com meu namorado no trem por causa de uma velha. Eu e meu namorado sentamos no banco de idosos. Tinha vários outros desocupados, então parti do princípio que se entrasse um velho ele sentaria em qualquer lugar que tivesse e não justamente onde eu tava sentada. Não me acho errada em sentar no banco de idosos porque se entrar um velho beeem velho é óbvio que vou dar lugar pra ele, independente do banco que eu tiver. Mas daí entro uma velha que nem era velhinha mesmo e apontou com desdém pra mim, querendo que eu levantasse. Geral olhou torto pra mim e eu levantei por pressão. A partir daquele momento, vejo os velhos como um bando de retardado.

      • Brasil é assim. Quando convém todo mundo é idoso, quando não, como em impedimentos de idade para prestar concurso público, todo mundo reclama que está plenamente apto e na flor da idade. Da mesma forma que para pedir cotas é todo mundo pretíssimo mas quando o censo passa na casa deles dizem que são brancos. Esse país é uma piada de péssimo gosto.

        • O que vale é tirar vantagem a todo custo. Em tempo, está rolando mais um round da guerra das interconexões. A Claro e a Tim estão acionando a Vivo por suposta prática de fraude.

          O motivo: A Tim e a Claro inventaram de colocar para os clientes promoções com envio de torpedo ilimitado e a vivo por outro lado montou um esquema onde quem recebe muito torpedo de outras operadoras ganha bonificação para uso na rede vivo e atingindo um certo nível de créditos, produtos em lojas.

        • Acho que os velhos são mais carentes do que retardados, o que os torna ainda mais dignos de pena.
          Mas na hora dá mais raiva que pena. Também já passei por isso.
          O metrô tava quase vazio, tinha vários bancos de velho livres e eu sentei em um, aí a velha cretina entrou por uma porta que não era a mais próxima do meu assento, inclusive passando por um banco de velho vazio e parou perto de mim, me olhando com aquela cara que é um misto de arrogância e amargura. Levantei e sentei num outro, de frente pra ela, que também estava livre.

          Em tempo, velha cretina = em qualquer situação social que não traga vantagem se sente ofendida e bate boca caso alguém insinue que é velha. Já quando tem vantagem, como no transporte público, ela sai para as compras na sexta a tarde e pega o transporte no horário de pico, cheia de sacolas, estorvando quem trabalhou o dia todo e exige que dê o lugar pra ela, mesmo que o banco não seja reservado, isso é muita carência e vontade de chamar atenção. Por isso que eu faço questão de sentar no não reservado pra poder encarar de volta com cara de “foda-se”.

          • Eu acho idoso mais fdp. Porque o deficiente mental, por mais que tente ser fdp, tem o raciocínio comprometido e não vai muito longe. Já os idosos são astutos e sonsos, tem vivência para jogar a opinião pública contra a gente!

            • Sally vcs já escreveram algum texto sobre a opinião de vcs sobre esses lugares reservados e filas especiais para idosos, deficiente, grávidas, etc..

              • Ô… um monte deles.

                Acho que o principal texto que fala desses grupos excessivamente privilegiados é um Flertando com o Desastre chamado “Os Intocáveis”, mas tem outros também.

          • Às vezes me sinto excluída da sociedade por pensar assim… rs

            Velho é cretino quando pega ônibus só para “passear” e nas vagas de carro em shopping. Se o filho da puta está apto a dirigir e vai andar 5 km no shopping, por que não pode andar 100 m no estacionamento??

            Fica um monte de vagas “especiais” sem ninguém e eu rodando atrás de vaga que nem trouxa…

            • Carol, nunca tinha parado para pensar por esse lado. Realmente, ir ao shopping pressupõe caminhar bastante, quem não pode caminhar não vai ao shopping!

        • Sally, não é so no Brasil. Aqui na França têm uns velhos abusados também. Minha mãe vive reclamando que “esse bando de velho têm o dia inteiro pra sair, mas não, eles vão pegar o ônibus quando todo mundo ta voltando do trabalho”.

          Ja vi velha brigando com outra velha, mostrando carteira de identidade pra mostrar que ela era mais velha, em um ônibus cheio de lugares vazios, e ela nem queria o lugar reservado.

          Velha boa era a minha vozinha que ficava quietinha em casa e fazia pão para os netos. x)

          • O que eu mais gosto é quando eles dizem: “Você vai ser velha um dia!”

            Sim, eu vou envelhecer, mas nem por isso ficarei sem noção, sem educação e abusando de um direito em detrimento do bom senso.

    • Uma coisa é criticar o tratamento com os intocaveis, outra coisa é falta de educação. Não dar lugar pra uma mulher grávida ou com criança de colo? Finesse pura você!

      • Concordo plenamente. Não tolero falta de educação, a começar pela minha. E, sim, eu ajo com idosos na rua como eu gostaria que agissem com meus avós e pais: com RESPEITO e CORDIALIDADE. E, mesmo sabendo que a realidade não é assim, eu faço minha parte.

        Se um intocável agisse com falta de educação, eu daria resposta à altura. Mas ceder o lugar no transporte público a um idoso, gestante ou mesmo uma pessoa comum que está engessada, por exemplo, eu faria e FAÇO.

        Outra coisa SIMPLES que eu faço, não CUSTA nada e ajuda bastante, é oferecer para segurar as bolsas ou outros pertences de quem está em pé (no ônibus, metrô etc), quando eu estou sentada. Puro bom-senso, mas NINGUÉM FAZ. Lembro de uma vez em que voltava da escola no ônibus, com mochila, pasta, várias coisas na mão, em pé, o ônibus freando o tempo todo e NINGUÉM que estava sentado se ofereceu para segurar minhas coisas. Desse dia em diante, eu sempre me ofereço.

        A gente vive marretando que o governo e a sociedade não fazem nada para melhorar a vida da população, mas ninguém quer dar o primeiro passo… Contraditório, não?

    • Antes. E foi devidamente usado em Fernandinho em outra ocasião em que ele grudou na minha perna e começou a fazer movimentos copulatórios…

        • Carol, ocorreram muitos incidentes desagradáveis daí para frente. Primeiro que o lazer de Fernandinho era passear de elevador (ele ficava no elevador o dia todo, tinha prazer de passear de elevador), então os encontros após esse incidente foram muitos. Segundo que Somir já estava com raiva dele, então cada vez que o encontrava o provocava de forma infantil, tipo ficar espirrando enquando diz “MONGO” e coisas do tipo (Fernandinho odiava ser chamado de mongo)

          Com certeza vem umas continuações por aí, foram anos de estresse com Fernandinho…

  • Eu fico imaginando por que muitos pais de intocáveis com Down ou autismo ou qqer outra coisa do tipo não dão limites pra criatura, depois viram uns monstrinhos desses e ainda querem botar a culpa nos outros quando acontece uma merda dessas….Porra, o filho de uma amiga minha tem duplo diagnóstico(down e autismo) e é super educadinho pq a mãe se deu o trabalho de criar o menino direito dando limites pra ele.

    • Muita gente tenta “compensar” a vida mais dura que o filho leva (preconceito etc) deixando que façam tudo. Ou pior, muita gente não tem paciência para colocar limites, porque se já é chato educar quem tem uma cognição 100%, imagina educar quem é um pouco menos perspicaz…

        • Era do primeiro ano de blog, mas não lembro a data. Casaram e tiveram UM FILHO e os pais achavam lindo. Ameaçaram a gente de processo e tudo nessa postagem! Era um Desfavor da Semana. Tenta achar a notícia na internet e pela data em que ela saiu talvez você localize ela aqui!

            • Dani, talvez eu tenha me confundido, talvez tenha sido um Flertando com o desastre… Mas eu lembro de ter escrito sobre isso sim!

              • Sim, eu lembro claramente do texto, tenho 99% de certeza que era Desfavor da Semana. Pode ter se perdido no limbo. :'(

                • É verdade, pode estar junto com o Processa Eu do Chico Buarque e o texto da Soja da Suellen… vou procurar nos meus arquivos para ver se tenho a minha metade salva (tinha uma metade minha e outra do Somir, né?)

    • Não, e eles ficaram ameaçando me processar por meses, porque Fernandinho jurava de pé junto que quem tinha me machucado tinha sido o Somir.

  • eu já imobilizei um cadeirante que esta incomodando umas amigas da minha esposa….

    nós estávamos em uma festa e ele ou estava bebado ou era meio doido da cabeça, pois queria agarrar as mulheres a força…..

    eu fiquei p da vida e tentei conversar de boa, já que deficiente tambem faz parte dos intocaveis….

    ele tentou brigar comigo e eu quase virei a cadeira dele, pra aprender a deixar de ser marrento, mas como tinha muita gente olhando, achei melhor imobilizá-lo com um mata leao….

    o bicho ficou manso na hora, mas tive que segura-lo ate a chegada de uma ambulancia….

    conto essa historia pois concordo que os intocaveis tambem precisam de limites, mesmo que a sociedade pregue o contrario….

    • Chester, você está de parabéns!

      Você, leitor, que já colocou limites em um deficiente, mande seu depoimento!

      Eu trabalhava com um sujeito que não tinha um dos braços e certa vez fomos ao arquivo pegar umas caixas de documentos. Por razões óbvias, eu tomei a iniciativa de pegar a caixa e o filho da puta gritou comigo na frente de todo mundo que ELE queria pegar e que “não tem nada que você possa fazer que eu não possa”, daí em um rompante de raiva eu disse “Bate palmas então” e comecei a bater palmas olhando para a cara dele. Pegou MUITO MAL, eu fui muito criticada. Depois disso levantei a caixa do chão, entreguei a ele e fui embora. A caixa caiu (estava pesada pra caralho), eu virei e gritei “SE FODE AÍ”. Não durei muito nesse emprego…

          • Gente ignorante é foda… O pior de tudo é o background pollyannista nessa parada. O mimimi só para manter a aparência de que a nossa sociedade realmente se preocupa com a inclusão social. E quem sai do script encenado dessa farsa é estigmatizado.

            • Se a criatura não representar ameaça, tudo ok. Não tem porque excluir do convídio pelo simples fato de ter Síndrome de Down. A questão não é a “doença” (sei lá se é esse o termo). QUALQUER CRIANÇA, com Down ou não, que não possa ser controlada e machuque outras pessoas não pode circular sozinha em ambientes públicos.

              Porém, quando eu fui dizer isso em uma reunião de condomínio feita especialmente para informar a todos que eu deixei uma criança com deficiëncia amarrada por horas dentro de um elevador, todos disseram que temos que ter tolerância com crianças portadoras de síndrome de Down. Inclusive quando eu perguntei para uma moradora o que ela faria no meu lugar, ela disse que o certo seria ter esperado ele se acalmar e se soltar sozinho.

              Não tem como dialogar com gente tão cocô da cabeça. Tudo que se diga vai ser revertido para “Você tem preconceito, você não gosta de crianças com Síndrome de Down”

              Hoje tem um puta receio de MENINOS com Down, porque eles são meio tarados e nem sempre tem controle. As meninas nunca me fizeram nada, mas já fiquei com vários Downs meninos engatados em mim! Fica o aviso.

              • Aposto que vai ter gente cheia de mimimi enchendo o saco quando eu soltar que não gosto nem um pouco dos cachorros que volta e meia ficam soltos na calçada das ruas aqui perto de casa.

                Eles ficam em cima latindo, isso quando não dão dentada na gente. Juro que dá vontade de matar essas pragas.

                Me desculpa, mas é de dar raiva esse pessoal que cria cachorro muitas vezes na maior negligência e depois fica colando cartaz porque o bicho saiu de casa e não voltou mais.

                Entre cão e gato, prefiro os gatos porque eles dão bem menos trabalho de cuidar.

        • Um dia ainda poderei fazer um vídeo sobre todas essas derrotas e contar para vocês, “olho no olho”, encenando, como todas estas merdas aconteceram!

            • Porra, eu teria o maior prazer de mostrar como foi aquilo, foi simplesmente ridículo! Estamos pensando em diversas formas de fazer vídeos sem comprometer nossa privacidade, em breve esperamos jogar no ar um vídeo… ou coisa do tipo

              • No video do gato eu posso colaborar.. passei por situação surreal envolvendo felino, chuveirinho… e no final das contas, após uma quase hemorragia, a WAP.

                • Quem quiser tentar dar banho em um gato grande, selvagem e arisco com uma única mão em casa poderá compreender o emaranhado de posições e quedas que eu passei…

      • Sally, comigo aconteceu o seguinte trabalhava em uma loja de 2 andares e um sujeito que perdeu uma das pernas em um acidente queria ver um produto que ficava na parte de cima, então tava lá manquitolando pra subir, ofereci ajuda e ele foi extremamente hostil dizendo que conseguia subir . Ok, na hr de descer eu saí na frente e o fdp, ficou todo ofendidinho dizendo que as pessoas eram frias demais e não se importavam com as limitações alheias.
        Respirei fundo e nada falei.

    • Proponho a criação do Prêmio Stephen Hawking (ou, se preferirem, em inglês, SHIT – Stephen Hawking ‘Impopular’ Trophy), para aqueles que souberam colocar os deficientes e demais intocáveis no seu devido lugar.

  • Sally, nada a ver com esse post, mas tem uma dúvida me corroendo: por que aquele amigo do Tomir tem o apelido de “Alicate“?

    • Escândalo. Muito escândalo. Ameaçaram processar e tudo. Mas, como qualquer pessoa que ameaça processar, no final das contas não fizeram porra nenhuma. Tinha um monte de vizinhos vendo que Fernandinho bateu em geral…

  • Toda vez que leio essas histórias, fico com mais certeza de que vocês dois levam a expressão “stranger than fiction” a um outro nível…

  • Essa estória fez lembrar de um amigo, inteligentíssimo e muito solícito, com terríveis dificuldades de fala por conta de complicações no parto. No happy-hour, ele sempre chegava por último, e os colegas de trabalho sempre falavam para ele ir no balcão do bar pedir mais cervejas e, nisso, ora o dono do bar se recusava falando que ele já havia bebido demais, ora tentava impedi-lo de dirigir na saída, ou ambos. Aí, depois de rirem do dono do bar, os colegas esclareciam o problema do colega para o dono que, constrangido, acabava dando mais umas cervejas ou chopps de graça.

  • HAHAHAHA!
    O primeiro Siago Tomir que não é culpa do Somir.
    Aposto que um demônio ganho asas e um estilingue, no inferno.
    Somir, ainnda quero ler um “Lassy”.

    • Não é culpa do Somir? Ele puxou um Down à força e com isso quebrou a minha costela. Depois ele amarrou um Down no elevador, me tornando persona non grata no prédio…

  • Pô Sally, ó a triagem… isso não foi um Siago Tomir. Ele agiu de forma bastante razoável até… e você sabe que eu tenho cacife pra falar sobre esse assunto.
    A escrotice foi dos pais, e já esse tipo de coisa acontecer. Não se deixa alguém assim, sem plena capacidade de raciocínio, com uma pessoa despreparada como a empregada que cuida da casa e que não conhece a pessoa direito nem sabe como reagir.

    • Desculpa, você tem razão, foi muito bacana ficar seis meses andando feito uma idosa reumática sem conseguir espirrar sem desmaiar porque Siago Tomir arrancou um Down na grosseria de mim! hahahaha

      • é.. esqueci desse detalhe… rs
        foquei só na tentativa de separar o carrapato de vc na força.
        Pra falar a verdade achei que vc tinha falado isso zoando. Que merda…

        • Sem contar que amarrar Fernandinho feito um bezerro e desová-lo no elevador me pareceu muito engraçado, mas as pessoas normais não acharam a menor graça. Teve aquela clássica bravata de ameaça de processo e cia, mas como sempre, não deu em nada…

    • Morei muitos anos naquele prédio e sempre que me via Fernandinho adotava o mesmo procedimento. Tenho várias histórias dele e de coisas que eu fiz para impedir que ele me agarre…

    • Quer dizer que ele continuou a ser cuidado daquele jeito mesmo após te causar um transtorno durante seis meses, quebrar o nariz do pai e quase fazer com que abrissem um inquérito contra o Somir? Gente, estou bege…O garoto é pior que um pit-bull!

      De qualquer forma, parabenizo Somir por mostrar suas habilidades de peão de boiadeiro, ao laçar o novilho em segundos…

  • Essa história tá mais pra Eu, Desfavor, do que pra Siago Tomir, hahaha!
    Aliás, acho até que ele foi o herói, do JEITINHO dele, claro.

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