Desfavor Explica: Conclave

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Conclave é nome da reunião realizada para eleger um novo Papa. Seu nome vem do latim (cum clave) e significa “com chave”, uma vez que a reunião e a votação não são abertas ao público, são realizadas de portas fechadas. A palavra é um substantivo feminino, A Conclave, A reunião.

A Conclave é um ritual muito tradicional e se mantem mais ou menos inalterada nos últimos séculos. Antes do ritual como se conhece hoje, era tudo muito desorganizado e isso acabava gerando sérias dificuldades quando era necessário eleger um novo Papa. A Conclave nos moldes em que se conhece hoje começou quando foi necessário determinar um sucessor para o Papa Clemente IV, em 1274 e a ineficiência do processo seletivo fez com que esta escolha dure mais de um ano. O autor do termo “Conclave” foi o Papa Gregório X, que tentou vislumbrar uma forma de otimizar o processo criando regras que organizassem a votação.

Normalmente a Conclave se dá após o falecimento de um Papa. Os casos de renúncia são raros, o último Papa a renunciar antes de Bento XVI foi Gregório XII, em 1415. A norma manda que após a vacância do cargo, seja por falecimento, seja por renúncia, todos os cardeais do mundo (papo técnico: Colégio Cardinalício) com menos de oitenta anos sejam convocados para ir ao Vaticano votar. Atualmente o Colégio Cardinalício é composto por 209 cardeais em todo o mundo, mas destes apenas os que tem menos de oitenta anos poderão votar, o que corresponderia a pouco menos de 120 cardeais. O resto fica na situação peculiar de não poder votar mas de poder ser eleito Papa. Sensacional: não tem sanidade mental para votar, não tem saúde para se deslocar e votar mas tem condições de conduzir a Igreja.

A partir do momento que o Papa apresentar sua renúncia formal (ou morrer), o cargo fica vago. Até segunda ordem, Bentão vai apresentar sua renúncia formas em 28 de fevereiro. Quem fica provisoriamente cuidando das responsabilidades que seriam do Papa é o Cardeal Decano (ou Camerlengo), cargo para o qual também há eleição e é uma espécie de capitão de time de futebol, enquanto o Papa seria o técnico. Atualmente quem ocupa o posto é o italiano Angelo Sodano. Cabe a ele convocar a Conclave e zelar pelas obrigações que seriam do Papa enquanto o novo não for eleito. Parece pouco hoje, mas em tempos onde a Conclave era levada a sério e feita como manda o figurino, ela poderia ser bem demorada e o Camerlengo ficava bastante tempo “no poder”. Por exemplo, a Conclave que elegeu o Papa Celestino V (1292) durou nada mais nada menos do que 27 meses.

A Conclave começa entre 15 a 20 dias (papo técnico:” novemdiales”) depois da vacância do cargo de Papa. Essa norma surgiu séculos atrás e se justifica porque não havia a facilidade de locomoção que temos hoje, logo, cardeais que estivessem longe de Roma precisariam de muitos dias até chegar lá. Daí você deve estar se perguntando porque esta regra é mantida até os dias de hoje se em poucas horas se vai de um país a outro. Simples: eles aproveitam essa margem de dias para fazer pequenas reuniões entre eles e conspirar, fechar alianças, fazer jogo político. Sujo, tudo é muito sujo, já que existe regra específica que os impede de combinar votos, favorecer, boicotar ou fazer qualquer forma de política. Deveriam votar de forma individual de acordo com suas consciências. Bento XVI renunciará dia 28 de fevereiro e a Conclave foi marcada para 15 de março. Dá tempo de sobra para fazer política e combinar votos, não?

Terminado esse prazo conspiratório que oscila entre 15 e 20 dias, todos os cardeais do mundo com menos de oitenta anos devem comparecer ao Vaticano. O procedimento se inicia com a reunião destes cardeais em dia e hora marcados na Basílica de São Pedro (papo não-técnico: mega-igreja localizada logo na entrada do Vaticano) para a celebração de uma missa que será a abertura do procedimento (papo técnico: missa Pro Eligendo Papa). Ao chegar recebem um livro contendo parte da vida e obra de cada um dos cardeais elegíveis. Os cardeais não precisam se candidatar, se tem menos de oitenta anos, podem ser votados, queiram eles ou não.

Finalizada esta missa, todos os cardeais se dirigem à Capela Sistina, (existe uma ligação interna entre a Basílica de São Pedro e a Capela Sistina), onde efetivamente começam as votações. Eles entram recitando letanias (uma espécie de oração) e depois todos cantam o “Veni Creator Spiritus”, uma música que acreditam invocar a ajuda do Espírito Santo. Depois disso há um juramento onde todos se comprometem a manter segredo sobre tudo que acontecer na Conclave. Daí para frente, o cardeal encarregado de dirigir todo o ritual (papo técnico: Camerlengo) pronuncia uma frase em latim, “Extra Omnes”, que é a deixa para que todos que não são cardeais votantes saiam da Capela Sistina e sejam iniciadas as votações. Até 1509 o povo também votava, mas prontamente perceberam que essa história de povo votar não dava certo e o Papa Nicolas II acabou com essa gracinha, determinando que apenas os cardeais votem.

Repare que eu usei um termo no plural: VOTAÇÕES. Não se escolhe um novo Papa com uma única votação. O procedimento começa da seguinte forma: sorteio de três cardeais que serão responsáveis pela apuração dos votos (papo técnico: cardeais escrutinadores) e três cardeais que recolherão os votos de quem estiver adoentado, impossibilitado de estar ali (papo técnico: cardeais infirmarii). Estes cardeais doentes ou com saúde debilitada serão alojados em aposentos do Vaticano, mais precisamente na Casa de Santa Marta. Sorteiam-se também três cardeais revisores, que fiscalizarão os trabalhos dos cardeais escrutinadores. Tudo isso na prática é palhaçada, neguinho entra lá com tudo combinado, ninguém tem paciência para ficar votando por meses a fio.

Depois destas formalidades, começam as votações. Os cardeais sentam em duas grandes mesas com lugares marcados. O voto é secreto e escrito. Cada cardeal escreve seu voto em um pedaço de papel que recebe onde consta escrito “Eligo in summum pontificem” (“elejo como Sumo Pontífice”) e um espaço em branco para escrever o nome. A recomendação é para que se escreva o nome de forma clara, em letras maiúsculas e com letra de forma, para que não seja identificável. Cada cardeal vota em quem quer eleger como novo Papa e coloca a cédula em um cálice. Não ao mesmo tempo, um a um, respeitando uma ordem cronológica. Votam primeiro os cardeais mais idosos e a votação segue por ordem decrescente de idade. Do cálice as cédulas são levadas a uma urna e depois que todos votam são apuradas.

Quando todos os presentes e ausentes adoentados acomodados no Vaticano tiverem votado, os cardeais escrutinadores abrem as cédulas e vão lendo em voz alta um a um os votos e anotando para contabilizar. Os três cardeais escrutinadores fazem o mesmo: ler o voto em voz alta e anotá-lo, procedendo a contagem, quero dizer, o mesmo voto passa pelos três. Depois de feita a contabilidade, os três cardeais revisores conferem, também um a um, os votos e a contagem realizada. Ou seja, cada voto e a contagem é vista por seis pessoas em separado, para tentar evitar que ocorra qualquer erro.

Vencerá o cardeal que conseguir dois terços mais um voto, ou seja, mais de dois terços dos votos. Como são muitos nomes (na próxima Conclave serão quase 120), é praticamente impossível que alguém consiga de primeira dois terços dos votos (se nada for combinado). Não obtendo esta quantia, os papéis são queimados usando um produto químico que gera uma fumaça negra. Esta fumaça negra é vista de fora, pela chaminé do Vaticano e por ela o povo sabe que ainda não foi eleito um novo Papa. Depois disso é realizada nova votação.

Fico me perguntando para que? A pessoa já não escolheu sua indicação? Vai votar novamente para que? O fato é que fazem quantas votações sejam necessárias até que alguém consiga mais de dois terços dos votos, obrigando que todos revejam seus votos e se sintam inclinados a votar com a maioria. Tecnicamente não faz sentido, mas a explicação para este sistema de votação não é a lógica: eles dizem que depois de muito orar Deus vai iluminar a cabeça dos cardeais e fazer prevalecer Sua vontade. Não me admira que gastem 20 dias para se reunir e conspirar, sem combinar voto é quase impossível chegar aos dois terços exigidos e ninguém sai de lá enquanto não se eleger um novo Papa. E enquanto não acaba a votação ficam todos incomunicáveis com o mundo exterior por qualquer meio que seja.

Quando finalmente se alcança a quantidade de votos exigida, os papéis com os votos também são queimados, mas desta vez com um produto químico que gera uma fumaça branca. Assim, o mundo fica sabendo que já há um novo Papa. Porém isso não é uma tarefa simples, mesmo quando se combinam votos abertamente como ocorre nos dias de hoje…

Inicialmente eles ficam lá votando até que alguém obtenha mais de dois terços dos votos. Se após três dias não se chegar a um resultado, as votações são suspensas e é feito um dia de orações e reflexões, pedindo a Deus que os oriente com sabedoria (papo realista: conspiram mais, pedem votos, oferecem trocas de favores, fazem política). Após um dia de “orações” a votação é retomada e mais sete tentativas são realizadas. Se nessas sete tentativas que se seguem ninguém obtiver mais de dois terços dos votos, as votações são suspensas novamente com mais um dia de intervalo para orar e refletir (fazer política) e se seguirão mais sete votações.

Havia uma determinação bastante racional para que esse procedimento não se arraste por tempo demais: Caso a coisa se prolongue e se ultrapasse a marca de trinta votações sem resultado, a exigência diminuiria e seria eleito Papa aquele que conseguir maioria simples, ou seja, metade dos votos mais um. Eu disse HAVIA, porque Bento XVI fez o desfavor de acabar com isso, determinando que não importa o que aconteça, o Papa deverá ser eleito com mais de dois terços dos votos, se fodam aí para chegar a um consenso mesmo sem poder conversar e trocar opiniões. Até hoje não foi realizada uma Conclave com esta nova regra, e há grandes preocupações com ela. Neguinho vai combinar mais voto do que participante do Big Brother, especialistas estimas que a votação não passe de dois ou três dias.

SE a votação fosse realizada como tem que ser, sem que os cardeais troquem favores, façam política ou combinem votos, ela duraria meses. Mas não é isso que acontece. Ninguém quer ficar meses trancado votando, eles já chegam com votos mais ou menos combinados e o grupo mais forte elege alguém de seu interesse. Para vocês terem uma ideia, a Conclave que elegeu Bentão durou apenas dois dias. Assim, quando finalmente se chega a um nome forte o bastante para ter mais de dois terços dos votos, são encerradas as votações e os votos queimados com aquele produto químico já citado que gera uma fumaça branca, para cientificar o mundo que há um novo Papa. Reparem no corre-corre da imprensa quando começa a sair fumaça branca…

O Cardeal Diácono chama o cardeal eleito e lhe pergunta se ele aceita sua escolha para ser o novo Papa. Não há relatos de algum espírito de porco que tenha dito que não, muito obrigado. Parece que a pergunta é mera formalidade. Após a resposta afirmativa, pergunta como deseja ser chamado (*pensando em uma infinidade de nomes trolls que eu usaria). Esta mudança de nome seria um espécie de “tradição” que teria sido iniciada por Jesus Cristo, quando mudou o nome de um pescador chamado Simão que também era um de seus apóstolos, ao elegê-lo como seu representante na Terra. Simão virou Pedro e desde então quem recebe essa “responsabilidade” de representar a igreja ganha um novo nome. O novo Papa tem liberdade para escolher um nome que o agrade, o nome não é imposto. Depois que o Papa eleito anuncia o nome que pretende usar, se encerra oficialmente o ritual de votação e todos os cardeais, um por um, beijam o pé direito do novo Papa.

O Camerlengo vai até a Basílica de São Pedro e diz um bando de coisas em latim, onde a mais importante é a frase “Habemus Papam” (temos um Papa) ao público. Depois o novo Papa aparece e pratica seu primeiro ato público como Papa, a Bênção Urbi et Orbi, ato de benzer a todos, desde a cidade de Roma até o mundo.

Você deve estar pedindo spoilers e querendo saber quem leva. Meu contatos são bons mas nem tanto, não tenho contatos no Vaticano. Usemos o bom senso então: dos votantes, sessenta e um são europeus (maioria de italianos) dezenove são latino-americanos (cinco deles brasileiros), quatorze são norte-americanos, onze são africanos, outros onze, asiáticos e um cardeal é da Oceania. O Brasil tem um total de nove cardeais no Colégio Cardinalítico do Vaticano, mas destes apenas cinco tem menos de 80 anos e estão aptos a votar: dom Cláudio Hummes, dom Geraldo Majella Agnelo, dom Odilo Scherer, dom Raymundo Damasceno Assis, e João Braz de Aviz, de 64, ex-arcebispo de Brasília. As chances de que seja eleito um Papa europeu são enormes e se eu tivesse que apostar, apostaria em um italiano, apesar de que, adoraria ver um Papa brasileiro, fodendo de vez com a Igreja Católica com sua esculhambação tupiniquim.

Entre os brasileiros, os favoritos são Odilo Scherer e João Braz de Aviz. Entre o pessoal da América do Norte a grande aposta é Marc Ouellet, do Canadá ou Timothy Dolan dos EUA. Na África o favorito seria Peter Turkson, de Gana. Dentre os europeus, destaque para Angelo Scola, da Itália e Christoph Shoenborn de Viena. Mas, apesar de tudo, há quem diga que este é o tipo de Conclave onde “tudo pode acontecer”. Se eu tivesse que apostar em alguém, apostaria em um italiano. Vamos ver quem dá mais… com trocadilho, por favor.

Para dizer que o texto teria ficado mais animado se tivesse sido escrito no formato “Processa Eu”, para orar pedindo que Gezuiz Godzila sapateie na cabeça de todos eles quando estiverem reunidos ou ainda para fazer bolão apostando na nacionalidade do cardeal que será o próximo Papa: sally@desfavor.com

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Comments (89)

  • Acho que eu sou a única leitora do desfavor que é católica. Eu encontrei o desfavor quando estava pesquisando como me livrar de uma lagartixa (eu tenho pavor). Bom, mas voltando ao tema, a igreja católica está igual cachorro morto, todo mundo chuta. No meu trabalho ficam os evangélicos mandando mensagens dizendo que a renúncia do papa mostrou como a igreja é corrupta e só pensa em dinheiro. O sujo falando do mal lavado. Meu palpite é que o novo papa será um argentino, já meu namorado acha que será um italiano.

    • Sai dessa, você não precisa de intermediários para falar com Deus. Não apoie uma instituição que acoberta pedofilia

    • Caramba, e não é que a Mari acertou?????
      Tô vendo esse artigo hoje, e fiquei procurando algum comentário pós-conclave, até agora não achei nenhum… Queria ver a reação da Sally por ter sido escolhido um conterrâneo dela!

  • Sally, faz muito tempo que vc não posta um Não processa eu. Neste mes, que antecede o Oscar 2013, que tal homenagear Joaquin Phoenix? Só pela trollada homérica que deu em David Letterman em 2008, e que por tabela atingiu toda Hollywood , ele já merece, né? E, de quebra o cara é tão foda que voltou ao topo pela porta da frente sendo indicado ao Oscar este ano, seria o máximo se ele vencesse ,imagino o discurso que faria… Se bem que é capaz que ele nem compareça a cerimonia já que caga ,anda e limpa a bunda pra essas coisas. Pense na minha sugestão, desde já agradeço.

  • Fiquei completamente obcecada com o Desfavor depois do Processa eu dos tutoriais de maquiagem (sou das que foi fisgada pelo twitter da Shame). Estou vasculhando arquivos, considerando fazer pdf de tudo pra ler no Kindle, enfim, ‘obcequei’.

    Você viu um filme que chama Habemus Papam? É justamente sobre um “espírito de porco” que não aceita ser papa – ele tem crise de identidade e é absurdamente hilário como os cardeais / carmelengo e todo mundo ficam desesperados pra “curar” o papa eleito. Ele tem sessões de análise, até. Detalhe: na frente de todos os cardeais! O filme é tão surreal que acho que o papa viu (pô, não tem nenhuma renúncia há bastante tempo, né!) que o Papa deve ter visto e tirado a ideia daí.

    Venho de família católica. Li num dos comentários que deve ser um saco ser papa etc. Acho que sei por que eles querem ser papas. Meu “avô” (tio-avô que ajudou a criar minha mãe blablabla) era padre – mais precisamente monsenhor. Minha mãe conta que o sonho dela era que um dia ele virasse papa. E eu lembro, da minha infância, o auê que era na casa dele quando um bispo ou alguém de cargo mais alto era recebido. Eles querem é poder mesmo, pura e simplesmente isso! E em uma igreja tão aparecida quanto a católica, provavelmente querem ser famosos (cá entre nós, só quem é muito carola sabe quem são os cardeais. Já o papa, todo mundo sabe). Sabe os 15 minutos de fama das beauty bloguetes? Os do papa duram BEM mais!

  • “A Conclave nos moldes em que se conhece hoje começou quando foi necessário determinar um sucessor para o Papa Clemente IV, em 1274 e a ineficiência do processo seletivo fez com que esta escolha dure mais de um ano. ”

    Era uma vez…

    Por volta de 1059 os cardeais começaram a ter poder e, passado um tempo diante da morte súbita de um Papa (não me pergunte qual) os cardeais foram para a cidade de Viterbo (Itália) para elegerem o novo Papa.

    Eram em número de 17 e a regra era bem simples com o voto de 12 cardeais determinava-se o novo Papa. Até aí nenhuma novidade.

    Cada cardeal chegou na cidade com uma comitiva composta de mais ou menos 300 cabeças. De início os moradores da cidade gostaram da presença dessa galera, pois foi bom para a comércio e a cidade ganhou notoriedade (Parte dessa história me lembra os seres humanos atuais, por exemplo, os suíços pensam focando no din din e na fama).

    O tempo foi passando e nada dos cardeais escolherem o novo Papa. Os 17 estavam gostando de comandar a igreja em conjunto, isso levou mais ou menos 3 anos. Façam as contas 17 * 300 = muuuuita disputa de poder.

    Pensemos nos dias atuais, disputa de poder na chefia e você lá subalterno (esqueci, o termo é colaborador) ganhando vantagem de um lado e de outro, tendo que pensar no que, como e para quem falar. Digo para vocês isso é chato, cansa, gera o famoso estresse e pode gerar erros. Alguém aí já recebeu ordem de chefe que não topa com a cara de outro? Aff!!! Voltemos para idade média, cicuta, espadas, intrigas, não havia lugar para erros.

    Resumindo, o povo cansou da lenga lenga de 3 anos, e um comandante (mais ou menos isso) junto com a população levou os cardeais pra dentro da capela onde se reuniam para embromar e disse que eles somente sairiam de lá quando tivessem definido a situação e os TRANCOU. Passou-se 30 dias e nada. Então, eles tiraram o teto da capela, chuva, sol, frio, e os 17 nada de definir, fizeram cabaninha com seus mantos. A galera radicalizou, racionou a comida e a água. Cansados e com fome, decidiram. Simples, não? Dai vem o termo “com chave”. Eu chamo de “conchavo” e espero que a ala para a qual eu torço seja a vencedora no próximo.

    Sally, esta história é narrada com mais detalhes em Discovering the Vatican.

    • A parada de 1059 (que daria molde a eleição) foi uma bula por parte do Papa Nicolau II, que estabelecia justamente a eleição nos moldes que se tem hoje (conclave). A questão de Viterbo ocorreria dois séculos depois, entre os papados de Clemente IV e Gregório X.

      • Marciel estes são alguns dos detalhes que não estão no meu resumo.

        Também me surpreendeu saber que a té o final do século XIX leigos, ou seja não padres também podiam ser indicados para o cargo de cardeais e que no passado chegaram ao posto de papa.

        No passado (mais de 400 ou 600 anos tá gente) um leigo poderia chegar ao cargo de papa, pois os Bispos não podiam deixar suas paróquias e o posto de cardeal é laicista, um cargo administrativo (financeiro, educacional, etc) e não tem base bíblica.

        Como o papa é o bispo de Roma, quando um papa morria um cardeal que podia se deslocar era ordenado bispo e tudo seguia seu curso. (resumi e muito aqui)

        Isso funcionou mais ou menos bem até o século IX, depois é o samba do criolo doido que a turma anti católica conta em detalhes. Disputas pelo poder político interno e externo e bulas tentando botar ordem na casa.

        Dinheiro, poder, fama, panelinhas, desinformação, especulações, intrigas, muita fofoca e eu nem terminei de assistir ao documentário.

    • Eu ia dizer isso, sem os detalhes (não sabia). Li também que os cardeais chegavam a ser trancados na ‘retrete’.

  • Sally, voce ja leu sobre a profecia de São Malaquias?
    meu namorado citou e fui pesquisar pra ver, parece que até agora ele acertou em tudo. E segundo ele, Bento XVI foi o penultimo papa, o próximo e ultimo papa esta la na profecia como Petrus Romanus, alguns dizem que ele será o “anti cristo” (torço pra que seja).

  • Não me arrisco a apontar a nacionalidade do próximo papa, mas acho que será alguém tão ou mais conservador que o Bento XVI…

  • Qual a vantagem de ser Papa? Sério, eu não entendo nada. Ganha mais dinheiro ou é só o status de se exibir e poder de mandar em geral?

      • Eu sei dos benefícios materiais, só pra citar um exemplo, aquele sapatinho vermelho de vovô que ele usa é prada, PRADA meu bem.
        Você nunca ter tido um trabalho sério na vida (mimi em 3, 2, 1…) e te darem sapato prada é um bom benefício.
        (pensando aqui que eu fico feliz com um mero cartão de vale alimentação…)

        • OI? O PAPA USA SAPATO PRADA?

          Mas ele não deveria ser desapegado de bens materiais? Se usasse alpargatas e doasse o valor cada sapato Prada que tem acabava com a fome na África!

              • Além disso, o Bentão foi o primeiro papa a ter i-Pod! Quando eu fiquei sabendo disso, fiquei curiosa pra saber que tipo de música ele escuta.

                • E o que dizer do Twitter? Papa ter Twitter é a maior contradição do mundo! Quem quer se modernizar, para começo de conversa não condena homossexualidade, uso de camisinha ou sexo para fins recreativos

          • Sally tem um link no buzzyfeed satirizando ele…
            Tu jura que nunca viu ele de sapatinho prada vermelho?

            Pausa: tudo bem que isso não acrescenta em nada mas… eu também uso prada! hehe… é muito bom! xD

              • Tudo bem que sapatinho vermelho DE COURO é gay e meio mas… confesso que produtos prada são o que há! Meu simpático sapatinho social sobrevive até hoje haha… Bolsas então, nem se fala! Ohh delicia pecaminosa que é ter uma viu? Couro puro, camurçado ou saffiano! Se quer uma bolsa que dure lá seus 20 anos ou mais, vá de prada saffiano viu? rs
                Ademais, até o celular prada phone (quem fabrica é a LG!) é bom! Afinal, tem android hehe

                • Prada é uma ótima marca, mas puta que me pariu, como é caro. Além de durar vinte anos, o pagamento também deveria ser parcelado em vinte anos! hahaha

                    • No Suriname teremos a bolsa-alta-costura, uma ajuda do governo para que as mulheres tenham acesso a Prada, Chanel e outros. Menos ridículo do que bolsa-novela!

  • Já viu isso, Sally? Sobre o cardeal cotado de Gana…

    http://colunas.revistaepoca.globo.com/brunoastuto/2013/02/14/um-dos-candidatos-a-sucessor-do-papa-e-a-favor-da-criminalizacao-da-homossexualidade/

    O cara defende pena de morte aos gays. Puta merda. Se for eleito, espero que aplique o mesmo radicalismo pra cortar da própria carne, no que se refere aos inúmeros crimes praticados pelos clérigos.

    Acho que o cara foi resfriado na Idade Média e descongelado nos dias atuais…

    • O sujeito é negro, ou seja, tem uma vaga ideia do que é ser vítima de preconceito, e ainda assim propaga esse tipo de ignorância?

      Vai comprando fuzil, minha gente. Vai comprando fuzil que ainda este ano a criatura vem ao Brasil!

        • Acho que o soldadinho não vai ser o eleito. Se fosse para apostar, apostaria no bonachão (Angelo Scola), que também é tomado por nome forte. E continuo com o palpite de Pp. Pius XIII. (Papa Pio XIII)

          • Mas… e se um grande problema estiver esperando pelo próximo Papa? Os documentos do Vatileaks estão trancados e em tese só o próximo Papa vai ter acesso, ou seja, caberá a ele decidir o que fazer com isso. Será que não jogam um abacaxi desses para um latino?

            • O pessoal do Wikileaks e do Vatileaks deve perder margem de barganha seja com a eleição de um novo papa, seja com a marcação cerrada dos cabeças no “establishment”.

              Quando era meramente chutar o “cachorro morto” de Bush, as “descobertas” do Wikileaks eram interessantes. Quando se começou a colocar em xeque o status quo (Republicanos x Democratas = Máfia x Máfia) passaram a tomar uma atitude mais a caráter no sentido de puxar o tapete.

              PS: Não sei como o pessoal da CIA ainda não mandou comida envenenada para “//pt.wikipedia.org/wiki/Julian_Assange”>El Rehen“. Será por CONIVÊNCIA ou será por mera INCOMPETÊNCIA mesmo? Aposto mais na segunda opção.

  • Eu entendi errado ou é verdade mesmo que só após oitenta anos um cardeal pode ser papa? Qual é a lógica disso…

  • Eu também aposto em um dos italianos.
    Mas por mim, seria bom se fosse um brasileiro pra esculhambar de vez ou um africano que quisesse ter o nome de um orixá.
    O ideal mesmo, na verdade, seria Gesuiz Godzila aparecer pra pisotear todo mundo.

  • Rorschach, El Pistolero

    Engraçado que eu coloquei o nome do Bento XVI no Bolão do Desfavor. Eu sentia que teríamos uma Conclave esse ano. Meus poderes místicos não falham.

    Espero que ocorra como naquele livro do fantástico escritor Dan Brown e que alguns dos cardiais morram durante as votações…

    Aliás, morte simbólica não vale, né?

  • Depois do Conclave, a Igreja poderia estender a seu rebanho (com trocadilho) pelo menos a escolha do nome a ser adotado pelo novo Papa pela Internet. Sugestões para o novo nome:

    a) Alexandre VII: em homenagem a Alexandre VI, o mais pitoresco de todos os papas, playboy adepto de orgias, com filhos de diversas amantes, que nomeou diversos parentes cardeais (inclusive um sobrinho de 16 anos) e que morreu envenenado com o vinho que envenenara para matar outra pessoa.

    b) Estevão VII: em sequência a Estevão VI. Cidadão ponderado e equilibrado, ordenou que o cadáver de seu antecessor, Formoso, fosse tirado do túmulo por duas vezes, na primeira para ser julgado por seus crimes (enveja) e, na segunda, para culpá-lo de um terremoto que havia destruído a basílica papal logo após esse julgamento. Foi encontrado em um calabouço, estrangulado pelos que gostavam do Formoso (com trocadilho).

    c) João XIII: para lembrarmos de João XII, papa que gostava de jogatina e que cometia adultério com várias mulheres. Até aí nenhuma novidade. Só que, entre essas mulheres, havia sua própria sobrinha e a namorada de seu pai. Morreu de derrame, aos seus vinte e poucos anos, na cama com uma mulher casada.

    d) Bento XVII: não por causa de Bento XVI, o nazista amarelão. Mas sim por Bento IX, que virou Papa aos 20 anos por ser sobrinho do papa João XIX. Tal como outros papas, era chegado em estupros, assassinatos e orgias bancadas pela Igreja. Um dia, porém, ele cansou dessa vida, amadureceu e, querendo se casar, vendeu seu título ao padrinho por 680 kg de ouro.

    e) Júlio III: em memória de Júlio II, chamado carinhosamente de “sodomita coberto de úlceras”. Fã de artes e esculturas antigas, foi ele quem forçou Michelangelo a concluir a Capela Sistina antes do tempo, o que fez com que o artista, de raiva, não só sacaneasse a igreja católica ao pintar “os anjinhos fazendo figa para o Papa”, como também nunca chegasse a terminar o túmulo dele.

    f) Leão XI: por conta do Papa Leão X, para quem o crime (dos outros) compensava. Afinal, colocava preços nos pecados de assassinatos, incestos e roubos dos fiéis e obrigava-os a dar-lhe dinheiro em troca de sua absolvição, sob a ameaça de que que suas almas não seriam capazes de entrar no céu caso eles não pagassem por esses pecados. Coisa que não acontece mais hoje em dia, imagina.

    g) Clemente VIII: para resuscitar a linhagem de Clemente VII. Esse aparentemente não gostava tanto de putarias, preferindo mesmo se prostituir para quem tinha mais poder e riqueza em determinado momento, se oferecendo para França, para a Espanha e para (o que hoje é) a Alemanha, ou para os três (ou mais) ao mesmo tempo. Morreu “misteriosamente” ao ingerir um cogumelo venenoso.

    h) João Paulo III. Seu antecessor dispensa apresentações. Só para ficarmos na ponta do iceberg (ou no pedacinho de castanha na bosta), excomungou padres que pregavam pelos pobres contra os poderosos nas Américas Central e do Sul (comunistas comedores de criancinhas?), mas só condenou verbalmente os padres (incluindo nove arcebispos e dois cardeais) da América do Norte comprovadamente culpados dos mais abomináveis crimes de pedofilia e de exploração sexual. Antes de morrer, baniu Oscar Romero, bispo de El Salvador assassinado em plena missa por ter cometido a burrice de preterir os podres e preferir os pobres, de uma possível beatificação por cinquenta anos.

    • S2² para Sally e Suellen…

      Aposto em um suiço (o Hummes) como Leão XI. Pelo menos está em sintonia com o que acontece hj. A Igreja seria renovada e ganharia muitos fiéis não-praticantes dispostos a pagar para ter direito a “vida eterna” e super-contentes por ele ser suiço como “todos nós”…

      E aposto que a renúncia aconteceu porque o mordomo tinha fotos de uma orgia com o nazi e o molusco brasileiro… O Petê pagou para ele renunciar e não sujar a imagem do prezidentchi.

    • Na linhagem Leão, seria o XIV.
      Na linhagem Júlio, seria o IV.
      Na linhagem Clemente, seria XV.
      Na linhagem Estevão, seria X.
      Na linhagem Alexandre, seria IX.

      Minha aposta é em Pio XIII, até porque como nós bem sabemos, Pio XII era muito amável, né?

  • Há tempos atrás havia um cardeal nigeriano que tinha uma certa relevância lá no Vaticano, sendo um “papável” meio outsider (boato, creio). Muito provavelmente ele iria usar o nome de algum papa africano, mas bem que poderia optar por Obina I, hahaha

  • Tá, eu sempre esqueço de colocar o meu nome nos posts; o do raio fui eu. Mas aposto como vai ter muita gente pedindo exatamente a mesma coisa…

    • Já caiu um raio no Vaticano dia desses… só não quero que danifique as pinturas de Michelangelo, aquele troll, que sacaneiam a igreja católica. Um mimo aqueles anjinhos fazendo figa para o Papa…

  • Quem sabe não cai um raio na tal capela sistina…? Isto sim seria uma dádiva. Acho que seria o ato divino mais troll de todos os tempos, e eu daria gzuis godzilla um mega high five.

  • Não entendo africanos e negros em geral que são catolicos, depois de sofrer tanto na mão de brancos que “estavam fazendo o que Deus queria”, escravizando escravos porque “eles não eram de Deus” ficam ai lambendo esse bando de filhos da puta.

    • E gays que usam camiseta do Che Guevara quando na verdade ele os mandava para campos de concentração, os ridicularizava e os matava?

      O povo segue modismo, não tem noção de história

    • Isto não faz muito sentido. A igreja católica não foi a idealizadora da escravidão dos negros. Pode-se acusá-la de indulgencia. Entretanto também tem que ser reconhecer que alguns papas se opuseram até mesmo formalmente a escravidão. Eu não acredito muito que a oposição da igreja faria alguma diferença. Até mesmo porque o país que mais se beneficiou com o tráfico negreiro era um país não católico. E temos um exemplo prático do poder limitado da igreja em determinados assuntos. Ela sempre se opôs (por pena humilhante aos bons selvagens) a escravidão dos índios. Nem por isto os bandeirantes e afins deixaram de caçá-los. Escravidão indígena assim com a dos negros, só teve fim quando deixou de ser economicamente atrativa. Não por esclarecimento, humanismo ou religiosidade. E quanto os negros se forem para agir em base de magoa e ressentimento retroativo. Eles teriam que ojerizar igualmente brancos de modo geral, o nosso próprio país, a maioria dos países da Europa ocidental, negros que se beneficiaram com o comercio de escravos, os conquistadores árabes que introduziram na África a escravidão como modo econômico, E só um adendo, servidão é apenas um degrau acima da escravidão. Sendo assim, por que europeus e brancos de modo geral são católicos, visto que o maior senhor feudal foi a igreja.

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