Flertando com o desastre: Valores familiares.

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Ou, pagando com uma nota de três reais. Quanto mais a sociedade permite estilos de vida diferentes, mais alto fica o discurso reacionário sobre a suposta santidade da família. De como estamos perdendo esses valores e da inevitável danação resultante… chegando até a advogar o cerceamento de liberdades e direitos alheios como um preço justo a se pagar pela proteção da família. Mas… que porra de família é essa?

Famílias, quando se tira a bobagem açucarada de comercial de margarina, nada mais são do que uma subdivisão do grupo humano. Pessoas que porventura estão próximas umas das outras por laços de sangue. É uma divisão basicamente reprodutiva… e a curto prazo. De uma forma ou de outra todos nós somos variações do conteúdo dos sacos e úteros de alguns poucos milhares de humanos que sobreviveram às condições terríveis da era pré-histórica.

Em poucas gerações uma família pode criar outras dezenas que mal vão saber que as outras existem. Família não é essa coisa atemporal e sagrada que oportunistas religiosos e babacas reacionários pregam, é mero senso de praticidade de uma espécie social complexa demais para viver num esquema de colônia que nem as formigas (muito embora isso venha sendo tentado há milênios).

Mas essa parte é basicamente chover no molhado. Isto aqui é um Flertando com o desastre… Vamos à parte mais saborosa desta argumentação: Família serve para satisfazer o egoísmo humano, e quando o assunto é “criar um mundo melhor”… ela é a pedra no sapato da espécie. Quem defende família defende propriedade e conformismo. Quem defende família NÃO quer o bem dos outros, quer apenas o próprio.

Longe de mim fazer discursinho “ursinhos carinhosos” e dizer que ter e seguir interesses próprios é horrível e que pode-se fazer todos felizes ao mesmo tempo. Seria uma bobagem. Agora, enche o saco quando um desses pulhas reacionários e/ou religiosos ficam pagando de bastiões da solidariedade e do amor pelo próximo quando estão defendendo materialismo barato. Família forte é o sonho dourado de quem é rico e quer permanecer assim. Riquezas, heranças, posses… Essas coisas que quem vive de explorar outros seres humanos tem o (nem tão) curioso hábito de acumular.

Família é um nome agradável para status quo. Quem nasce em família pobre tem menos oportunidades de disputar pelos recursos disponíveis com quem nasce em família rica. Nem estou batendo na tecla da capacidade (embora nutrição na infância tenha um papel incomodamente relevante no desenvolvimento intelectual posterior…), estou falando de oportunidades mesmo. Família forte é “grupo fechado”, é estabilidade para quem já está no lugar certo.

As religiões mais mercantis perceberam isso CEDO. Não é à toa que a cristãos, judeus e muçulmanos concordam plenamente sobre o valor da família: Se os pastores não guiassem as ovelhas por esse caminho, a fonte secaria em poucas gerações. Família significa repassar cultura para as próximas gerações, mantendo conformidade e garantindo que os recursos amealhados pelos seus descendentes continuassem as financiando. E como supervalorizar família tem todo o plus de incentivar egoísmo e a conquista de vantagens duradouras sobre outros seres humanos que NASCERAM no lugar ou hora errada, o conceito ficou cada vez mais popular.

E não me entendam errado, não é PÉSSIMO que as pessoas queiram manter suas posses e conformar seus descendentes de acordo com sua vontade, a unidade familiar com certeza foi essencial para dar um mínimo de estabilidade necessária para a humanidade sair dos estágios mais primitivos. O que não pode é maquiar a baranga e dizer que esse papo todo de família é algo “iluminado”. Não é. Nada mais é do que um dos nossos primeiros passos como espécie racional e social.

Só que o tempo passa. O mundo muda. E paradigmas do passado começam a pesar feito âncoras na sociedade moderna. Grande parte dos avanços sociais que aumentaram a igualdade e liberdade no mundo moderno foram resultados de “rachar” essa família tradicional e deixar um pouco de luz entrar nessa caverna. Se eu até posso entender que há alguns milhares de anos era mais prático (não mais bonito, não mais justo, mas mais prático) manter uma sociedade paternalista e restritiva, já passou do ponto onde podemos nos preocupar com questões mais complexas e nobres.

Até porque se analisarmos friamente, o conceito de família passa muito pela cretinice de valorizar coisas que não se escolhe. É aquela insegurança e arrogância de achar que nascer com certa cor de pele, nacionalidade ou sobrenome fazem de alguém melhor que os seus semelhantes. Ao valorizar sua linhagem, você se valoriza. Porque deus nos livre de merecer alguma coisa nesse vida, não? Pode dar trabalho… Quanto mais uma pessoa pode se gabar por algo que não teve papel NENHUM em conquistar, melhor.

Mas… um mínimo de segurança sobre o filho de quem você está cuidando, sobre os limites das suas posses e direitos, a proteção adicional de um grupo mais numeroso… todos bons motivos para se ter uma família. Só que a linha de evolução da sociedade humana é basicamente uma forma de instituir essas vantagens familiares como leis comuns à todos. É para isso que a gente se organiza em grupos maiores que uma família só nos dias de hoje! Conquistamos essa liberdade.

Estados estruturados, informação disponível, cabeças mais progressistas… Não tem mais desculpa para dizer que a sociedade vai ruir com a desvalorização da unidade familiar. Há algumas centenas de anos, a família era basicamente o elo de ligação de uma criança com o mundo. Família fragilizada significava uma série de desvantagens horríveis para as novas gerações. O mundo era bem menor… Atualmente, os pais “poderiam” se concentrar em aspectos mais humanísticos da formação de uma criança e deixar que a informação e a socialização inerentes à era da comunicação fizessem seu papel.

Digo “poderiam” porque o que não falta por aí é criança que parece que foi criada por lobos… E não vão achando que são frutos de lares menos tradicionais, todo mundo conhece família com papai, mamãe e todo o resto que gera completos incapazes de funcionar de forma positiva para a sociedade. Quase sempre é resultado de gente com essas merdas de “valores familiares”, gente com o rei na barriga que acha que só porque conseguiu se reproduzir é capaz de dar sustentação ao desenvolvimento de um ser humano decente.

Não é família, família não faz nada por si só. São as pessoas. E foda-se se essas pessoas tem DNA próximo, gente que foi criada por pais imbecis com tara por empurrar sua limitação uma geração à frente tende a perpetuar o atraso intelectual. Não tem mágica nenhuma no processo: Mais com mais dá mais! Gente estável e inteligente produz filhos estáveis e inteligentes. Independentemente do saco de quem veio o espermatozóide. Tem quem decida formar família sem a menor estrutura ou mesmo vontade só para fazer as coisas “direito”. E sabemos quão direito esses casos costumam dar…

Sem contar que estamos num mundo onde precisamos reduzir a população. Tem gente demais, reprodução não é mais a palavra de ordem. As vantagens de se ter mais pessoas vivendo começam a diminuir drasticamente depois de um certo teto de eficiência. Fazer filho já foi muito interessante para a humanidade com um todo, não é mais. As pessoas duram mais, morrem menos crianças… E para essa conta fechar, vamos ter que ter muitos casais sem intenção de ter filhos, muitos solteiros sem saco para cuidar de criança… muitos casais gays com vontade de adotar os “excessos”. Quebrar essa ideia de família vomitada por reacionários é basicamente uma questão de sobrevivência nesse ponto da história.

Ninguém mais vive numa bolha. É ridículo continuar batendo nessa tecla que as pessoas PRECISAM de família para ter a “experiência completa” com papéis masculinos, femininos e coisas do tipo. Não tem nada nessa unidade familiar idealizada que substitua segurança, estabilidade, diálogo e BONS EXEMPLOS. Novamente: Não é a família, são as pessoas nela.

Lutar ferozmente pelo direito de conformar os descendentes a reproduzir as mesmas opiniões e comportamentos da família é lutar ferozmente para atrasar o mundo. Se não fossem pelas pessoas que se desvencilharam da mentalidade retrógrada, ofensiva e/ou ignorante de suas famílias, os valores de nossos antepassados tão inteligentes como uma criança dos dias atuais ainda estariam valendo. “Como assim eu não posso pegar uma mulher e forçá-la a fazer sexo comigo? Onde esse mundo vai parar?”

Enquanto as pessoas estiverem mais preocupadas em fazer cópias de si mesmas para dar alguma continuidade a suas vidas irrelevantes, todas as mudanças importantes que precisamos na sociedade vão continuar se arrastando. Muita gente parece preocupada apenas em criar descendentes que tenham riquezas maiores do que tiveram, e estão cagando e andando para criar PESSOAS melhores. Querem basicamente elas mesmas com mais dinheiro.

Não se entrega um ser humano melhor para o mundo pela incapacidade de assumir limitação. Se não tentar passar a mesma estrutura de família, está assumindo derrota? Isso é medo pelo futuro da sua família ou é medo de estar errado? Aposto que vocês sabem a resposta.

E mesmo que “sem querer querendo”, os valores familiares estão ruindo mesmo. Não dá para aumentar o grau de instrução médio da humanidade sem quebrar as correntes da unidade familiar… É estatístico: Estuda mais, casa mais tarde, tem menos filhos e não fica com doce se quiser se divorciar. Estuda mais, começa a conviver com gente menos estúpida, assume sua sexualidade. Estuda mais, começa a ligar menos para essa família tradicional.

Vou mais longe: A destruição da família como andam dizendo por aí é a humanidade começando a tirar as rodinhas da bicicleta. Já estava na hora, não? Quer dizer, pelo menos para nós que não vendemos essas rodinhas…

Para dizer que discorda porque gosta da sua família (não falei sobre isso), para dizer que concorda porque odeia sua família (também não falei exatamente sobre isso), ou mesmo para dizer que vai falar da sua porque quer e eu não tenho nada a ver com isso (ok!): somir@desfavor.com

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Comments (30)

  • Não tinha lido ainda!!!!! A-do-rei!

    “A destruição da família como andam dizendo por aí é a humanidade começando a tirar as rodinhas da bicicleta.”

  • Os valores da família, ao menos nessa porcaria de subcivilização brasileira, servem aos pilares da dominação ideológica e, mais principalmente, aos valores patriarcais. Em nada se confundem com valores como independência, justiça, respeito e diversidade.

  • Detesto esse discurso de valores familiares. Ele é uma das maiores provas da mentalidade de gado feliz do brasileiro médio. Por mais que sua família tenha te infernizado e paunocuzado a vida inteira, se você virar as costas pra ela, sempre sai como o vilão da história.
    E quando você diz que gente sem condições financeiras e psicológicas não deveria ter filhos? É taxado de nazista na hora!

  • Rorschach, El Pistolero

    Tim Minchin tem uma música onde ele diz algo muito interessante. É mais ou menos na pegada “eu não acredito que só porque uma ideia é duradoura, ela é válida”. eu não gosto de absolutizações, acho que todas elas, sem dúvida, são idiotas, mas ultimamente eu ando reparando que praticamente qualquer ideia “moral” que está na nossa sociedade há tempo o suficiente para a minha vó dizer “isso já era velho no meu tempo”, então forçar esse padrão a se manter é danoso.

    • I don’t believe just because Ideas are tenacious, it means they are worthy.

      White wine in the sun (Vinho branco ao sol). Melhor música de natal ever, seguida de perto por Praise be to Jesus (Louvado seja Jesus).

  • Para mim, o discurso de valores familiares propagado pelas religiões é um dos mais hipócritas que permeia nossa sociedade e vem contaminando as cabeças de pensamento curto há milênios. Como você mesma disse, houve períodos em que até colhemos benefícios da tradição familiar, mas o tempo de repensar já chegou há muito.
    Famílias podem ser fraternas e berços de cidadãos melhores passando bem longe do que pregam as religiões e dentro de modelos os mais diversos e i(ni)magináveis.

  • Falando especificamente dos religiosos que adoram abrir a boca pra exaltar os valores da família, os crentelhos adoram novela mexicana e programas popularescos (Sonia Abraao e Márcia), já os católicos (que se acham mais alto nível, e acham a Globo mais alto nível) vibram com novelas e bbb’s. Todas atrações que ostentam luxúria, ganancia e barracos familiares.
    Tudo bem, eu já desisti mesmo de esperar que religiosos sejam coerentes.

    Alguns de nós impopulares adoramos barracos tipo Ratinho, mas a gente nunca perdeu tempo falando sobre a importância da família e bla bla bla.

  • Desculpa Somir, achei que fosse a Sally. Parabéns pelo texto.
    É que ontem aconteceu tanto do mais do mesmo na minha família, tanto preço alto sendo pago para realizar o sonho de duas pessoas de ter uma “família Doriana” que nunca existiu… foi o que foi dito no texto, não tem como dois fodidos da cabeça produzirem coisas muito diferente disso juntos… E a tentativa de fingir que é perfeito, só torna tudo mais doloroso e difícil, pra todo mundo.
    Desculpa o desabafo, mas é que o texto veio tanto a calhar pra mim hoje, que foi pior que um tiro no joelho.

  • Excelente texto, Somir! Tenho notado que nas entranhas da sociedade brasileira ainda há muito do ideal de família formadora de sociedade, é o mesmo papo da década de 90 quando as mulheres começaram a se divorciar em peso, aquele lero lero que ia subir a criminalidade, que a educação média iria diminuir, entre outras babaquices no geral. Não quero puxar pro meu lado do prato, mas acho que pais que se divorciam com crianças até 13 anos é algo bom, há aquele choque de realidade, uma maturidade súbita. O que será que desta vez está reabrindo a discussão maciça de valores da família? Seria a conquista de direitos para os gays? Seria uma repercussão da consciência feminina no sociedade hoje? Seria um reflexo da preocupação da manutenção da unidade familiar justamente por que brasileiro é preguiçoso e não quer se adaptar ao futuro?

  • Sally, agora eu tenho certeza de que vocês mantém uma câmera filmando tudo o que acontece na minha casa. Assustei agora.

  • Esse texto está errado em tantos pontos que serei obrigado a reservar um tempo para apontar algumas contradições e pequenas falácias.

    Até mais tarde.

  • Somir, tenho que discordar um pouco da questão da necessidade familiar. E não falo da família no sentido do Dna, e sim na estrutura de criação e valores. Pessoas que não tem essa estrutura definida acabam QUASE SEMPRE se tornando páreas sociais… por mais que você possa arguir que a sociedade hoje em dia precisa menos dessa bolha social, a família ainda é uma mini sociedade para uma criança. Pedagogicamente, é infinitamente mais simples adequar uma pessoa ao meio com uma família decente como base.

    E, claro, eu chamo de família as famílias decentes. Quando não existe esse laço familiar, quando as pessoas deixam os seus filhos ao deus dará (literalmente), essas pessoas vão crescer gente desestruturada e incapaz de lidar com os moldes de uma sociedade moderna.

    Concordo que aquela questão de “Pai, mãe, filhos” é irrelevante, família é quem cria e molda a criança. E, apesar de que os fatores religiosos são passados mais facilmente, o que é uma merda, os valores primários humanos como “respeito ao próximo”, “carinho aos mais próximos” e “cabeça aberta” são fundamentais na criação de um ser humano. Mesmo que ele não seja grandes merdas no futuro, pelo menos a base tá ali. E por mais que você diga que não precisamos mais desse tipo de molde, eu ainda acho ser o molde mais eficiente.

    • Matheus Carvalho

      Clap clap clap pra você, falou tudo. Já vi vários casos de crianças que cresceram em famílias desestruturas se tornarem adultos deslocados.

      • Pelo que eu entendi, Somir, me corrija se estiver errada, o Somir está criticando a posição de que apenas uma família composta por mamãe fêmea heterossexual + papai macho heterossexual + filhos (de preferência um menino e uma menina) = família feliz (típica de discursinhos anti gays e religiosos de forma geral). Que, independentemente da configuração da família (se casados, descasados, homo, fetero, adotados ou naturais), mais importante que a “família” em si é a educação e estrutura passados para essas crianças (foi o que entendi na frase anterior e posterior a “Digo “poderiam” porque o que não falta por aí é criança que parece que foi criada por lobos…”.

        Assim, acho que todos estão falando a mesma coisa… A falta de educação/ exemplos ajustados mentalmente são as causas de um adulto desajustado, a quebra de valores “familiares tradicionais ” teria pouco contribuido com isso. Dessa forma podemos ter adultos ajustadíssimos criados por um casal homossexual e adultos malucos criados por famílias com papai, mamãe e irmãozinhos.

        • Em que pese o seu entendimento Carol, creio que o Somir estava falando da família em geral, do conceito familiar em sí… e por isso eu discordei. Em verdade, não creio que seja culpa do conceito de família em si, e sim do tipo de mentalidade que se cria quando a família “sai pela culatra”.

          Concordo que, por causa desse sistema de “mini sociedade primária” em que a criança é exposta, ela sai com ideias erradas e bitoladas dos próprios pais (religião, por exemplo), mas em compensação também sai com valores básicos de humanidade e convivência em sociedade. Trabalho em escola pública, sei o quão grande é a diferença de uma criança com uma família estruturada, por mais que os pais não sejam lá essas coisas, e uma criança sem família, largada aos quatro ventos. Pai alcoólico, mãe ausente… avós mimentos.

          Se a pessoa não tem um pré conceito de Sociedade, de como ela deveria ser, então ela cria o seu próprio conceito, mais “egoísta” e burro, porque não enxerga o todo. Não entende ideias abstratas como respeito, e não entende que estes ideais são mais favoráveis a ela se por ela praticados. Muito melhor ser tratado com respeito e tratar os outros da mesma forma do que o contrário.

          Quando o Somir diz: não é a família, são as PESSOAS, eu concordo. E por isso mesmo eu discordo que seja culpa do próprio sistema familiar.

  • Fica uma sugestão de leitura do artigo “Amigas”, de Miriam Goldenberg, no qual a autora nos mostra que, para enfrentarmos uma velhice solitária (com ou sem filhos), a melhor resposta é termos uma “família escolhida” de amigos, pois, ao pesquisar mulheres de mais de 60 anos, a autora percebeu que a demanda por cuidado, carinho, respeito e escuta é satisfeita, basicamente, pelas amigas. E que os piores abusos e desconsiderações partem dos próprios familiares, como mostra esse trecho interessante do artigo:

    “Uma professora de 66 anos disse: ‘Tenho três filhos, duas moças e um rapaz. Quando ligo para eles, só recebo patadas, estão sempre ocupados, trabalhando. Eles sempre me fazem sentir que estou incomodando, como se eu fosse um traste velho que só atrapalhasse a vida deles. Eles só ligam quando estão com algum problema. Em geral, quando precisam de dinheiro ou de uma ‘avó-babá’ para cuidar das crianças’.

    Essa entrevistada conta que quem cuida dela são quatro amigas da época da faculdade. ‘Falamos quase todos os dias, saímos, viajamos, vamos jantar. Quando fiz uma cirurgia, elas se revezaram para cuidar de mim. Estamos sempre ligadas na saúde de cada uma, nas dietas, nos problemas com os filhos. Se não fosse por elas, eu estaria completamente só.'”

    Diante desse quadro, mais do que convidativo ter sua própria ‘família escolhida’, com a qual temos muito mais afinidades…

    • Pois é… Acho que esse é complemento daquele assunto que falavamos sobre asilos x pessoas da família cuidando.

      Mesmo que sejamos pessoas decentes, nossos filhos podem não ser. Mesmo que sejam, não podemos exigir que não vivam suas próprias vidas para cuidar de nós. Ou vamos impedir um filho de morar em outro país, de ter um emprego que exija muito, de se casar com alguém de outro estado, para cuidar da gente?

      Eu acho que filho a gente cria pro mundo, tendo consciência de que ele é um ser independente, e não um “mini-eu”.

      Então acho mais fácil continuar juntando dinheiro pra pagar minha casa de repouso e fazer amigos pra viajar e jogar buraco no final dos dias… Mais agradável do que ficar ao lado do telefone esperando por uma ligação que talvez não venha…

      Vou ler esse artigo que vc recomendou… parece bem interessante…

  • ”O que não falta por aí é criança que parece que foi criada por lobos… E não vão achando que são frutos de lares menos tradicionais, todo mundo conhece família com papai, mamãe e todo o resto que gera completos incapazes de funcionar de forma positiva para a sociedade. Quase sempre é resultado de gente com essas merdas de ‘valores familiares’, gente com o rei na barriga que acha que só porque conseguiu se reproduzir é capaz de dar sustentação ao desenvolvimento de um ser humano decente”.
    Totalmente de acordo, assim como no trecho que é dito que as pessoas não querem criar seres humanos melhores e sim querem uma cópia deles mesmos com mais dinheiro, trocando em miúdos, vaidade.

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