Ele disse, ela disse: Revistas Femininas.

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Semana Sim Senhora: Somir vai passar uma semana escrevendo sobre os temas que Sally quiser, com a abordagem que Sally quiser, e não vai poder espernear nos comentários.

Apesar de Sally e Somir abominarem as famigeradas “revistas femininas”, Sally divertiu-se com os prospecto de fazer Somir pesquisar sobre o assunto. Portanto, nesta coluna escolheremos qual é a menos abominável. Os impopulares se esforçam para não virar a página e dar sua opinião.

Tema de hoje: Qual a mel… menos pior revista feminina?

SOMIR

Difícil essa… Eu estava quase escolhendo a TPM (Trip para Mulheres), afinal, até pode-se ler algumas de suas páginas sem imaginar que todas as mulheres são retardadas. Mas eu não posso ser leviano e fazer uma escolha dessas baseado apenas em simpatia com um ou outro texto publicado na revista. Oras, há uma responsabilidade nesta escolha: Muito conveniente escolher uma revista que vende meia dúzia de edições só para fazer pose de elitista. Se é menos pior, deve ser menos pior por uma série de motivos que vão além de gosto pessoal.

Por isso, defini três quesitos nos quais determinar minha escolha: Abrangência, Relevância e Acessibilidade. A revista feminina precisa alcançar um grande público, deve trazer informações importantes para esse público… e principalmente, deve expor essas informações de forma didática e honesta o suficiente para que elas sejam aproveitadas.

Aí ficou fácil. Escolho aqui uma dupla de revistas que poderiam muito bem ser uma só: Malu e Guia da TV. E não estou trapaceando; por uma estratégia comercial muito razoável, a editora resolve lançar as duas separadas para manter seu preço ridiculamente baixo. Mas ambas compartilham de um mesmo senso de propósito e qualidade. Quem compra Malu compra Guia da TV, quem compra Guia da TV, compra Malu. Tanto que o site oficial delas mal faz questão de separar o conteúdo.

Eu sei, eu sei… muitas de vocês podem achar que eu estou sendo mesquinho e aproveitando a oportunidade para desenvolver um sutil humor machista. Não poderia estar mais longe da verdade: Além do público feminino médio (recente) do desfavor ser imune a sutilezas; ainda há de se considerar que estou apenas reconhecendo a honestidade com a qual essas revistas tratam seu público-alvo. Vão dizer que acham honestidade uma coisa ruim?

Pois bem. Malu… Malu é uma revista de receitas, dietas, celebridades e outros assuntos extremamente relevantes para o universo feminino. Enquanto as revistas masculinas tratam o mundo como uma prateleira, demonstrando aos seus leitores o que podem comprar e/ou conquistar; revistas femininas são basicamente cursos de marketing. Elas tentam ensinar às mulheres o que fazer para ter uma embalagem atraente, um conteúdo durável e uma boa posição na gôndola. Não fui eu que inventei essas regras, aliás, não foi nem o mercado editorial… Digamos que é ranço de milênios de repressão intelectual e social feminina. Embora não seja bonito partilhar dessa objetificação, convenhamos que a mulher que ignorar essas regras do jogo vai acabar em desvantagem em relação às cabeças-de-vento que as seguem neuroticamente.

Revistas femininas que se propõem a deixar suas leitoras mais cultas e/ou chiques prestam um serviço incompleto para as mulheres. Homens conseguem se virar fracassando em outras áreas, mulheres não. Aparência e relação com os homens em sua vida são os bastiões do sucesso de qualquer mulher. E Malu entende isso. Abrangência. Malu faz o serviço sujo que revistas elitistas se recusam… Malu ensina a perder dois quilos em uma semana.

Malu ensina a fazer uma sopa matadora de feijão branco com rúcula! Sei lá se o matadora é um adjetivo positivo ou negativo nesse caso, mas eu sei que a mulher que sabe essa receita pula na frente da que só sabe fazer um arroz empapado e fritar nuggets! Nenhuma mulher deveria ser OBRIGADA a saber cozinhar, mas isso torna sua relação com os machos da espécie mais fácil. E não confundam isso com pura subserviência ao sexo masculino. Não… Malu sabe das coisas. Malu sabe que eles são meros peões na incessante guerra feminina. A grande disputa da humanidade é e sempre foi mulher contra mulher.

De um ponto de vista masculino, uma matéria como “Dicas para disfarçar o quadril largo” pode parecer um contrassenso. Oras, nós fomos programados geneticamente para gostar de um quadril largo… Mas no meio da grande guerra feminina isso é o que menos importa: Mulheres disputam a superioridade baseadas numa corrida contra as medidas. Pouco importa se um homem entende isso, o que importa é que isso é relevante para o público-alvo de Malu. Se as leitoras querem formas de esconder seu quadril, é exatamente isso que elas recebem. Relevância.

E o que define a vantagem da Malu em relação a outras revistas mais ou menos com o mesmo conteúdo como Nova e similares é que Malu é honesta e acessível. Malu não bota pilha de moderna e descolada para alcançar o mesmo público de mulheres simplórias e inseguras. Malu é barata, Malu não enfia nenhuma ilusão de grandeza na cabeça de quem realmente se importa em ler 1001 dicas para apimentar a relação.

Acessibilidade que se confirma na revista-irmã: Guia da TV. Guia da TV fala sobre o que vai acontecer nas novelas e mostra alguns fiapos disfarçados de conteúdo da Malu. Tem coisa mais HONESTA do que dizer que seu público acha bacana ler sinopses dos próximos capítulos das novelas exibidas na TV brasileira? É uma revista de fofoca sobre personalidades fictícias! Ninguém está dizendo para as compradoras que elas são poderosas e independentes por consumir essa baboseira toda. Se quiserem cultura, que leiam um livro!

Não importa quanto perfume você jogue em cima de uma pilha de merda, ainda é uma pilha de merda. Se mulheres querem chafurdar em subserviência e futilidade, que o façam sem gastar uma nota preta ou que fiquem encarando ensaios eróticos com outras mulheres esqueléticas vestindo roupas mais caras que todos seus bens e completamente alteradas na pós produção. Malu e Guia da TV vendem receitas, dietas, fofocas e amenidades. Não financiam o ridículo mundo da alta moda, não criam a ilusão de que cultura é algo fácil de acumular… Malu e Guia da TV valem o que cobram.

E no mundo de hoje, isso já é um grande diferencial.

Para dizer que eu estrago tudo, para dizer que detestou concordar com várias coisas que eu disse aqui, ou mesmo para dizer o que quiser sabendo que eu não posso retrucar: somir@desfavor.com

SALLY

Que fique claro: abomino todas as revistas femininas, estou aqui escolhendo a que considero menos pior, porque na minha casa só entra Superinteressante, Galileu, Mente e Cérebro e similares. Dentre as revistas consideradas como “revistas femininas”, a menos pior me parece a Elle.

Elle é uma publicação que cumpre bem aquilo a que se compromete: falar sobre moda e beleza. Realmente, da primeira à última página é uma overdose de moda e estilo: tendências de roupa, cores, sapatos, maquiagens, looks. Capas sofisticadas, com mulheres que transcendem popozudas gostosas ou modismos passageiros, todas muito bem vestidas e bem maquiadas. Vira e mexe calha de ter alguma reportagem cultural relacionada com moda ou com o universo feminino que chega até a ser interessante.

Se no seu tempo livre você opta por ler sobre moda e tendências, essa é sua revista. Não é o meu caso, mas isso não quer dizer que eu não saiba identificar que a revista é muito boa no que faz. Se você quer se vestir acompanhando as últimas tendências da moda e não tem tempo de acompanhar todos os eventos que as ditam, a Elle vai te dar o caminho correto. Ao contrário de revistas baixo nível como Clauda e Marie Claire, que são Elle wannabe. Como o próprio slogan diz, a Elle é a maior revista de moda do mundo em circulação. Ah sim, o público da Elle é classe A e B, e não a ralé que lê baixarias como Nova.

Elle não apela, não faz abordagens grosseiras sobre baixarias, não coloca foto de homens pelados, não repete sempre as mesmas reportagens. Elle é moda, do começo ao fim, e todo mês traz coisas novas e que realmente são tendências, não se mete a opinar sobre tudo de forma leviana. Ao contrário de outras revistas supostamente de moda que se metem a falar sobre o que não sabem e só falam merda, como a Vogue, que estimulou a “dieta do jejum”, cuja frase que abria a reportagem era “Comer para que?” dizendo que a pessoa pode emagrecer se ficar dez dias sem comer nada. A mesma Vogue que colocou um casal de atores de novela posando pelados juntos. Dispenso, obrigada.

Por mais que fale sobre moda, as reportagens da Elle tem alguma consistência. Procuram contextualizar e explicar à leitora o tema abordado, muitas vezes traçando um apanhado histórico ou indo até as origens do assunto. Além disso, a Elle não erra nome de famosos ou de estilistas, coisa que eu já vi muita revista fazer. Alias, a Elle praticamente não tem erros de português, coisa que hoje em dia é bastante rara em qualquer publicação. Parece ser a única revista onde nenhuma coluna é deixada a cargo de estagiário. E sim, apesar de falar sobre moda, tem reportagens extensas, de mais de duas páginas. Até a qualidade do papel parece ser melhor.

Você pode estar torcendo o nariz, mas para algumas pessoas ler Elle não é futilidade e sim necessidade profissional. Não apenas para quem trabalha diretamente com moda como para qualquer pessoa que ocupe um cargo formal onde venha a ser julgada por sua aparência. Mulher avalia mulher pela roupa, bolsa e sapatos, ao menos em um primeiro momento. Em muitas profissões, infelizmente, para conseguir clientes ou uma promoção é preciso aparentar ser bem sucedida e antenada. Para estas pessoas a Elle é um guia, um manual de instruções, uma compilação do “must be” e “must have” que evita que a pessoa tenha que assistir a desfiles e frequentar eventos de moda. Sim, a Elle tem uma utilidade prática, ao contrário do resto de lixo que tem por aí que não acrescenta absolutamente nada a quem lê.

Elle te apresenta a lugares novos ligados a moda, mostrando roteiros de viagens interessantes. Não apenas sugerindo o país ou a cidade, como ainda os hotéis e os programas a fazer. As dicas são boas, dei uma olhada no roteiro que sugeriram para Buenos Aires e achei excelente. Não se limitam a citar um lugar, dão várias opções de acordo com a necessidade e o perfil de quem vai viajar e ainda dá uma rápida pincelada sobre a cidade, seus costumes, sua cultura.

Elle também é a mais honesta das revistas na hora de aconselhar a leitora. Enquanto outras entopem uma página com fotos de botas de cano alto e um título turun tss estilo “Bota a bota!” a Elle explica que bota de cano alto não fica bem em qualquer pessoa e que mulheres baixas podem não se favorecer desse look. Elle não tem como principal preocupação vender os anunciantes e sim educar as leitoras para se vestirem bem. Quer comprovar na prática? Pega uma mulher brega e dá para ela ler a Elle. Não vai gostar. Vai achar que tem muito texto, vai achar os temas desinteressantes e as roupas “muito sem graça”, afinal, gente brega acha roupa clássica “muito simplesinha porque não chama a atenção”. Elle é uma revista a prova de gente cafona.

Elle não se repete, todo mês apresenta novidades (ainda que nas colunas fixas) e não tem aquela estranha obsessão por determinadas marcas que outras revistas tem e indicam um claro patrocínio, uma matéria paga. Também não apela para matérias com soluções mágicas como “traga a pessoa amada em três dias” e muito menos regrinhas sexuais babacas do tipo “manual para enlouquecer um homem na cama”, como se todo homem gostasse da exata mesma coisa. Elle pode não ter conteúdo científico, mas tem muita dignidade.

Já vi gente que nem sequer classifica a Elle como sendo uma “revista feminina”, afirmando que sua categoria correta seria de “uma publicação sobre moda”. Isto porque a revista destoa de suas concorrentes. A revista é excepcional? Não. É imperdível? Não. Está livre de qualquer futilidade? Não. Mas é melhor do que as concorrentes, coisa que não é muito difícil. Até mesmo pela espessura da revista é possível ver que ela vai além, costuma ser mais grossa do que as rivais e seu conteúdo costuma ter mais “letrinhas” e menos fotos.

É um belo apanhado do que está acontecendo agora no mundo da moda. Pode ser útil se um dia você precisar, por qualquer motivo que seja, entender quais são as tendências de roupa, sapato, bolsa, cabelo, maquiagem e etc. É um guia sobre um assunto muito específico. Acho honesto, melhor isso do que uma revista de merda que tenha a pretensão de te dizer quais devem ser as suas escolhas de vida.

Para não se interessar pelo tema de hoje, para dizer a sua revista feminina favorita ou ainda para contratar nosso serviço de Ausência VIP e ter a certeza que nunca mais citaremos o nome da Elle: sally@desfavor.com

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Comments (60)

  • E pensar que justamente numa das revistas baratas no estilo da citada pelo Somir tinha uma matéria dizendo que a Sandy namorava um tal Carlos Eduardo, que mais de uma década depois venho a saber que se tratava de um amigo do Siago Tomir conhecido pela alcunha de ALICATE.

    Se a Sandy for processar vocês por conta disso, acho que dá para ver se acha a matéria numa revista dessas presente em algum sebo por ai (ou não).

  • Essas duas que o Somir escolheu como menos piores eu não conheço. A Elle eu conheço e qdo morava aí no Brasil tb me parecia a menos pior, mas eu curtia mesmo era a TPM. Eu peguei a Trip Para Mulher logo no comecinho e pelo menos a proposta inicial deles era interessante e válida. Não sei ao certo como ficou depois mas pelo que tenho visto através do site da revista e dos comentários das leitoras, esse diferencial do início acabou.

    Eu praticamente tb já não compro mais revista feminina mas nas mudanças de temporada tenho vontade de me antenar sobre as novidades em moda, cortes de cabelo, sapatos e maquiagem. Como não confio em blogueiras prefiro comprar uma revista, apesar de saber que a avalanche marketeira vai ser quase insuportável. Por trás de toda e qualquer dica sobre esses assuntos que citei está uma propaganda – muitas vezes bem descarada – sobre determinada marca/ produto. Enche o saco, eu preferiria que pelo menos fossem mais discretos. Mas enfim, mundo capitalista e blablabla.

    Mas a única revista que compro religiosamente cada mês é a Vanity Fair :-D

  • como somir sabe q so sei fazer arroz com nugget?
    sally vc sabe cozinhar? aprendeu com livro ou com alguem?
    e tao ruim assim nao saber cozinhar? onde eu trabalho tem quentinha saudavel por 5 reais

  • Revista feminina não importa o nome é tudo sempre a mesma xaropada. Como emagrecer, como conquistar namorado, dicas para casamento, novelas. Aff… esse povo acha que mulher é tudo retardada!
    Tá certo que tem o público facebook pra tudo, mas poderia melhorar os assuntos.

  • Eu fico feliz quando falam de algumas coisas que não faço ideia do que são.
    Não posso dar palpite, afinal, desconheço a maioria das revistas femininas e as que conheço, conheço apenas de nome. Inclusive nunca abri nenhuma das citadas no texto (Nova e Elle). Mas confesso que quando eu era adolescente, raramente, eu comprava uma Capricho, Todateen ou Smack (raramente porque eu não ganhava mesada sempre). E o motivo da compra era o somatório de ator/cantor bonito dando entrevistas + poster.
    Ainda assim, as que eventualmente vejo nos consultórios médicos e salões de beleza são uma nhaca para fazer a mulher se sentir mal com seu corpo, fazer ela ser submissa ao parceiro etc. Um nojo.

  • Nunca ouvi falar dessa tal revista Malu, acho q preciso parar de só entrar em banca de revista pra comprar palavras cruzadas e a Cover Baixo

  • Somir deu uma sacaneada legal, hein? Ainda bem que não estou imune à sutilezas.

    Tb não curto essas revistas femininas. Nem aguento folhear é muita baboseira. Nem quando vou ao salão, prefiro ler Desfavor no meu celular. A unica que eu tinha assinatura era a Revista Espresso, adivinha do que se trata essa revista?

  • Ele leu o índice de duas revistinhas baratinhas apenas e tirou um sarro das mulheres. Se é pra sacanear o Somir, não pode ter essa moleza, tem que ter muitas regras, bem claras. Por isso que eu propus o tema da Sinastria e relacionamentos: tem que estudar a tal da astrologia, não dá pra ler um índice de duas revistinhas e ser irônico. 1 X 0 pro Somir. Sally, deixe de ser mãezona com ele. A continuar desse jeito, a semana terminará em 5 X 0.

  • Hahahahahahahahahaha!!! Muito bom ver o Somir tendo que falar de revista feminina!
    Agora, falando sobre o tema… revista feminina é uma bosta, uma porcaria! Faço coro com a Sally, prefiro ler a Superinteressante e a Galileu, até porque, com a internet e a GNT (o canal que mostra a vida que todo mundo quer ter, mas ninguém tem), as tendência chegam para nós de maneira mais fácil.
    Acredito que a Elle seja para um público mais especializado mesmo Sally, que trabalhe diretamente com moda.

  • Capricho moldou meu caráter, o que certamente explica muita coisa.
    Acho que uma das revistas melhorzinhas que tem atualmente é a Gloss. Acredito que ela atenda a uma faixa etária que não era contemplada antes, mulheres que são velhas demais pra ler Capricho, novas demais pra ler Claudia e inteligentes demais pra ler Nova. Nos editoriais de moda tem até peças da C&A, tem looks bem acessíveis.

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