Ele disse, ela disse: Qual a graça?

eded-humor

Apesar das críticas e polêmicas tão constantes no desfavor, o humor é talvez o tom mais recorrente nas postagens até hoje. Exatamente como tanto Sally quanto Somir querem. Mas… quando o estilo do humor ideal para a República Impopular entra em questão, não há sorrisos na discussão. Os impopulares definem qual lado acham mais graça.

Tema de hoje: Qual o melhor humor, o mais elitizado ou o mais eclético?

SOMIR

Para começo de conversa, já defino meu desgosto por qualquer coisa “eclética”. Já até escrevi um texto inteiro sobre isso: Eclético é o gosto de quem não tem gostos, assim como humildade é a qualidade de quem não tem qualidades. Essa coisa vegetal de “gostar de tudo” é a principal motivadora do material de baixíssima qualidade que temos que ver, ouvir e ler todos os dias. Se as pessoas desse mundo realmente tivessem gosto por música, o funk carioca jamais teria aparecido na face da Terra. Vocês financiam esse tráfico, playboyzinhos!

Pois bem… cá estou eu de novo do lado elitista da argumentação. E aposto que muitos de vocês vão se render à tentação “agnóstica” de versar uma opinião confusa e mal fundamentada como se fosse algo realmente inteligente. Não é. Isso se chama covardia intelectual! Medo de exprimir uma ideia que realmente possa ser derrubada numa argumentação.

Sério que vão tentar me convencer que humor dependente de pensar um pouco antes de rir não é muito superior a peidos, quedas e tortas na cara? Não estou nem dizendo que o humor mais rasteiro não rende risadas, porque eu mesmo me pego rolando de rir com as maiores bobagens; meu argumento aqui é que se é para ter alguma linha guia de humor no desfavor, que ela não seja a mera busca por risadas.

Risada é um reflexo praticamente incontrolável, surge até quando não há intenção alguma de fazer uma piada. Praticamente qualquer pessoa nesse mundo consegue fazer outra pessoa rir, nem que seja em ocasiões bem específicas. Não tem gente que ri assistindo Zorra Total? Focar a busca pelo humor apenas nesse produto final barateia o processo todo e gera flacidez mental. Pra quê buscar uma ironia surpreendente num tema se basta gritar e fazer uma careta ao falar dele?

As melhores risadas vem num pacote bem mais completo. Elas são fruto não só de uma situação inusitada que seus sentidos captam, elas são o resultado do seu cérebro fazendo uma conexão surpreendente entre ideias. O comediante de stand-up que só faz macaquice e conta piadas consegue fazer muitas gente rir, mas um George Carlin, Bill Hicks ou Doug Stanhope da vida consegue te tirar da zona de conforto e te fazer rir do que você não costuma rir normalmente. É engraçado, mas te surpreende. E por um pequeno instante parece que o mundo ficou maior…

Mesmo que eles estejam falando algo com o que você não concorda. Não é sobre aquela coisa preguiçosa de só querer que confirmem suas visões prévias de mundo. Humor inteligente é capaz de entrar na sua cabeça e te provocar, sem a “obrigação social” de te convencer de alguma coisa, como numa argumentação natural.

Não, não dá para fazer isso o tempo todo, nem os melhores conseguem… Mas, cacete, se você não quiser algo maior do que um reflexo da plateia… voltamos à analogia da masturbação. Você faz humor porque você quer se sentir engraçado, e não para se comunicar. E isso reflete em todos os envolvidos no processo. Se não tiver a vontade de elitizar o humor, você acaba engolido pelas expectativas da plateia.

Muito engraçado pegar um clipe de funk carioca e analisar cena por cena. Mas se você não tomar cuidado para manter o nível das piadas o mais alto possível, o objeto da piada fica no lugar errado. Acabaremos todos rindo de pobres por serem pobres. Ponto. Só isso. E por mais que eu não seja nenhum defensor do politicamente correto, é de uma mediocridade horrível resumir seu senso crítico à sua habilidade de apontar para o que é diferente. Humor bom tem contexto, tem sutileza, tem referências e motivações para existir.

Vamos rir do banal quando ocorrer, mas vamos rir do sublime como escolha! Do que não se diz por aí. Uma semana histórica cheia de piadas que exigem conhecimento prévio para serem entendidas não pode ser só um tiro n’água. Muito triste que tão pouca gente consiga reconhecer o tipo de piada… Mais triste ainda se nós nos rebaixarmos a preguiça alheia de pesquisar no Google por 3 segundos e começarmos a fazer piadas e referências que qualquer um com um batimento cardíaco consiga entender.

Isso é se rebaixar. Isso é rebaixar quem está lendo também. Se tem que ter uma linha aqui, que ela seja a do complexo. Um enorme pau no cu de todos que ficarem reclamando que não conseguem acompanhar… Seleção natural! Vão rir de gente gritando e se contorcendo histericamente, porque eu não quero nem dividir os mesmos bits e bytes com você.

Desfavor não é inclusão. Nunca foi. Não consegue entender as piadas? Corre atrás. Não quer correr atrás? Divirta-se com as figurinhas. Entendam o seguinte: Em tempos de Google e Wikipédia, ignorância (pelo menos da classe média para cima) é escolha. Em outros tempos vá lá… mas hoje em dia é DEVER cívico não aliviar para quem tem preguiça de aprender.

É impossível evitar humor mais chulo e óbvio, eu sei. Mas isso não significa que devemos achar normal que ele seja um dos nossos objetivos. Não pode se contentar com esse pouco. Uma piada sutil bem colocada num Desfavor Explica tem muito mais importância do que um texto inteiro feito para ser engraçado. A piada que comunica é sempre mais valiosa.

Esse tem que ser o nosso norte. Humor elitizado para não cairmos na vala comum. Quem quer falar para todo mundo acaba não falando com ninguém… Sejamos tudo, menos ecléticos (ha).

Para dizer que não achou a menor graça, para perguntar se meu texto foi uma piada, ou mesmo para dizer que é contra tudo que aliene gente burra daqui (ha): somir@desfavor.com

SALLY

Quem conhece a figura já deve saber que era de se esperar… Somir tirou férias, mas está com um olho no peixe o outro no gato. Já me mandou um e-mail advertindo sobre a importância de manter um certo “nível” no nosso humor, para filtrar o tipo de leitor que teremos. Uma postagem sobre o Bonde das Maravilhas, seguida por um Siago Tomir fizeram soar o sinal de alerta. Ele me perguntou se é assim que vai ser na ausência dele, se eu pretendo transformar o Desfavor em um “galinheiro” e outras coisas um pouco menos delicadas. Somir acha que o humor que tem valor é o humor inteligente, coberto por referências que só quem tem muita cultura consegue perceber e entender. Somir está contrariado com os rumos que o humor está tomando agora que ele resolveu sair de férias. Não sei se vocês se lembram o que aconteceu da última vez que ele ficou contrariado com isso…

Depois de acompanhar as postagens da semana passada (e o aumento na audiência) ele está um tanto quanto incomodado. Para fazer de um limão uma limonada, resolvemos trazer a discussão para cá: Qual é o melhor tipo de humor, aquele mais sofisticado, composto exclusivamente por piadas com referências elitizadas ou um humor mais eclético? Bom, quem acompanha a gente desde 2009 vai saber claramente como eu vou me posicionar: o difícil não é fazer o difícil, o difícil é fazer o versátil. Nada supera um humor eclético.

A Madame aqui de cima acha que um humor mais elitizado, composto por referências de complexa compreensão sempre será melhor. Muitas vezes o vejo usando esse humor para “filtrar” pessoas, como se pessoas inteligentes sempre quisessem um humor igualmente inteligente. Quem disse? E se a pessoa estiver em um dia exaustivo e quiser rir fácil de algo rápido e imediato? O humor bem-feito é aquele que vem em camadas, como uma cebola, onde em um mesmo contexto se encontram as camadas mais superficiais que não demandam esforço algum de compreensão por parte do interlocutor e as últimas são compreendidas por poucos, muito poucos. Reunir isso em um único lugar é uma arte que poucos dominam.

Essa setorização do humor sempre me chateou. De uns tempos para cá ela vem se tornando ainda mais ostensiva: o povo é burro, então só se faz programa de humor pensando no povo burro. Acabou, é o mercado que domina o que vai ser apresentado. Não precisa ser assim, é possível reunir várias camadas de compreensão de modo a agradar os mais diversos públicos e até, quem sabe, ao introduzir esse humor novo, um pouco mais rebuscado, incentivar quem não está acostumado a pensar a refletir. Sim, eu sou romântica, eu acredito que muito da “burrice” do brasileiro seja consequência da falta de estímulo intelectual, dessa zorratotalização do humor. Vamos apresentar, além do tradicional, um plus? Pega quem quer!

Outra coisa: porque alguém iria querer “filtrar” um público de humor? Ora, se os ricos também choram, os pobres também riem! Qual é o demérito de fazer uma pessoa mais popularesca rir? Para conseguir isso é preciso descer o nível a ponto de que cabecinhas mais pensantes não tolerem o grau de demência daquele humor? NÃO, PORRA! Dá para fazer tudo. Dá para criar algo onde, em um primeiro momento, TODOS riam: o analfabeto do Acre, a vendedora de Acarajé de Salvador, o executivo paulista e o traficante carioca. Desde que não se limite a isso. Desde que depois, o humor continue se aprofundando, de uma forma simpática e sem soar como exclusão, de modo a que a vendedora de Acarajé, o analfabeto do Acre e o traficante carioca possam não entender muito bem a piada, enquanto que o executivo de São Paulo rola de rir. Não importa, os outros três já riram o bastante para retornar mais vezes em busca de mais. E o executivo de São Paulo não teve sua inteligência insultada por uma piada rasa que mal o satisfaz. Humor, Meus Queridos Leitores, tem que ser um bufê self-service, onde se disponibiliza de tudo e cada um pega para si o que tiver vontade naquele dia.

Reparem que eu disse “tiver vontade”. Ou seja, não é uma regra rígida que pessoas intelectualizadas, inteligentes, ou sofisticadas sempre quererão um humor assim. Quem já fez uma tese de doutorado sabe que tem dias que o cérebro está dormente, fadigado e não se quer nada além de um bom humor fácil. Por mais que você adore salmão, trufas, caviar ou lagosta, quem te garante que um dia não vai bater aquele desejo por fast-food? O papel do restaurante é servir tudo, para que você, Querido Leitor, escolha o que te atende melhor naquele dia e, sendo o caso, coma de tudo se quiser! É assim, fiel a esta premissa, eu escolho meus temas desde 2009: do holocausto ao cocô que não vai embora quando você dá a descarga, sirvam-se daquilo que melhor os aprouver naquele momento. Texto meu ensina primeiros socorros com a mesma facilidade que fala sobre o que os idiotas andam enfiando no cu.

O fato de escrever um humor popularesco (entenda-se: Siago Tomir e Sally Surtada) me desmerece? Não. O que desmerece é o fato de SÓ saber escrever humor popularesco. Porém, creio eu, todos os extremos são ruins. Da mesma forma que só popularesco é medíocre, só elitizado também o é. A grandeza consiste em saber fazer se tudo, saber transitar entre várias nuances. O preto e o branco são tão empobrecedores… E, como eu sempre defendi, mesmo que caia uma penca de populares aqui, sempre podemos aprender alguma coisa com eles. Se tem uma coisa que posso afirmar, por ter passado uma vida trabalhando apenas para pobre é isso: mesmo sem querer, eles acrescentam. A diversidade ensina mais do que qualquer coisa nessa vida.

O que impede que em um mesmo texto (ou piada, ou história ou seja lá o que for) se mescle uma referência envolvendo política internacional, física quântica ou um feito histórico com uma situação escatológica, um palavrão bem contextualizado ou uma ridicularização óbvia? Sabendo onde e quando colocar estes elementos de modo a que eles estejam em harmonia ou de forma complementar, teremos um resultado engraçado e versátil. Cada qual aproveita o que pode e o que quer no meio de tantos recursos. Mesmo que você não coma a cereja do sundae, vai usufruir do sorvete, da calda e do granulado.

O humor tem mais valor quando é democrático, quando alcança a todos, ainda que nem tudo seja de compreensão universal. Eu vou além: mesmo quando a diferença é maior do que um simples grau de instrução ela pode ser superada. Se você pegar bons humoristas de Stand Up de outro país, eles te fazem rir, mesmo com todas as diferenças culturais, porque no fundo, somos todos seres humanos. E nem me refiro ao humor dos EUA, ao qual fomos expostos desde pequenos através de cosplays brasileiros que o imitavam e já estamos mais do que acostumados. Veja um vídeo de bons humoristas de outros países (recomendo o argentino Fernando Sanjiao), por exemplo. Apesar de toda a diferença cultural (e entre Brasil e Argentina, ela é enorme, mesmo que não pareça), se o humorista for bom, você vai rir. Se um argentino pode fazer um brasileiro rir, um brasileiro pode fazer brasileiros de várias camadas sociais e graus de instrução rirem também.

Se essa questão fosse levantada anos atrás, eu estaria aqui escrevendo com o pé nas costas, mas como uma vez tomei um “Tssst!” A La Cesar Millan de vocês porque queria fazer a cobertura do reality “A Fazenda”, eu já não sei muito bem o que esperar. Para quem chegou faz pouco, o que se deu foi o seguinte: eu me propus a manter as postagens regulares e, como plus, no fim do dia, acrescer um texto sobre “A Fazenda”, ou seja, aquela postagem diária que o leitor estava acostumado não seria sacrificada, apenas acrescentaria mais um texto. A questão foi colocada em votação e a maioria decidiu que não, muito obrigado, não queriam postagem nenhuma sobre “A Fazenda”. Então, já que humor básico nem sempre é muito bem vindo, venho aqui mais uma vez submeter a questão a vocês: estão sentindo falta de um humor mais “elitizado”? Porque o fato de que eu não o faça sempre, não quer dizer que eu não saiba fazer, ser versátil é uma escolha. Se o trash está incomodando, eu elitizo. É só pedir. Somir caga e anda para o que vocês pensam, mas eu não.

Até segunda ordem eu continuo achando que a melhor receita é ir de ponta a ponta, desde aquela piada fácil e boba que até criança entende até aquela piada que de tão rebuscada é quase um easter egg. Por mim, boto tudo na bandeja e cada um pega o que quiser.

Para dizer que depois de tantas metáforas gastronômicas tem certeza de que eu sou uma gordinha gulosa, para me perguntar porque eu ainda dou bola para os faniquitos do Somir envolvendo “nível” ou ainda para dizer que muito pelo contrário, em vez de elitizar tem que ser cada vez mais trash: sally@desfavor.com

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Comments (58)

  • Eu adoro os textos do Somir, adoro humor elitista, porém é óbvio que a Sally se dedica mais a RID e, por isso, acho que a opinião dela deve ser ponderada com mais cuidado, independente da argumentação. Por isso, acho injusto o Somir simplesmente reclamar do que ela faz. Acho que a Sally deve ter liberdade para fazer o tipo de humor que desejar, afinal os bm´s nunca vão permanecer por muito tempo por aqui, uma vez que o desfavor não é só humor.

  • Olha… concordo em certo aspecto com o Somir, até porque eu também gosto desse dito “humor elitizado”. Principalmente na literatura: Oscar Wilde, James Joyce, ou mesmo Saramago ou Dostoievski estão cheio de referências pesadas que, num primeiro momento, parecem até não ser entendível, mas, depois, você passa a rir em sentido amplo. Chega a ser uma espécie de “riso sério”.

    Ok, mas estamos falando de literatura, e obviamente que há uma discrepância entre uma leitura literária e uma leitura de blog no meio virtual. Por isso concordo com a Sally: preferível diversidade do que elitização. Elitizar demais acaba sendo uma forma de exclusão! Mais: se o Somir está incomodado, ele que abra um blogo só dele oras! ham…

  • Somirices… Quem “Lygah”? Faz favor, né? Sem a Sally esse barraco já tinha caído há muito tempo. Sorry, Somir, adoro sua escrita e seus argumentos, muito válidos e muito necessários, sempre. Seu humor ácido e elitista faz muito bem quando dá suas graças por aqui. Mas Sally é essencial, Sally é vital. Então, nem tenta competir, tá? Sallyta, siga arrasando, please! Desfavorecidos em geral agradecem. Que mal tem se o BM der uma olhadinha? Quem tem medo de BM põe do dedo aqui ^^

  • realmente, concordo com o somir por uma simples questão: selecionar.
    nao consigo assistir nenhum programada da globo quando o quesito é piada. na verdade eu nem assisto mais tv aberta. enfim, prefiro piadas pensadas, sutis e críticas.

    • Eu também não consigo assistir nenhum programa da Globo, mas isso não me impede de escrever com várias camadas de compreensão!

  • Discordo desse negócio de “quem é eclético não tem gostos”. Eu por exemplo não tenho um ou dois assuntos preferidos, tenho vários e por pesquisar e me atualizar bastante possuo um bom conhecimento sobre cada um deles. Prefiro mil vezes ser considerado eclético do que unidimensional. Já que andei conversando bastante sobre lutas nesses últimos dias (Em outros lugares e até mesmo aqui), a seguinte analogia cai bem: Pegue um lutador de MMA que domina grande parte das modalidades de luta e o coloque contra um lutador unidimensional, um boxeador por exemplo. Não importa quão bom seja o boxeador na sua especialidade, o lutador mais completo vai lhe dar uma surra sem qualquer dificuldade. Vai levar vantagem até mesmo em pé por saber usar bem chutes, cotoveladas e joelhadas, vai botar pra baixo e aplicar golpes, vai finalizar e encerrar a luta quando bem desejar. Da mesma forma, coloque uma pessoa considerada eclética contra uma que domina bem apenas um assunto em uma competição de conhecimentos gerais, é claro que o eclético, se de fato for eclético, vai levar ampla vantagem e vencer. A pessoa eclética é mais preparada pra diferentes situações, é mais preparada até mesmo pra conversar bem e se relacionar com outras pessoas. E ao contrário do que diz o primeiro texto, preguiça eu considero o sujeito se alienar em determinado assunto ou ramo de profissão e ser um ignorante em outras coisas, e conheço gente assim.
    Sobre a questão do humor, eu não vejo problema algum em humor simples, assim como também não vejo problema em músicas simples, por exemplo. A diferença está entre o simples e o desleixado É claro que gosto de um humor mais sofisticado, mas não apenas disso. Eu assisto e gosto do CQC, que apesar de ter decaído bastante ainda me é agradável. Tem piadas simples e piadas de entendimento um pouco mais difícil, algumas pras quais você precisa ter uma certo conhecimento sobre o que está acontecendo na política do Brasil. Então ainda considero o programa bem melhor do que a maioria dos entulhos da TV aberta, principalmente por ter relevância de cunho social, fazer denúncias e etc. Por outro lado, não consigo assistir nem 5 minutos daquela porcaria do Pânico. Não adianta, não dá, chego a ficar com raiva das pessoas que conseguem rir vendo aquelas babaquices de fazer anão escorregar no chão ensaboado, aqueles bordões exagerados, as briguinhas internas combinadas e as piadinhas que conseguem ser mais rasas e toscas do que as do Zorra Total. O humor do Pânico não é apenas simples; é retardado, bobo, popularesco e desleixado. Acho que eles mesmos devem rir das pessoas que riem daquela merda, pois não é possível que não saibam o quão ruim e medíocre é o trabalho que fazem.
    Nunca vi nada do tipo aqui. E acho bem positivo haver variabilidade não só de assuntos (Como de fato tem) como também da forma de abordar esses assuntos seja através do humor ou da crítica ou de ambos ao mesmo tempo (Afinal, o humor é uma bela e poderosa arma de crítica).

    • Há um mal entendido. Muitas pessoas acham que um humor de mais fácil compreensão necessariamente será um humor ruim. Isso nem sempre é verdade, existem piadas básicas, simples, fáceis e que ainda assim são engraçadas. É como pensar que se um produto é caro ele é bom: um erro muito do bobo.

  • Rorschach, el Pistolero

    Bom, essa é uma questão interessante. Pra ilustrar meu ponto de vista, usarei o novo ídolo do Desfavor (e responsável por grande parte dos novos leitores): Danilo Gentili.

    Eu já tentei várias vezes gostar do Danilo Gentili humorista. Já vi o Agora é Tarde várias vezes (ainda vejo sempre que vai ao ar e provavelmente verei no SBT), já vi o show dele de política no Netflix e já fui ver uma apresentação dele ao vivo. Por maior a minha boa vontade, fui obrigado a concluir que o Gentili é um humorista muito fraco e cujo repertório de piadas é pra adolescentes.

    Porém, o site Respondendo Idiotas (onde ele fala sério e se defende das “polêmicas” em que é metido), é muito parecido com o Desfavor. Muito mesmo, mostra que ele é capaz de raciocinar de maneira muito lógica e capaz.

    Assim, por causa desses relances de racionalidade que eu acompanho o Gentili e consigo relevar o humor juvenil dele.

    E é assim quando surgem esses textos mais “ecléticos” no Desfavor. Não são pra mim, mas eu leio e sigo a vida pro dia seguinte ver outra coisa. Tem quem goste (e, pelos comentários, estão em maior número do que quem não gosta), aumenta a popularidade do blog (por mais que o Somir diga que não, acho que o projeto de vocês PRECISA de gente, certo?) e ninguém sai perdendo.

    Em todo o caso, eu prefiro quando o humor é mais complexo e isso não tem nada a ver com o tema das piadas, mas como elas são feitas. Não é preciso fazer piadas com física teórica ou referências à bandas independentes de música folk do interior do Kiribati pra ser “humor complexo”. A diferença está na formulação da coisa e na criatividade do ponto de vista.

    • Também acompanho o trabalho dele e tenho uma opinião bem contrária a sua, o “politicamente correto” por exemplo é muito bom, só o fato dele tratar de política já o deixa longe de um “humor feito pra adolescentes”.
      Também achei muito bom o blog “respondendo idiotas”, no último texto ele comentou entre outras coisas sobre a famosa frase clichê usada por aqueles que criticam um humor mais ácido que as vezes tem as minorias como alvo: “Humorista bom era o Chico Anysio que não precisava apelar pra essas coisas pra fazer rir”. Perdi a conta de quantas vezes li e ouvi esta frase reformulada de diversas maneiras, sendo que o Chico também tinha um amor politicamente incorreto, pelo menos de acordo com o que esses imbecis consideram correto e aceitável.

  • Impor um certo limite quanto aos temas que serão abordados okay, como foi feito no caso de A Fazenda, porém regular o humor empregado no texto beira ao exagero, como o (a?) @ disse.
    Nos textos do Desfavor o humor nunca chegou próximo ao do nível zorra total, por exemplo. Não acredito que a forma com que ele seja empregado vá fazer BM’s e cia ficarem por aqui. No máximo caem em um texto de fácil compreensão e na próxima postagem não aguentam ler até o final da primeira página e não retornam mais.
    Enfim, se tem que optar por concordar com um de vocês, dessa vez concordo com a Sally.

  • Blog eclético ou elitista? que mal há em ser um pouquinho de tudo?
    Ao meu ver o desfavor deste site, pelo menos na minha concepção, mesmo que não seja este a verdadeira intenção ou objetivo do blog, esta em apresentar aos seus leitores os dois lados da moeda, como a Sally disse, desde o holocausto até a merda que sai do ânus (haha).
    Os Argumentos do Somir são válidos, como sempre, mas a diversidade do blog o torna impecável…pra que mexer no que tá quieto?

  • É muito libertador saber que em meio a tantas cobranças e estresse da vida diária, assistir um programa trash de vez em quando não faz de mim uma pessoa burra.

    Compreendo a preocupação do Somir, sempre ele levanta essa questão, sempre. Isso não é novidade, vejo essa dinâmica de sempre, que é funcional tb!

    Esses momentos de faniquitos me fazem refletir. Mas vamos relaxar!

    • Somir SEMPRE faz isso: tira férias, fura postagem, fica ausente e em vez de agradecer que eu estou aqui segurando a peteca, reclama da forma como o faço. E ainda tem gente que dá razão a ele, como se eu sem ele fosse uma louca, incapaz e sem noção que fosse estragar um trabalho de cinco anos que só deu certo pela Magnânima presença somiresca norteando a condução do Desfavor. Vão tomar no cu…

  • Foi por causa do quadradinho de 8 que ele criticou?
    Pois eu prefiro estilo eclético. Querer regular humor já é exagero.

    • Foi porque semana passada não teve nada muito educativo, digamos. Eu sempre alterno humor escrachado com um contraponto mais cultural, tipo um Desfavor Explica. Mas semana passada deu vontade de fazer vocês rirem e só, porque vai, já basta esse calor do cão, esses impostos escrotos, esse começo de ano cagado… então emendei com um Siago Tomir e ele entrou em estado de alerta e me advertiu da necessidade em variar um pouco as postagens nesta semana para “não virar esculhambação”.

      Observe eu não me importar

  • Concordo plenamente com o Somir, e já repeti essa frase “Eclético é que não sabe do que gosta” muitas vezes, quando você pergunta algo pra alguém e ele não sabe sequer dizer um exemplo do que gosta e vem com esse papo de “Sou eclético”, eu já nem crio expectativas, pois é certeza que a pessoa mal sabe sobre o assunto e jogou essa frase pra não falar outra coisa como “Não entendo disso e não sei do que gosto”.

    E eu também acredito que pelo menos aqui na Republica, quanto mais elitizado melhor, e como Somir citou, quem não entendeu o Google tá ai pra te ajudar, não sabe nem recorrer a isso!? Então se auto suicidi-se a si mesmo!

    Ps.: Pra que tanto esforço em triar postagens e audiencia em geral do blog pra ficar tentando fazer humor pra agradar todo mundo? Não concordo com esse papo de “Tô com preguiça de pensar hoje então vou assistir piadas do Didi porque é mais fácil rir de alguém sendo molhado por um balde com água!”, ai não né, pelamordedarwin, somos mais evoluidos que isso (pelo menos alguns eu acho).

    • Só que o ecletismo não diz respeito a quem lê, e sim a quem ESCREVE, um pequeno detalhe que desmonta toda a argumentação.

      • Ok Sally, então vou reformular a minha argumentação!

        Partindo do principio de que quem tem a pretensão de ser eclético seja o autor do texto, obviamente se ele escrever de maneira a agradar a todos, também atrairá todos os tipos de público, correto? Pois se o escritor procurar aumentar o nível de complexidade da escrita, seja de cunho humoristico, politico, social ou seja lá o que for, obviamente acabará quase que involuntáriamente excluindo pessoas que não tiverem o mesmo nível intelectual mínimo para compreender a proposta do texto. E é ai que ao meu ver está havendo uma divergência de idéias, pelo menos da minha parte, pois o que eu mais vejo aqui são os dignissimos lideres intelectuais desta Republica referindo-se aos caros colegas leitores assiduos do blog, que devem possuir uma capacidade cognitiva acima dos internamente nomeados aqui “BM’s”, que seriam pessoas da nossa sociedade com manias e formas de pensar massificadas em geral, mas até ai estaria tudo ótimo, desde que a partir de agora, não passem a achar que é obrigação fazer textos fáceis de entender apenas para agradar ao público!! Mas que raios é isso!! Que adianta fazer diferenciação, e afagar os leitores dizendo que eles são melhores que os “BM’s” e mesmo assim, querer agradar a quem não compreende a proposta do blog!? Se é pra diferenciar pessoas, e elitizar o blog, que seja generalizado, e nas palavras do sempre sútil Tiago Somir nosso mestre, “Um enorme pau no cu de todos que ficarem reclamando que não conseguem acompanhar… “

        • Novamente premissa errada.

          Sim, aqui tem uma peneira forte do nível intelectual das pessoas, mas não o fazemos sofisticando o humor, o fazemos através da escrita, do número de páginas e do contexto geral do blog. Uma pessoa que cai em um texto fácil (como vira e mexe acontece, em enxurradas) não fica porque no conjunto da obra, nos textos subsequentes, ela não aguenta.

          • Ok, estamos falando especificamente de textos de humor, então eu tenho que dizer que é melhor fazer um humor mais sofisticado sim, mais do tipo… piadas de um assunto bem técnico, impopular ou pouco conhecido, dou como exemplo o texto do Des Contos onde há claramente uma analogia sutil com a religião e os movimentos e jogadas de xadrez, que nem todo mundo conhece, mas se quiser é só pesquisar, afinal nem todo mundo sabe o que é um “mate pastor” se não tiver jogado ou pelo menos lido sobre xadrez. É desse tipo de texto que eu falo, eu ri muito com esse texto mas não sei se alguém que não jogou xadrez entenderia tudo tão facilmente, e é isso que é bom no texto, alguém sensato que não tiver entendido irá pesquisar sobre, e quem não entender e não se importar em entender, não deveria nem ler então.

            • Me aponte UM texto de humor meu que seja sofisticado.

              Não é você que adora Siago Tomir, histórias onde pessoas cagam dentro do carro, onde papagaios falam palavrão, onde vacas morrem esmagadas? Onde está a sofisticação de Siago Tomir?

  • Taí Sally! Por que você ainda da bola pros faniquitos do Somir?
    Eu sou uma pessoa de riso frouxo, a Valéria do Zorra Total me faz chorar de rir, então eu gostaria que os dois tipos de humor estivessem presentes no Desfavor.
    Acho que cada um se encaixa melhor. Por exemplo, acho que a leitura do Somir dos clips BM’s é mais legal; enquanto que as ironias e zoações a respeito de regionalidade da Sally são impagáveis.
    Nem precisava ter essa discussão: cada um mantenha seu estilo e continuem mantendo os impopulares felizes e sorrindo. Ou chorando.

  • Eu gosto dos dois extremos (embora ache que eles não existam dessa forma tão simples). É bom considerar que humor trash, simples e burro são coisas bem diferentes. E essa discussão parece o lance do gato de Schodinger: vocês abriram a caixa e a graça morreu. Se for escolher, fico com a Sally. Humor muito rebuscado e elitizado, buscando a sofisticação como um objetivo em si só, é péssimo. Vale lembrar que as comédias de Shakespeare são engraçadas por alguém é corno, ou burro, ou manco, ou gago. A sofisticação pode estar no veículo, nos detalhes, no desfecho, mas não pode ser o cerne da coisa toda. E as minhas piadas preferidas ainda são aquelas bem bestas. Exemplos:
    (1) Dois caras estão bebendo num bar. Um olha para o outro e diz: quanto você aposta que eu vou morder meu olho? O outro responde (pensando: esse cara bebeu demais) 50 paus. O cara tira o olho de vidro, morde e pega a grana. O outro xinga. 5 minutos depois, o mesmo cara diz: quanto você aposta que eu vou morder meu outro olho? Aí o outro pensa, esse filho da puta é maluco e não é cego, e diz 500 reais. Aí o cara tira a dentadura e morde o outro olho.
    (2) Dois caipiras chegam no guichê da rodoviária. Um pergunta: moça, tem passagem para o Esbuí? A moca: QUÊ? O caipira: eu quero comprar uma passagem para o Esbuí. A moça: olha, não tem passagem pro Esbuí aqui não. Aí o caipira vira para o outro e diz: Esbuí, a moça não quer vender passagem pra você…

    • Quem já trabalhou no Tribunal do Júri como eu sabe transitar nesses dois mundos. Você tem que convencer sete populares leigos e desinteressados, que estão ali obrigados, da inocência do seu cliente. Se você explica tudo de forma simples, em bom português eles acham que “essa mulher não sabe nada”, porque a outra parte falou “mais bonito”. Se você cospe um amontoado de jargões jurídicos eles não entendem uma vírgula e acabam decidindo ao acaso. Logo, durante toda minha vida fui treinada para preparar uma “apresentação” que abarque QUALQUER público, pois nunca sabia exatamente quem estaria sentado como jurado. Requer muito treino, muita versatilidade, mas sim, é possível de fazer.

  • Eu concordo com a Sally, mas Somir nos deu uma frase muito interessante… “Eclético é o gosto de quem não tem gostos”, e realmente é o que penso, mas em relação ao humor, diversificar é bom. Eu curto muito as piadinhas mais burras para pessoas de média inteligência, como as piadas sobre loiras, gays e etc… Mas também gosto de piadas inteligentes em programas inteligentes, como CQC e afins. É bom variar. As vezes você acorda naquela vontade de não ter que pensar muito para entender uma piada, já em outros, você quer desafiar seu intelectual.

    PS: Sally, eu estava vendo aquele programa novo na Globo ontem, o tal do ‘Divertics’… Tipo. O formato do programa é ótimo, mas as piadas são péssimas. Em todo não é tão ruim assim. Ainda é melhor que Zorra Total… Até um cachorro peidando é mais engraçado que Zorra Total.

    • Matheus, não sei o que acontece com os roteiristas da Globo. Deve ser uma equipe de crianças com Síndrome de Down, porque mesmo com bons atores fica TUDO uma MERDA. O que fizeram com o Adnet é imperdoável. Para não ser injusta, eu conheço UM roteirista da Globo e ele é uma pessoa ácida, bem humorada e até mesmo politicamente incorreta, o que me leva a crer que a Globo exige deles piada nível débil mental, seguindo a linha do Jornal Nacional, que foi feito pensando no Homer Simpson, como o próprio Bonner declarou. Burrice, a audiência da Globo vai de mal a pior…

      A frase do Somir é meio tendenciosa. Uma pessoa não precisa ser eclética para gostar de tudo, o que pode acontecer é que, em determinados dias, por circunstâncias externas, ela pode preferir outro tipo de humor que não o habitual. Isso não a faz “não ter gostos”

      • Eu tenho que confessar que assisto as novelas da Globo… As das 21:00 é claro. Mesmo assim, não são todas que me agradam. É uma espécie de “Prazer Culposo”. Mas agora, quer me castigar? Me coloque para assistir a Zorra Total. Pelo amor de Deus. Aquilo lá é tortura psicológica. Eu ainda não sei porque esses humoristas realmente bons vão para Globo. Entram na emissora, fazem um programa meia boca e depois são esquecidos e descartados. Espertos são os que vão para a Band e SBT (e olha lá).

        • Acredito que seja pelo salário e pelas portas que essa exposição abre para ficar fazendo propaganda de coisas de pobre tipo Guanabara, Corega e Casas Bahia. Eles ganham bastante no merchan

        • As vezes eu assisto aquela novela da Record, Pecado Mortal. E não me envergonho disso não, haha, basta assistir um dia pra ver que é bem diferente daquelas porcarias popularescas da Globo que tão parecendo mais novelas mexicanas. Essa novela me soa como uma espécie de seriado bem ao estilo que eu gosto; cenas relativamente curtas (nada daquelas cenas chatas e intermináveis), diálogos rápidos, texto relativamente inteligente e cheio de tiradas irônicas, e o legal também é que não tem muitos clichês , o “mocinho” e a “mocinha” não são politicamente corretos e sem graça por exemplo. Tô gostando.

  • Seria muita inocência do Somir achar que em um blog aberto ele só iria encontrar leitores elitizados… Hahaha… Amigo, não é possível. Conforme-se!
    Sally, por isso gosto de você. Sempre está disposta a ajudar os menos afortunados financeiramente e intelectualmente.

    Obs: passei novas informações por e-mail.;)

    • Nem é questão de desafortunados! Tem dias que eu chego tão intelectualmente exaurida que vou direto no programa do Ratinho! São questões circunstanciais!

      Eu acabei de ver o seu e-mail e simplesmente não estou acreditando. ME DIZ, PARA QUE?

    • Eu acho possível sim Ginger, é claro que impedir as pessoas de ler os textos não é possivel, mas o que o Somir e a Sally fazem de limar os comentários já é uma atitude excelente, porque uma coisa que é caracteristica de BM é querer aparecer, ai se você não dá ibope, não pública comentários mal escritos e desconexos, você já barra ai, pois imagine a raiva de alguém que lê um texto daqui, discorda, e ao invés de argumentar, simplesmente quer xingar e esbravejar e ameaçar quem escreveu o texto, imagine a raiva que eles devem passar ao verem que seus comentários não estão sendo publicados e se mandarem por e-mail não forem respondidos! Eles devem se morder de raiva por estarem sendo sumariamente ignorados, e pra mim essa é a melhor punição pra esse povo, ignorem os ignorantes!!

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