Desfavor Convidado: Um mago sem destino.

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Desfavor Convidado é a coluna onde os impopulares ganham voz aqui na República Impopular. Se você quiser também ter seu texto publicado por aqui, basta enviar para desfavor@desfavor.com.
O Somir se reserva ao direito de implicar com os textos e não publicá-los. Sally promete interceder por vocês.

Desfavor Convidado: Um mago sem destino.

Introdução

Desde minha tenra juventude, tenho criado histórias e mais histórias, sendo que nenhuma delas consegui finalizar. Surpreendentemente, ao longo do tempo, fui vendo que histórias muito parecidas com aquelas que eu inventava apareciam na TV, no cinema ou em alguma revista em quadrinhos. Na minha opinião essas ocorrências são coincidências, mas tomei a decisão de começar a publicar as histórias que crio, mesmo que elas sejam ridículas, mal escritas e sem sentido. Sendo assim, inicio aqui meu primeiro projeto de ficção que pode ser influenciada pelos comentários que vocês deixarem ao final da postagem. Ou não….

A publicação do livro será feita em capítulos e dividido em partes, respeitado assim o limite de 4 páginas das postagens. Quando isso acontecer, ao final da postagem ficará escrita a palavra “Continua…”. Por vezes um outro capítulo começará na mesma postagem, mas pretendo evitar que isso aconteça, mesmo que o capítulo finalizado não atinja as 4 páginas. Espero que gostem da experiência e deixem críticas e ideias ao final de cada parte do texto. Sempre que adotar alguma ideia de terceiros, criarei um personagem em homenagem ao criador da ideia, além de dar o devido crédito.

Bom, é isso gente, aproveitem a leitura.

Capítulo 1 – Tabula Rasa Parte 1

Raul acordou com o despertador e a campainha tocando ao mesmo tempo, mas mesmo assim demorou para se levantar. Calmamente desligou o despertador e finalmente foi atender a porta, mas ao olhar através do olho mágico, não viu ninguém. Intrigado, ele abriu a porta e confirmou que não havia nenhuma pessoa por perto que pudesse ter tocado aquela campainha. Ainda tentava entender a situação quando viu uma carta no chão, próxima ao vão da porta. Pegou a carta, entrou e fechou a porta com uma leve batida de frustração. Displicentemente, jogou a carta por cima da mesa da cozinha e fez um café em uma cafeteira comprada recentemente. Em menos de um minuto ele segurava uma xícara fumegante nas mãos e provava um café forte produzido em Minas Gerais. Saboreou cada gole antes de voltar sua atenção a carta misteriosa, que permanecia na beirada da mesa e que poderia cair a qualquer momento. Ele se sentou em uma cadeira, pegou a carta e viu seu nome escrito em bela caligrafia, mas não havia nenhum remetente. Aproveitou o vapor do café para abrir a carta sem rasgá-la e dentro encontrou um pequeno bilhete que dizia:

“Você está sendo convocado para conhecer os mistérios do Grande Buraco Negro do Universo, aguarde alguns dias que entraremos em contato”.

Ele leu e releu várias vezes o bilhete, imaginando qual de seus amigos teriam lhe pregado aquela peça. Logo pensou em Eduardo, um colega fanfarrão de escritório, mas descartou a possibilidade já que o rapaz não sabia onde ele morava. Esqueceu o assunto, guardou o bilhete e foi tomar um banho, esperando que aquele dia ocorresse com tranquilidade, sem outras surpresas. Ao entrar no banheiro, ele percebeu que suas esperanças de um dia tranquilo iam por água abaixo, pois uma estranha energia permeava o ambiente. Era uma energia densa, feito uma névoa, que aos poucos foi se materializando na silhueta de uma pessoa. A silhueta foi ficando cada vez mais definida e Raul viu que ela se transformava em um homem com cerca de 60 anos de idade.

_Olá. – disse Raul, mas o homem se manteve impassível, como se não o tivesse escutado.

Já bem materializado e definido, o homem caminhou até a pia, abriu o espelho e pegou um potinho de comprimidos. O homem sumiu no mesmo momento em que engoliu vários comprimidos, deixando Raul pasmo com a situação. Minutos se passaram até que ele voltasse a ter alguma reação e considerou que aquele evento não havia passado de uma alucinação. Já recuperado do susto, Raul tomou seu banho, se trocou e se preparava para sair quando o quarto foi invadido pela mesma energia que ele havia visto no banheiro. Era o homem novamente, que desta vez se materializava para caminhar da porta até a cama, aonde se deitou e sumiu novamente. Desta vez Raul ficou realmente assustado, pois sua intuição lhe dizia que aquilo era mais que uma alucinação. Rapidamente ele saiu do apartamento e desceu as escadas correndo, parou apenas quando chegou na portaria sob o olhar curioso de Pedro, o porteiro da manhã.

_Bom dia. – disse o porteiro para um Raul ofegante, que apenas acenou em resposta.

_Alguém morava naquele apartamento antes de eu me mudar para cá? – perguntou Raul já com o fôlego retomado.

_Sim, morava um casal de velhinhos chamados Vera e Sebastião. Eles eram muito simpáticos, viviam me dando pedaços de bolos e outros quitutes. No início do ano a senhora morreu de câncer e Sebastião se matou pouco antes de você se mudar para cá. Como eles não tinham familiares, todos os móveis deles ficaram no apartamento.

_Isso explica porque me alugaram esse lugar tão barato.

_Algum problema senhor?

_Não, problema algum. Muito obrigado pelas informações.

_Disponha.

Raul saiu do prédio em direção ao ponto de ônibus, mas logo pensou que iria enlouquecer, pois a névoa de energia se espalhava por todos os lugares, com pessoas se materializando aqui e ali. Para piorar a situação, pouco depois de se materializarem, essas pessoas sofriam mortes de diversas maneiras. Ele mesmo quase infartou após ver um ônibus passar por cima de uma criança e sumir logo após isso. Desnorteado, ele cambaleava pelas ruas e só foi encontrar tranquilidade em um boteco qualquer. O lugar estava vazio, apesar da algazarra que acontecia da porta para fora. Ali não havia qualquer indício daquela energia macabra e Raul pensou que pelo menos teria algum sossego naquele lugar. Um atendente baixinho e barrigudo vinha em sua direção enquanto limpava um copo com um pano úmido e encardido.

_Tem dias que é melhor nem sair da cama né? – disse o atendente entregando o copo que havia acabado de limpar.

_Nem me fale. – respondeu Raul, olhando com nojo para o copo.

_Tendo um dia difícil? – perguntou o atendente enquanto colocava um líquido no copo que Raul não conseguiu identificar.

_Pois é, coisas estranhas estão acontecendo comigo hoje. – respondeu Raul, ainda sem coragem de beber o conteúdo do copo.

_Pois então veio ao lugar certo, pois esse bar é uma espécie de para-raios de gente maluca ou com problemas estranhos. Porém recebo todos esses lunáticos como um bom anfitrião, ainda mais depois que percebi que pessoas com o parafuso solto bebem mais e costumam deixar uma boa gorjeta pra gente. Acredita que outro dia desses apareceu aí um menino que dizia ver gente morta!?

_Não acredito!

_Pois é, eu também não acreditei, mas aí ele começou a falar da minha mãe, que Deus a tenha e falou pra mim sobre coisas que apenas ela tinha conhecimento. Aquele garotinho me mostrou que a vida tem mais mistérios que a gente imagina e me disse também que um dia você viria para cá.

_Ele falou de mim?

_Claro, vocês lunáticos possuem uma espécie de comunicação extra sensorial ou algo do gênero. Agora Neo você tem duas opções….

_Neo? ? ?

_É um apelido para Neófito, que é como os lunáticos chamam os novatos. Agora Neo você tem duas opções: uma é beber o líquido desse copo e ver a realidade de uma maneira diferente ou sair por aquela porta e se esquecer que um dia esteve aqui.

Raul olhou para o atendente, olhou para o copo, olhou para a porta e tomou uma decisão.

Continua….

Chester Chenson

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Comments (5)

  • Pow cara, vc é dos bons! Só podia estar aqui mesmo. Escreve de forma a suscitar o interesse do leitor, envolvimento total… virei seu fã. Falou de suspense, me ganhou. Sua humildade de prestigiar o leitor com sugestão de personagem…isto é inovador! Parabéns!

  • Alize Bernardes

    Adoro seus textos, Chester! Desde o Desmagia Negra comemoro quando aparecem postagens suas por aqui! Na maioria das vezes leio e fico quietinha, inclusive os textos da Sally e Somir. Acho que comentei no site umas 3 vezes somente, e acompanho o Desfavor há um bom tempo.

    Desculpem-me por seu uma leitora tão pau no cu :(

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