Pseudo-brigão.

Hoje quero falar sobre um tipo muito comum: o pseudo-brigão. Porque “pseudo”? Porque ele dificilmente chega às vias de fato e bate em alguém, ele apenas gosta de ameaçar que vai brigar.

Este tipo de homem se caracteriza por partir para a AMEAÇA de briga sempre que se sente afrontado, desafiado ou que percebe sua “honra” em risco. Apenas ameaça, geralmente quando sabe que vai ter alguém para contê-lo e impedir a briga. Grita, faz barulho, faz ameaças, usa o ouvido dos outros como penico até que sinta sua honra lavada. Nunca faz porra nenhuma, exceto barulho e escândalo. São os mesmos que chamam uma mulher de histérica se ela grita porque viu uma barata.

Alguns fatores aumentam o potencial de pseudo-briga, como a presença de mulheres para as quais ele queira se exibir, bebida alcoólica ou a presença de amigos para os quais ele queira parecer bem macho. Um pseudo-briguento nunca vai dar um ataque de pelancas se estiver sozinho com outro homem que o confronte no meio do deserto. Muito pelo contrário, quando estão sozinhos, eles engolem todo tipo de sapo, chegam a ser capachos, motivo de piada, as pessoas se aproveitam e pisam. Eles engolem e põe para fora uma ira para lavar a honra em pequenos estresses diários, pois sentem essa necessidade de mostrar ao mundo que não são otários. São sim, mas eles acham que um circo eventual limpa sua honra.

Daí temos o cara que briga no futebol porque o outro lhe deu um drible, o sujeito que parte para a briga porque levou uma fechada no trânsito, ou o elemento que arma um escarcéu sem precedentes porque alguém olhou para a sua namorada. Os exemplos são infinitos, mas o tipo é bem fácil de reconhecer. E está aos montes por aí. Você certamente conhece uma meia dúzia que se porta assim. Enquanto eles acham que estão provando sua macheza para o mundo, pessoas esclarecidas percebem justamente o contrário: tanto siricotico é um baita atestado de fragilidade.

Um rápido exemplo. Eu tinha um cachorrinho que pesava 5kg. Quando passeava com ele na coleira e outros cães maiores passavam ele latia, rosnava, forçava seu corpo em direção eles. Sempre. Não havia esporro ou jornalada no lombo que o fizessem parar. Um dia acordei de ovo inexistente virado e decidi que era hora dele aprender uma lição: passou um Pastor Alemão que mais parecia uma cruza de urso com leão e lá foi meu cachorrinho latir e se jogar para cima dele.

Sabem o que eu fiz? Eu soltei a coleira. Quando ele se viu livre, me olhou meio desconfiado. No meio da rua, a louca aqui falou: “Vai, Filho da Puta! Vai! Não era isso que você queria?”. Rapidamente o cagãochorro correu para o meio das minhas pernas meio que resmungando com um rosnado baixo. Essa experiência foi libertadora, porque para quem não sabe, eu acredito que o comportamento canino se assemelhe muito ao masculino, então, me trouxe uma bela resposta. Desde então, todas as vezes que me deparei com um pseudo-brigão, eu solto a coleira e digo : “Vai, Filho da Puta! Vai! Não era isso que você queria?”. De um jeito ou de outro, funciona.

Porque o que o pseudo-brigão quer é justamente uma palhaça que faça esse mecanismo de contenção: ele quer mostrar que é muito macho, que briga, que dá porrada, que não leva desaforo para casa, mas sem efetivamente brigar. Daí vemos cenas RIDÍCULAS como a de meninas de 50kg segurando um marmanjo de 110kg para que ele não brigue.

Meus Queridos, tenham amor próprio, todo mundo sabe que uma menina nunca vai conseguir segurar um marmanjo se ele efetivamente quiser brigar. Se a mãe dele estivesse sendo assassinada do outro lado da rua, vocês acham que a menina conseguiria segurá-lo? Todo mundo percebe. É patético. Menos eles, que dão seu show aos berros achando que estão reforçando sua masculinidade.

Um olhar mais atento detecta rapidamente que essa é uma modalidade de histeria masculina. Assim como mulher chora, grita, quebra coisa, homem também dá piti e faniquito, só que revestido de uma suposta macheza. Homem que quer bater, se aproxima focado na pessoa, sem gritinho, sem ameacinha, sem alarde e dá uma bela duma porrada certeira. Gente que berra, gesticula, ameaça… não quer brigar.

O showzinho pseudo-brigão pode até sair do controle e acabar de fato em briga, porque se um dia o pseudo-brigão cruza com um macho alfa de verdade, vai pagar caro pelo piti que está dando. Mas internamente eles não querem brigar. É apenas uma forma truncada de lidar com suas inseguranças e tentar manter sua honra, que eu meu ver, vai para a lixeira a partir do momento em que a pessoa ameaça e não faz. Gritou que vai bater? Meu irmão, vai lá e bate, se não fica muito feio. Gritou que vai matar? Vai lá e pelo menos tenta, porque se não fizer fica patético.

Você pode estar se perguntando porque tantos homens se comportam dessa forma ridícula. Bem, enquanto tiver plateia, tem show. Enquanto tiver uma mulher idiota fazendo a manutenção dessa babaquice, “segurando” o cara, pedindo para ele se acalmar, ficando na frente, eles vão continuar se comportando assim.

É muito cômodo poder blefar posando de valentão sabendo que o preço não vai ser cobrado. A pessoa desabafa, bota pra fora a raiva, supostamente deixa sua honra intacta e não tem o ônus de efetivamente encarar uma troca de porradas. Cômodo, eu diria. A pergunta é: que tipo de pessoa acha necessário para sua honra fazer esse escândalo?

Um exemplo concreto confirmou minha tese. Outro dia presenciei um acidente de trânsito, coisa boba, sem feridos, envolvendo dois rapazes. Ambos estavam sozinhos e ficaram de dentro do carro se ameaçando. Eu, proletariado que sou, da janela do ônibus, parada em um engarrafamento, comecei a assistir a novela da vida real. Do xingamento, os rapazes começaram a partir para as ameaças e ficaram nelas por bastante tempo, aos berros. Meu lado participativo se manifestou e gritei da janela “VEM CÁ… VÃO BRIGAR OU VÃO FICAR DANDO PITI?”. Os dois ficaram em silêncio me olhando, meio surpresos, meio constrangidos. Isso fez com que todas as pessoas do entorno prestem atenção neles, na expectativa.

Um deles desceu do carro, o outro teve que descer também, porque né, a honra… Continuaram berrando um com o outro do lado de fora do carro, de pé. Grandes merda. Começaram a se aproximar berrando e não demorou muito estavam berrando a um palmo de distância um do outro. Quando a coisa se tornou insustentável, começaram meio a que se empurrar, porque pseudo-brigão nunca mete um socão ou uma porrada de verdade, ele sempre evita ao máximo a pancadaria verdadeira, covarde que é.

Lá estavam os dois patetas se empurrando, que equivale a aquela sequência de pequenos tapinhas que mulheres se dão quando brigam. No que começou o empurra-empurra, que em linguagem corporal significa “estou alardeando que vou brigar venham me separar antes que dê merda”, uma transeunte imbecilóide se meteu a separar. Infelizmente meu ônibus andou, mas eu ainda tive tempo de gritar “BANDO DE FROUXOOOOOS”. Quisessem realmente brigar, alguém tinha enfiado um soco na boca de alguém. Não queriam, queriam mostrar que eram machos. Mostraram que eram palhaços.

É isso que o pseudo-brigão faz: ele dá todo tipo de faniquito para mostrar ao mundo que vai brigar, na esperança que alguém vá e aparte. Pensando de forma racional, para quem quer efetivamente brigar,fazer isso não é uma estratégia inteligente, pois você tem mais vantagem sobre seu inimigo se o primeiro ataque for seu e se for de surpresa. Veja bem, não me refiro a covardia, a bater pelas costas, apenas a não anunciar exatamente o que vai fazer. Quando eu brigo com alguém e pretendo socar a pessoa eu não me aproximo berrando “SEU FILHO DA PUTA, VOU TE DAR UM SOCO DO LADO ESQUERDO DO SEU ROSTO NA ALTURA DO MAXILAR, VOCÊ VAI VER!”. Né?

Quem bate, não dá aviso, justamente porque se está disposto a bater, quer fazê-lo da forma mais eficiente possível. O pseudo-brigão, como não quer bater, quer ser contido, faz barulho, grita, ameaça, grita mais um pouco. Só um covarde tem essa enorme preocupação em não parecer um covarde, gente valente não se preocupa com isso. Os pseudo-brigões sempre se juntam com mulheres que se prestam a alimentar sua neurose e fazer a contenção: “se eu gritar, ela vai me segurar, eu não preciso brigar e não saio como covarde, porque fica parecendo que não briguei porque ela me impediu”. Não seja essa mulher.

Não se deixem usar nesse papel ridículo. Da próxima vez que um pseudo-brigão fizer isso com você, incentive-o a brigar. Empurra ele em direção ao sujeito que ele está antagonizando e fala “Tá certo! Vai lá e mete a porrada nesse filho da puta! Não deixa barato não!”. Observe a reação. É engraçadíssima. Além de engraçada, é pedagógica, grandes chances dele nunca mais repetir o vexame na vida se souber que não vai ter uma palhaça para fazer a contenção.

Mudam de ideia em uma fração de segundo, no que você empurra e incentiva a briga, após alguns segundos de perplexidade, eles refugam: “Não vale a pena, não vou sujar as minhas mãos com esse merda”. Se não valia a pena, porque fez escândalo? Bipolar você, hein? Em um segundo vai matar, no segundo seguinte já não vale mais a pena? E a honra? A honra foi jogada no vaso sanitário e foi dada a descarga, porque ninguém é obrigado a sair na porrada para provar que é macho, mas a partir do momento em que ameaça, é muito vergonhoso amarelar.

Neste ponto, pode ter muita mulher preocupada pensando: “Mas… e se eu o empurrar para a briga e ele FOR?”. Minha Amiga, de qualquer forma vai ser pedagógico. Fica de olho, pois é quase certo que ele apanhe. Gente com esse perfil escandaloso costuma apanhar vergonhosamente. Daí quando a surra ficar feia, uma coisa meio que nível de internação hospitalar, você se mete e separa. Mas deixa ele apanhar um pouquinho, só um pouquinho, que vai fazer bem para a relação, sabe? Algumas vezes, só a porrada constrói. Pode ter certeza que na próxima vez ele vai pensar duas vezes antes de sair gritando que vai bater em alguém.

Você não é obrigada a fazer essa contenção. Não é “desnaturado” da sua parte não segurar um marmanjo adulto para que ele não brigue (a menos que seja seu filho, caso onde você fez a merda, você que lide com ela). Se for filho dos outros, francamente, você não é responsável por aquilo. Ou por acaso quando você se descontrola você fica no ouvido dele berrando “EU VOU COMER AQUELA TORTA DE CHOCOLATE HEEEIN! ME SEGURA! ME SEGURA QUE EU VOU COMER UMA PANELA DE BRIGADEIROOO!”. Não, né? Cada qual que lide com o seu descontrole sem colocar responsabilidades nos outros.

Claro que tem o efeito rebote: grandes chances de um pseudo-brigão largar uma mulher que para de fazer essa contenção. Essa mulheres simplesmente deixa de ser interessante/útil para ele. Sim, é um risco que se corre, mas… quem é que quer ficar com um homem para lhe servir de contenção? Não, né? Se um homem te largar porque você deixou de se prestar a esse papel, cá entre nós, já vai tarde.

Vou além: se mulher nenhuma no mundo se prestar mais a esse papel, essa conduta babaca vai ser extinta em duas ou três gerações, pois os homens vão saber que se abriu a boca para chamar para a porrada, efetivamente vão ter que cair na porrada. E a Lei de Darwin não falha: os pseudo-briguentos que insistirem, serão devidamente exterminados pelos lutadores, homens armados ou simplesmente pelos homens mais fortes, antes mesmo de passar seus genes adiante, acabando de vez com essa raça no mundo. Só depende de nós, mulheres.

Mulheres do mundo, uni-vos e vamos todas soltar a coleira e dizer : “Vai, Filho da Puta! Vai! Não era isso que você queria?” É pedagógico: se ele não for, vai saber que cada vez que der piti vai ficar desmoralizado. Se ele for, vai apanhar e dali pra frente vai pensar duas vezes antes de empombar novamente.

Para reforçar que eu vou morrer solteira, para reforçar que adoraria ter nascido lésbica ou ainda para dizer que é por causa dos Sally Surtada que há grande compreensão e tolerância com os Siago Tomir: sally@desfavor.com

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Comments (51)

  • Curti o texto. É bem assim que funciona mesmo. Só estou estranhando uma coisa: parece que subiu o pH… o que aconteceu?

  • hahaha, Sally é louca, eu queria era ter visto ela gritando da janela do ônibus para os 2 brigaram. Se um dia eu vir algúem fazendo esse tipo e coisa vou desconfiar que é ela… era pra aproveitar que a polícia viria para registrar o acidente e levaria os 2 pra delegacia por lesão corporal?
    Pois é, os cachorros pequenos sempre latem para os grandes e estes não estão nem aí.

  • Poxa vida como eu ri lendo essa postagem!!kkkkkkk
    Lembrei do meu namorado das diversas confusões que arranja, mas na maioria das vzs ele não faz escandalo nenhum… geralmente é alguém que vem fazer escandalo p cima dele e ele ja sai dando porrada sem aviso nenhum!!
    Lembrei até de uma vez que um cara mecheu conosco na rua e foi a maior confusão, mas depois esse cara veio atraz de nós com uns 5.
    Meu namorado não quria nem saber foi discutindo mesmo, mas parou qndo o “briguento começou a fazer um teatro” e esbravejava coisas como:
    Ha hoje eu quero beber sangue, eu vou pegar vocêêe….
    Meu namorado parou e simplesmente começou a rir, de gargalhar, tamanha era a palhaçada!!
    Depois que os animos passaram, que não tinha mais plateia, o “tão Briguento”, percebeu que éramos vizinhos e veio pedir desculpas p mim, para a familia e p meu namorado, e até hoje ele passa por nos de cabeça baixa. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Eu sempre me perguntava o que tinha motivado aquela cena toda e constatei que
    covarde querendo plateia é foda viu kkkkkkkkkkkkk

  • Infelizmente, nao lembro. Mas era humor da velha guarda. Me veio a mente o Dede dos Trapalhoes, porem, nao posso afirmar com certeza. Mas, imagina. Era muito engrançado!

  • É bem aquela coisa, Sally: cachorro que late… não morde! haha
    Aliás, esse exemplo do cachorro de 5kg… era o satanás por acaso?

  • Acho que é o mesmo principio de quem vai se matar. Quem quer realmente se matar vai la e se mata, mas quem quer atenção faz todo aquele escarcéu, chama imprensa, policia, ate a mãe. No tocante ao texto, acho esses caras ridículos. Brigar é macaquice, só é válido em caso de legitima defesa.

  • Conheço muitos caras assim, Sally.Me fez lembrar um personagem de humor, conhecido por fazer um escandalo antes de pedir ao seu amigo: “Me segura, me segura, fulano. Me segura.” E só depois, caso fosse atendido, caía pra cima.

  • In love com o post… vou sair mandando pros machinhos que conheço. <3
    Realmente, esses caras têm se reproduzido por contenção nossa… Parar de conter os babacas é sair da Matrix.

    E sobre o caso de quem pratica artes marciais, eu noto isso também… nunca vejo esse povo se envolvendo em briga. Eles treinam muito o controle do emocional…

    • Se ninguém fizer a contenção eles se extinguem: ou porque param de tentar brigar ou porque apanham até morrer. win/win

  • “Daí vemos cenas RIDÍCULAS como a de meninas de 50kg segurando um marmanjo de 110kg para que ele não brigue”.

    Não sei porque, Sally, mas acho que você falou por experiência própria, não? Juro que imaginei você segurando o Somir…

    • Não, não é experiência própria não. Somir não é briguento e das poucas vezes em que saiu do sério não fazia escândalo não…

  • As pessoas não são confiáveis quando estão com raiva, e quando sabem que o seu oponente é bem menor e mais fraco. O ex uma vez ameçou me bater, só escapei de apanhar porque mantive a boca fechada e não respondi o que ele merecia.

    • Pessoas SEM CARÁTER não são confiáveis quando estão com raiva. Conheço muitos homens que mesmo com toda a raiva do mundo nunca bateriam em uma mulher.

      • Mas é como você escreveu, homem frouxo não enfrenta um homem de verdade. Um dia ele encontrou o meu irmão que perguntou se ele não iria ameaçá-lo também. Ele abaixou a cabeça e saiu de fininho.
        O meu pai pode estar com a fúria que for, mas nunca ameaçou eu ou a minha mãe, e olha que o homem é bruto e mal estudou. Ele diz que mulher é coisa preciosa.

  • Essa de quem quer brigar mesmo vai lá e faz me lembrou de um homem com uma camisa do Palmeiras que dormia tranquilamente encostado na janela do ônibus, algumas poltronas na frente da minha. Nosso ônibus emparelhou com outro cheio de corintianos, e, no semáforo, um desses corintianos, dependurado, começou a bater nessa janela em que esse senhor se encostava, xingando-o de palmeirense fdp para baixo e cuspindo na cabeça dele. Nisso, o cara acordou e, sem piscar nem dizer uma palavra, abriu sua janela, agarrou o corinthiano e começou a puxá-lo para si, a ponto do infeliz ficar com as mãos dentro do nosso ônibus, e os amigos dele se matando para segurar os pés no outro. Os motoristas dos dois ônibus, percebendo a situação, começaram a acelerar e desacelerar alternadamente para fazer o pendurado se cagar ainda mais de medo. Isso durou uns cinco minutos, até que o nosso ônibus virou à direita e o outro seguiu caminho pela avenida, com o corinthiano, chorando e todo mijado rapidamente voltando para seu lugar. E o palmeirense instantaneamente roncando no banco…

  • Sei lá…ao mesmo tempo que ficar se ameaçando é patético, na minha opinião brigar também é.

    Já fui muito brigão, e já sofri consequências por causa disso que me deixaram, como a Sally citou algumas vezes, ‘mais covarde’. Nas minhas brigas, aprendi que ninguém nunca vence. Só perde menos. Numa briga, vc pode só levar um olho roxo, pode quebrar o maxilar, pode ser preso, pode causar danos patrimoniais onde estiver e ter de pagar por isso, pode quebrar alguma parte do corpo, ou sofrer lesões em orgãos, ter um desprendimento ocular, matar, ser morto, etc. E eu mesmo já sofri parte disso, só pra provar que era corajoso…em nome da honra…Hoje sei que brigar é coisa de idiota.

    Hoje em dia, se fico com raiva de algo no trânsito, xingo dentro do meu carro sem buzinar ou externar nada, pois não sei que tipo de louco tem no outro carro. Se algum filho da puta me enche o saco demais, ou o processo, ou ignoro. E assim por diante.

    Me lembro de um episódio, já passada a ressaca moral da época de briguento, que estava num karaoke com uma amiga, e algumas meninas acabaram cantando sem querer uma música que eu havia pedido. Deixei pra lá o engano, mas no fim da música passei na mesa delas (havia 2 meninas e 1 cara), comentei do engano, mas parabenizei a performance, e voltei pra minha mesa. Depois de 5 minutos me aparece um cara e diz: “Vc espera eu ir no banheiro pra ir xavecar minha mina?!” Expliquei o que tinha acontecido e ainda disse que se houve algum mal entendido que pedia desculpas. E fui virando pra minha amiga. Mas o cara queria brigar, e continuou:”Vc é cuzão…”, respondi olhando diretamente pra ele: “É. Sou cuzão mesmo.” , “VC É CUZÃO PRA CARALHO!”, “Sou cuzão pra caralho, e ai?” respondi.
    Dai o cara ficou meio perdido, não sabia como iniciar a briga e deu uma vacilada. Quando ele veio pra cima de mim, a segurança que era toda conhecida minha (eu era da casa), ja estava botando o vacilaõ pra fora, junto com seus amigos que o acompanharam. E continuei a noite como antes.

    Agora vai ter gente que vai me julgar dizendo que eu devia ter feito algo. Mas eu prefiro ter espero ele tomar alguma iniciativa, do que eu fazer isso por uma mulher que eu nem conhecia e nem queria; e ainda poder sofrer tudo o que citei acima por causa de um minuto de raiva e descontrole.

    Basta olhar os comentários do texto da lesão corporal pra ter uma ideia (rasa) do que momentos de descontrole podem causar.

    Ps.: Apesar de tudo, se eu chegar a ameaçar, é porque farei.

  • Adorei o texto. Dei muita risada, especialmente com a parte da briga de trânsito que você testemunhou da janela do ônibus. E é bem por aí mesmo. Pra mim, é simplesmente patético ver um marmanjo se portando assim. Que criancice… E mais: esse negócio de fazer escarcéu em público só pra mostrar que não leva desaforo pra casa é um tanto quanto estranho. Lembra que a gente já falou aqui que quem muita necessidade de ostentar uma coisa é porque tem essa coisa mal-resolvida consigo mesmo? Pois é… Quem faz muita questão de exibir por aí a sua “macheza” – as aspas são necessárias – é porque na verdade não é tão macho assim. É só “largar a coleira” pra comprovar isso… Resolver as coisas na porrada deve ser sempre o último recurso numa situação “de crise”, mas, se vai brigar… Então briga mesmo, cacete!

    Outra coisa: já reparou que quem realmente sabe brigar – gente que faz alguma arte marcial, tem conhecimento de técnicas de defesa pessoal, etc. – nunca faz alarde nem ameaça ninguém? Geralmente são as pessoas mais calmas, zen e serenas do mundo. Só que, se um pseudo-brigão tenta se meter com gente assim, acaba tomando uma porrada que nem sabe de onde veio e até perde o rumo depois…

    • Lembrei deste vídeo enquanto li o texto da Sally. Não é uma luta de profissionais. E por isso mesmo é que é engraçado… O cara desafia o outro, sobe no ringue, fica se exibindo, fazendo pose, tenta dar uma de machão e apanha até desmaiar. Enquanto isso, o narrador racha o bico:

      http://www.youtube.com/watch?v=pXhkvtHlkAQ

      • E quando o cara é desses que é viciado em filmes de ação e na hora de uma briga de verdade tenta imitar um Bruce Lee, Van Damme ou Chuck Norris da vida? Vocês já devem ter visto a cena dúzias de vezes: o cara acha que o que acontece nos filmes é à vera ou possível no mundo real e fica fazendo umas micagens com os braços e as pernas, se pondo “em posição de luta”, dando uns gritinhos “Iiiiiáááá…” e tudo. Na última vez em que vi dois caras brigando na rua com um deles fazendo isso, tampei a boca com a mão e saí do local me segurando pra não rir. Uns metros depois, porém, eu já tava me esvaindo em gargalhadas….

    • “Outra coisa: já reparou que quem realmente sabe brigar – gente que faz alguma arte marcial, tem conhecimento de técnicas de defesa pessoal, etc. – nunca faz alarde nem ameaça ninguém? ”

      Não sei se já contei aqui, mas meu mestre proíbe terminantemente os alunos de se meter em briga. Mas geralmente quem está começando quer mostrar que “sabe”. Uma vez, três alunos da academia (todos faixa branca) se enfiaram numa briga de bar. Meu mestre chamou os 3 na frente de todo mundo e disse que, se eles eram tão bons assim, podiam ir para cima dele JUNTOS. Eles vacilaram, ficaram com cara de bocós. Meu mestre sentou o pé no queixo do primeiro – desmaiou que nem jaca podre (segundo o próprio) e deu umas porradas nos outros dois, até eles baterem (no tatame). NUNCA mais nenhum dos dois usou a arte para “benefícios egoístas”, treinaram pra caramba e hoje são excelentes professores. Curiosamente são o “cúmulo da calma”.

      Quem sabe que pode fazer é tranquilo…

        • Não… Ele é uma “moça”.

          Esses 3 aprontaram MUITO antes de serem chamados pra “bronca”. E a intenção não era desmaiar não, era só mostrar que eles não sabiam brigar porra nenhuma e que estavam prejudicando a academia. O tontão que desmaiou só levou a pezada na cara porque foi o único dos três que realmente “foi para cima” do professor quando ele falou. A intenção inicial era só imobilizar (que foi o que ele fez com os outros dois), mas quando o professor foi “passar o golpe”, o bobão veio de encontro ao pé. Os dois que sobraram foram dominados e tiveram que “bater” (no tatame, aqueles 3 tapinhas indicando que “desistem”).

    • Sobre teu último parágrafo: é bem por aí mesmo. Falo por experiência própria por já ter feito karatê e jiu-jitsu. Foram poucas as vezes que – dada a situação – parti pra briga de fato e… venci! hehe
      No mais, sempre mantive a calma e passividade.

      • Tenho um vizinho, hoje ele deve ter mais de 70 anos, isso foi uns 10 anos atrás. É o tipo calmo e brincalhão, sempre fazendo piada, amigo de todo mundo, ninguém imaginava ele brigando com alguém.

        Ele tem várias peças de aluguel no terreno, casinhas que ele aluga barato. Aqui na vila isso é comum, e também é muito comum os inquilinos darem calote. Uma vez ele chegou no bar e encontrou um ex-inquilino recente que tinha ido embora devendo. O sujeito tinha tomado uns tragos, e começou a tirar ele pra bobo, fazer piadinhas.

        Sem falar nada ele foi pra cima. O outro também, mas rindo, como quem não leva a situação a sério… ele jogou a bicicleta dele pra cima do outro e ficou batendo com ela, e mais chutes. O outro caiu no chão, e ele continuou batendo e jogando a bicicleta por cima. Os outros que tavam no bar (meu pai entre eles) tiveram que sair e separar, senão ele ia matar o sujeito. Esse saiu todo quebrado, e pelo que ouvi nunca mais foi visto naquele bar e nem na vizinhança.

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