A coisa errada.

Um dos grandes males trazidos pelas redes sociais, que deram voz a todos os que delas fazem uso, é a divulgação do erro, a glorificação da babaquice.

Raramente coisas boas são divulgadas em redes sociais. Para quem faz uso delas, me responda com sinceridade: em qual proporção você recebe uma notícia boa, um elogio a algo ou alguém contra uma crítica, ofensa ou até mesmo um xingamento?

Você deve estar perguntando com que moral eu levanto este assunto, afinal o Desfavor raramente elogia alguém. Bem, a proposta do Desfavor é essa, ele foi pensado e nasceu para trazer à tona um debate sobre os desfavores da sociedade atual, focando naquilo que ninguém fala. É a linha que escolhemos seguir.

Entretanto, redes sociais não seguem linha nenhuma, supostamente os usuários são eles mesmos e comentam livremente sobre tudo que desejarem. Porém, como coisas boas, elogios e afeto não geram cliques, o hit é disseminar coisas ruins, sentimentos ruins.

Um exemplo clássico disso aconteceu na semana passada, onde uma menina teve a infelicidade de ser flagrada em um jogo do Grêmio xingando o goleiro, que por sinal, estava sendo extremamente antiético em campo. Calhou da menina chamar ele de “macaco” com um grito que possibilitou a leitura labial de forma nítida. Apesar de que #SomosTodosMacacos, ofendeu o mundo e a sociedade partiu para cima dela em uma sanha punitiva como faz tempo eu não via.

Como se cada um que trucidou essa menina nunca tivesse feito um xingamento com base em cor, raça ou etnia dentro de um estádio… Dizer “argentino filho da puta” é tão crime quanto chamar alguém de “macaco”, mas só é modismo se revoltar com a ofensa “macaco”, então, todos continuam bradando seu “argentino filho da puta” e xingam a menina para parecerem boas pessoas. E por sinal, isso não é crime de racismo, uma breve lida na lei explica porque. É crime de injuria, cuja pena máxima não acarreta prisão.

Essa menina foi trucidada por pessoas que cometem o mesmo crime que ela e nesse processo de trucidamento o grande desfavor, além da hipocrisia, é divulgar exaustivamente uma coisa errada. Porque mostrar um negro e um branco se abraçando na hora de um gol, um casal com um negro ou um branco se beijando ou coisas do tipo não renderia tanto. Então, vamos mostrar o errado, vamos jogar um holofote no erro. Mas isso não basta, vamos jogar um holofote no erro e reforça-lo, xingando a menina de “piranha” e similares, para mostrar como é errado ofender alguém.

Outro caso que aconteceu na semana passada: um sujeito foi a uma lanchonete no Rio e a atendente era transexual. Ele reclamou para o gerente, que era gay. Chamaram a polícia, o policial era gay. Ele mandou essa: “Só tem bicha nessa cidade”. Uma pessoa dessas merece morrer na escuridão, mas não, em resposta, divulgaram a babaquice que ele falou. Começaram a pipocar memes com essa frase, não se falava em outra coisa.

Existe uma diferença enorme entre criticar um erro e promove-lo. Em tempos onde as pessoas andam sedentas por cinco minutos de fama, seja lá a que preço for, promover um erro vira sinônimo de incentivá-lo. Não precisa ir muito longe para perceber esse mecanismo babaca, não faz muito tempo aconteceu aqui, com a gente, em um texto onde eu falava do lado ruim da gravidez. Por algum motivo que eu desconheço, já que nunca na vida divulgamos nossos textos em lugar algum, ele foi parar em uma rede social e ofendeu algumas pessoas que não entenderam a proposta.

Em vez de ignorar, deixar uma coisa “horrível” como aquela morrer na escuridão, começaram a divulga-lo metendo o pau. Resultado: mais do que dobrou o nosso número de leitores assíduos, pois muita gente que caiu aqui para ver do que se tratava por curiosidade gostou e acabou ficando. Partindo da premissa que nós somos escrotos e o texto é um desfavor, o resultado foi catastrófico. Quando você divulga escrotos, mais escrotos se juntam a eles e eles ganham força.

Será que as pessoas que o fazem não sabem disso? Sabem sim, são pessoas esclarecidas o bastante para saber. Então, porque o fazem? Eu tenho a teoria de que essa “boa ação” de demonstrar revolta com algo supostamente escroto não é “boa ação” porra nenhuma, é apenas uma forma de apontar o “erro” dos outros para que, comparativamente, a pessoa que o aponta seja vista como boa. Maniqueísmo social. Fulana falou uma coisa escrota, daí eu vou lá e aponto o dedo e a trucido, logo, eu devo ser uma boa pessoa. Engenharia social de débil mental, mas funciona, porque né, débil mental é o que não falta neste país.

Com isso surge um movimento de caça às bruxas moderno, onde pessoas “boas” trucidam em bandos virtualmente pessoas supostamente más. Com isso as pessoas “boas” se igualam ou fazem até pior do que as pessoas supostamente más. Mas não importa, porque elas defendem o bem e isso lhes dá direito a fazer qualquer coisa. Fica essa contradição, essa hipocrisia, como modo de funcionar e ninguém parece se dar conta.

O efeito colateral dessa caça às bruxas nefasta acaba sendo divulgar o erro inicial que deu origem a tudo. Com isso estão transformando redes sociais em campos de batalha, em linchamento virtual, onde todo dia pegam um para Cristo e batem sem dó para assim provar que estão do lado do bem. Só não queimam pessoas em fogueiras porque o processo é virtual, mas na prática, o resultado disso se faz sentir na vida real. A pessoa fica estigmatizada graças a dedos de criminosos tão criminosos quanto ela que lhe são apontados.

Curioso é que quando estas pessoas que apontam (ou seus amigos) cometem seus erros, o discurso é outro. Na hora do erro amigo há compaixão, há empatia, há panos quentes. Somos todos seres humanos falíveis, acontece, a intenção era boa, a pessoa foi mal interpretada ou ainda ela errou sim mas merece respeito. Na hora do erro de um desconhecido, o que acontece é uma ótima oportunidade de capitalizar em cima dele para mostrar como você acerta e o outro erra. Na minha opinião, quem capitaliza em cima do erro alheio é ainda mais escroto.

É mais escroto não apenas por ser um hipócrita que está camuflando de boa ação uma atitude egoística de auto-promoção, como também por estar prestando um desserviço à sociedade, promovendo coisa errada. Faça o teste: vá a uma rede social da moda (não sei qual é a da atualidade) e um dia poste uma foto ajudando crianças em um orfanato, idoso em um asilo ou fazendo uma doação. Observe a repercussão. Algum tempo depois poste uma foto ou vídeo de alguém batendo em uma criança ou em um idoso com uma chamada denunciativa linchando quem o fez. Certeza que o numero de interações com o segundo vai ser bem maior. Sabe por quê? Porque hoje em dia as pessoas vivem de se comparar com os outros.

A verdade é que as pessoas GOSTAM de ver gente fazendo maldade, cometendo erros, sendo escrota, porque comparativamente isso as faz sentir bacanas, boas. Ninguém quer se comparar mentalmente com uma pessoa boa que faz caridade, porque o saldo final pode ser negativo. Mas todo mundo adora se comparar com racistas, assassinos ou escrotos, porque o saldo final sempre vai ser positivo.

Acredito que isso tenha se estabelecido porque nesse mundo de aparências, de rede social, de likes, de cliques, de retuítes, as pessoas não sabem mais seu valor por elas mesmas. Elas dependem da admiração do outro para mensurar seu valor. É uma versão pós-moderna daquelas pessoas que se acham um lixo se o parceiro as trata como um lixo. Gente que mede seu valor pelo olhar de terceiros.

Quando você depende do olhar de terceiros para ter valor, acaba tendo que se mostrar uma boa pessoa o tempo todo, pois precisa dessa admiração. Para isso os mecanismos são os mais diversos: trocar like por like, não importa quão sem veracidade eles sejam, postar foto com pouca roupa para receber elogio de tarados que elogiariam até uma cabra ou trucidar quem pisou na bola para, em contrapartida, parecer uma boa pessoa. Muito triste.

E mais triste ainda é que a sociedade esteja cega nesse joguinho de linchar virtualmente alguém de forma habitual. O mecanismo persiste e ninguém para e pensa “Opa, isso aqui está muito errado”. Não, convém a todo mundo, todo mundo faz. Até que um dia você é o alvo do resto.

Divulgar o erro de alguém e incentivar que a pessoa seja trucidada por esse erro em larga escala é uma das coisas mais baixas que inventaram nos últimos tempos em matéria de internet. Não que eu ache que a gente não possa falar do erro dos outros, pode e deve, mas existe um mundo de diferença entre falar e divulgar. Alguém já me viu fora do meu blog indo confrontar qualquer pessoa ou grupo pelos erros que eu acho que cometem? Eu não vou na casa dos outros xingá-los. Entretanto muita gente vem na minha casa me xingar, e ainda espalha outdoor para que desconhecidos façam o mesmo.

E para coroar a babaquice, esses grupos linchadores sempre escolhem uma vítima mais fraca do que eles. Nunca é um ataque massivo contra um grupo poderoso. É sempre contra uma pequena babaquice. Enquanto políticos roubam nosso dinheiro, deixando pessoas morrerem por falta de atendimento médico, crianças passando fome e o povo desamparado, os babaquinhas da patrulha está lá fiscalizando quão grave é a piada que humorista está fazendo ou então se o xingamento racista da moça é aceitável ou não. Se esse povo patrulhasse os políticos com a mesma eficiência que se patrulha a vida alheia, o país estaria bem melhor.

O que determina seu valor não é seu numero de seguidores, nem quantos likes você consegue, nem quantos cliques, nem nada que dependa do olhar alheio. Seu valor você tem que saber internamente, por você mesmo. A partir do momento em que você determina seu valor pelo olhar de terceiros, fica escravo deles, vive em função de agradar estas pessoas para se sentir valorizado. E esse é o maior sinal de problemas de autoestima, quando se precisam criar mecanismos para agradar aos outros.

Reunir um grupo para bater publicamente em alguém que não te fez nada, que não estava nem ao menos falando com você quando disse algo que você discorda, é covardia. Só que os costumes peculiares do mundo virtual impedem muita gente de ver isso. É como se você estivesse em uma mesa de restaurante conversando com um amigo e, do nada, por causa de algo que você falou com ele, uma pessoa da mesa ao lado se levantasse, começasse a gritar, apontar para você, repetir em voz alta o que você falou condenando e convocando as pessoas da outra mesa a te recriminarem. Por que isso é considerado bizarro no dia a dia mas é aceitável na internet?

Se você quer uma sociedade melhor, faça coisas boas e divulgue coisas boas em ver de ficar batendo e divulgando coisas ruins. Não é espalhando merda que se limpa um banheiro, muito menos entrando nele e apontando cada sujeira. Faça sua parte, seja uma pessoa boa, espalhe coisas boas e assim estará contribuindo de forma eficiente.

Se você faz isso de pegar uma pessoa que errou e trucidar publicamente, instigando os outros a trucidarem também, PARE. APENAS PARE. É feio e depõe contra você. As poucas cabeças pensantes que existem nessa favela virtual que é a internet vão perceber o tipo de babaquice que você está fazendo. Uma coisa é você expressar uma opinião negativa sobre uma pessoa, outra é ir até ela trucida-la e convocar mais gente para fazer o mesmo. Espalhe o que presta, não o que não presta. É incoerência criticar algo com afinco e ao mesmo tempo divulga-lo para seus contatos.

Para confundir opinião com linchamento e fazer críticas impertinentes, para dizer que xingar argentino é prova de cidadania ou ainda para mandar meu texto para “os donos da verdade” das redes sociais: sally@desfavor.com

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Comments (63)

  • Tive de fazer um update na minha timeline sobre o assunto:

    ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE PIOR CASO DE RACISMO DOS ÚLTIMOS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA

    Não queria voltar ao assunto, mas a RBS não dá folga e a foto que vemos aqui numa entrevista coletiva com dezenas de microfones a sua volta e status de persona-non-grata do país é de Patrícia Moreira.

    As reações não foram muito diversas: “Onde já se viu chorar e não sair lágrima?!”, “Ao invés de dizer que não disse nada com intenção racista, devia ter admitido o erro e se prontificar a melhorar”, “quem mandou ela ofender o cara, agora que sirva de exemplo!”, e por ai vai.

    Bem…Acho que não importa o que ela tivesse dito, nada iria saciar os ouvidos dessa gente tão respeitosa e sociedade tão tolerante como a nossa.

    Recapitulando, antes mesmo de ser aberto um inquérito, ela perdeu o emprego, teve a casa apedrejada, teve de fugir de onde mora, e tem por onde passa tem de ouvir gritos da racista e ongs negras que nunca fizeram merda nenhuma pró negros, intimarem a lhe chamarem de macacos também. Talvez pra ela ver que eles não seriam tão bonzinhos…

    Eu pensei numa solução:

    Na próxima coletiva, ela poderia levar uma espada e depois de chorar (com lágrimas), se dizer arrependida, ela rasgar seu ventre fazendo um ‘Haraquiri’ – um suicídio com honra, que deixaria a sanha da sociedade satisfeita e teríamos assim ajudado a deter o racismo.

    Racismo era algo difícil de se combater porque é invisível e disfarçado. Não tem inimigos específicos declarados. Graças a Patricia, não mais.

  • Rapaz, “mundo besta” resume tudo. Eu diria mais: “mundo hipocrita”. Ora, é questao de coerencia e logica. Somostodosmacacaos, logo..? Vai entender.

    • Somos todos macacos em rede social, mas na vida real somos todos ofendidos. Eu avisei que isso ia acontecer no texto sobre o Somos Todos Macacos…

  • Excelente texto. Mas não vou compartilhar nem divulgar, Sally, porque meus parentes e conhecidos NÃO VÃO ENTENDER.

    Estou com tanta raiva disso aqui: olha o jeito que a “racista” foi tratada pela multidão. Que gente estúpida!

    http://globoesporte.globo.com/rs/noticia/2014/09/intencao-nao-era-ofender-diz-jovem-que-chamou-aranha-de-macaco.html

    Vou guardar essa sua frase para a minha vida:
    “A verdade é que as pessoas GOSTAM de ver gente fazendo maldade, cometendo erros, sendo escrota, porque comparativamente isso as faz sentir bacanas, boas.”

  • Tema espinhoso… já mesclei minha opinião umas 10 vezes essa semana, hora mais branca hora mais preta (não foi uma comparação feliz, admito) pra chegar na escala de cinza que mais me agrada. Não sou favorável e muito menos compactuo com a ideia de que no futebol vale tudo, não acho tolerável injúria racial e racismo em lugar algum, mas discordo veementemente do que aconteceu nesse caso específico. A menina errou? Sim, errou, merecia tudo o que fizeram com ela? Tirar emprego, apedrejar casa, chamar de vadia? De forma alguma. Deveria ser condenada pela lei e a sociedade deveria apenas perceber “Nossa, essa menina é racista? Que pena” Ela merecia só o deprezo, não holofote na babaquice dela. Jogaram o holofote e o resultado foi mais babaquices decorrente da primeira babaquice. Combateram um erro com atitudes e postura tão erradas o quanto.

    • Obrigada, Renata. Eu também me amo muito! Falando sério, é bom receber elogios em vez de xingamentos e ameaças…

  • Desdobramento do caso da macacada – ou macaquice, sei lá – que saiu no site da ESPN: Vice-presidente do Grêmio diz que torcedores são vítimas de homofobia em outros estados por serem gaúchos. Pode? Vejam:

    http://espn.uol.com.br/noticia/436939_gremio-diz-que-seus-torcedores-sofrem-homofobia-por-serem-gauchos

    Outra coisa, o Aranha, se fosse mais cabeça-feita ou mais espirituoso, poderia simplesmente ter debochado e gritado de volta pra quem o xingava que eles se enganaram de bicho. Algo como “É aranha e não macaco, pô!” Aliás, vale lembrar que o Aranha se destacou como goleiro jogando na Ponte Preta, cujo apelido, é, vejam, só, “MACACA”. E a origem desse apelido, claro, tem a ver com ofensas racistas… Até quem um dia, os próprios torcedores decidiram assumir o apelido e o animal que era invocado para ofender virou até o mascote do clube.

    • Ignorar não existe. TEM QUE dar importância para a coisa errada, tem que fazer disso um evento, tem que jogar holofote no erro para ganhar virando vítima. Olha, se doeu tanto assim, talvez ele não tenha certeza sobre sua espécie.

  • Ah, Sally, eu acho que vc tá exagerando. Eu não gosto de ver as pessoas se foderem, nem fazerem merda. É só pq o racismo tá em alta, virou modinha virtual só falarem nisso. Há alguns anos atrás antes do PT ninguém nem se importava. Agora com a CrentEcochata vai piorar!
    Eu por ex a única pessoa que chamo de macaca é a Lindamar, mesmo assim pq ela já foi Miss Macaquita do Orkut.
    Hei, Linda, pega no meu cipó!

  • Update: O Goleiro deu uma entrevista na tv hoje. Dizendo que “não se sente aceito, e sim tolerado…”

    O cara tem grana, é casado com uma loira (por que sempre loiras?!) ficou o jogo inteiro se fazendo em campo. Dai ele sai da área dele e vai discutir com a torcida que esta xingando.

    Imagino um juiz, parando um jogo e indo discutir com a torcida que o xingou de filho da puta, depois indo na tv chorando dizendo que a mãe dele sempre foi ótima pessoa, que cuidou dele na medida do possível e que não merece ouvir este tipo de coisa. Que a profissão de juiz é muito ingrata e tal…

  • A luta contra a discriminação não para:

    Santos consegue proibir os episódios do Ben 10 em que ele se transforma em macaco-aranha e macaco-aranha supremo.
    http://www.acreditoemtudoqueleio.com/santos_ben10

    Dilma abrirá cotas para atores nissei nos filmes pornô nacionais.
    http://www.ingenuidadevirtual.com.br/cutucando_a_atriz_com_vara_curta

    STJD pune Avaí por torcedores que assoviaram o tema de Hawaii 5-0 na saída de São Januário, alegando anti-lusitanismo.
    http://www.clicoemqualquercoisa.com/neste_raio_de_suruba

  • Curioso como nesse mesmo dia um grupo foi filmado fazendo urros de macaco e dentre esse mesmo grupo haviam negros. Isso ninguém comentou, né mesmo? Mais fácil cair matando na loirinha.

  • Desde aquele texto da filtragem de leitores eu me sinto culpada. Sempre que gosto de algum texto daqui eu divulgo nas minhas redes sociais e desde então fiquei pensando se (e quantos) BMs eu já trouxe pra cá pra poluir a paisagem HAUAHAAUAH Mas tenho certeza que alguns amigos cabeças pensantes vão ler, se identificar e repassar. Foi graças a uma amiga que cheguei aqui, então vai que…
    Mais exatamente sobre o tema da postagem, já tinha percebido isso há muito tempo. Só não tinha ainda processado bem minha opinião, já que percebo isso mais voltado a gostos mesmo. Tenho um gosto (principalmente musical) bastante peculiar. Como gosto de ir garimpar coisas novas, acabo gostando de umas bandas que poucas pessoas conhecem, e algumas delas odeiam. Como sempre divulgo as coisas que gosto na tentativa de conseguir mais pessoas que gostem e angariar fãs pra banda (até pra ter com quem conversar sobre), sempre vem um “mas você gosta dessa porcaria?”, “ninguém conhece isso”, “aff mimimi isso é ruim”. Simplesmente ignoro e tal, as pessoas tem o direito de discordar. Mas é impressionante quando por acaso critico uma atitude que não gosto (mesmo sem citar nomes). Aí se divide em dois grandes grupos, os que vêm meter o pau junto e os que vestem a carapuça. Já chega.
    Quando a gente fala muito mal de algo, tá ok. Mas se você gosta, tem que explicar por quê. A internet não está preparada pro elogio, e isso me deixa profundamente irritada. Monte um blog/vlog/perfil de rede social/whatever pra falar bem do que você curte e poucos vão se prestar a ler e reforçar seu comportamento. Agora faça um xingando tudo e todos, divulgando, e até passando informações sem checar e compara o alcance…
    Pessoal dizia que a esperança era a última a morrer, mas a minha já morreu faz tempo.

  • – “Porque hoje em dia as pessoas vivem de se comparar com os outros.”

    Frase que resume uma parte das ideias do texto. Vou levar comigo como aprendizado.

    – Os meio de comunicação estão divulgando que o crime de injúria qualificada prevê pena de 1 a 3 anos de cadeia. Isso procede ? A lei mudou ou eles é que estão equivocados ?

      • Ok. Aparentemente cadeia e prisão tem significados diferentes. Como eu curso exatas, não estou familiarizado com o vocabulário jurídico.

        • Pena de prisao pode ser convertida em outras penas em alguns casos. Geralmente pena de prisao de menos de 4 anos acaba sendo convertida em outra. Voce esta certo, a lei brasileira é que é remendada!

  • Acho tudo muito preocupante, não bastasse a torcedora ser vilanizada de forma covarde na internet como se fosse a única a ter xingado o goleiro, o linchamento está transgredindo os limites do virtual, ficamos sabendo aqui no sul que a casa dela foi apedrejada. (Bruxa?)
    Nota-se que é um pequeno passo para assassinatos justificados… ou alguém duvida que se começassem a agredi-la fisicamente, logo se daria uma tragédia? Inclusive isso já aconteceu em um caso dcom desdobramentos parecidos.
    Quem seria o culpado então? Condenariam todos agressores ou somente aquele que fosse flagrado por alguma câmera?

  • Olha Sally, não concordo com você dessa vez.

    Por mais que as pessoas muitas vezes achem que estão fazendo muito reclamando em rede social e parem de militar pelas causas aí, não vi problema algum no linchamento social que essa garota sofreu.
    Assim como você sempre reclama de como xingam argentinos e todo mundo acha graça, imagina ser descriminado, perder oportunidades profissionais e muito mais por conta da cor da sua pele? E nem estou dizendo isso por que sou negra, mas faço parte de outro grupo social vulnerável: das mulheres.
    Então, qualquer atitude que mostre o quanto isso é errado e a sociedade cada vez mais repudie, eu apóio.

    • “não vi problema algum no linchamento social que essa garota sofreu.”

      Eu vejo. Porque eu não gostaria de morar em um lugar onde uma pessoa possa ser “linchada socialmente” (ou, no caso, fisicamente) porque o povo não gosta do que ela diz ou pensa, por mais tosco e errado que seja.

      Querer o linchamento da pessoa que é racista ou sexista não torna o grupo melhor, mais unido, com mais direitos, mais bem visto. Isso é só vingança.

    • Que pena que voce nao veja problema em linchamento. E que pena que voce nao veja diferença entre a minha reclamaçao e esse linchamento

      • Sally, acho que me expressei mal. Claro que qualquer tipo de violência física que ela sofra vai ser condenável e ridículo.
        Quando falei em linchamento, me referia ao virtual. Continuo achando que ela tenha que passar por essa pressão social, por que francamente, preconceito racial é uma das coisas mais estúpidas que a humanidade já inventou.

        E em resposta a um comentário aí em cima, o fato da mulher ser parte de um grupo vulnerável não exclui os outros e nem quer dizer que éo mais importante e o mais sofredor. :)

        • Sim, eu entendi perfeitamente. Mas acho linchamento virtual gravíssimo.Gostaria de viver em um país onde se pudesse falar qualquer coisa sem sofrer ataques massivos. Coisa ruim merece desprezo. Jamais

  • Claro que eu vou colocar um link desse texto nas redes sociais.
    Uma pena que as pessoas que deveriam ver isso com certeza passarão direto. Nunca que eles vão ler um texto longo. Dá preguiça! =P

  • Passo bastante tempo no Facebook (mais olhando os posts dos outros do que postando) e percebi que não é muito diferente da vida real: se você se rodeia de gente boa e “filtra” (na medida do possível) seus relacionamentos, dificilmente você vai reparar ou conviver com gente podre de comportamento BM.

    Mesmo tendo nos meus contatos do Facebook muita gente que não tenho tanta afinidade, é muito difícil mesmo eu ver alguma porcaria sendo postada porque filtrei os posts que sigo (deixei de seguir a galera que postava mais babaquice, futilidade e religiosidade do que coisa interessante) e agora uns 70% dos que eu vejo me agrada, 20% é coisa neutra e no máximo uns 10% são porcaria.

    • Tirou as palavras da minha boca, Everton. Ajo de maneira muito parecida. Já disse aqui e torno a dizer: o problema não são as redes sociais em si, mas o (mau) uso que se faz delas. Nos meus contatos no Facebook, por exemplo, há quase que somente gente com quem já convivi e conversei “ao vivo” e que considero como cabeças pensantes, mas que podem ou não concordar com as minhas opiniões. Também não tem nenhuma foto minha e eu meio que só “passo pra frente” algo que me chega e eu considere minimamente relevante.

  • Vi essas dias vários posts referentes à moça que chamou o atleta de macaco sendo chamada de puta e dizendo que ela merecia ser estuprada por um negão.
    Coerência, oi ?

  • Escrevi sobre isso a uns dias:

    “MAIS UM POST PRA FILTRAR AMIGOS

    Minha timeline esta lotada com a foto que vemos abaixo. Uma torcedora do Grêmio cuja leitura labial indica que ela chamou um jogador de ‘macaco’.

    Ela já perdeu o emprego, o time pode ser punido, mas parece não ser suficiente. Se ela sair na rua é capaz de ser linchada. E não porque somos um povo extremamente abismado em como podem existir pessoas racistas nos dias de hoje; e sim porque as pessoas tem necessidade de mostrar para todos que jamais faria algo do tipo, que é uma boa pessoa, que respeita todas as outras…

    No fundo somos um bando de hipócritas; ou devo ficar feliz porque ninguém nunca deve ter feito piada com um polaco; um baixinho; um gordo, uma funkeira, um nerd. Nunca xingamos um juiz de filho da puta, um jogador de perna de pau, corno, e por ai vai? Ah sim. A maioria de nós é muito respeitadora das diferenças, e quando vemos algo assim, devemos expor a pessoa, divulgar seu rosto, espalhar em redes sociais toda a nossa ‘intolerância contra estes intolerantes.

    Num estádio, no meio de uma torcida e durante um jogo, metade dos neurônios ficam do lado de fora do estádio. O que a menina fez é errado, mas ela deve ser julgada por pessoas competentes pra isso e receber sua punição depois disso, e NÃO ANTES!

    Só de raiva se eu fosse advogado dela, jurava de pé junto que disse “PA – LHA – ÇO” ao invés de macaco, já que video com leitura labial não é prova absoluta. E deixava o ônus da prova com a promotoria, tacando o foda-se.

    Puta que pariu! TODA semana é uma polêmica diferente. Mundo besta.”

    Depois ainda comentei sobre quem achava ela perder o emprego pouco. Ela teve a casa apedrejada! Será que dá pra parar por aqui, ou ela precisa ser castigada mais um pouquinho por um momento de insensatez?

    • Adorei seu comentário, Hugo. Resumiu bem o texto e o teu pensamento bate com o meu. Assino embaixo.

      “Puta que pariu! TODA semana é uma polêmica diferente. Mundo besta”

      Parafraseando aquela música do Titãs, agora temos “a maior polêmica de todos os tempos da última semana”.

        • Sei que não perguntou pra mim, mas arrisco dizer que isso tudo não é ‘ indignação pelo racismo’. As pessoas estão pouco se fudendo pro coitadinho do goleiro que disse “se sentir tolerado, e não aceito”. Estão pouco se fudendo pro racismo que causa realmente dor.

          Nunca se preocuparam ou se preocupariam com o negro que tem dentro de casa trabalhando de doméstica ou ajudante. Se ele consegue manter a família com aquele salário. Com quem ficam as crianças enquanto a mulher trabalha.

          Se aquela sua amiga(o) negra(o), não consegue determinados empregos por ‘causa da aparência’.

          Fica desconfiado quando um grupo de negros chega perto de ti em algum lugar.

          Na faculdade ao ver um negro pensa que só pode ter entrado por causa das cotas.

          Mas dai a tv flaga alguem tendo 7 segundos de insensatez chamando um jogador safado de macaco, e todos tem de se ‘mostrar indignadas pelo racismo’.

          Ora…menos…

  • O êxtase das redes sociais é a valorização do poder da turba em contraponto as posições expressas pela individualidade.

    Ê a expiação daquilo que é tomado por daninho para efeitos de coerção social.

    É a negação do EU em nome do conjunto.

    Se você entende isso, todo o descrito aqui se torna compreensível.

    Para os impopulares que não se tocaram: PARABÉNS, SKYLAB!

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