Festa-Vingança

Talvez eu seja inadequada para o Brasil. Talvez eu seja inadequada para o mundo. Não sei dizer. O que sei dizer é que não consigo compreender o conceito de diversão em festas, da forma como elas são concebidas hoje. “Festa”, nos moldes como eu a conheço hoje, para mim, significam tortura.

E já começa na hora de sair de casa, porque não importa o que eu faça, sempre me ronda o pensamento “eu poderia estar dormindo”. Sim, está é sempre uma opção para mim. Invejo aquelas pessoas cheias de energia que trabalham um dia inteiro e depois saem e passam a madrugada na rua. Minha prioridade é meu sono, mas essa sociedade pau no cu fode com meu sono sempre que pode. Você TEM QUE ir na festa, se não fulaninho se ofende – e eu estourei minha cota de adoecimentos em datas festivas.

Acredito que esse efeito que eu apelidei de “ousadia e alegria”, de trabalhar o dia inteiro, pagodear a noite inteira e depois trabalhar o dia inteiro novamente, só seja possível em função do pouco trabalho intelectual. Já falei sobre isso em outro texto específico, então, não vou me estender: está comprovado que trabalho intelectual cansa e demanda muito mais sono do que trabalho braçal. Por isso esse povo do trabalho braçal consegue pagodear a madrugada toda. Mas porra, dá licença, eu uso meu cérebro, eu não tenho energia nem vontade disso.

Foda-se, tem que ir e tem que sorrir, porque se for e ficar com cara de saco cheio vão te perguntar “se era para ficar assim porque veio?” e se você responder a verdade (“porque você é um pau no cu brega que dá festa de merda e se ofende quando as pessoas não vão) a pessoa vai ficar chateada com você. Brasil, o país da sensibilidade.

Começa que você tem que se arrumar para sair. Não bastasse se arrumar a semana toda para trabalhar, vai ter que se arrumar para seu momento de lazer também. E matar seus pés aos poucos com sapatos desconfortáveis, porque ir a festa com sapato confortável é ficção científica. A roupa provavelmente não vai ser muito confortável também. Sim, o desconforto da festa começa já em casa.

A festa em si também me é desconfortável. Festa no Brasil é sinônimo de barulho alto, se não houver, no mínimo, música alta, a festa é considerada “desanimada”. Porque o Brasileiro Médio mede a intensidade com o critério auditivo: quanto mais alto se ri mais engraçada a piada, quanto mais alto se grita mais se prova seu ponto e quanto mais alta a música, melhor a festa. Tudo intenso para mostrar o quanto são felizes. Ô vontade de ser abduzida…

Essa música alta gera uma consequência bizarra: não é possível conversar nas festas, o que para mim, é um contrassenso, pois na minha cabecinha romântica, as pessoas se reúnem para socializar, falar, ouvir, trocar ideias. Não. Não mais. Ao menos não no Brasil. Agora se socializa pela internet e se vai a festa para ostentar roupa/bolsa/sapato ou fazer exposição da sua figura. Não tem conversa.

O curioso é que mesmo sem ter conversa tem flertes, beijos na boca, ficadas. Não entendo como, me parece parte do processo conversar com a pessoa, trocar uma ideia, conhecer minimamente QUEM ela é. Mas aparentemente eu estou ultrapassada, importa O QUE ela é: corpo, roupas, carro. O que ela pensa é o de menos. Se o layout for bacana, o povo se atraca. Nada contra, se atraquem com quem quiserem, mas poxa, não me tirem o direito da conversa. Mas eles tiram, eles sempre tiram.

Só música alta, hoje em dia, pode até ser considerado luxo. Porque música, eventualmente pode até ser boa. Quase nunca o é em festas, mas ao menos existe uma chance. Pior quando é grupo de pagode ou similares. Música ao vivo é a morte de alpargatas. Aí não há esperanças, não há felicidade. Há uma obrigação social de passar no lugar? Ok, rapidamente, para ser visto e sair à francesa torcendo para que o anfitrião perceba sua ausência o mais tarde possível, porque música ao vivo pode provocar AVC em cabeças pensantes. O lado bom é que o anfitrião dificilmente vai descobrir que você saiu cedo, pois vai estar bebendo bastante.

Pois é, também já falei sobre isso: no Brasil existe esse conceito de diversão atrelado à bebida alcóolica. Pudera, tocando uma música alta de merda, só enchendo a cara mesmo. Daí as pessoas bebem, bebem e bebem e riem de coisas que eu não acho graça. Sempre tem um chocado porque eu não bebo. Dependendo da cabeça da pessoa, presumem que sou evangélica ou usuária de Ecstasy, varia muito. Não importa, sempre insistem para que eu beba e de alguma forma rola um desmerecimento implícito ou explícito por não beber. E estou falando de pessoas adultas, com mais de 30 anos.

Quando se tenta trocar alguma ideia com alguém, tem que ser aos berros, ao pé do ouvido e em frases curtas, para ser entendido. É quase que um Twitter ao vivo, se falar mais de 140 caracteres a pessoa não vai te entender e você ainda acorda sem voz no dia seguinte por ficar berrando. Não há comunicação de qualidade, pessoas se reúnem para ter um pretexto para se pegar e beber. Corta a bebida e a música de uma festa e me diz o que sobra.

Não precisa, eu te digo o que sobra: conversa. Só que para conversar tem que ter massa cinzenta, o que infelizmente não é privilégio de todos. Tem festa por aí que se tirar a música, ligar a luz, cortar a bebida e sentar todos em uma mesa fica um silêncio de quinze minutos seguidos. E o silêncio é na melhor das hipóteses. Na pior das hipóteses frases como “sou machista porque prezo por alguns valores” ou “sou contra o aborto porque só Deus pode tirar uma vida” ou “Bandido bom é bandido morto” ou “Vou votar nele porque ele rouba mas pelo menos ele faz alguma coisa” ou ainda “Piada que ofende é falta de respeito” pipocarão a torto e a direito. Eu não sou obrigada.

Quer dizer, eu não deveria ser obrigada. Infelizmente eu sou obrigada, porque as pessoas se acham super importantes e acham que seu gosto hediondo corresponde ao conceito de bom senso e bom gosto mundial. Impressionante: bom gosto e bom senso todo mundo tem. Daí montam uma festa MACAQUITA como essa, onde parecem um bando de bonobos cheirados e se você não vai, se ofendem. Ai de você se não for no casamento, no aniversário ou no whatever uma pessoa minimamente próxima te convidar. É desfeita. Tem que ir. E tem que ir e sorrir. Tem que gostar.

TEM QUE IR? É essa a premissa que me escraviza? Ok, eu tenho um plano. A vida me ensinou que a gentalha é incapaz de se colocar no meu lugar, nem tanto por egoísmo, mas sim pela imbecilidade de nem ao menos cogitar a diversidade de gostos e opiniões. A gentalha pensa que o mundo é seu umbigo e o que ela faz e gosta é do agrado geral. Endossados pela hipocrisia social vigente, onde tudo é lindo, tudo recebe curtidas, likes e elogios falsos, a gentalha pensa que está arrasando na sua festinha, sem nem desconfiar do quanto vão falar mal de tudo quando saírem dali.

Como a gentalha é incapaz de se colocar no lugar de outras pessoas, a grande sacada é obriga-la a fazer isso sem que percebam. Porque com argumentos em abstrato não dá. Não entendem. São como cachorros bípedes, incapazes de abstração. Vão se ofender, vão deturpar, não vão compreender. Melhor criar uma situação, de forma sonsa, que faça a gentalha se colocar no seu lugar sem perceber. Partindo dessa premissa me veio uma ideia à cabeça: a festa-vingança. Atenção para o conceito de Festa-Vingança, ele pode ser útil a você também.

No meu aniversário pretendo dar uma Festa-Vingança para que toda essa cambada de filhos da puta que me obrigam o ano todo a frequentar festas escrotas entendam como me sinto e, por consequência, faltem às minhas próximas festas de aniversário, me permitindo faltar na deles também sem aquele mimimi de ofensas. Esses mecanismos bizarros que temos que criar hoje em dia, nesta terra de ofendidos que é o Brasil.

Vou convidar essa cambada de filho da puta para minha festa de aniversário sem maiores detalhes. Vou alugar um salão, um clube ou qualquer espaço condizente com uma festa padrão. Mas, dessa vez as coisas vão ser do MEU jeito, e quem não gosta vai ter que engolir. Vamos ver como se sentem. Vamos ver se é frescura minha não gostar de música alta, não gostar de gente caindo pelas tabelas de bêbada, não gostar do conjunto da obra que sou obrigada a aturar por todos esses anos. O que eles não gostarem vai virar frescura também.

A música ambiente vai ser baixa, e de preferência música clássica. Suave. As pessoas terão que sentar em uma mesa, pois se eu tenho que amargar horas de pé em um salto por causa da hiperatividade de quem não realiza trabalho intelectual, os hiperativos vão ter que amargar horas quietinhos em retorno, balançando suas perninhas debaixo da mesa por ansiedade e quase explodindo por terem que ficar parados. Vento que venta cá, venta lá.

A festa vai começar com uma rodada de leitura e discussão de alguma obra literária do meu agrado. Pode ser Nietzsche. Em cada cadeira haverá uma apostila com cópia de vários capítulos de uma obra dele, todos terão que sentar e ler em silêncio para depois debater. E vai ter muita gente ali que vai gostar disso, pois tenho muitos amigos com perfil semelhante ao meu. Logo, quem não o fizer vai experimentar o olhar de antipatia e exclusão que eu experimento quando não bebo ou não me porto como um símio no cio em festas.

Após a leitura, começa o debate sobre o material lido. E nesse debate, cobrarei posicionamento de todos os presentes, de modo que quem não leu ou quem leu e não entendeu se sinta muito mal perante os outros. Bullying intelectual é uma nova tendência que pretendo lançar. Serão horas de debate e a gentalha vai ter que ficar parada ali, fingindo participar, como eu faço em suas festas de pobreza intelectual e se constrangendo pelo não pertencimento ao bando.

O tempo não vai passar nunca para eles, como não passa para mim quando sou obrigada a ficar de pé em um salto e sorrir enquanto toca “O nosso lema é ousadia e alegria… na nossa casa tem pagode todo dia… lelerêlerêlerê”. Não vai ter Lelerê. Enfia o Lelerê no cu, na minha festa vai ter Nietzsche. Ousadia e alegria é o caralho, o nosso lema é comedimento e reflexão.

Depois, quando o populacho hiperativo com cérebro atrofiado estiver com coceira no cu de vontade de ir embora, servirei a comida. Porque essa gente adora uma boquinha livre. Em um primeiro momento, tudo muito suave: salmão com cream cheese, aspargos e outras comidas que para o Brasileiro Médio aparentarão sem gosto. Isso para compensar as porras gordurentas e salgadas que servem nas festas. As papilas gustativas, já mortas de tanta feijoada e ketchup no cachorro quente vão chorar com meus sabores suaves.

Mas eu ainda não acabei, vou me vingar de cada comida hedionda que me foi servida em festas bizarras. Desde aquele churrasco com gosto de sola de sapato assado no fogo em vez de ser assado na brasa até aquela inadequada feijoada com restos de porco servida num calor do caralho. Me aguardem. O prato principal vai ser algo bem difícil de comer. Talvez um espaguete carregado de molho de tomate servido apenas com um garfo e uma colher, para que sintam como é bom comer quando se está desconfortável. Se eu estiver muito mal humorada, posso chegar a servir escargots ou ostras ainda dentro da conchinha, daqueles que tem que ser comidos com um pegador de metal.

Como é feio ir embora logo depois de comer, vou aproveitar para meter mais uma atividade após a comida. E como estarei sóbria, vou interpelar qualquer um que tente ir embora fazendo mimimi e me ofendendo. Vou colocar quem tenta ir embora em uma saia justa do caralho, tornando impossível sair. Sim, vão ficar até o fim.

Um sonho: depois da comida 1) pocket show do Rogério Skylab (com suas músicas mais ousadas) + debate sobre as músicas, 2) palestra com Gil Brother Away + debate sobre a palestra e 3) poket stand up do Danilo Gentili (com suas piadas mais ofensivas) + debate sobre os limites do humor onde a maioria esmagadora acha que humor não deve ter limite, não respeitando, atacando e desmerecendo quem se posicionar em sentido contrário. Segue com rodada de piadas dos convidados sobre deficientes, gordos, negros, judeus e outras minorias.

Para fechar a festa, desce um telão com um documentário qualquer do Discovery Channel sobre neurociência e mais debate. Sem álcool em nenhum momento da festa, que fique bem claro. Terminada a festa, um bis ou saideira discutindo os textos mais polêmicos do Desfavor, desmerecendo de forma ostensiva pessoas com mentalidade de Brasileiro Médio.

Pronto. Certeza de que no ano seguinte, só vai na minha festa quem tem muita afinidade de gostos comigo. Os demais vão “adoecer”, “viajar” ou nem ao menos estarão mais falando comigo. Isso vai me libertar da obrigação de ir em suas festas pau no cu, tipo casamento, batizado, aniversário ou qualquer outra data onde a pobreza de espírito dessas pessoas encontre refúgio. Festa-Vingança. Acabou esse caralho de morrer por dentro em festa de amigo, de parente dos outros, de colega, de seja qual for o filho da puta.

Eu deveria patentear essa merda, porque isso vai ser libertador.

É a ofensa que move o mundo atualmente, na forma de chantagem? Não faz mal, eu também sei fazer.Se ofendem porque eu não vou nas suas festinhas escrotas pra caralho? Se preparem para minha próxima festa de aniversário. *risada maligna

Para dizer que gostaria de ir a uma festa como a minha, para finalmente entender e respeitar que alguém ache seu evento uma tortura e não vá ou ainda para tirar proveito da minha ideia e patenteá-la: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: ,

Comments (94)

  • Reli o texto feliz por ter um círculo de amigos que também foge dessas festas hediondas e faz coisas mais agradáveis, mas triste por morar perto de um bar desagradável e depender da fiscalização pra fugir do pagode alheio.

    Acho sua ideia de festa-vingança ótima, Sally. Se fizer e convidar amigos, eles vão gostar e me ajudar a trollar quem não ia ficar feliz. Será que seria suspeito chamar semiconhecidos pra uma festa assim do nada? hahaha

    • Já morei em frente a um bar, sou solidária à sua dor. Nada cala bêbado cantante pagodeante de bar. Pode cair um meteoro no bar que eles continuam!

  • Coloca ópera ou música contemporânea! e só suco natural sem açucar como bebida. a comida podia ser crudívora também.

  • “Segue com rodada de piadas dos convidados sobre deficientes, gordos, negros, judeus e outras minorias.”

    Se fizer uma festa dessas, me convida!

    Só faltou, pra fechar a festa, um bate papo com Koushun Takami, autor de “Battle Royale”, o livro que foi plagiado pelos norte-americanos e deu origem às bostas “Divergente” e “Jogos vorazes”.

    Detalhe de uma das passagens no início do livro:

    “Bem, Shuya, assim como o senhor Hayashida, ela também reagiu contra a designação de vocês ao Programa. Por isso, para que ela ficasse boazinha, fui forçado a, bem… – Sakamochi continuou calmamente – … estuprá-la. Ah, mas não se preocupe. Ela não morreu”.

    Detalhe, o livro é sobre uma viagem que os alunos de uma turma do ensino fundamental vão fazer. Eles acordam em uma ilha, onde o governo tem um programa no qual os alunos se matam. #PuroAmor.

  • Se festas de amigos são ruins, o fundo do poço é ir para festinhas de amigos em barzinhos, sobretudo aqueles apertados em sobrados antigos. Você não ouve, não é ouvido, fica-se apertado numa mesa quando se tem sorte em conseguir algum lugar para sentar, come-se porcaria e bebe-se lixo por preços absurdos, etc, etc. Enfim, arrepende-se só de entrar no lugar e, além do tempo perdido, joga-se fora cem reais ou mais, se essa soma incluir o estacionamento. Tão feliz de ser deixada de lado ultimamente…

      • Faz de conta que incorpora uma entidade e sai dizendo umas verdades pra todo mundo. Basta aprender a interpretar um transe fajuto e fazer um sotaque de cigana.

      • A Hikaru deu uma boa idéia no comentário anterior: estudar.

        Inventa cursos ou concursos e diz que tá estudando, por isso não pode ir, por isso não pode dormir tarde…

        • Não tem como dizer isso a colegas de trabalho, pois se qualquer empresa souber que você está estudando para pular fora de lá e passar em um concurso começa a te olhar com olhos de demissão. Também não dá para dizer isso para maridos, namorados ou similares quando te exigem que você vá a festa pau no cu da família.

          Na verdade, festa de CONHECIDOS eu já liguei o foda-se faz anos, não vou. O texto diz respeito a festas de pessoas que convivem com você e com as quais há uma forte obrigação social de ir, onde a ausência te causa um prejuízo efetivo.

        • isso da mais certo com pessoas que você mal tem contato, agora com conhecidos proximos eu sou mais frouxa e me obrigo a ir quase sempre.

      • Olha, uma ideia que utilizei algumas vezes é que tinha passado a dedicar meu tempo livre para visitar asilos ou cuidar de cães/gatos abandonados em entidades assistenciais e que, uma vez criando um vínculo, não daria mais para abandonar aqueles seres indefesos, que ficavam esperando minhas visitas.

        Como sabem que já fiz voluntariado por um tempo, era uma desculpa plausível e uma forma de me afastar desses convites, seja por pena (“virou uma hippie depois de velha”) ou nojo (“não dá para convidar a Suellen pra festinha de 1 ano da Tauane, vai que ela traz zoonoses”).

      • Fala que tem enxaqueca. Pode ter quantas vezes quiser, a qualquer hora, sem aviso prévio e não tem cura. E precisa de repouso em um lugar escuro e silencioso.

        • Isso só funciona com meros conhecidos, pessoas que convivem com você saberão que não tem enxaqueca nenhuma. Além disso, se for compromisso profissional, você se fode estando doente ou não, pois deixa de ser visto, lembrado, de fazer contatos, etc

  • Me identifiquei com as descrições de por que não ir a uma festa… coisa que nunca gostei é barulho alto, e isso inclui música. Mas não reclamo das comidas, até hoje nunca fui convidado a alguma festa que a comida não fosse boa. E nem da bebida…

    Só fiquei com dúvida na parte que fala sobre trabalho intelectual e descanso. Se vou em alguma coisa de noite, no outro dia fico como um zumbi, bebendo energético e café pra conseguir cumprir o expediente (isso se conseguir acordar pra chegar no horário)… mas meu trabalho é braçal. Nas viagens pras feiras, muitas vezes meus colegas ficavam o dia todo contando as horas pra ir pra noitada, daí voltavam tipo 4 ou 5 da manhã (fazendo barulho no alojamento, claro) pra depois começar trabalhar às 7 ou 8… E não pareciam cansados. E me achavam um ET por não sair de noite.

    Será que eu fiquei com a pior parte das duas coisas? Desgaste físico de trabalho braçal e necessidade de descanso de trabalho intelectual?…

    • Passa 8 ou 10 horas usando o cérebro, mas usando MESMO, não no piloto automático e me diz como você acorda se dormir pouco… o cérebro demora mais p se recuperar de um esforço em matéria de sono que os musculos.

      • Acredito, não questionei isso.

        Eu só queria ter essa capacidade que muitos dos meus colegas têm, de se recuperar com 2 ou 3 horas de sono… ou mesmo de tocar direto sem dormir. Se tenho todas as desvantagens do trabalho braçal, queria pelo menos as vantagens…

  • Sally, vc cobra caro os seus trabalhos festivos ou o faz por amor a arte? hahahahaha
    Curioso mas nos meus aniversários nunca tem música. Sempre chamo os amigos (não são os colegas nem conhecidos), pra uma casa que meu pai tem com piscina e quadra de esporte e a gente fica curtindo o fds, jogando, comendo e conversando, também não tem churrasco nem bebida alcoolica. E sempre vão todos, não tem isso de dizer que tá doente, sinal que o pessoal curte a parada.
    Engraçado são essas minorias aí que na verdade são a maioria! Pra começar a coisa que mais tem é mistura de raça e pessoa acima do peso, em seguida vem os retardados que pra mim eu considero deficiente mental. Eu tb sou gay e curto piada de viado.

    • Pense em mim como uma versão mulher e argentina do Hannibal: combato o mau gosto por prazer e não tenho limites. De graça!

  • E quando, no “auge” da festa, rola a tal homenagem para funcionário com mais de 5 anos de empresa? Ano passado seria a minha vez e faltei com gosto.
    Estava com saudade de ler o Desfavor.
    Sally, também quero ir à sua festa.

  • Sally, eu acho que vc da pra uma boa personal party planner! Quando eu fizer festa vou te chamar pra organizar. Aí no do seguinte a maioria dos convidados deixando de falar comigo hahaha

  • Tava tudo muito lindo e ótimo até que eu li “Já falei sobre isso em outro texto específico, então, não vou me estender: está comprovado que trabalho intelectual cansa e demanda muito mais sono do que trabalho braçal”.

    Desculpa, mas naonde isso está comprovado? Você pode por favor me mandar o link desse estudo ou do post que você fez sobre o assunto, Sally?

    Todo lugar que eu procurei informações sobre carreiras exigentes, danosas para o corpo ou mais cansativas, só dá trabalho braçal e carreira com consequências altas (cirurgião) ou contato público direto e constante (professor).

    • Danoso PARA O CORPO sem dúvidas o trabalho braçal é, muito mais do que o intelectual. Porém os músculos se recuperam bem com poucas horas de sono. Já estudo, para absorver o conhecimento, para desempenhar atividades que demandem pensar, requer muitas e muitas horas de sono para “salvar no disco rígido”.

      Honestamente, como eu disse, eu não lembro o texto e vai descular, eu não sou seu Google. Você tem dedo, pode procurar. Ou então, procura no Google mesmo sem ser o meu texto, partindo da premissa correta: o tempo de sono para recuperar um músculo e o tempo de sono para recuperar um cérebro que foi muito usado o dia todo.

    • Eu diria que sou exemplo vivo disso. Leio aí umas 5hs por dia direto, fora outras atividades como resenhar, escrever artigos, resumir, processar informações teóricas aqui e ali do que eu li que tomam todo meu tempo. Confesso que depois do “expediente”, no final do dia, tenho um sono descomunal. E se eu não dormir pelo menos umas 8hs por dia fico com aquela sensação estranha de que ainda estou cansado do dia anterior, com a cabeça meio pesada como se estivesse saído de uma palestra longa, sabe? Pois é…

  • Não vou em festas, liguei o foda – se e desisti de fingir ser sociável. Mas numa festa nos moldes da festa vingança eu iria com o maior prazer.

    • Seria tão bom se as pessoas tivessem a humildade de aceitar que seu lazer é um desgosto para os outros e permitissem recusar um convite sem se ofender… Mas não, preferem alguém que vá sem gostar e que fale mal depois!

      Um dia espero nunca mais precisar ir nesses eventos hediondos

  • Melhor festa do mundo: Aniversário de criança. Não tem bebedeira, não tem fiasco na minha frente, não tem ostentação, não tem gente bêbada fazendo merda, não tem funk/pagode e cia. Tem docinho, tem salgadinho, tem bolo, tem refrigerante. E olha que não suporto crianças, os pestinhas só servem pra ir nos aniversários mesmo.

      • Você esqueceu da parte do “chorando e fazendo birra quando contrariadas”… Ah! e os comentários do Kafka e da tala de joelho que saíram como anônimos também são meus.

  • Eu sou intolerante com essa macaquice dos BM`s e por isso tenho poucos amigos, simplesmente não faço questão de ficar fingindo que gosto de certas coisas e pessoas. Tive a sorte de encontrar um parceiro que pensa como eu.
    Mas a família dele… puta que pariu! puta que pariu!! Todo mês inventam uma dessas festas odientas. Eles não fazem por mal, mas nossa… como a cabeça é diferente! Família a gente não escolhe né…

    • Isso é foda, porque essa pobralhada se ofende se a parceira do cara não vai. Já tive que ouvir uma vez de uma “cunhada” um “está pegando mal para você” porque eu estava me recusando a comparecer a eventos do naipe “grupo de pagode ao vivo”. As pessoas NÃO RESPEITAM que você abomine o que elas gostam, não tem jeito. Agora chama os parentes dele para uma roda de leitura de Kant e me diz se eles vão com o mesmo afinco que cobram sua presença…

      • Então tive muita sorte na escolha do parceiro, porque a família dele, embora seja super festeira igual a da Daniele, nunca falaram nada ruim sobre eu não comparecer nas festas. Festa e programa de índio, do tipo dormir em barraca na puta que pariu. Tô fora.

        • Família é sempre um pau no cu, será que eles não se magoam em silêncio?

          Dica para todos os solteiros: namorar órfãos

          • Pode ser que sim, mas ainda não me afetou. E até vai ser um favor se ficarem magoadinhos, assim param de me pentelhar.

  • Ai Sally, estou quase chorando de emoção…alguém como eu!

    Pior é que sou daquelas que quando sabe que tem um compromisso desses fico sofrendo dias por antecipação, por isso também estou aos poucos ligando o foda-se quando se trata de prestigiar alguém (muito triste, mas verdade).

    Também já criei o hábito de sair à francesa, sei que vou demorar um século com todos os obstáculos que o simples ato de ir embora cria.

    P.S. Me convida pra sua festa? Adoro Discovery Channel

    • Já está convidada. Eu também sofro por antecipação e, vou te falar, NÃO SOMOS FRESCAS OU LOUCAS, porque se essa gentalha anencefálica brega e pagodeira soubesse que vai ter que passar cinco horas do seu final de semana lendo Kant eles TAMBÉM SOFRERIAM por antecipação. Só que esses merdinhas nunca passaram por isso. Até agora. Me aguarde.

  • eu tive que ir a varias festinhas de trabalho por causa de promoção e reputação, era sempre a mesma merda: musica ruim, comida ruim, gente ruim.

  • Eu tambem não bebo, sou trata como ET, pior que todo fim de semana meu marido arruma alguma coisa assim pra ir… Eu vou e fico no celular, jogando joguinhos ou lendo, mais pessoas me tratando como ET, só que eu não suporto ter uma conversa com pessoas alcolizadas, porque você esta em um linha de raciocinio e o povo está em uma viagem ilogica, que nao tem como argumentar. Sempre que vamos sair eu me certifico de ter bateria no meu celular, livro e joguinho. Assim eu sobrevivo…

    • Taí uma coisa que eu adoto como exigência: homem para mim não tem que gostar de beber. Eu não consigo ficar de acompanhante nem com celular na mão!

  • Quero convite!!!

    O texto veio em boa hora. Amanhã, sexta-feira, tenho uma “confraternização” do trabalho. Apresentações inúteis de coisas que já sabemos, apresentação de música ou de mágica e para coroar as festividades, comida tipo “por quilo” boca-livre e PISCINA. Sim, serei obrigada a ver aquele monte de gente celulitenta que eu divido o ambiente de trabalho E SÓ, se jogando de barriga naquele cubículo de mijo. Tudo isso a mais de 50 km da minha casa.

    • CA-RA-LE-OU

      Ver essa gente oleosa na piscina é foda! Que nojo, que pobreza,que péssimo gosto. Sem contar que neguinho vai ficar te manjando! Que merda! Não tem como adoecer não? Olha, eu até engessaria meu braço sem necessidade para não ter que passar por uma porra dessas!

        • Faz melhor: passa nessas lojas médicas e compra aquelas botinhas para quem quebra o pé, assim vc pode tirar assim que chegar em casa

          • Boa idéia. A minha tala removível que usei quando operei o joelho ainda tá jogada em algum canto aqui de casa…

      • Pelo visto ficar o tempo todo dentro d’agua para não ficarem olhando não vai ser uma opção. Não é mais fácil deixar as pessoas pensando que ela está menstruada e por isso não pode entrar na piscina? Engessar o braço será inconveniente ter que ficar 2 semanas com o gesso…

          • Por isso eu amo os impopulares…

            Dei um jeito para a parte da piscina: fiz um monte de horas extras alegando um projeto que está comigo… Da palestra não consigo fugir, mas me dispensaram da parte pós almoço… :) obrigada a todos pelas dicas.

  • Agradeço por ter muitos poucos amigos para ter que ir nas festas pau no cu deles. Os conhecidos eu nem ligo para o que vão falar. Acho até que meu corpo já criou um mecanismo de auto-defesa! Sempre quando sou informada de um evento desagradável eu tenho uma enxaqueca estranha no dia e mesmo que eu quisesse ir para agradar eu toco o foda-se entupo de remédios e durmo, pq a dor é mais forte.
    Festa de empresa eu passo como um peido para ser menos traumático.

    Tem algumas festas que gosto de som alto para dançar e esquecer os problemas diários, mas acho importantíssimo reservar um ambiente à parte para se sentar e conversar.

    Agora, achei incrível que você prefere prezar pelo seu sono à sair. Sou adepta desse modo de vida. Minha semana já é muito puxada, às vezes trabalho em fds e quando tenho um gap para ficar quieta em casa, no conforto de minha cama, com roupas confortáveis, assistindo series, agarro essa oportunidade com unhas e dentes <3. Também fico sem entender como tem gente que sai de segunda a segunda sem o menor pudor hahaha.

    • Bel, você me descreveu: vestida como um mendigo, deitada, vendo seriado. Ai reside minha felicidade. E vai tomar no cu todos os babacas que acham que para “aproveitar a vida” tem que pular de festa em festa. Coisa de gente que tem medo de ficar sozinha consigo mesma, de olhar para dentro.

  • Lá na pré-adolescência meus pais me faziam ir a festas junto com eles exatamente pelo motivo de desfeita.
    A maioria era festa infantil dos filhos dos amigos e parentes que nem devem lembrar que eu existo (e na verdade nem eu me lembro deles, então quites). Óbvio que não tinha ninguém pelo menos próximo à minha idade pra trocar umas ideias e quando tinha era mini-BM. Sem chance. Uma vez eu fui cara de pau o suficiente pra levar um livro e ficar sentada lendo, consigo me concentrar mesmo com o barulho. Alguns fizeram comentários, mas nem me importei.
    Uns anos depois meus pais e eu simplesmente ligamos o foda-se. E mesmo quando eles iam à festa deixavam eu ficar em casa, e inventavam desculpas tipo “Ah, não deu pra Hikaru vir porque ela tem uma prova importante amanhã/semana que vem e está estudando” “Hoje Hikaru saiu com os amigos”. Aí nós 3 fazíamos esse rodízio de desculpas e ensaiávamos novas quando necessário.

    Festa infantil é um saco! Às vezes o aniversário da criança é só um pretexto pros dedicados pais e seus amigos fazerem a putaria toda já mencionada no texto. Onde já se viu tocar lepo-lepo na festa de 2 anos da própria filha? E ainda rir quando ela ficou dançando de um jeito muito impróprio junto com as coleguinhas?

  • Mais uma coisa legal pra se fazer em sua festa-vingança: coloque uma bandeja na entrada do salão pedindo para que ali sejam depositados, desligados, os aparelhos celulares e demais dispositivos eletrônicos utilizados para comunicação. Os convidados só poderão retirá-los ao final da festa, que vai ser (muito) tarde. Isso, somado ao Nietzsche ou Kant (por que não os dois???) e à roda de conversa regada de salmão com cream-fucking-delicious-cheese e Vivaldi (Wagner para os momentos mais agitados, de ânimos exaltados), serviria pra que você nunca mais, em todas as suas próximas “encarnações ateias”, tivesse que frequentar estas festas-lixo de hoje em dia. Apoiadíssima!

    • Excelente ideia. Se não a gentalha fica jogando Candy Crush, tirando selfir e postando “ķkkkkkk” no whatsapp! Sem celular!

  • Te entendo, Sally. Já fui obrigada a ir em várias festas pelo motivo profissional, porque caso contrario você sofre um bullying na empresa, já me taxaram de antissocial e inclusive perdi até promoções por esse motivo, hoje como mudei de ramo, estou livre para tocar o foda-se, e me sinto liberta dessas festas famigeradas e repugnantes.

  • Adorei!!!!!!!!!!!!!!!

    Ri muito imaginando a sua festa! E fiquei com água na boca imaginando o salmão com cream cheese…
    Dos convidados, só não ia gostar do Gil Brother Away. E também não ia saber comer escargots e ostras direito, mas seria uma diversão memorável.

    Convida eu, Sally!!!

    • Certamente. Todos os Impopulares estão convidados, que é para fazer muito bullying com essa gentalha da ousadia e alegria!

  • hoje em dia só sou obrigado pela minha esposa a ir nos aniversários dos amiguinhos da nossa filha…. não é de todo mal, já que ver nossa pequena se divertindo nos dá alegria…. além do mais, depois que a festa acaba, ela dorme feito um anjo, é uma maravilha….

    aqui no trabalho ninguém se importa com festas…. minha família mora em outra cidade, então festas só as de final de ano mesmo… meus amigos não se importam com festas, no máximo um boteco de vez em nunca…. minha religião só promove festas bacanas, dando sempre prioridade aos guias espirituais, então difícil acontecer alguma coisa relatada no texto…

    sally, se vc não gosta de festas, seu lugar é aqui em campinas… ô cidadezinha pra não acontecer porra nenhuma…. ou valinhos, jaguariúna e vinhedo, que são cidades dormitório, bem pacatas e praticamente sem nenhum lugar noturno…

  • Ainda adiciono uma categoria aos desfavores festivos: aquela cambada que te força a se arrumar e sair quando você quer ficar dormindo, na internet ou vendo um filme, ir pra um lugar com música merda alta e ao invés de pelo menos se esforçar pra conversar contigo, mesmo nesse esquema de 140 caracteres ao vivo, PASSA A PORRA DA NOITE INTEIRA GRUDADO NO CELULAR e mal olha na tua cara. Sério, dá vontade de enfiar o aparelho no cu do fulano ou da fulana na frente de todo mundo.
    Por isso, ao longo dos últimos meses liguei o foda-se. Se eu não quero ir, não vou. Não conto os casamentos, batizados, aniversários e formaturas que não fui porque não quis passar pelo desconforto descrito por você acima. E, bom, não estou nem aí se vão ficar chateados ou não. Se alguém não consegue respeitar minha vontade e meu espaço e prefere parar de falar comigo a compreender que não sou obrigada, já vai tarde. Inclusive, uso esse método pra filtrar amizades e tem dado certo.
    Por fim, vou querer um convite pra festinha HAHAHA Adorei a ideia.

    • Eu liguei o foda-se desde sempre. Nunca vi muito sentido em ir em festa pra agradar os outros, e geralmente quem me chama pra alguma coisa é gente que tem afinidade comigo e eu vou porque eu sei que vou conseguir tirar algum proveito e me divertir pelo menos um pouco na ocasião. Caso contrário eu recuso, falo que não to muito afim e fica por isso mesmo.

      • Gente… vocês trabalham com que? Quero trabalhar com vocês em um lugar/profissão onde não precise desse social para fazer carreira!

        • No momento eu to trabalhando com telecom, mas na área de TI. Acho que por eu ser terceirizado e trabalhar numa multinacional, não existe muito dessa coisa de festinha pra socializar e tal, e quando aparece algo do tipo, sempre tem a desculpa que eu moro longe e dependo do horário do transporte público então fica difícil ir nessas coisas logo depois do expediente. E mesmo quando eu ia nas festas nos meus empregos antigos, não era essa coisa estereotipada de um monte de gente ficando bêbada, nego dando em cima da secretária e afins, era tudo bem comportado até em algumas nem rolava álcool.

          E infelizmente, em todo lugar (acho que não só no Brasil) tem muito dessa coisa do Q.I. (Quem Indica) e ter vários contatos pra poder subir na carreira. Por exemplo, meu estágio foi numa empresa pequena, de 100 funcionários. Os chefes de várias áreas da empresa eram amigos próximos do dono, então a não ser que eles morressem ou pedissem demissão (o que é pouco provável devido ao comodismo), difícilmente alguém que entrou lá em cargo baixo alcançaria posição de chefia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: