Sexo e as Negas

Quando a patrulha histérica politicamente correta chega a um programa da Rede Globo, a emissora que toma mais do que cuidado com o conteúdo que divulga, é porque estamos diante de um cerceamento de expressão muito mais grave do que o imaginado.

Não tratei do assunto antes, apesar de toda a polêmica, porque pensei, em minha inocência, que depois que “Sexo e as Negas” estreasse, essa palhaçada acabaria, afinal, seu conteúdo não é de forma racista, discriminativo ou qualquer coisa do tipo. Mas parece que não. Parece que mesmo depois da estreia a histeria despropositada continua. As pessoas ou não sabem ou fingem não saber o que de fato é racismo.

Para começo de conversa, as “mentes brilhantes” que resolveram implicar com “Sexo e as Negas” o fizeram ANTES de conhecer seu conteúdo. Me explica, como é que você faz uma série de denúncias acusando uma obra de ser racista sem ter acesso ao seu conteúdo? É como dizer que um livro é racista pelo título ou pela sua capa. Perdão, mas isso é de uma burrice sem precedentes. Me parece que o preconceito está é na cabeça das pessoas que começaram com essa confusão e não na obra do Falabella.

Um dos motivos de tanto barulho foi o título, apenas o título! Para quem não sabe, o título é uma brincadeira/paródia com o seriado “Sex and the City”. Em vez de retratar o mundo de quatro mulheres ricas e brancas a proposta é retratar a realidade de quatro mulheres negras e pobres, mostrando como podem ser lindas e bem resolvidas. Te parece racista? A mim não. O que me parece racista é não poder usar o termo “Negras” e “Sexo” na mesma frase sem que disso se depreenda algo pejorativo. Tá baixa a autoestima do pessoal dos movimentos sociais, hein?

Atos públicos no Rio e em São Paulo, fúria em redes sociais e ataques dos donos da verdade na internet não param. Mais de cem denúncias foram efetuadas à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Social. Críticas que não se sustentam atacando desde o título até a existência de supostos personagens racistas me embrulharam o estômago. Onde foi parar a cognição das pessoas?

Basta ter uma mínima noção de dramaturgia para compreender que são necessários protagonistas, antagonistas e conflitos para criar um roteiro. Colocar um antagonista racista não é fazer apologia ao racismo, é expor um conflito para apreciação e julgamento do público. Se você não gosta do que vê quando olha no espelho, não adianta chutar o espelho. Racistas existem e que bom que o seriado os mostra para que o assunto possa ser debatido!

Andaram reclamando que comentários supostamente racistas ficaram “impunes”. Não seria ofender a inteligência do público precisar apontar que racismo é feio de forma expressa e panfletária? Porque não foi tratado de forma tatibitate, caracteriza a série como racista? Que grupo é esse que passa décadas pedindo por igualdade de tratamento mas, contraditoriamente, quando isso acontece, reclama? Estou falando de pessoas com ensino formal que se comportam como analfabetos funcionais, pinçando uma frase de um contexto e se ofendendo com ela sem compreender o significado global do roteiro. É de fazer cair o cu da bunda.

Me explica como se faz para escrever dramaturgia no Brasil neste momento. Porque se fazem um trama com uma mocinha loira e magra, é racismo e estimula a anorexia. Porém se fazem uma trama com protagonistas negras mostrando sua realidade (e racismo é uma realidade), também é racismo! Muita crítica e pouca solução. A solução, qual seria? Retratar mulheres negras em um lindo mundo da imaginação perfeito e sem racismo? Bacana a proposta: combater o racismo não falando dele e fingindo que não existe! Um minuto de silêncio pela morte da coerência.

Quer dizer, pela lógica distorcida, se eu escrever um roteiro sobre um assassino ou um estuprador que consegue fugir da polícia e não é punido, eu estou incentivando assassinato e estupro? Lastimável. Um seriado que poderia gerar discussões interessantes gerando ódio e tentativa de censura. Uma lógica estuprada fruto de anos de politicagem protecionista barata que em vez de incluir segrega ainda mais alçando certos grupos à categoria de “Intocáveis”, como se de fato fossem inferiores e precisassem dessa proteção.

E, vamos combinar, se é para patrulhar a ferro e fogo todo o conteúdo supostamente impróprio da televisão brasileira, que supostamente deixa a desejar cultural e eticamente, então muita gente vai ter que ser notificada também. Cada vez que uma senhora negra se jogar no chão para pegar um aviãozinho de dinheiro atirado pelo Silvio Santos tem que ter Ministério Público na porta do SBT. Cada vez que programa policial mostrar negro algemado com legenda pejorativa chamando de bandido, tem que ter protesto.

Mas não, esse grupo histérico escolhe algumas obras pontuais para avacalhar em uma campanha imbecilóide. E atraem seguidores naquele esquema que a gente aqui do Desfavor conhece bem: pessoas que nem viram, nem leram nem sabem nada, mas acreditam na simples afirmação de ser uma obra racista e saem malhando sem se informar melhor. Porque meter o pau em racismo te faz parecer uma boa pessoa, então, toda oportunidade é uma boa oportunidade para mostrar que se é uma boa pessoa. Foda-se a injustiça que isso vai acarretar, a promoção pessoal fala mais alto.

Fiquei especialmente triste porque, como já comentei aqui várias vezes, acho que o Falabella não merece isso. Um dos poucos que ainda consegue fazer um humor em dramaturgia que foge ao politicamente correto, uma pessoa que sempre está tentando inovar, empurrar um pouco mais para frente a linha que limita o socialmente aceito, que genuinamente contribui para o humor nacional, sofrer esse tipo de imbecilidade? Injusto e revoltante.

A ousadia na dramaturgia já é pouca, se começarmos a bater em uma das únicas pessoas que pensa outsidethebox e tem capacidade e coragem para apresentar algo minimamente ousado e diferente, vai ser pior para todos nós. Ninguém no Brasil, eu disse NINGUÉM, retrata a pobralhada como o Falabella, com esse azedinho-doce, misto de deboche e carinho que normalmente destinamos ao sacanear um irmão ou um amigo querido.

Desde os tempos que ele Cacoantibizava metendo o pau em festinha de pobre com cajuzinho já ganhou meu amor incondicional. O que aconteceu? Porque antes todo mundo ria, agora não pode rir porque os pobres em questão são negros? Negro só pode ter papel de culto, rico, santo e assexuado na TV brasileira? Aliás, perguntar não ofende: ser pobre ofende alguém exatamente porque?

Mas o pior nem são as críticas, porque cada um gosta ou desgosta do que quer. O pior são as medidas administrativas e judiciais que vem sendo ensaiadas contra Falabella e a Rede Globo. Se chegamos a um ponto de tentar censurar a Rede Globo, é porque o grau de histeria chegou a um patamar inaceitável. Não gosta? Não assista. Querer calar quem fala algo que você não gosta é uma punhalada no Estado Democrático de Direito.

Vamos diferenciar uma pessoa que se ofendeu do cometimento de um crime? Porque alguém se ofendeu, não significa que tenha sido cometido um crime ou até mesmo um desrespeito. Indignante pensar que tem gente acreditando que seu sentimento pessoal, individual, é norteador para a aplicação da lei. Fica o recadinho: você não é tão importante.

É óbvio que, legalmente, isso não vai dar em nada, porque é uma tremenda palhaçada. Mas muito se engana você se pensa que esse tipo de circo não nos afeta só porque não haverá condenação judicial. O efeito disso é mais passivo do que ativo: todo mundo está escrevendo na retranca por medo desse tipo de reação. Ninguém mais tem interesse ou culhões de sair do socialmente aceito e empurrar as fronteiras um pouquinho mais. Esse tipo de histeria intimida, não pelo medo ou culpa e sim pela encheção de saco que gera.

Vocês tem noção do desespero e do desânimo que deve dar perceber a existência dessa massa burra, cansativa e ofendida interpretando de forma inconcebível o seu trabalho? Eu tenho noção disso porque faz cinco anos que recebo desde xingamentos até ameaças de morte pelo que escrevo aqui, e vou te dizer, dá uma desesperança danada. Desanima, desencoraja.

Muitos que gostariam de fazer algo nessa linha não o farão por medo, muitos que faziam acabarão parando de fazer e os poucos que sobrarem com coragem e disposição para tocar em “intocáveis” serão pentelhados ao extremo. Resultado: continuaremos a ver mais do mesmo, dramaturgia embutida, que aborda apenas assuntos socialmente seguros, chata e repetitiva. Quem perde? Todos nós.

E, como sempre, deixo aqui a mesma pergunta: porque quando fazem série estereotipando argentino ninguém reclama, muito pelo contrário, acham lindo qualquer deboche? Não me lembro de “Copa do Caos” gerar revolta em rede social, e, basicamente, o princípio era o mesmo: pegar um grupo e mostrar sua realidade com humor.

Falabella, vamos combinar assim: na próxima vez você faz um seriado sacaneando argentinas que tá tudo certo, vai ser só aplausos: “Las Chicas y el Drama”, debochando da vertente melodramática do argentino. Vai receber os aplausos mais hipócritas da sua vida.

E depois vocês me perguntam porque eu não consigo emplacar minha carreira de roteirista. Se tá puxado para o Falabella, dá licença que eu vou ali vender churros na esquina, porque meu futuro é negro. Perdão, não quis ofender… retiro o que eu disse. Meu futuro é afrodescendente.

Para mostrar seu analfabetismo funcional e me chamar de racista, para mostrar seu oportunismo e me processar ou ainda para mostrar sua indignação com essa babaquice e deixar um comentário ácido: sally@desfavor.com

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Comments (111)

  • racismo inverso só vai existir se alguém pegar uma maquina do tempo e alterar a historia para que negros oprimam e brancos sejam oprimidos.
    no dia em que você, branquinha, ser tratado como um ser inferior, perder oportunidades, ser maltratado, estereotipado e segregado apenas pela sua cor a gente se fala ;)

    • TODO MUNDO, todo mundo tem um histórico de escravidão. Nossos ancestrais, negros, brancos, índios, esquimós, quaisquer que sejam, sempre brigaram com tribos vizinhas e os perdedores saíram escravizados. Com a diferença que a maior parte das pessoas deixa isso ir, enquanto um grupo se apega e joga um holofote no período histórico em que foi escravizado para se vitimizar e arrancar benefícios sociais.

      • Ambos, brancos e negros:
        *Vieram de outro continente num navio precário e nem todos conseguiram chegar com vida
        *Tiveram dificuldade com o idioma local e ninguém disposto a ajudar
        *Sofreram preconceito e foram isolados por causa de cultura e hábitos diferentes
        *Trabalharam pra cacete pra receber mixaria ou porra nenhuma em troca
        *Melhoraram de vida na base da enxada
        Final:
        Negros ganharam cotas e o status de vítimas
        Brancos ganharam o status de opressor

  • Na verdade ninguem se aceita como é.
    Ninguem quer assumir sua cor, sua condição social. Todos querem ostentar…
    Já começo a ter dificuldade em diferenciar as conhecidas:
    São todas loiras, com luzes no cabelo alisado, malhadas, com a maquiagem igual, se vestem da mesma maneira, e falam mal de quem não segue as regras.

    Sou morena, cabelo curto, gordinha… decididamente, estou fora do padrão…

  • Sally, desculpa o atraso, mas o texto está mota 100000000! Exatamente o que penso e pensei quando estourou esta mais nova polêmica! Sempre isso, as pessoas criticam sem ler nem ver, em nome de idiotices politicamente corretas! Dá-lhe Falabella, saudades do Sai de Baixo! :)

  • Apenas parcialmente relacionado: hoje eu me peguei pensando no que seria dos Mamonas Assassinas se eles ainda estivessem vivos.

    • É isso… a ditadura do politicamente correto fugiu do controle e até a Globo está sendo afetada. É como eu sempre disse: quem tem anunciante, tem medo.

  • Esse país tá ficando pior a cada dia.

    Porra.

    E agora eu quero ver como vai se dar o erro do sistema:

    Presidente da OAB de Brasília vetou o pedido do Joaquim Barbosa de reativar seu registro da OAB.

    E aí? Petista sendo filhodaputa com negro é racismo ou é petismo?

  • SOMBRA 3D BUCETA PISCANDO

    SALLY, ADIVINHA QUEM É?

    GENTE, ME CHAMARAM DE SOMBRA EM 3D, VOU PROCESSAR ESSES FILHOS DA PUTA VAGABUNDOS

    NÃO VOU ME IDENTIFICAR POR MEDO

    ONTEM NO MERCADO OLHARAM PARA O MEU CABELO E FALARAM; DUAS PALAVRAS PRA VC;
    SHAMPOO E CONDICIONADOR,
    MALDITOS.

  • Seria interessante imaginar a reação do movimento glbtabcdefg se ele fizesse uma série “O sexo e os bofes” com quatro afrodescendentes garotos de programa e cenas de sexo gay. Será que daria choque entre os estereótipos “Mandingo”/sexploitation e a nova moda da gaysploitation nas novelas?

    P.S.: Chamaram o Gentilli de “palmito sexy” depois dele sensualizar na internet. É injúria racial, Arnaldo César Coelho?

    • Vou além: poderiam ser quatro gays, negros, paraplégicos com síndrome de down fazendo programa. Acho que a TV explode.

      Se pode chamar o Danilo de PALMITO por causa da cor da pele, posso chamar outras pessoas de “carvão” e similares? Não, claro que não. Jamais. RIP Coerência!

  • Olha Sally vou jogar um outro ponto de vista aqui. Concordo que é prejudicial tentar censurar o que quer que seja e que esse não é o caminho, mas não acho que a reclamação sobre a série seja apenas porque “ofendeu” ou patrulha do politicamente correto. O que essas pessoas estão criticando é a constante representação dos negros (e mulheres) de forma objetificada e em certos aspectos, inferior. Claro que pessoas esclarecidas não pensam que negros e mulheres são inferiores, mas a massa sem capacidade de raciocínio compra esse tipo de mensagem, principalmente considerando que ouviu esse tipo de coisa a vida inteira. O correto seria estimular outros tipos de representação também, pra que a única coisa que se visse na TV não fosse altamente estereotipada o tempo inteiro. Afinal de contas, é verdade que existem mulheres negras e pobres, mas com que frequência comparativamente você realmente vê representado uma mulher negra e rica? Bem menos, com toda certeza.

    Além disso, existe, até mesmo nas pessoas mais esclarecidas, por vezes uma visão de inferioridade internalizada que está tão enraizada que a pessoa sequer percebe. É importante trazer luz a esse tipo de questão, embora não estejam fazendo isso da forma mais eficaz do mundo.

    Representatividade na mídia é importante, talvez não para um adulto, mas certamente para uma criança, um adolescente. Não é só porque existe toda uma industria feita e pronta pra capitalizar em cima de lhe dizer que você não se adequa que devemos aceitar essa representação danosa.

      • Focar uma série inteira nas relações sexuais daquelas mulheres é uma forma de objetificação.

        Em adendo, é fácil falar de coerência na teoria, quando se ignora que um dos grupos é o dominante da sociedade e o outro é constantemente alvo de desumanização de diversas formas. Não é exatamente o branco, rico heterossexual que precisa ser defendido né? Ele não está em posição oprimida. E ignorar que nem todos são tratados da mesma forma apenas por serem o que são é fechar os olhos a realidade.

        • Não vejo como mulheres com uma vida sexual ativa, bem resolvida e sem preconceitos seja objetificar alguém. Sua cabeça está meio moralista…

          Sobre opressão, mil desculpas, mas brancos ESTÃO SIM em uma situação oprimida hoje em dia. Pode ter certeza. Não se pode nem peidar perto de um negro. Não é chibatada, mas é opressão sim.

            • E o pior é que esse pessoal fica enchendo a academia para fazer pós-graduação nessa farofada.

              Com o perdão do trocadilho, é travestir posição ideológica com a roupagem e a estampa das universidades.

              Se bobear, parte da prova de seleção desse pessoal vai ser um concurso de Drags.

    • “O correto seria estimular outros tipos de representação também, pra que a única coisa que se visse na TV não fosse altamente estereotipada o tempo inteiro. ”

      Para agradar todos os segmentos cada novela deveria ter um representante de cada “tipo”: um japonês burro, um inteligente, um pobre, um rico, um mal, um bom, um gay, uma mulher, um homem. Depois um alemão rico, um pobre, um blablabla. Cada programa de televisão e cada comercial teria umas 3 mil pessoas e certamente seria criticado por não terem falado do negro rico filho da loira gay com o japonês bandido.

      • Não representar todas as categorias de seres humanos existentes em cada programa q se faz. Criar programas que se focassem em pessoas pouco representadas do mesmo jeito que criam programas focados em gente branca rica. E a representatividade não é “pra agradar”. É pra formar seres humanos menos alienados e sem auto estima porque cresceram ouvindo que oq eles são não é comum/normal/aceitável/bonito. Não é pra agradar adulto com pensamento formado, é pra não influenciar negativamente quem ainda pode ser influenciado, que é criança.

        Vocês estão tão fechados nesse pensamento de “patrulha do politicamente correto” que não conseguem ler argumentos contrários sem má vontade. Claro que sempre tem aqueles que usam esses projetos pra proveito próprio, mas isso tem em qualquer situação no Brasil.

        • Me diz como esse programa não representa mulheres que moram na favela, porque eu convivo diariamente com muitas delas e posso te garantir que aquilo não está estereotipado e sim muito bem representado…

  • Cala a boca Magda!

    Eu sou um cara bobo pra elogiar. Mas so o faço com quem merece. Meu objetivo é motivar a pessoa, incentivando a continuar um bom trabalho.

    Tenho notado que quanto mais voce esta indginada mais cativante e autentico fica o seu texto! Talvez porque voce so fala a verdade, aquelas verdades que a maioria nao tem coragem de dizer e fica inventando racismo onde nao tem.

    Presumo que nem o proprio Falabella esperava tal reação intelectualmente preguiçosa. Custa assistir pra ter embasamento? A intencao dele nao é valorizar a raça negra? Mostrar que estes tambem podem ser protagonistas?

    Sei la, ta tudo mauito esquisito nesse país chamado Barril.

    • Ivo, eu sinto isso. Quanto maior a putez, mais “de coração” sai o texto e mais ele é eligiado…

      Coitado do Falabella, ter que lidar com esse grau de imbecilidade…

  • Irônico algumas feministas dizerem que mulheres podem fazer o que quiser com o próprio corpo, mas criticar esse programa…
    E caramba, o programa faz justamente a inclusão que tanto querem que façam com os negros na televisão. Existem brancos ricos e pobres, negros ricos e pobres. Se põem um negro pobre, reclamam de racismo. Se não põem, reclamam de esconder a realidade brasileira. Se põem um loirinho só pra ser um secundário, reclamam de racismo e de ditadura da beleza, como se fosse crime nascer loiro e branco. Se põem um negro pra ser secundário, reclamam de não dar destaque a ele só por causa da cor. Dos dois lados esses “justiceiros das minorias” reclamam. Ah, e se ficar em cima do muro e não fazer nada reclamam de você ser acomodado e preso ao mundo atrasado ou algo assim.
    O que esse povo quer, afinal?

    • Eu acho um porre todo esse mimimi porque parece que algumas pessoas que acham racismo e outros -ismos em tudo pensam que a gente tem que pagar pelo que pessoas que nasceram a 200 anos atrás fizeram, como se culpa fosse hereditária.
      Além disso, (não sei se é intenção deles ou não) parece que existe uma cota racial/de gênero/LGBT imaginária na cabeça de cada um que tudo PRECISA ter negro/mulher/gays, trans e afins. Essa parte já é algo que eu não sei se me incomoda porque realmente é choro demais deles ou porque eu faço parte da “classe opressora” (sou branco, homem e hétero) então já tenho representatividade suficiente na mídia.

      • Essa coisa de “fomos escravizados” me irrita level master. Me dando o direito de generalização, japonês tomou bomba na cabeça, veio pro Brasil amontoado em navio, foi jogado no subúrbio para plantar alguma coisa sem nenhum incentivo ou ajuda e estão aí: produtivos, sinônimo de “sucesso” nas universidades, ninguém quer dar cota para japonês.

        Judeu veio fugido da guerra, uma mão na frente, outra atrás, foram vender tecido e roupa no centro da cidade e estão aí: #tudorico.

        Alemão ainda veio com o pré conceito de ser o bandido (derrotado) da história.

        Chinês e coreano até “ontem” eram os novos donos das fabriquetas de roupa no Brás e vendedores de capas de celular a tlinta tinco reais.

        Não entrando no mérito de qual estratégia cada povo “oprimido” usou para melhorar de vida, mas todo mundo “evoluiu”. Só os soldadinhos se apegam a isso como se a escravidão tivesse acabado semana passada e como se nenhum outro grupo tivesse sofrido discriminação antes. Aliás, não foram exatamente os brancos de olhos azuis que vendiam escravos na Africa… Da maneira como eles falam e agem, parece que imigrante de qualquer outro tipo desce no aeroporto com honras militares, ganha uma fazenda, mil cabeças de gado, uma vaga na USP e a garantia de um emprego público na Petrobrás.

        Brasileiro pegou o que há de “melhor” em cada povo que o compôs: o protagonismo dos soldadinhos, a esperteza dos índios, a inteligência do português, a fala calma e a educação dos espanhóis. Junta tudo isso e dá esse povo buscando oportunidade “fácil” de se dar bem no coitadismo.

          • Seu último parágrafo tinha que ser publicado naqueles resumões de pré-vestibular.

            Sintetizando a formação do Brasileiro!

            • Eu seria linchada na rua por uma massa de ofendidos. Não compactuar com hipocrisia ofende e te torna uma má pessoa. Amanhã conversaremos mais sobre isso…

        • “Me dando o direito de generalização, japonês tomou bomba na cabeça, veio pro Brasil amontoado em navio, foi jogado no subúrbio para plantar alguma coisa sem nenhum incentivo ou ajuda e estão aí: produtivos, sinônimo de ‘sucesso’ nas universidades, ninguém quer dar cota para japonês”

          Pois é. Se considerarmos que italianos primeiro, japoneses depois, vieram para cá justamente substituir os escravos, bem…meus avôs falavam que quando chegaram aqui, foram roubados no desembarque, ainda na imigração, depois foram morar onde antes era a senzala, com uma casinha de pau a pique construída aqui e ali, trabalhavam na lavoura 16, 17 horas por dia, e, como ganhavam pouco ou em troca do que ter o que comer, acabavam endividados porque o mercadinho do dono da fazenda mais do que inflacionava os preços. Não eram escravos, mas servos presos a terra, como na época medieval. Não apanhavam no tronco, mas eram espancados se reclamassem. Fuzilados, se tentassem fugir, tal qual aconteceu com vários companheiros de navio. Sem vacinação, caíam vítimas das pragas da terra. Os que conseguiam sair compravam sua liberdade e tinham que recomeçar do zero (ou do negativo)…

          Ah, e o patrimônio que porventura alguns tenham conseguido, a despeito da exploração dos fazendeiros, muito dele foi confiscado na Segunda Guerra Mundial, e os japoneses, sobretudo, foram proibidos de estudar (três japas juntos era subversão, e todo mundo ia preso), o que inviabilizou qualquer chance dos filhos deles voltarem para a terra natal, já que a intenção mesmo era só trabalhar aqui um tempo. Civis alemães foram parar em campo de concentração montado na região de Guaratinguetá e despejados na rua no dia seguinte ao final da Guerra. E por aí vai…”Sem nenhum incentivo ou ajuda”, como bem disse nossa amiga Anyella, foram em frente.

          Sem reclamar das injustiças sofridas, das restrições, dos confiscos, pois foram considerados inimigos do Estado nesse período. E, principalmente, lutando por seu espaço sem querer barrar outros grupos. Quem é filho, neto de imigrante, sabe que isso não é achismo aprendido de livros de história…

      • em qualquer seriado ou até desenho animado sempre estão cobrando “e os gays? e os deficientes? e os negros? e os trans? e ‘qualquer outra minoria’?” porra, se for assim bota logo 7 bilhões de personagens pra representar a todos.

        • Foi bem colocado no texto. Se tiver negro, tem que ser tudo de classe média alta, educadinhos, bem comportados, assexuados e o caralho a quatro.

          Não queriam cotas? Toma a cota aí na TV.

          Eu teria feito melhor. Faria um “Não Meche com as Nega”. O enredo seria mais ou menos o seguinte: “No subúrbio do RJ (Nova Iguaçu), quatro amigas experimentam altas aventuras. O rolê no shopping, os zap zap do dia a dia, o tráfico de drogas e a prostituição barata. Barraco não é onde moram, e sim o que fazem de mais corriqueiro. Lavanda, a mais nova, fica grávida de um PM corrupto. Pra sua sorte, seu filho nasce “completamente normal” com Síndrome de Down comórbido com retardo mental grave. Pixa, a mais velha do bando, acaba de viciando em crack ao longo da primeira temporada. É constantemente estuprada pelo seu padrasto, e tem na droga o ponto de escape. Negalô é a mais doidona de todas, e a que sai na porrada com todos os vizinhos. Penha é a certinha careta que faz cursinho pra entrar na UERJ pra cursar administração. Todo domingo tem feijoada na laje do Chico”.

          Será que teria revolta com o meu seriado, ou seria uma espécie de “Esquenta” formato série?

  • Essa massa burra tá começando a me assustar. Tomando proporções que, sinceramente, não quero estar aqui pra ver.

      • então essas pessoas que se ofendem com tudo e tacam pedras nos comediantes são minoria em relação a pessoas como nós, que gostam de politicamente incorreto? os que aprovam são mais do que os que nao aprovam?
        caso sim, fico meio aliviada.

  • Cada vez mais concordo com a teoria de que os analfabetos funcionais são na realidade sociopatas tirando com a cara da gente… Tenho horror a gente dodói, viu?

    • O problema é que o termo “racismo” é interpretado de forma errônea. Para os “justiceiros das minorias”, racismo é se e somente se um branco despreza um negro. Recentemente eu perdi um debate a respeito do significado dessa palavra por argumentação ad nauseam, a outra pessoa só tagarelava que negros foram oprimidos, sofreram escravidão e etc. Não estou negando isso, claro. Mas, como consta no dicionário, racismo é menosprezar uma etnia diferente da sua apenas por causa da diferença. Se um negro despreza um asiático só por ele ser asiático, ele é racista. Se um asiático despreza um branco só por ser branco, ele é racista. Please, gente ruim existe de todas as cores.

      • Argumentum ad nauseam está dentro da série das falácias, mas você perdeu em outro ponto, que foi no fato de não demonstrar o “non sequitur” presente na relação feita pela sua contraparte entre o ocorrido lá pelos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX com a sociedade atual.

        Você poderia ter demonstrado a falta de ligação entre a escravidão em si com a discriminação por cor que tipifica o racismo, colocando que o colonizador em si só se importava com o escravo na medida em que ele era ÚTIL para seus propósitos, não levando a questão para o ponto de vista discriminatório e colocado ao final que a discriminação surgiu na medida em que os negros deixaram de ser a base da força de trabalho na sociedade escravagista, ficando a margem da sociedade em parte pela sua posição subalterna dentro da construção social e em parte pela sua paulatina substituição pela mão-de-obra dos imigrantes.

        Ainda para arrematar, se poderia colocar a lógica exploradora pela diferenciação, que seria baseada no “diferenciar melhor para explorar melhor”, conceito que vale tanto para recursos naturais quanto para recursos humanos.

  • Quando essa palhaçada começou, escrevi a mesma coisa (só que com menos palavras e mais xingamentos) no meu facebook.
    Ta difícil, viu?! Tem gente de Cordovil se doendo, dizendo que é sacanagem com o lugar… caralho, eu morava ao lado de Cordovil. O que Falabella retrata, não é nem 1 décimo do que acontece cara… por que pobre se ofende tanto quando é retratado como é de verdade?!?!? Dói tanto assim?! Então que mudem pra serem retratados de outra forma!
    Que saco!

    • Tá puxado! Eu sinto vergonha alheia por quem se ofende com quem se ofende com ficção mas não parece se ofender com o que políticos fazem, elegendo quem já os sacaneou!

    • Eu já escrevi comentário semelhante em outros textos aqui na RID: acredito que, em partes, toda essa dor e mimimização se deve à falta de amor próprio na “pós-modernidade”, viu? Contraditoriamente, ao mesmo tempo que temos uma cultura do ego, da massagem do eu, dos selfies em instagrams da vida mostrando a futilidade do dia a dia, temos também uma sensação de perda (de identidade? talvez?), de incompletude. E além disso, no limiar tênue entre esses dois, temos essa pseudo alteridade de sair se colocando no lugar do outro e sair enxergando preconceito em tudo levado pela onda do politicamente correto. Quer dizer: A pessoa é até mesmo alienada, reproduz um suposto discurso de bondade e igualdade, mas que por trás, só solapa essa suposta igualdade em prol de interesses ideológicos dominantes. É realmente foda tentar compreender esse processo e tentar, minimamente, tomar algum partido pra “sair do lugar”.

  • Confesso que nem estava sabendo dessa polêmica toda – mais um pouco e a TV daqui de casa vai acabar virando é apenas peso de papel mesmo -, mas fiquei de boca aberta com o que li. Sério que tem por aí gente histérica desse jeito? E que, pra piorar, eles estão se fazendo ouvir? E o mais grave: tem gente ind na onda sem nem entender direito do que se trata e levando a sério o blábláblá de uns cretinos que julgam livro pela capa? Porra, já tô de saco cheio. De saco cheio dessa merda. Dá vontade de berrar “vai tomar no cu!” na cara dessa cambada que escolhe com o que se ofender e ainda posa de defensor de minorias. De uns tempos pra cá tudo ofende, tudo incomoda, tudo é discriminação, tudo é racismo, tudo é “apologia” a alguma coisa… Puta que pariu!!!

    • Desculpa pelo OFF, mas, Somir, meu comentário no texto “Já Deu (pra mim?)” não está aparecendo. Comentei no dia em que o texto foi postado, mas me apareceu uma mensagem de comentário repetido. Será que meu comentário lá se perdeu?

  • Não entendo como as pessoas estão tão preocupadas com tudo hoje, menos em tentar ser um ser humano melhor! Deve ser fruto de muita ociosidade! Isso me lembrou a chatice que foi quando resolveram segregar os Kinders ovos em feminino e masculino. AH ME POUPE!

    Não tenho tempo nem para pensar no que eu vou comer hoje, quanto mais ficar achando absurdo terem brinquedos separados para menino e menina!

    O povo precisa trabalhar, ocupar a mente e ai vão dar valor a cada minuto que sobrar do seu dia para cuidar bem de si mesmo e dos entes queridos ao invés de ficar se apegando a pouca bosta.

  • “Negro só pode ter papel de culto, rico, santo e assexuado na TV brasileira?”

    Sim, pelo jeito só pode. Tal qual a primeira família negra classe média no horário nobre, na novela “A próxima vítima” da qual o ator Antonio Pitanga já afirmou ter orgulho em entrevistas.

    Afinal, era uma família bem sucedida que pegava no pé da filha (Camila Pitanga) por ter um namoradinho branco, de olhos claros. Se bem que, neste caso, assexuado não, pois o irmão da Pitanga na trama era gay (Lui Mendes).

    Ou mesmo os Cosbys, seriado americano sobre uma família de classe média alta, em cima do qual o pessoal da TV Pirata fez um quadro excelente, clássico, no qual, dentro de uma mansão de uma familia negra bem sucedida, o filho Diogo Vilela, vestido como um mano, chega para o pai Ney Latorraca e a mãe Regina Casé e diz ter descoberto que era negro, para o total horror e decepção dos pais.

  • Sério, não aguento mais essa vitimização.
    TUDO, ABSOLUTAMENTE TUDO é considerado preconceito.
    Esses idiotas não entendem que NINGUÉM RESPEITA VITIMA. As pessoas tem DÓ de vitimas. Quando mais se vitimizam mais as pessoas os vêem como INFERIORES.

  • Coerência não é nada. O que vale é o holofote. E por motivos óbvios, esse é o caso da histeria em torno da parada do “sexo e as negas”. Legal seria debochar desse bando de alpinistas, digo, de “ativistas” metidos a revolucionários.

  • Impopulares,

    Sabemos que Sally e Somir não gostam nem têm redes sociais. Então, vamos todos espalhar esse texto, compartilhando nas nossas. Todo mundo deveria ler isso!

    • Por favor. Se chegar no Falabella, melhor ainda. Quando se está apanhando de todos os lados é bom ver que tem gente te apoiando. Gosto dele demais, não quero que ele desanime de escrever!

    • O único texto do Desfavor que eu publiquei até hoje foi aquele do Gentili e a vaca doadora de leite. Tive que aguentar um filho da puta pagando de moralista discutindo comigo…comparado ao que muita gente aguenta de BM, o meu caso ainda foi leve, mas não to afim de aguentar isso de novo. Já tenho bastante estresse no trabalho e quando chego em casa eu quero relaxar, não ficar aguentando falso moralista em rede social.

  • Excelente texto! Não tenho nada a acrescentar. Você disse tudo, você disse o óbvio… Só que o óbvio não é fácil de ser visto. As pessoas agem como um barco à mercê dos ventos das polêmicas. E se deixam levar, se deixam manipular…
    Como é que acham aceitável fazer críticas pesadas e chamar de racista um autor sem nem ao menos terem se dado ao trabalho de CONHECER a história que ele escreveu? Não entendo. E espero que essa fase afrodescendente passe logo.

  • Sally, finalmente alguém se expressou a favor do que penso!
    Quando vi a chamada do programa achei super interessante ainda mais por que aborda a questão da mulher independente e bem resolvida com sua vida social e sexual. Que quer dar e dá na maior, sai, bebe, trabalha, como qualquer pessoa normalmente faz mas esconde parte disso para não ser julgada socialmente.

    Primeiro valeu pelo toque de que esses histéricos começaram a reclamar da série sem nem mesmo terem visto. Sério mesmo, “nega” é uma palavra tão difundida hoje no vocabulário do brasileiro que não dá para entender o por quê do problema, é só por que foi o Falabella que escreveu???

    E outra, ninguém nunca tá satisfeito. Se fossem brancas as protagonistas iam reclamar que negro não tem espaço, se o negro aparece na favela reclama que ele não é juiz, se o negro faz sexo reclama que estão coisificando seu corpo. Gezuiz, haja paciência.

    Vai reclamar que em novela o preto é sempre o empregado ou motorista então. Não entendo por quê dessa seleção.

  • “Um minuto de silêncio pela morte da coerência.”
    Esta frase diz tudo!
    Estou começando a ter vergonha de ser negra, ops!, afrodescendente mediante a tanta idiotice. Tantas coisas mais importantes a se preocupar…haja paciência!

  • Geral reclama que TV eh uma merda, daí quando aparece algo maneiro os manes entram numa de protesto aff Eu curti a série, nem prece coisa de Globo.

    • Eu não usaria esse termo. Na ditadura, o ditador tem poder. Hoje, na minha opinião, o que temos é um favorecimento temporário, a título de inclusão.

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