Coulrofobia.

Coulrofobia. Certamente você já ouviu falar, mas provavelmente você não está ligando o nome à pessoa. Coulrofobia é o medo irracional e incontrolável de palhaços. Acomete crianças, adolescentes e muitos adultos. Isso mesmo, existem adultos que levam uma vida normal, funcional, inteligentes e maduros que sentem um pavor incontrolável de palhaços.

Como já dissemos outras vezes, a fobia é um medo irracional, sem nenhuma explicação lógica aparente. Não necessariamente o que desperta fobia em uma pessoa é algo que lhe faria mal ou a colocaria em risco. Pessoas tem fobia de coisas e animais totalmente inofensivos. O que desencadeia a fobia não é o mal que o objeto pode te causar e sim uma série de mecanismos inconscientes complicados demais para que eu ouse começar a falar deles sem antes ter um diploma em psicologia.

O fato é que muitas pessoas tem esse medo irracional e incontrolável (fobia) de palhaço. Não percebemos com muita clareza porque socialmente é inaceitável que uma pessoa adulta se apavore e saia correndo quando se depara com um palhaço, então, essas pobres pessoas encontram mecanismos e fazem das tripas coração para disfarçar um pavor que a sociedade não lhes confere o direito a ter.

Mas ele existe, e é injusto que alguns possam dar um siricotico histérico ao ver uma barata e outros tenham que ter um mini-AVC em silêncio ao ver um palhaço. A situação piora quando se trata de um homem, pois a reprovação social é ainda pior. Ao homem é negado o direito de sentir medo, quem dirá fobia. É considerado “frescura”, “fraqueza”, “viadagem”. Mas não é. E hoje venho aqui te dizer que a fobia a palhaços é muito mais comum do que você imagina, muitos famosos, inclusive, são acometidos por ela.

Os sintomas vão muito além de um mero desconforto, de um simples não gostar. Eu não gosto de palhaços, acho antiestético e degradante um ser humano vestido de palhaço, mas meu sentimento se limita a uma forte vontade de me aproximar e chutá-los. Uma vontade que pode (e deve) ser facilmente controlada. Fobia é algo muito mais forte, que vai muito além do simples desgostar ou sentir vergonha alheia. Mexe com sintomas físicos, gera reações incontroláveis, desde crises de choro até desmaios.

Os “sintomas” não são taxativos. Eles podem variar, seja na forma, seja na intensidade. Em casos mais brandos a pessoa sente um desconforto ao ficar nas proximidades de um palhaço. Em casos mais severos, sintomas que se assemelham a um ataque de pânico podem aparecer: perda de fôlego, arritmia, suor em excesso ou crises de choro emergem. Há pessoas que simplesmente não conseguem ficar no mesmo recinto que um palhaço.

O quanto a pessoa consegue sufocar ou disfarçar varia, mas, depois de uma vida de treinamento escondendo esse sentimento, geralmente são bem sucedidos. O medo de serem tachados de loucos, de perder a credibilidade, os fazem desenvolver formas de mascarar esse acesso de pânico. E se você era um dos que recriminava quem tem uma crise fóbica ao ver um palhaço, eu te peço: pare. Apenas pare. É de uma ignorância ímpar pensar em uma fobia como um demérito.

Não é algo que a pessoa possa controlar com “força de vontade”, ao menos não sozinha, sem ajuda. Existem pessoas que, diante da simples foto de um palhaço já começam a chorar. E também não é algo tão raro: uma estudo realizado por uma universidade inglesa feito com 250 crianças constatou que TODAS tinham medo de palhaço. Isso fez com que a Inglaterra reveja a brilhante ideia de colocar palhaços em hospitais para “alegrar” as crianças. Coitados, eles tem medo de palhaços porque não conhecem o “Chaminha”, mas isso não vem ao caso. O fato é que um estudo que mostra um resultado de 100% é, no mínimo, um sinal.

Você vai encontrar muitos textos na internet dizendo que esse medo se deve a um trauma na infância envolvendo palhaços. Pode imprimir esses textos e limpar a bunda com eles, porque a quantidade de pessoas que tem medo de palhaços por terem sofrido algum mal vindo de um palhaço é pequena. Não é assim que fobia funciona. Por mais que isso torne tudo mais simples e lógico para nossa mente, o buraco é bem mais embaixo. Vamos abandonar esse pensamento linear simplório de causa-resultado, que em matéria de mente humana, não leva a nada.

Não vou entrar em detalhes dos mecanismos, até porque, como disse, nem poderia, pois não tenho formação para isso. Muitos Impopulares tem e podem dar valiosas contribuições nos comentários e inclusive me corrigir se eu estiver errada, mas eu vou me ater à superficialidade do assunto. Sinto que este vai ser um texto onde os comentários serão mais interessantes do que o texto em si…

Dentro de tudo que eu conheço, li e pesquisei, o que faz mais sentido para mim é que a fobia é um medo/trauma canalizado para um objeto, situação ou animal. Algo de horrível, seja um sentimento, seja um evento, seja um fato, acontece com a pessoa e ela não consegue lidar com aquilo de tão forte que é. O inconsciente, por mecanismos complexos que não vou me atrever a explicar, ela “canaliza” esses sentimentos e, novamente, por mecanismos muito complexos, os deposita em outro lugar: um palhaço, uma lagartixa, raios, avião…

Especula-se que alguns filmes de terror tenham gerado medo de palhaços. Talvez um filme possa facilitar esse mecanismo de canalizar o medo, mas dificilmente um filme, por si só, causa um trauma desse porte, para toda a vida. Já havia algo ali. O mesmo sentimento que pode ser canalizado para um palhaço de um filme pode ser canalizado para um tubarão, para um avião ou para qualquer outro símbolo.

Então, saiba que mesmo que nunca nenhum palhaço tenha feito nada com você, é legítimo ter fobia de palhaços. De alguma forma, por algum motivo, algo que foi muito ruim para você foi deslocado para lá. Perceber isso é um primeiro passo para desarmar esse mecanismo. E sim, é possível. Fobias são tratáveis, por mais que sejam alo muito forte e incontrolável, elas são tratáveis. Talvez você nunca abrace, beije e sente no colo de um palhaço, mas certamente pode ficar no mesmo ambiente que ele sem ter uma crise de pânico, apenas um grau digno de desconforto.

Eu sei que para quem sofre da fobia parece que ela é intratável, que de tão forte, nunca vai passar nem melhorar. Mas vai, confie em mim. Uma boa terapia aumenta em muito sua qualidade de vida. Eu brinco que quando a gente faz terapia desenterra tanta merda, descobre tantos defeitos nefastos, visualiza tantos fracassos que aquilo que nos assustava fica até pequeno diante da insatisfação com nós mesmos.

“Mas Sally, eu quero respostas, não perdi meu tempo lendo isso tudo para ouvir tanta abstração. Porque tantas pessoas canalizam um medo justamente para palhaços?”. Há especulações, e são apenas especulações,
que o medo de palhaço está diretamente relacionado com o medo do desconhecido, pois o palhaço representa uma figura indecifrável, camuflada. O desconhecido, o imprevisível e todo o desconforto que ele causa é canalizado para aquela figura, é personificado. Uma pessoa que você não sabe o que é, que não respeita normas sociais (seja no vestir, seja na forma de se portar). Será? O que você acha?

Independente da sua opinião, a fobia de palhaços (ou qualquer outra) tem que ser respeitada, é algo que independe do querer da pessoa. Mas, no Brasil, ter fobia é um convite à incompreensão. Perdi as contas de quantos pais sem noção pegam o objeto da fobia e “esfregam” nos filhos (principalmente se for filho homem) para “deixar de ter medo” ou “aprender a ser homem”. Isso não se faz, isso é uma forma cruel de violência que só piora a situação. O problema não é o objeto da fobia em si, e sim o que ele representa na cabeça da pessoa, dentro desse mecanismo que se criou.

Acho sádico que continuem contratando palhaços para visitar hospitais, animar festas e fazer publicidade de eventos. Após uma pesquisa séria onde se constatou que 100% do público tem medo, colocar um palhaço em uma festa infantil é como fazer um show de baratas e ratos em uma festa de mulheres. Espero honestamente que parem com isso. E espero que depois deste texto ninguém julgue outra pessoa como “maluca” porque saiu correndo e chorando ao ver um palhaço. Os índices de Coulrofobia são altíssimos, a gente só não vê na prática porque a não aceitação social é enorme.

Pelo sagrado direito de não ser desmerecido por suas fobias. Coulrofóbicos, aqui vocês tem um ambiente seguro para trocar experiências, vivências e desabafas.

Para achar erroneamente que eu tenho medo de palhaço porque você é um fdp que só faz coisas em causa própria e canalizou isso para mim, para dividir experiências ou para reclamar que eu estou demorando muito para responder os comentários e não ter a sensibilidade de perceber que eu estou trabalhando mais do que o maquiador da Regina Casé: sally@desfavor.com

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Comments (72)

  • Oiii, tenho apenas 13 anos de idade. Li com muita atenção tudo; eu tenho muito medo de palhaços, me da crise de choro, eu chego a passar horas chorando,mesmo depois de ter saído de perto deles, me da ânsia de vômito, as vezes minhas mãos soam muito, fico andando de um lado para o outro, fico inquieta.
    É um enorme desconforto, por quê tipo, eu acho, que a gente acaba criando algo na nossa cabeça, e o fato dos palhaços serem muito insistentes, de quererem ficar a toda momento do nosso lado, acaba piorando a situação.
    E também a gente fica meio que com medo de ficar sozinhos também, a gente só quer ficar di lado, dar a mão ou até mesmo ficar abraçados com alguém que nos faça sentir seguros…

      • É verdade né. E tipo, eu faço parte de um projeto que tem aqui no bairro, e as vezes em algumas festas q eles fazem, TEM PALHAÇOS, práticamente tds os voluntários da ong ssbe do meu medo, a diretora ela pedi para os palhaços ficarem longe de mim, mas mesmo estando longe, não tem como permanecer no mesmo ambiente que eles, é horrível…Parece que a gente entra em desespero, ou em coma, pq a gente meio q paralisa, põe as mãos no rosto, chora, e não sai do lugar, da tontura, parece que a gente ta caindo em um buraco sem fim..m

  • Sempre fui tachado de fresco e todos os outros adjetivos já mencionados… tenho aracnofobia em níveis altos, tenho extrema dificuldade de dividir ambientes com aranhas, passar por baixo de uma nem morto. Interessante que as fobias acabam gerando medos adjacentes, por exemplo não consigo entrar em parreirais, passar perto de bananeiras e sentar em taipas (sabem aqueles muros baixos feitos de pedras encaixadas que dividem área rurais)… Lá em casa o homem nessas horas é minha esposa…

    • Fico aliviada em saber que esse medo é tão comum.
      Acho que não chego a ter fobia mas sempre tive de palhaços e papai noel.
      E dia desses meu lindinho de 4 anos, ao ser levado por mim a um cirquinho de quinta que andava pela cidade, ao ver um anão vestido de palhaço ( a visão do inferno) disse:
      “mamãe , eu tô com medo daquele homem pequeninho…”

      Fomos embora.

  • Bacana poder falar sobre isso. Eu tinha pavor do Baby da Familia Dinossauros! Nossa…quando ele entortava aquela boca e levantava aquela penela…e os olhos? Só de pensar…O boneco assassino e a Dercy Goncalves tambem me deixavam aterrorizado…

    Na adolescencia, a coisa foi ficando mais seria. Tive que lidar com a fobia social. Deprimente.

    E até hoje nunca me livrei da fobia por insetos com muitas patas…Tem raiva de mim? Quer me matar? Ponha uma (ta sendo muito dificil digitar isto) aranha numa…caixinha…Sally, se eu tiver pesadelo hoje…Vou culpar o post. Bem, pra voce ter uma ideia: se eu descobrir que tem uma aranha em minha casa, largo tudo, eu disse tudo, pra tras. Nunca mais, eu disse nunca mais, volto la.

      • No mesmo comodo? Mas vc consegue se mover, andar, chegar perto…numa boa?

        Como funciona essa terapia? Inclui o uso do objetivo do medo? Porque se colocarem uma aranha, um caranguejo…eu me destruo!

        • Numa boa não. Acho nojento.

          Eu acredito na psicanálise, que são anos de sofrimento remexendo em todas as merdas da sua vida. Mas existem outras correntes que prometem resultados mais rápidos…

            • São muitas. Geralmente para uma fobia específica se recorre à Comportamental, que eu não gosto por achar uma espécie de adestramento humano

              • No meu caso, eu consegui superar digamos que 70% da minha antiga cinofobia após conviver com alguns cães mais pacíficos, tipo o do meu pai. Mas não creio que expor a pessoa ao medo funcione com todos.

  • Eu tive uma colega de trabalho que tinha ailurofobia (nem sei se ela sabe que tem esse nome). Ela tinha medo de gatos, chegava entrar em pânico se tivesse um gato no ambiente.

  • Realmente as fobias são muito irracionais.

    Minha sogra tem pânico de barata (grita, chora, sai correndo).
    Minha ex, tem muito medo, mas enfrenta e mata as baratas (acostumou a defender a mãe desde pequena).
    Minha filha mata rato mas, tem pânico de barata e de insetos (até joaninha), descobri a alguns a alguns anos, que quando ela era criança, por insistência dela eu li O caso da borboleta Atíria pra ela. Como o livro é infanto juvenil, fiz merda lendo para uma criança, pois as descrições dos insetos personagens (pensando bem hj) são apavorantes.

    Eu não sabia até aquele momento (nunca tinha sentido isso), mas tenho pavor de morcego, e numa noite qd ainda era casado com minha ex, um desses seres entrou em nosso quarto, ficamos tentando jogar ele no chão (racionalmente) com um pano, em um momento ele ficou agarrado na cortina, PQP qd eu tentei (já suando frio e com o coração na boca) chegar perto, ele começou a se bater então eu saí correndo pro quarto da minha filha e fiquei por lá….minha ex pegou o morcego com o pano, fi até a rua e soltou o bichinho.
    Quando ela foi no quarto pra dizer que estava tudo bem, eu estava embaixo das cobertas agarrado na minha filha, que sonolenta não entendia nada……rsrsrs

    Moral da história, desse momento em diante, nunca mais ri de ninguém por causa de seus medos irracionais……afinal eu tb tenho o meu (e é muito irracional, pq nunca ocorreu nada que me lembre para justificar) mas só então eu me liguei que desde sempre quando um morcego dava um rasante perto de mim, eu abaixava (sempre mais q o necessário) e o coração disparava.

    Abçs

  • Essa postagem me lembrou um vídeo interessante que explica porque as coisas são “creepy”: https://www.youtube.com/watch?v=PEikGKDVsCc
    Eu tenho medo de palhaços até hoje, segundo meus pais sempre tive medo, desde criança. Aliás tenho medo de todas essas coisas que envolvem cara pintada/fantasia (papai noel, mímicos) sabe-se lá porquê. Natal na casa do ex era aterrador, a família tinha muita criança e sempre tinha alguém vestido de papai noel. A primeira vez eu tava tão despreparada que corri pro quintal com os olhos cheios d’água e fiquei esperando ele ir embora, já garanti a fama de maluca na família dele pela duração do relacionamento todo HAHAHAHAHA
    Quanto à homem com fobia de insetos: eu tenho medo de insetos/animais que voam (sempre acho que vão voar na minha cara), e meu atual namorado tem fobia de insetos em geral. Apesar de entender que não é culpa dele rola um leve desencanto quando alguma bicho aparece e ele corre mais rápido que eu, mas acho que é pelo costume de ter sempre algum homem mantando pra mim

    • Bianca, você tem uma fobia, você sabe muito bem o quanto isso é irracional, trabalha isso na tua cabeça para não desmerecer seu namorado porque ele também tem uma fobia! Essa porra de sociedade de merda que a gente vive acaba nos incutindo a ideia de que temos que ser todos fodões, infalíveis e fortes. A fragilidade é vista como demérito. Não se deixe contaminar, a fragilidade é a prova mais doce de que somos todos humanos. Todos os dias eu exercito ter um pouco mais de compaixão com a fragilidade dos outros, porque vira e mexe me pego no piloto-automático desmerecendo alguém por suas fragilidades. (obs: não confundir fragilidades com imbecilidade).

      Tem uma explicação bem bacana de um leitor nos comentários sobre a razão evolutiva para esse medo de pessoas com maquiagem e com máscaras, dá uma olhada!

      • Provavelmente é, porque senão ia precisar de dezenas de kombis, já que ela é contada em muitos lugares diferentes.

        Pra mim parece mais uma versão motorizada do velho do saco. Tinha pais que usavam pra ameaçar os filhos, “se tu não parar de teimar e fazer arte, a kombi dos palhaços vai te levar!”

  • Eu acho algumas fantasias de palhaço horríveis. Não teria coragem de levar em festa pra crianças e causar trauma. Não sabia que isso tinha nome, dai pesquisando no Google vi que até medo de bonecas (que eu tive muito) tem nome.

  • Eu achava “frescura” fobia de palhaço até assistir o vídeo da pegadinha do palhaço macabro. Aquilo é horrível, assustador! Mesmo sem ter fobia ou trauma com filmes de palhaços do mal eu senti um medo terrível…

    Imagina quem é coulrofóbico.

    • Tem um vídeo bem famoso de uma paciente que tem essa fobia sendo exposta gradualmente a palhaços: fotos, filmes… até chegar a um palhaço em carne e osso. A reação da mulher me fez chorar de pena.

  • Não chego a ter fobia, tenho um leve desconforto com palhaços (que só piorou com a nova temporada de American Horror Story rs) e entendo um pouco quem tem esse medo irracional, porque eu também tenho os meus.
    Descobri esse ano uma fobia que eu nem sabia que tinha da forma mais inusitada. Enquanto pesquisava um itinerário no Google Earth, a imagem daquela massa de água oceânica vista de cima me causou um pavor inacreditável, arrepios sem explicação, e fechei a página mesmo antes de descobrir o que eu queria.
    Parando pra pensar, comecei a perceber porque tenho tanto ódio de praia e imagino logo um tsunami vindo e engolindo tudo, além do meu profundo mal estar me imaginando viajando de navio e semelhantes. Tenho talassofobia, medo do oceano.
    Até agora, é a única que tenho (ao menos sabendo disso) e por sorte não moro numa cidade litorânea, podia ser muito pior.

  • Minha ex tem fobia de palhaço. Outro dia fomos ao centro da cidade e decidimos tomar sorvete. Pois tinha um palhaço na porta da sorveteria “animando” o lugar. A menina travou do outro lado da rua e quem disse que eu conseguia fazer ela se mexer?? Nem piscava, parecia que tinha entrado em transe…Fiquei morrendo de dó porque eu sei como é ter fobia. Não tenho de palhaço, mas de outras coisas. É terrível mesmo!

  • Pois é, tenho duas fotos de quando eu era bebê no colo de um Papai Noel de shopping. E em ambas estou com uma cara de “alguém me tira daqui”. Felizmente um dia eu aprendi a dizer não e cortei esse hábito tosco dos meus pais, he-he. Agora palhaços, não tenho medo. Só a mencionada vergonha alheia, não gosto de circo.
    Já que o assunto é fobias, a minha é aicmofobia. Váááárias vezes ouvi piadinhas de médicos em situações envolvendo agulhas (vacinas, injeções, soro, exame de sangue…) e aqueles velhos argumentos que pensam que justificam fobias. Na verdade, até ver uma agulha ou alguém tomando vacina (ao vivo ou em foto), por exemplo, me deixa nervosa e com tontura. Bem, estou me esforçando pra lidar com isso.
    Em se tratando da linha evolutiva, aparentemente a aicmofobia está ligada com o fato de na pré-história o ser humano evitar plantas espinhosas e animais com presas e ferrões, enfim, coisas pontiagudas.

    • É bem comum. Não é a toa que a enfermeira diz “VAMOS tomar uma injeção?”. Ela não vai tomar nada, a seringada vai ser todinha em você, mas ameniza falar no plural. Eu fazia isso com Siago Tomir, com ótimos resultados.

  • (desabafo) EU ADORO PALHAÇOS!!!
    Enfim, há medos que são instintivos. O instinto é algo que o organismo não controla e que tem bases genéticas/evolutivas muito fortes, moldadas no nosso sistema nervoso central após milhões de anos de seleção natural. Um estudo recente mostrou que medo de COBRAS entra nessa categoria. Crianças que nunca viram cobras (nem imagens) tem medo delas. Insetos devem estar na mesma categoria. Sobre palhaços, o meu melhor chute é que qualquer coisa muito colorida, aberrante, na natureza, é super venenosa. É um aviso – se você me comer, ou mexer comigo, morre. Há espécies não venenosas que se aproveitam disso e usam as cores das espécies venenosas. Não sei até que ponto isso tem relação com pinturas de guerra ou de rituais macabros, mas dá pra fazer um link e imaginar que macaquitos no começo da evolução da espécie humana, selecionando novas fontes alimentares (é bastante forte a teoria de que foi a mudança na dieta a principal causa da encefalização na linhagem dos hominídeos) ou mesmo povos já humanos com todos os conflitos entre linhagens/raças/culturas (vale lembrar que hominídeos atuais conviveram com Neandertais por muito tempo, existindo até híbridos fósseis), usando cores para identificação de grupos e afastar assim o inimigo, tenham desenvolvido através dos séculos mecanismos biológicos para ter medo de caras coloridas estranhas e aberrantes. Quando esse mecanismo de impressão neural, por alguma razão for montado de forma exagerada ou sair do controle, a pessoa desenvolve a fobia. E concordo, enfrentar a fobia esfregando na cara não funciona. É preciso desenvolver mecanismos (conscientes ou insconscientes) de atenuação da resposta neural. É claro que no futuro todos teremos um chip no cérebro e esses desvios serão facilmente resolvidos.

    • Muito bacana saber que existe uma teoria evolutiva que, de alguma forma, ajuda a explicar essa fobia! Imagino que isso possa trazer um certo alívio para pessoas que a vida toda foram chamadas de “ridículas” por sentirem pavor de palhaço

  • As crianças também têm medo de chegar perto do Papai Noel, mas apreciam o bom velhinho de longe. Muitas crianças gostam de ver as palhaçadas de longe, não gostam é que o palhaço venha interagir de perto, encostar nelas. Possivelmente o brincar forçado com um palhaço em idade tenra ajude a desenvolver fobia de palhaço no futuro. Essas figuras mais estereotipadas (bruxa, palhaço, Papai Noel, etc.) são muito impressionantes, então forçar o contato porque o adulto acha as figuras fofas não costuma ser uma boa ideia. Melhor seu filho sair feliz do shopping por ter visto o papai Noel do que chorar baldes porque teve que tirar foto no colo dele. Tire a foto do seu filho em um fundo verde e coloque o Papai Noel depois. Hoje em dia o que vale mesmo é a aparência, não é?

    • É impressionante a quantidade de pais que forçam os filhos a tirar foto com Papai Noel. Qual é a graça de uma foto onde seu filho está aos prantos???

      • Eu não deixaria um filho meu ficar sentando em colo de estranhos, mesmo que vestido de Papai Noel. Um desses de shopping cantou minha irmã na cara dura. Sei lá, pode ser um pouco de noia minha, mas eu acho estranho.

        Sobre palhaços, não gostava NADA quando era pequena. Hoje me dá uma certa aflição, não gosto. Não chego nesse ponto de não conseguir estar no mesmo ambiente, mas eles me incomodam. E eu tenho vontade de chutar pessoas vestidas de personagens (igual o povo que fica na Disney ou em festa infantil).

        • Eu também JAMAIS deixaria meu filho sentado no colo de um estranho. JAMAIS.

          Compartilhamos a vontade de chutar personagens. Fico curiosa para saber como eles se levantariam com aquela roupa escrota.

    • “Possivelmente o brincar forçado com um palhaço em idade tenra ajude a desenvolver fobia de palhaço no futuro. ” Também pensei nisso, J.M. de S. E uma coisa – dentre muitas outras – que eu acho que contribui para que pessoas manifestem coulrofobia depois de adultas seja alguma situação “assustadora” envolvendo palhaços quando ainda se é muito pequeno para se entender o que está acontecendo. Por exemplo: imaginem uma criança de apenas um ou dois anos que basicamente só convive com o pai, a mãe e os avós e que se sente segura perto da família. De repente, essa criança é abordada de forma esfuziante por um palhaço na rua ou numa festinha. Às vezes, nem precisa tanto; basta um aceno. Me parece compreensível que algo assim – repentino, desconhecido e incompreensível para alguém tão pequeno – pode ser mesmo apavorante porque quebra pela primeira vez uma sensação de segurança que a criança tinha desde o nascimento e daí surja um medo de palhaços. E esse medo pode ou não ficar incubado por algum tempo.

      Por outro lado, talvez pessoas também possam ficar com medo de palhaços só depois de adultas. Sei lá… Talvez alguém que tenha sido vítima de algum criminoso – assaltante, seqüestrador ou estuprador – que estivesse usando máscara de palhaço.

      Imagino ainda duas possibilidades:
      1 -fobias já seriam algo inato nas pessoas e o contato com palhaços – ou com qualquer outra coisa assustadora – seria apenas o “gatilho” que dispara algo que estava “adormecido” na mente.
      2- pessoas nascem sem fobia alguma e somente depois de algum evento muito traumático é que a fobia se instalou.

  • “Ou para reclamar que eu estou demorando muito para responder os comentários e não ter a sensibilidade de perceber que eu estou trabalhando mais do que o maquiador da Regina Casé”.
    Já tinha percebido isso…. por isso as vezes nem comento nos posts pra não te dar trabalho de aprovar comentários Sally hahaha. Sem contar que pelos horários que você aprova sua vida deve estar uma correria! Antes era em uma faixa mais certa das 11:30 até umas 13:00…. agora parece que é na hora que dá! Espero que você esteja trabalhando em algo que você goste, e continue lutando!

    • Por favor, COMENTEM. Para mim, os comentários são a melhor parte do desfavor! Só não vou poder aprovar de imediato, mas é uma alegria chegar em casa e poder interagir com pessoas inteligentes!

      • Eu tinha reparado que o número de comentários tinha caído e acho que é por você estar ocupada. Agora, se alguém reclamou merece logo banimento por ser sem noção, nem precisava desse adendo.
        Quanto aos palhaços, tenho antipatia por eles. Acho uma coisa forçada. Que bom que estão vetando nos hospitais, poderiam chamar o mágico, parece mais interessante.

        • Sabe que eu fico triste? Parece que a pessoa só comenta se tiver um feedback imediato, tipo, em troca de atenção mesmo. Claro que nem todos estão pensando assim… Sei lá, eu chego em casa muito feliz, como por exemplo agora, meia noite, para ler as coisas que as pessoas que eu amo e escolhi para participarem desse meu mundinho tem a me dizer. Meio que reforça minha fé na humanidade saber que tem gente com a cabeça parecida com a minha. Soa arrogante, mas é assim que me sinto. Após passar um dia todo ouvindo as piores bostas, eu tenho meu porto-seguro, eu sei que vou chegar aqui e ter um pingo de racionalidade, de gente que vai me fazer sentir bem.

          • Ahhh, não fique triste não… não achei arrogante. Concordo que tem gente que deve estar querendo atenção sim, se a pessoa sentiu vontade de comentar não deve fazer esperando uma resposta.

            • Pode esperar uma resposta sim, que ela vai vir! Só não pode querer que ela venha no seu tempo ou ficar me pressionando, me perguntando, me cobrando para responder. Vem assim que eu tiver tempo. Podem ter certeza que desfavor é prioridade para mim, se não estou respondendo é porque realmente não posso. A resposta pode demorar, mas ela vem.

    • Também espero, Sally, que você esteja trabalhando em algo que goste de verdade e que tenha algo a ver com o Desfavor.

        • Eu sou sua fã. De verdade.

          Sei que você e o Somir não ligam para fama, pois são impopulares com orgulhos.

          Entretanto, já vi nos textos dos dois o reconhecimento de que somos um organismo só e que uma única célula doente pode destruir o organismo inteiro.

          Talvez o Desfavor faça parte da cura. Uma semente de reflexão, de questionamento, de dúvida e de busca pelo conhecimento que, somada a outras sementes que estão sendo plantadas por aí, podem contaminar o organismo inteiro.

          Quem sabe???? Torço por vocês!

          • O problema todo é que essa semente está sendo plantada em solo árido, dificilmente vai germinar no Brasil. Mas, mesmo assim, fico muito feliz com o reconhecimento. Obrigada!

  • Tema inesperado. Gostei.

    Você tem esse dom de simplificar as coisas. “a fobia é um medo irracional, sem nenhuma explicação lógica aparente.” Fico feliz em saber que não tenho fobia de nada. Meus medos são todos racionais. (Será?)
    Palhaços são tão chatos. Não sei como ainda há quem pague para vê-los.

  • Tenho medo de palhaços e alguns tipos de mascaras, tipo não consegui assitir V de vingança, porque tinha medo daquela cara, mas o pior que me da arrepios são mascaras de palhaço… ai ferrou.
    Tinha um comercial da New fiesta que passou a pouco tempo atrás que eu tinha pesadelos de ver o comercial.
    O pior é que todo mundo tira sarro, fica mandando foto de palhaços assustadores, me convidando pra ir em circo.

    • Aline, infelizmente no Brasil boa parte da população é rude, ignorante e sem cultura. Esse comportamento deprimente é resultado disso. Expor a pessoa a uma fobia dessa forma é sadismo.

    • Eu tbm acho aquela mascara horrivel. Não gosto nem de olhar. Tenho uma fobia não tão comum. Fobia de balão de festa. (Globofobia). É horrivel, vc se priva pra evitar situações constrangedoras e é taxado de doido ou fresco. Quem dera se fosse algo que eu controlasse.

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