De casa para o trabalho.

A maioria de nós tem que se deslocar até o local de trabalho. Sally e Somir ainda não se podem dar ao luxo de trabalhar de casa, então resta-lhes decidir sobre o quanto pretendem sacrificar para encontrar o melhor equilíbrio entre morar e trabalhar. Os impopulares tem faixa exclusiva para dar suas opiniões.

Tema de hoje: Morar com conforto longe do trabalho ou sem conforto perto?

SOMIR

Tema complicado, muitas variáveis. Eu prezo conforto acima de praticidade, portanto escolho morar bem ao invés de morar perto. Evidente que morar num lugar confortável e agradável perto de onde se trabalha é o caso ideal, mas estamos limitando sua escolha aqui: ou mora bem, ou mora perto.

Como Sally vai defender o lado mais imediatista, provavelmente vai ganhar, mas não desperdicemos este texto: tenha menos pressa. Nem tudo vale a pena em nome de chegar mais rápido. E aposto que vocês já sabem muito bem disso. Se estivéssemos discutindo entre a opção de dirigir feito um maníaco ou dirigir de forma segura para chegar no trabalho, a parcela dotada de cérebro de vocês concordaria que ganhar poucos minutos arriscando a vida é recompensa de menos por risco demais.

Argumento aqui que qualidade de vida também funciona dessa forma: vale a pena passar um pouco mais de tempo no caminho para o trabalho se a SUA CASA for melhor. Tudo bem que passamos muito dos nossos dias na rua, mas o lugar para onde você volta quando a correria acaba é muito importante. A sua casa é sua responsabilidade, o lugar onde você se protege das intempéries do mundo.

Se você trata sua casa apenas como um lugar para dormir, o efeito dela como refúgio se desfaz. Tem um elemento psicológico aqui, descansar não é uma tarefa apenas do corpo, mas da mente. Morar mal para ganhar uma ou duas horas por dia a mais numa casa que não te acolhe de verdade também é pouca recompensa.

Mas o povo acha o máximo economizar alguns minutos! Nada melhor do que a gratificação instantânea, não é? Otário é quem tem SUA CASA num bom lugar e bem confortável. Quem troca um pouco mais de encheção de saco no caminho por um prêmio maior no final das contas é historicamente visto como burro pela massa. Tem que ser tudo agora! Agora é o refúgio dos espertos.

Há muita concorrência pelo morar perto, e isso já deveria ligar pelo menos um sinal amarelo na mente das pessoas. Morar perto significa pagar mais pelo metro quadrado, pela hora de serviço, pelo risco maior… paga-se até para estacionar a porcaria do seu carro perto da sua casa! Isso é tudo resultado da quantidade de gente com a mesma ideia. Tenham muitas dúvidas de ideias populares.

É muito negócio enfiar essa cultura de eficiência e economia de tempo na cabeça das pessoas. Pode até fingir que está morando mais perto para ter mais tempo para si, mas na verdade está ganhando tempo para o empregador: quem mora perto já se condicionou a viver em função do seu trabalho. Quem mora perto não atrasa, está sempre disponível para horas extras… Muita inocência cair nessa.

Se sua prioridade é você, a sua casa segue o padrão. Normalmente você só consegue viver num lugar térreo e espaçoso se estiver longe dos grandes centros. Você só vai ter um vista limpa se morar longe (A não ser, é claro, que você seja podre de rico). Sua casa só vai ser seu refúgio da loucura do dia-a-dia se você se afastar um pouco dele mesmo.

Morar perto significa ficar grudado com seus vizinhos, significa viver em lugares mais perigosos. E significa lidar com mais BM no cotidiano. Morar com conforto sugere que seus vizinhos não vão escutar funk no último volume. O Brasil é muito menos BM longe dos grandes centros. Gente demais em qualquer lugar estraga as coisas.

O conforto de ter uma casa maior e mais bem equipada com o dinheiro economizado por não pagar por estar mais perto do trabalho é dinheiro investido em você mesmo. Sim, você vai perder tempo da sua vida no trânsito, mas… precisa estar numa cama todas as horas que não estiver trabalhando?

É possível aguentar um pouco mais de tempo de transporte se você tiver com o que se distrair, ou pelo menos se você for uma companhia agradável. Essa coisa de querer passar o mínimo de tempo possível sem algo para fazer além de ‘chegar’ soa como se a pessoa tivesse pânico de ficar sozinha com seus pensamentos por mais que cinco minutos.

Eu aguento duas horas num carro sem rádio numa boa. Minha mente é muito interessante, oras. E quase sempre tem uma tonelada de informações para processar no caminho, tem que fazer algo com a informação que se recebe todos os dias, oras. Mas não precisa nem seguir meu exemplo: vai escutando música, vai ouvindo notícias, vai lendo um livro ou jogando um jogo se estiver em transporte público. Tem muita coisa que você faria num sofá ou numa cama que dá para fazer no caminho.

E quando estiver em casa, curta-a. Uma casa confortável faz muito bem para o corpo e a cabeça. Incrível que a prioridade das pessoas seja facilitar a vida do empregador ao invés da própria! Deixe de ser tão vítima do capitalismo, você pode fazer melhor do que morar num lugar de merda se der menos atenção para esses ganhos inúteis de tempo.

Menos pressa.

Só um adendo: se você mora numa cidade onde andar de carro por uma hora ainda configura morar perto e tem congestionamento para sair da garagem do prédio (olá, paulistanos), ou se mora numa cidade onde sempre se mora mal porque resolveram amontoar a cidade toda numa pequena clareira na mata (olá, cariocas), entenda que vocês precisam adaptar um pouco sua realidade para a do resto do país. E, não é por nada não, mas… saiam daí o mais cedo possível. Cidades desse tamanho não são compatíveis com vida humana decente.

Entre gastar mais tempo para chegar e morar mal, sério que morar mal vence? Não é possível.

Para dizer que é fácil dizer isso morando na roça, para dizer morar bem é morar perto, ou mesmo para dizer que para ficar longe de BM a solução é morar fora: somir@desfavor.com

SALLY

O que é melhor: morar com conforto longe do trabalho ou morar sem conforto perto do trabalho? Entenda-se o conceito de “perto” como sendo um local que te permita ir a pé para o trabalho, coisa de um ou dois quarteirões. Entenda-se como longe um local que implique em um deslocamento de mais de uma hora.

Eu já passei por experiências extremas: trabalhei com deslocamento de quatro horas a ida, quatro horas a volta da minha casa e trabalhei a meio quarteirão da minha casa. Acho que posso afirmar com muita certeza que prefiro morar em uma caixa de geladeira debaixo da ponte se for perto do meu trabalho do que passar por um longo deslocamento (seja em função de trânsito, seja em função da distância) novamente.

Sim, morar sem conforto é uma merda, mas perder metade do seu dia útil em deslocamento é pior. A menos que você more em uma cidade sem trânsito e guarnecida por um bom transporte público (ou seja, fora do Brasil), o que se perde de qualidade de vida não compensa as poucas horas de conforto em casa.

Porque se você é uma pessoa comum, você volta para casa para jantar e dormir. Hoje em dia gente que trabalha poucas horas e passa metade do seu dia em casa é exceção. Dentro dessa realidade, que é a minha, de alguém que trabalha o dia todo e volta para casa para jantar e dormir, pouca diferença faz se a casa é um pouco menos confortável. Compra uma cama muito boa e é tudo que se precisa.

Banheira? Um quarto extra? Piscina? Sauna? Olha, francamente, morando longe do trabalho dificilmente você vai ter tempo para usufruir destas regalias ou de benfeitorias que geram conforto. Na minha opinião, NADA no universo é melhor do que poder ter mais duas horas de sono todos os dias, porque você sabe exatamente o tempo que vai demorar para chegar ao trabalho: dez minutos, a pé. Nada é melhor do que se poupar do desgaste e estresse de um longo deslocamento.

Talvez eu esteja ficando velha: nada acresce mais à minha existência digna e rendimento profissional do que algumas horas de sono a mais. Sem contar que poder dormir mais também implica em ter mais tempo para mim, pois não preciso ir dormir tão cedo. Permite chegar do trabalho, jantar com calma, assistir a um filme ou usar o “me time” da forma como eu quiser. Não tem conforto que me faça abrir mão de horas de sono ou de um deslocamento demorado.

Deslocamentos acabam comigo. Passar horas em um ônibus ou em um carro me fazem sentir como se tivesse levado uma surra e chegar cansada ao trabalho. É como um celular esquecido com a tela acesa: a bateria vai toda embora sem que ele desempenhe qualquer função. E, sinceramente, acredito que muita gente funcione como eu, apenas não parou para se observar e perceber isso.

Adianta um conforto maior se você não vai ter tempo para usufruí-lo? Pra que? Só para dizer que tem esse conforto? Francamente, prefiro morar em um bairro socialmente considerado “pior”, em um apartamento menor, em um apartamento não tão bonito, mas ter uma qualidade de vida maior. Eu me coloco em primeiro lugar, minha saúde, meu sono, meu bem estar físico. Coloco bens materiais, que são os que geram conforto, em segundo plano.

Essa ambição, essa ânsia das pessoas por ter, ter, ter, as faz esquecer de olhar para dentro. Quer ter X telefone, quer ter X eletrônico dentro de casa, quer ter X carro ou querer morar em X bairro. Eu quero ter SAÚDE e BEM ESTAR, em primeiro lugar, e se o preço para isso for não ter X bem material, que seja. Eu me amo, eu me cuido e essa é a minha prioridade: tempo para mim e para minhas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais.

Não vejo tanta diferença assim de um bairro para o outro, afinal de contas, você não mora no bairro, você mora dentro da sua casa. Qualquer casa pode ser, ao poucos, melhorada e transformada em um ambiente que te dê bem estar. Se o bairro é feio, faço da minha casa um lugar aconchegante e me entoco ali. Vantagens de ser antissocial.

Esta escolha reflete inclusive a longo prazo: ter qualidade de vida hoje (horas de sono, menos estresse, etc) pode ser determinante para não ter um infarto ou um AVC dentro de dez ou vinte anos. O corpo e a saúde que você tem hoje é genética, mas o que você terá dentro de vinte anos é mais fruto das suas escolhas do que dos seus genes. E isso vale em especial para as Madames e os Madamos que tem filhos, no caso de vocês, nem escolha é, é obrigação, é dever moral se cuidar para não deixar uma criança sem pais no mundo.

Não dá para ter tudo que a gente quer na vida. Aceita que dói menos. Simplesmente NÃO DÁ. Você tem que priorizar e deixar ir o que for menos importante. Em vez de nadar feito um louco contra a maré se convencendo que vai conseguir dar conta de tudo, aceita o conselho da Tia Sally e faz escolhas. De algumas coisas você VAI TER QUE abrir mão. Qual é a sua prioridade? A minha sou eu, minha saúde e meu bem estar.

Dificilmente uma pessoa que já vivenciou as duas experiência vai discordar de mim. Morar a dois passos do seu trabalho é um luxo que dobra sua qualidade de vida. Talvez por nunca ter experimentado essa realidade (em algumas cidades é simplesmente impossível) você nem tenha ideia do ganho que isso gera. Morar a dois passos do trabalho só perde para poder trabalhar dentro da sua própria casa, meu sonho dourado ainda não realizado.

Em última instância, acho que o que quero dizer é que nenhum conforto que um bairro, imóvel ou infraestrutura possa oferecer suplanta o benefício de mais horas de sono e de me poupar do desgaste de um longo deslocamento. No cômputo geral, prefiro um conjugado ao lado do trabalho do que um castelo a horas de distância. Ter um castelo não me é importante. Ter mais horas de sono e me poupar da sangria que um longo deslocamento faz no meu organismo sim.

Um beijo na alma de quem, assim como eu, sofre do “mal do viajante”, fica enjoado, passa mal, vomita, tem dor de cabeça e desmaia quando se sujeita a longos deslocamentos. Procurem imóveis perto de seus trabalhos, isso não é vida.

Para dizer que bom mesmo é não precisar trabalhar, para dizer que no meu caso evitar deslocamento de carro é questão de segurança pública ou ainda para divagar sobre assuntos correlatos ao tema sem se posicionar: sally@desfavor.com

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Comments (70)

  • Meu caso é muito diferente de todos aqui. Meu sonho era trabalhar perto de casa pois passei mais da metade da minha vida morando na Zona Oeste do Rio e trabalhando no Centro, ou seja, mais de 4 horas por dia de deslocamento. A uns cinco anos enfim consegui passar num concurso a nível estadual que me deu essa possibilidade, porém, atualmente, estou lotada em uma cidade litorânea que não tem quase nada pra fazer, a não ser esperar dias de sol para se banhar em suas águas visivelmente poluídas. Fora isso é: Custo de vida alto, pois os preços de aluguéis e nos supermercados é um absurdo, serviços públicos precários, transporte público então nem se fala, passou das 18h tem que rezar pra conseguir chegar ou sair de algum distrito.

    Estou morando muito perto do trabalho, um trajeto que de carro eu faria em meia hora, porém, justamente por morar perto abri mão do carro a alguns anos por achar que não iria precisar, e isso me custou um trajeto de quase 3 horas por dia em transporte alternativo para se deslocar para o trabalho, já que o transporte aqui é péssimo.

    Ou seja, moro a 30 minutos de casa, demoro uma hora e meia pra chegar no trabalho, moro perto do trabalho mas não tenho opções de lazer, saúde e educação precárias.

    Dessa forma, o tempo que economizo em deslocamento é utilizado para fazer serviços domésticos que detesto, e que na vdd eu preferia nem ter tempo pra fazê-lo, e pra ficar olhando pras paredes já que na rua não tem nada nem ninguém.

    Resumindo: Morar perto do trabalho quando é na Capital sem dúvida é a melhor opção, por mais que vc more em um quitinete. Mas quando vc trabalha num lugar praticamente ilhado sem possibilidades de nada, que não tem uma faculdade presencial, pelo menos, é complicado!

    Tudo que preciso fazer fora o trabalho preciso sair de minha Cidade e isso também me gera um estresse muito grande.

    Não sei o que fazer da minha vida…sinceramente! Porque no meu caso se eu mudar pra longe do trabalho meus custos vão aumentar e não diminuir.

    E daí entra a colocação de um colega que vi aqui, no meu caso o morar perto só se justifica em função do trabalho mesmo. Mas é complicado você ter que virar praticamente um índio pra ter que perder horas do seu dia em deslocamento.

  • Tenho 3 crianças pequenas e isso me desencoraja a mudar para mais perto do trabalho. Não preciso viajar todos os dias, mas qdo preciso (3x por semana), são 110km pra ir e 110km pra voltar. Não tenho dúvidas sobre os benefícios PARA MIM ao me mudar para perto do trabalho, mas nao tenho coragem de tirar as crianças de suas vidas pacatas no interior. É difícil. O problema é que não aguento mais, tô cada vez mais gordo e estressado. (Trabalho em SP E moro em SJC)

    • E se você levar o trabalho para perto da sua casa? Você consegue fazer o seu trabalho em esquema de home office? Também pode empreender e trabalhar de casa…

  • É complicado, pois morar perto é sempre mais vantajoso, porém dependendo da vizinhança, não compensa mesmo. Eu já trabalhei a três minutos do trabalho, mas não conseguia nem dormir direito com a vizinhaça, nem mesmo uma cama boa resolvia.

  • Hoje eu moro à 15 minutos do trabalho, cerca de 4km, porém moro “mal” como diz o texto e pretendo mudar para uma casa com espaço maior, garagem, despesas individuais (moro em prédio há muitos condôminos inadimplentes) e tranquilidade. Porém casas aqui na minha cidade custam muito caro e eu não em condições de comprar tais, porém eu encontrei casas melhores pela metade do preço, mas à 40km. Parece distante, mas vou levar cerca de 45min até o trabalho, pois não há transito porque o acesso é por uma rodovia entre a as cidades e do acesso da rodovia para a empresa/casa fica à 3 minutos. Vocês acham isso longe ou perto ? Lembrando que para andar 8 km de carro pelas vias principais da cidade que moro hoje levo 50min.

  • Morar perto, com certeza. Não dá pra morar longe da faculdade ou do trabalho, nem pensar. Morar perto é prático, principalmente em cidades grandes, e caminhar faz bem. Além disso, eu também tenho esse mal de viajante, é muito chato. Não tenho muita paciência com trânsito e transporte público…

  • Ja compartilhei desse sonho de trabalhar em casa, mas pensando bem, da a impressao que voce nunca vai voltar pra casa. Voce passa a vida toda no local de trabalho, entende?

    Ja vivi as duas situacoes. Prefiro morar perto. Sem comparacoes. Acordar bem disposto, ficar 30 min ou mais no ponto de onibus, viajar em pe, perder energia com transito, faz com que, inevitavelmente voce inicie um dia de trabalho bem menos improdutivo; diferente de acordar um pouco mais tarde, andar ou viajar por alguns minutos, poupar energia e paciencia com transito e realizar um melhor trabalho.

      • Tem lado negativo.

        Disciplina tem de ser imensa. E na sua casa, vc naõ consegue dividir tarefas profissionais de domésticas.

        • Acho que você deve ter reparado pela forma como eu conduzo o Desfavor, um passatempo gratuito, o tamanho da minha disciplina… Isso para mim não é problema, disciplina me sobra.

            • Competência nem precisa, porque papel aceita tudo. Pode escrever o que você quiser, até receita de bolo. O lance é escrever sempre, nos bons e nos maus dias.

          • Tive que começar a anotar numa planilha as horas trabalhadas, e vou te falar, é foda fechar as 40 horas semanais. Disciplina é tudo, ainda mais tendo filhos. Acabei invertendo meus horários, durmo até 10h e trabalho de madrugada. Se não simplesmente não dá pra fazer 40 horas semanais, cuidar das tarefas de casa e dormir 8 horas diárias…

      • Sim, é negativo para mim. Acho que depende, para cada um.
        Mas faço votos de que consiga tao logo realizar seu sonho.

    • Entro as 8: no serviço. Hoje acordei umas 6 e pouco, tomei um leite batido e malhei um pouco. depois fui ler umas noticias no quintal enquanto fumava um cigarrinho com café (nada como fumar depois de malhar, eu sei…). Levantei, tomei banho, me troquei. Conversei com a muié, dei uma beijo nela antes dela ir trabalhar também. Dei uma enrolada até 10 pras 8:00 e finalmente sai para o trabalho.

      Antes neste tempo todo eu estaria dentro de um ônibus lotado, com gente com mau hálito e já chegar no serviço com vontade de dormir.

      Morar perto é outra coisa.

        • Concordo que morar perto é mil vezes melhor.
          Antes eu levava,com transito ótimo, 3 horas no trânsito: 1,5 hora pra ir e mais 1,5 hora pra voltar. E trânsito ótimo em SP é raridade. Se houvesse algum contratempo (acidente, chuva, protesto) chegava a levar 3 horas pra voltar !
          Como já passei sufoco no bus, simplesmente depois das 15 horas não bebia mais água.
          Saia super cedo de casa e chegava sempre atrasada ou em cima da hora. No fim do dia chegava exausta em casa, fazia um prato de pedreiro, tomava banho e ia dormir com a barriga cheia, parei até de treinar.
          Resultado ? Em menos de 2 anos ganhei 16 kilos.
          Agora trabalho perto (média de 40 minutos pra ir e mais 40 pra voltar).
          Ahhhh, quanta diferença…
          Continuo acordando bem cedo, mas agora vou pra musculação antes de trabalhar. E depois do trabalho ainda tenho pique para fazer Muay Thai 3 x por semana e estudar alemão.
          Mil vezes ganhar menos e morar perto do que o contrário.

  • LindamÁr Silva

    Nunca tive esse problema de locomoção. Manaus ,e vc? Se saio oito horas de casa, chego no trabalho as cinco para as oito de tão pertinho, hihihii.

    Eu quero sinceramente ganhar na mega sena.

    É só eu ganhar que vou mandar duas ou três pessoas tomar no meio do cu!

    Vou mandar tomar no cu, é a primeira regalia assim que for rica!

    Eu quero ter dinheiro sem precisar trabalhar.

    Nem quero comprar nada exorbitante, não tenho vaidades. Moraria no mesmo bairro, trocaria de carro e só!

    Só quero ter o poder de mandar tomar no cu quem eu quiser.

    Talvez eu voltasse a trabalhar … mas sempre que possivel lembraria todo mundo que eu posso mandar tomar no cu a hora que eu quiser quem quer que seja! Sou rica!

    • Hahahaha… Eu também iria adorar ter esse privilégio. Deve ser mt massa mandar um VTNC qdo me der vontade e não precisar me preocupar com as consequências.

  • Escolho morar perto.
    Durante toda a vida escolar morei na mesma rua da escola, sendo que desde que comecei a trabalhar nunca fiquei mais de 15 minutos dentro de um ônibus para o serviço. O mesmo vale pra anos na faculdade. Porém ano passado me mudei pra capital e morei por 6 meses longe do serviço. Foram os piores 6 meses da minha vida, mesmo morando num apto confortável. Perder quase 2 horas (que viravam quase 4h) do meu dia dentro de metrô e ônibus era o INFERNO. Chegava em casa exausta, irritada, jurando pra mim mesma que nunca mais moraria tão longe e só conseguia comer, tomar banho e ir dormir. Não tinha ânimo pra sequer ler 1 livro. Voltei pro interior, mas ano que vem provavelmente eu tenha que voltar a morar lá temporariamente, por isso já andei olhando os alugueis mais próximos o possível do trabalho. São em sua maioria repúblicas e aptos antigos (leia-se cheiro de mofo) mas eu me viro, é só por uns tempos.
    A lição foi aprendida: morar longe me mataria aos poucos. E morar perto, mesmo que o local seja ruim, sempre dá pra melhorar, não é ter luxo é ter conforto e bem estar.

      • Concordo absurdamente com a Sally. Mesmo porque, pra falar a verdade, acho que somos mais escravos do capitalismo perdendo 4 horas em transporte do que estando acessíveis pela pouca distância do empregador. Me dá uma tristeza profunda pensar em todo o tempo que eu perco em engarrafamentos, quando eu poderia estar escolhendo o que fazer (mesmo que essa escolha fosse “fazer nada”). Também sofro do mal do viajante e, antes do engarrafamento nosso de cada dia, passo por umas 30 curvas que simplesmente me destroem e impossibilitam que eu faça qualquer coisa além de fechar os olhos e respirar fundo. Enfim, acho que não há conforto doméstico nesse mundo que pague isso. E falo com propriedade de quem já morou walking distance de casa.

        Meu dilema hoje é achar um local que atenda tanto a mim quanto ao marido. Atualmente, trabalhamos leste – oeste e não se enganem! BH está encaminhando para ficar tão infernal quanto RJ e SP. Neste momento, moramos num ponto que está a meio caminho do trabalho de cada um, em direções opostas, e ainda por cima moramos mal, com todos os inconvenientes de se morar no centro da cidade (sujo, perigoso, barulhento). Estou seriamente considerando diminuir a renda pela metade para poder ganhar qualidade de vida, porque andar de busão, amigos… é muito castigo divino pra um ateu.

  • Sempre vou ter que morar longe, pois nada nesse mundo me faz morar em um apartamento, e casas não existem perto de onde trabalho.

  • Penso tanto no tempo quanto na renda.

    Por um lado, se você está no começo da carreira e/ou ela não lhe rende um ganho que ter permita dar ao luxo de ter uma diarista em casa, more perto. Piores épocas em que, por morar longe, ficava enrolando no trabalho para não pegar tanto trânsito ou transporte tão cheio para chegar em casa nove da noite e ainda ter que arrumar a casa ou fazer uma compra de emergência no supermercado. Tanto era assim que resolvi fazer mais uma faculdade, cansada de chegar tarde em vão. Sem falar que, quando havia uma festa ou um happy hour, quase sempre ia direto do trabalho, suja…

    Por outro lado, à medida em que aproximo da terceira idade, quando passei a ter responsabilidades que me prendem mais horas no trabalho, e devidamente melhor paga por conta disso, morar perto tornou-se irrelevante. Duas horas a mais já aliviam o trânsito. Nessas circunstâncias, tendo grana para um espaço maior, mais confortável e contratando gente para cuidar da casa, por que não aproveitar o maior espaço para relaxar numa banheira, mesmo chegando tarde? Melhor que chegar cedo para tomar banho num box em que você mal cabe. E outra: com família, num cubo perto do trabalho, você não tem espaço para esticar propriamente as pernas. É sair de uma baia para cair em outra. Uma hora cansa. Já penso em buscar espaço mais longe. Até porque os compromissos aqui passaram a ser só nos fins de semana mesmo.

  • Em outros anos, quando o serviço era muito (geralmente época de Construsul e Expointer, entre junho e setembro), eu chegava a ficar dias dormindo na empresa. Um colchão, um carpete como cobertor, minha mochila como travesseiro e 3 horas a mais de sono – isso sim é conforto.

    A outra alternativa era encarar dois ônibus pra atravessar a cidade, numa viagem de quase duas horas. Pra mim o desgaste nem é dentro do ônibus, o que eu sinto mesmo desperdiçando tempo de vida é ficar na parada esperando 30 ou 40 minutos até passar um.

    Raramente escolho nessa coluna, mas dessa vez concordo com a Sally.

  • Eu moro desconfortável perto do trabalho e escolhi assim. Geralmente é em apto pequeno, com condomínio caríssimo. Casa grande, boa e barata, são aquelas longe de onde se concentra os trabalhos. Se a pessoa tem carro mesmo assim eh chato e se tem que ir de transporte coletivo então camba pro sofrimento extremo.

  • Já vivenciei as 2 situações. Trabalhava em uma cidade diferente da que eu morava. Gastava mais de 2 horas no percurso e todo santo dia (eu disse: TODO SANTO DIA) eu tinha muitas dores de cabeça. Finalmente, tomei coragem e vim morar na mesma cidade onde trabalho. Hoje, vou pro serviço a pé e não gasto sequer 3 minutos. Se já fui mais feliz não me lembro… Hahaha

  • Já vivi os 3 lados.

    Já trabalhei a perto de casa (perto, para nós paulistanos é usar somente uma condução e chegar em até uma hora ao local de trabalho), já trabalhei em casa (Ahhh bons tempos) e atualmente uso todo o sistema de transporte de SP, pego ônibus, metrô e trem e não chego no trabalho em menos de 2horas e meia nem por intervenção divina (se fosse de carro, demoraria algo em torno de 3 horas). Eu chego no serviço morta de cansaço, estressada e quase sempre em cima da hora ou atrasada.

    Por isso, compartilho da opinião de que morar perto do trabalho é vida!!

    Como moro de aluguel, sempre considerei me mudar conforme o novo emprego, hoje mudei a dinâmica e estou buscando uma nova colocação na região onde moro. Não é possível que aquele lugar seja tão fim de mundo não tenha nada que eu não consiga fazer, ganhar um salário decente e viver dignamente.

  • Mesmo não ter vivido uma experiência que ultrapassasse uma hora de deslocamento, até pq era de distância mesmo, não de engarrafamento. Prefiro morar mais próximo do local de trabalho. Pode até não ter esse conforto todo, mas o tempo de deslocamento fica exaustivo. É ótimo durante o final de semana, o deslocamento tem sua vantagem, mas durante a semana é foda. E olha que eu sou uma pessoa que tenho como sonho um dia poder morar em uma fazenda.

  • Eu vou de Somir, afinal foi minha escolha de vida. Lógico que trabalhar perto (de preferência em casa) e ter uma casa legal é o ideal, mas tendo que escolher, escolho o conforto “permanente”.

    Nada me paga noites silenciosas, segurança, a certeza de viajar e voltar com tudo no lugar. Poder sair a noite sem se preocupar em entrar em casa sem ser assaltado. Os finais de semana em casa, espaço para qualquer coisa que você queira, banheiros que permitem que um não seja obrigado a usar o mesmo do outro nem ser escutado nessas horas.

    Ainda tem a dependência do empregador. Mais de uma vez meu trabalho “se mudou”. Tive que mudar de prédio (em que trabalhava) para um mais distante ou mais fora de mão (porque nem sempre mais distância significa mais tempo no trânsito). Se ficasse na dependência única de morar perto do trabalho, viveria de malas prontas ou talvez tivesse que aceitar salários menores ou cargos piores para continuar trabalhando perto de casa.

    O lado ruim: eu tenho que ter carro porque passo muito mal em transporte público (ler ou jogar nem pensar).

      • Tenho, mas não sabia que tinha esse nome… um saco ficar enjoada por qqr curva ou mensagem lida. É um baita tempo desperdiçado, for o desfavor de ter que descer correndo do ônibus pq está passando mal.

        • Para nós que sofremos com isso, só resta uma alternativa: dirigir. Não se sabe muito bem porque, mas quando a pessoa está ao volante a execução das tarefas de dirigir impede que fique enjoada e passando mal.

          • é por causa da visão periférica. Ao dirigir vc esta com foco em frente. ao ser passageiro, seu corpo esta parado e sua visão periférica te mostra em movimento, isso da uma ‘panezinha’ na pessoa que causa estes desconfortos. Piora se estiver lendo.

            Me corrijam se a informação estiver incompleta.

            • Já me falaram isso e eu fiquei tentando focar à frente no busão, mas não adiantou nada. Será que fiz algo errado?

              • Sim. Não adianta focar na frente ou focar numa página de revista. vc esta parada olhando pra algo fixo e sua visão periférica esta vendo tudo se mover. Isso causa o tilt.

                Melhor fechar os olhos mesmo.

                • Já tentei fechar os olhos e foi ainda pior. Meu melhor resultado foi quando foquei no horizonte, mas mesmo assim, durou pouco tempo…

              • Também já tentei ficar olhando para a frente, mas acho que a visão periférica é mais forte que eu. Não funcionou. Só dirigindo mesmo.

                Duas “maluquices” que me ajudam mas não sei se tem explicação: vento e/ou frio e no metrô a “posição” menos desconfortável é de lado. Sentar (quando dá) de frente ou de costas dá muito mais enjoo. Não são infalíveis, mas ajudam…

                  • Eu ia morrer sem saber que tinha nome….minha mãe chamava de frescura, meus primos (até hj) chamavam de viadagem…..hj até diminuiu bastante, mas mesmo assim fico mareado, o que não acontece em mar…engraçado isso.
                    De qq forma, moro com algum conforto a uns 50 minutos (30 com bom trânsito) do trabalho, minha esposa vai para o lado oposto em menos tempo que eu sempre, então estamos no lucro, geralmente estou sentado, então durmo (e não sofro do Mal do Viajante), se estiver em pé, desço no caminho e vou de metrô que é mais rápido como está lotado, não tenho tempo de sofrer do Mal…rsrsrs
                    Então fico no meio termo (nem perto nem longe/nem tão confortável, mas com ótimos vizinhos) e vou feliz.

                    abçs

  • Bem eu moro bem ,e a 1,5 km do trabalho. E discordo de algumas coisas dos textos.

    Antes eu estava a 30, 40 km do trabalho, e morava num apartamento de 192 m.

    Meu apê era fantástico, mas eu só chegava nele depois das 9 da noite. E brutalmente cansado, pois teria de descansar logo pra acordar cedo e ir viajar de novo pro trabalho.

    Agora, moro em um ligar menor. Foi dificil até me livrar de toda ‘tralha’ com que preenchia o espaço enorme de outrora. Mas o lugar sendo perto ou longe do trabalho somos nós que deixamos acolhedor e confortável. Nós é que tornamos um lar, ou um lugar pra dormir.

    Então opto por morar perto do serviço e tornar o seu espaço o melhor possível.

    Ah, e ‘bm’ é pior nas periferias do que nos grandes centros em que todo mundo pouco se lixa pra vida dos outros.

    • E um adendo. Esse lance de morar perto do serviço e virar escravo do serviço, do empregador é balela.

      Eu moro pertissimo e isso não me impede de ter compromissos, afazeres e vida pessoal. Deixo isso claro. tem de ter postura. Quem cai nessa é trouxa ou inexperiente, e isso não se deve a distancia do trabalho e sua casa.

  • Ainda não vivi a situação de morar longe demais do trabalho, pois por morar numa região quase central tenho a sorte da maioria das empresas que passei/fiz entrevistas serem bem perto.

    Amo ter essa facilidade, mesmo morando num bairro com a favela na porta de casa, pois minha casa por mais “pobrezinha” que seja está passando por pequenas mudanças ano a ano para ser cada vez mais acolhedora. Os vizinhos são barulhentos SIM! E MUITO! Mas hoje existem portas, janelas e até cortinas anti ruido, que te isolam um pouco da BMzice do seu bairro.

    Sinceramente, não importo com o bairro onde moro desde que minha casa em si seja bem acolhedora e perto do trabalho ainda? É um plus. O sonho de todos meus colegas que moram longe é morar perto, mesmo que tenham que abrir mão de algumas regalias.

    Num mundo ideal gostaria sim de ter uma casa afastada num condomínio fechado, mas para eu ter esse conforto todo eu teria que ser podre de rica, dona de uma empresa, mas ai teria a regalia de chegar e sair a hora que bem entendesse, podendo então fugir dos horários de pico para aproveitar mais minha casa luxuosa.

  • Morar perto é o ideal, ainda que seja com pouco conforto. Sem dúvidas. Já estive nas duas situações e, quando morei numa quitinete bem pequena a um único quarteirão de todos os meus compromissos profissionais foi a melhor fase da minha vida.

    Mas eu gostei muito do texto do Somir: No fim, a nossa prioridade é facilitar a vida do empregador em vez da nossa. Somos vítimas do capitalismo. Somos mesmo, Somir. Somos escravos de chefes malas e trabalhos improdutivos. Trocamos tempo, vida, saúde e dignidade por um salário que mal dá para pagar as contas da sobrevivência. É uma merda mesmo. E não há saídas para a maioria de nós, porque nem todos temos mentes tão interessantes quanto a sua. Não, eu não aguento 2 horas diárias em um carro/ônibus todos os dias.

    “A esperança não existe. A esperança é o caralho” – entre o sujo e o mal lavado, eu escolho morar perto.

      • Sem dúvida, prefiro morar perto. Até porque o conceito de conforto é muito relativo. Nem sempre depende de espaço.
        Concordo com alguns leitores que disseram que uma casa simples pode tornar-se bastante aconchegante. Para mim, o seu conforto é você quem faz.
        Além de tudo isso, é importante ter tempo para usufruir do conforto que você cria. Esse papo de ter mais tempo pro empregador é balela.

        • Prefiro muitas horas em uma casa humilde do que muitas horas em um ônibus ou carro enquanto uma casa mais bacana espera por mim vazia.

  • Concordo com a Sally mil vezes,

    Eu já vivi as duas situações e posso usar a experiência do Rio para comentar.

    Primeiro que se você mora longe provável que seja um lugar pobre ou isolado no cu do mundo (alô Recreio), então por mais que você tenha uma puta casa, o que acontece, o lugar ao seu redor também não vai ser dos melhores.

    Segundo que, passar horas e horas dentro de um carro (o que já é conforto), ônibus, metrô ou trem não é qualidade de vida. Aqui o trânsito é de uma hora no mínimo se você mora perto ou tenha metrô perto da sua casa, longe é de três para cima. Então eu não consigo entender como alguém ache que sair 6 horas da tarde para chegar 9 em casa seja algo normal ou que valha a pena, até por que se você demora três horas para voltar, muito provável que tenha que acordar com o sol raiando.

    Ainda tem essa de beneficiar o empregador, na verdade você está fazendo o melhor para você que trabalha mais bem disposto, feliz e tem um rendimento muito melhor. Isso só depõe a seu favor, além de preservar a saúde.

    E é como a Sally falou, casa é o que você faz dela. Então que tal deixá-la arrumadinha e aconchegante, até por que você vai poupar tanto tempo com transporte que terá bastante coisa para fazer nela.

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