Confusão declarada.

O voto é secreto para permitir que as pessoas tenham poder de escolha independente de pressões sociais e/ou institucionais. Sally e Somir concordam com essa proteção. Mas caso sua vida não esteja em risco ao mencioná-lo, ambos discordam sobre o que fazer. Os impopulares declaram seus votos, se quiserem.

Tema de hoje: Vale a pena declarar o voto no Brasil?

SOMIR

Vale sim. Tomar uma posição e tentar fazer parte da solução faz muito bem para uma sociedade, mesmo que não concordemos uns com as escolhas dos outros. Democracia é para ser essa barulheira mesmo. Entendam bem a condição aqui: não estamos falando de alguém vigiado por coronéis ou milícias correndo o risco de morrer se não votar ‘certo’, estamos falando de quem tem a liberdade para tal.

Eu já tive minha fase mais vocal, onde disparava para o mundo quaisquer opiniões que tivesse. Discutia com qualquer um na sanha de estar certo e fazer o meu ponto de vista ficar mais popular. O tempo passa e como tantos outros eu descobri que tinha mais a ver com a fase da vida (de auto-afirmação) do que com uma tendência de personalidade.

Essa fase passa e a pessoa tende a se acalmar. Tem seus pontos-de-vista, é claro, mas controla-se muito melhor. Provavelmente é a fase de começar a enxergar o outro. Há sabedoria lá fora! A visão de mundo vai se refinando, as opiniões começam a se sustentar com mais e mais exemplos práticos… e evidentemente, a frustração de alcançar o outro com suas ideias começa a cobrar seu preço.

Talvez comece a faltar aquela energia de tentar insistentemente as mesmas coisas, talvez seja o aprendizado de que algumas batalhas não estão aí para serem vencidas. Digo isso porque entendo o lado de quem não quer ‘se sujar’ declarando voto num país como o Brasil. Realmente vai ser uma encheção de saco considerando que estamos numa era de virtual bipartidarismo! Ou você é horrível por escolher uma coisa, ou é horrível por escolher a outra.

Não posso me desdizer e declarar aqui que não é sábio saber se preservar. É sim. Mas se eu aprendi alguma coisa nessa vida é que dificilmente existe só uma resposta para qualquer pergunta. Concedo o ponto que evitar o incômodo é uma boa resposta, mas não o de que é a melhor resposta. O brasileiro tem o péssimo hábito de considerar o Estado como uma divindade caprichosa fora do nosso alcance e dada a privilégios para poucos.

O que não é verdade: o Estado somos nós. Aqueles bandidos são nossos representantes, gostemos ou não. E como eu aposto que você também está no time do ‘ou não’, deve se preocupar minimamente com quem escolhe para compor esse governo. Este texto não está sendo escrito para brasileiros médios, um pouco mais de cuidado com o voto é característica de quem raciocina e reconhece que as coisas não vão bem.

Pois então, você tem uma opinião. E ela não foi tomada arremessando uma moeda ou esperando algum benefício de curtíssimo prazo, você provavelmente quebrou a cabeça que nem nós aqui para escolher qual o menor dos males na última eleição. É aqui que entra uma terceira fase do desenvolvimento de nossas visões de mundo: a da contribuição.

Tem a hora de falar para se afirmar, tem a hora de se calar para compreender, e tem a hora de voltar a falar para mudar as coisas. Muita gente fica presa nessa fase intermediária de se calar e nunca devolve para o mundo o que aprendeu com ele. Quando você emite uma opinião por ter pensado profundamente nela, depois de ter ouvido com a devida atenção os pontos contrários, só aí que ela está pronta para ser devolvida.

Declarar o voto pode ser um exercício fútil para quem vota ao sabor do vento, para quem só escolhe um lado como um adolescente escolhe uma moda para seguir… Se você só tem a opinião, declará-la é lidar com toda a responsabilidade dela sem nenhum propósito além de auto-afirmação. Agora, se você soube cuidar dessa ideia, alimentando-a com fatos, versões e experiências… aí as coisas mudam de figura.

Aí você está ajudando a construir um mundo melhor. Mesmo que seja sob sua ótica. A sociedade depende de gente assim. De quem tenha algum plano de ação, uma escolha mais inteligente. E eu sei que tratar a própria opinião como uma forma de melhorar as coisas passa por uma boa dose de arrogância. Mas não há como fugir dela: se só sabemos que nada sabemos, isso não significa que o silêncio eterno é a opção mais inteligente.

Imagine um mundo onde as pessoas não declaram suas opiniões. Como saber se as coisas estão indo na direção certa? Quais métricas usaríamos para medir nossos erros e acertos? Claro que não passa de mera conjectura: a maior parte das pessoas sequer passam da primeira fase de cuspir opiniões mal pensadas na cara dos outros.

Mas muitos de nós fomos além. Se você já está considerando calar-se por não achar que valha a pena discutir com essa gente com mais vontade do que neurônios, você já foi além. Já entendeu que o mundo é formado por incontáveis pontos-de-vista, e talvez já tenha até compreendido a verdadeira humildade de saber ouvir mais do que falar.

É a sua voz que vai fazer falta. Mesmo tomado pelo cinismo de crer num mundo sem solução, ainda sim pode-se usar sua visão das coisas para atrair pessoas parecidas. Foi justamente o que fizemos aqui no desfavor: declaramos. Criamos um ambiente seguro para nos expressarmos, próximos de pessoas que não só compartilham como expandem o que pensamos. Claro que pagamos o preço com uma massa de ignaros berrando em nossos portões, mas não valeu a pena?

Declarar voto é declarar opinião. E a sua foi forjada com muito mais trabalho e dedicação do que a da maioria das pessoas. Ela merece sua existência, sua divulgação. Não deixe algo assim perecer silenciosamente.

Afinal, quem cala…

Para dizer que o discurso foi bonito e só, para dizer que eu estou te dando crédito demais só para ganhar, ou mesmo para dizer que votou na Dilma depois de muito pensar (ok): somir@desfavor.com

SALLY

Não lançamos este tema antes porque os ânimos estavam exaltados demais no período eleitoral. Esperamos o grau de insanidade diminuir e o frenesi eleitoral passar, para que cada um possa responder após uma série de vivências na área. E aqui está a pergunta: Declarar seu voto abertamente no Brasil?

Entenda-se: declarar abertamente não é conversar com seu amigo, é declarar de forma pública. É deixar claro para quem quiser em quem você vai votar ou em quem você votou. É deixar pública sua opção de voto.

Não. É óbvio que a população no geral não tem maturidade para lidar com a diversidade de opiniões. Toda aquela conversa já tão batida de que discordar ofende e de que eleitores estão se portando como torcedores fanáticos de times são fortes argumentos para não morder essa isca e não adicionar um fator de estresse a mais na sua vida!

Ao declarar seu voto, automaticamente se ganha uma legião de “inimigos”, de pessoas que te hostilizarão não apenas durante as eleições como durante todo o mandato exercido pelo partido em questão. Se o político cometer um erro, as pessoas cobrarão de você, como se você o tivesse cometido. O povo precisa de alguém para culpar que não eles mesmos. Brasileiro precisa de heróis e bandidos.

Declarar voto é aceitar um convite para uma guerrinha babaca e inútil que se instaurou. Até entendo uma pessoa pública que o faz, pois formadores de opinião podem influenciar esse povo bunda e, quem sabe, reverter um quadro eleitoral catastrófico. Nós, anônimos, não temos esse poder. Portanto, revelar o voto não gera qualquer consequência positiva, apenas encheção de saco e aborrecimento.

Não se luta contra o sistema usando a si mesmo como cavalo de batalha. Mais vale usar inteligência e se preservar. Ninguém precisa apanhar para fazer a diferença no mundo, apenas os masoquistas acreditam que isso é necessário. É preciso se amar, se preservar, se poupar das pedradas histericas. O dia a dia já tem uma carga de estresse e aborrecimento suficientes, não precisamos adicionar mais nada que não seja absolutamente indispensável.

Se a lei diz que o voto é secreto, não vai ser a curiosidade stalker de um Zé Ruela a te constranger a falar. Mesmo que você não queira se indispor e mandar na lata um “Não declaro meu voto”, pode sair pela tangente e dizer que ainda não decidiu ou pode dar qualquer justificativa elegante e não responder. Não declarar o voto não é sinônimo de dar um fora em quem pergunta, existem formas dignas de não responder.

E, por mais que a pessoa que procura uma resposta se irrite com suas evasivas, certamente a reação será em menor escala do que a que viria se o voto fosse declarado. Declarar voto é assinar uma autorização para o interlocutor te pentelhar pelos próximos anos. É preciso escolher suas batalhas e se poupar desse tipo de aborrecimento. Não é grave, eu sei, mas a longo prazo são gotas que pingam no copo e o ajudam a transbordar.

Brasileiro Médio não sabe discutir nem política, nem religião nem futebol. Em todos os casos, acredita que sua opinião é a única válida, verdadeira e inteligente e quem discorda recebe na hora uma presunção absoluta de burrice. Não vale a pena dialogar com gente assim. Pessoas que precisam arrumar conflito no seu dia a dia merecem ser ignoradas. Não seja você a fonte viabilizadora das neuroses alheias.

Nesse jogo jogam dois. Salvo a exceção de pessoas formadoras de opinião, que de fato podem contribuir para eleger alguém, quem declara voto abertamente está apenas atraindo problemas. E ninguém atrai problemas para si gratuitamente, se o faz, é porque tem um ganho secundário aí.

Quem declara voto pode até dizer que o faz por ideologia ou algum outro motivo nobre, mas eu acho que no fundo a pessoa busca o ganho secundário, que geralmente é o de sempre: se sentir inserido em um grupinho, o que dá uma falsa sensação de pertinência, aceitação e segurança. Não me venham com conversinha, só um belo ganho secundário faz alguém arcar com a chateação do BM pentelho.

Improdutivo. Essa palavra define o que é declarar o voto no Brasil, país onde as pessoas não estudam, não refletem e jamais admitem que erraram. É como semear no meio do deserto. Se alguém aqui tem tempo e paciência de sobra, está aposentado e não tem o que fazer com seu dia, pode declarar seu voto e arcar com a pentelhação perene. Eu não, muito obrigada.

No Brasil não se conversa sobre política, religião e futebol. A população não está preparada para argumentar ou ouvir opiniões contrárias. Sem contar que alguns partidos perseguem, fazem lista negra e hostilizam quem não vota neles, em um esquema de “quem não está a meu favor, está contra mim”. Como se não bastasse a pentelhação, ainda existe o risco de vingancinha política. Sem condições.

Pergunte a quem já o fez e você vai ver como declarar voto pode custar caro. Da falta de noção dos colegas até mesmo tentativa de homicídio, tem de tudo por aí. Nunca sabemos exatamente como seremos “premiados” por falar a verdade neste país cocô. Melhor não falar. Aliás, em quase tudo nessa vida, o melhor é, na dúvida, não falar. O que se cala, pode ser dito depois. O que é falado, jamais pode ser desdito.

Para contar sua experiência com sincericídio eleitoral, para insistir em dar murro em ponta de faca ou ainda para brigar por causa de política nos comentários: sally@desfavor.com

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Comments (23)

  • Concordo com a Sally nessa! É muito desgastante ter que ficar de mimimi e bate boca barato só por ter declarado guerra ao dizer em quem votar. Prefiro me preservar neste sentido, economizar minhas energias e gastá-las com coisa melhor.

  • Eu costumava não expor minha opiniões (sou o mestre do meu próprio universo), não via objetivo. Mas ai veio as eleições e a minha descoberta do Desfavor.
    Meio que resolvi combater a desvairada de merda que o facebook trazia até a mim. Não acusava, nem julgava apenas questionava, cutucava a massa cinzenta das pessoas.
    Poucos foram os que realmente tinham algum ponto de vista a defender. A grande maioria não sabia o que responder apenas ou como me responder. Desde então tento combater esse “mundo de extremos” com questionamentos. Se estamos morando no pais das maiores “certezas” e “verdades” eu só quero que alguém me prove.

    OBS: nessa brincadeira me adicionaram a dois grupos de discussões, um voltado do pessoal ecochato voltado a esqueda e um outro de Direta com a seguinte alcunha: Panelinha da Direita.
    Consegui ser expulso do grupo de direta kkkkkkkkkkkk

  • Prefiro me calar e só me pronunciar se for mesmo estritamente necessário. E quando fico numa situação em que sou “forçado” a falar, já prevejo a encheção de saco antes mesmo de abrir a boca. Até concordo com o Somir quando ele diz que opinião de Impopulares – com I maiúsculo mesmo – , que foi “forjada com muito mais trabalho e dedicação do que a da maioria das pessoas” não pode “perecer silenciosamente”, mas também faço coro com a Sally quanto a não ter mais a menor paciência pra lidar com reações histéricas e desmesuradas de BMs.

  • Adoro os comentarios da Marina.

    Inevitável nao concordar com os dois. Afinal, declarar voto para que? Contraproducente. Bem, isto nao se aplica aos leitores do Desfavor, que sabem discutir ideias e dificilmente me atacariam por ter votado em A ou B.

  • Dizer publicamente, como postar no facebook que seu voto é de fulano, acho desnecessário para pessoas comuns, mas acho bom que pessoas com alguma influência digam. Falar qualquer coisa publicamente, até a preferência pela cor da calcinha, gera indignação em quem não concorda e não raro até ataques raivosos e gratuitos, então prefiro ficar caladinha e dizer que não declaro meu voto.

  • Pra vc ter uma ideia, política tá mexendo mais com a cabeça desse povo do que religião. A minha madrinha é católica, catequista, beata ao extremo, ficou menos bolada comigo quando eu revelei que sou ateu do que quando falei que votei no partido diferente do dela!
    Nunca mais abro minha boca, aff…

  • Declarar em quem votou, até pra quem votou no mesmo candidato está sendo um problema tb, um saco, pq começa a ladainha, as mesmas palavras o mesmo discurso, as mesmas críticas… A mesma onda depressiva.

    Declarar publicamente é um problema. Conheço pessoas que são servidores públicos que se arrependeram pq agora estabeleceu uma onda de perseguição no trabalho. Não é novidade que o PT sindicalizou a porra toda…

    Acho burrice declarar em público, principalmente para quem tem que conviver com fanáticos.

  • Somir, você está nos dando crédito demais só para ganhar, hein? Não somos importantes. Não somos especiais. Não vamos mudar o mundo. Não vamos mudar nem meia dúzia de colegas. Não temos poder. (Quer dizer, eu não tenho poder. Mas o Desfavor tem. E cada vez mais.)

    Concordo com a Sally. “Não se luta contra o sistema usando a si mesmo como cavalo de batalha. Mais vale usar inteligência e se preservar.” Só que uma coisa é concordar, outra é aplicar. Eu ia manter meu voto em sigilo e aguentei até o primeiro turno da eleição. Mas, no segundo, comecei a escrever textos que faziam questionamentos ao governo do PT (de quem fui feroz militante até 2008) e vários colegas e parentes se surpreenderam (porque na eleição de 2010 optei pelo silêncio) começaram a me chamar de reaça, pessoalmente e pela Internet. Compraram a briga. E eu, surpreendentemente, quis participar e fiquei até o final, porque nem sempre a gente faz sentido, Sally.

    É Sally, me faltou inteligência. Mas eu tendo ao vício (indomável?) do sincericídio. O preço que paguei? Não foi muito alto. Me livrei de meia dúzia de parentes/colegas chatos e ainda descobri pessoas que pensavam exatamente como eu, o que me rendeu momentos muito legais e novos amigos Mas a questão não é nem o que ganhei ou perdi. Quando declarei abertamente meu voto, não sabia quais seriam as consequências futuras, nem quem eu iria irritar mais profundamente, mas quis correr o risco pelo prazer de falar sobre política, que é um assunto que eu amo.

    Vocês do Desfavor não entendem o que leva alguém a ter redes sociais, uma vez que não têm Twitter ou Facebook. Mas eu tenho e flerto com o desastre de me expor e de me preservar, de me expor e de me preservar, exatamente porque gosto de escrever, gosto de ouvir, de ler, de discutir… Gosto de saber que há o outro lado.

    Acredito que a verdade são versões e, assim como o Somir, também acho que dificilmente há só uma resposta para qualquer pergunta. Há tantos nuances no que somos. Tantos…

    Sendo contraditória ou não, a anônima aqui declarei o meu voto abertamente e ainda argumentei e discuti e briguei com meia dúzia de irritantes, mas sempre mantendo a educação. Eu sempre me lembro do que aprendi com o meu trabalho atual: quanto mais o cliente for grosso e sem educação, mais a gente deve falar baixo e firme, com um sorriso e o máximo de educação possível. Não é pelo cliente, nem pela empresa. É por mim. É pelo prazer de irritar os irritadinhos. Nada irrita tanto alguém que está gritando do que uma pessoa educada, que não se ofende com nada e que sorri (ainda que a linguagem corporal acabe revelando o cinismo) e fala baixo e firme. As feras sempre amansam e a gente ganha o jogo do dia. Aliás, agradeço ao Desfavor pelas brilhantes aulas de como não se ofender com palavras. Vocês escreveram textos brilhantes sobre a “legião dos coitadinhos ofendidinhos” e me ajudaram demais a compreender o que era só uma intuição.

    Não sei quanto a vocês, mas eu às vezes me rebelo contra as minhas próprias sinceras e cuidadosas tentativas de me preservar. Quis falar publicamente em quem ia e porque ia votar e, quando a gente quer muito uma coisa, a gente paga o preço por ela. Não tenho a ilusão de que a minha opiniãozinha é importante. Não é. Não sou importante. A longo prazo estarei morta: não sou nada. Mas, no intervalo, eu estou aqui e estou viva e quero participar algumas vezes. Não tive nenhum ganho pessoal ou profissional, mas também não perdi nada de importante (aparentemente).

    E nem tudo se resume a perder ou a ganhar. Há o prazer imediato de assumir o que somos, ainda mais quando a fundamentação dos argumentos é superior ao da meia dúzia de adversários. É divertido. E sempre aparece alguém com um argumento melhor ou mais interessante. Não, não aparece. A maioria é idiota. Eu poderia dizer que não tenho muito tempo para essas bobagens, já que trabalho de segunda à sábado, mas seria mentira. Trabalhar, eu trabalho, mas tempo a gente arruma.

    E é pelo o gozo do risco que vamos… É pelo prazer do jogo pelo jogo que vamos… Para onde? Para lugar nenhum. E daí? Daí nada.

    Volto a dizer: a Sally tem razão. Mas ter razão não basta: somos mais estranhos do que parecemos.

    “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
    Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.
    Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
    (…)
    Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
    Para além do Tejo há a América
    E a fortuna daqueles que a encontram.
    Mas ninguém nunca pensou no que há para além
    Do rio da minha aldeia.
    O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
    Quem está ao pé dele está só ao pé dele.”
    (Fernando Pessoa)

    O Desfavor é o Tejo. Vocês vão longe. Eu sou o rio da minha aldeia e eu só estou ao pé dele. E mais nada.

  • As poucas vezes que declarei me arrependi. Agora já aprendi a lição. A resposta padrão pra pergunta votou/ vai votar em quem agora é: nem voto/ nem votei. Realmente não vale a pena.

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