Direito de nascer.

O milagre da vida humana é pra lá de comum… acontece até mesmo sem querer. Sally e Somir concordam com o direito de um casal escolher caso a gravidez não tenha sido planejada, menos quando a decisão não é unânime. Os impopulares colocam suas opiniões no mundo.

Tema de hoje: Um quer ter o filho, outro não. Qual vontade prevalece?

SOMIR

Definitivamente a de quem não quer. Apesar de na prática não ser bem assim, filhos são uma responsabilidade imensa e precisam de boas condições para vir ao mundo. É o tipo da coisa que faz MUITA diferença se fizer direito. Não estamos mais numa sociedade que precisa desesperadamente de cada nova vida, então adaptemo-nos aos tempos.

Não estou dizendo aqui que pais solteiros VÃO fazer mal para seus filhos, tem muita gente nesse mundo que faz das tripas coração para dar um jeito nisso e criar um ser humano funcional, mas qualquer sinal de negligência nesse processo pode e será danoso para a criança. Criar um filho sozinho não é o ideal, e seres humanos precisam de muito mais cuidado para preparar suas próximas gerações. Deixemos esse esforço para quem precisa fazê-lo, não para qualquer um com um surto de carência.

Querer ter o filho sozinho sem nenhuma necessidade de fazê-lo soa egoísta. É assumir um risco desnecessário cuja principal vítima nem tem escolha a não ser pagar o preço pela sua decisão. Condenação de réu inocente. Sei que estou sendo insensível, mas a visão realista das coisas frequentemente a é. Filho não é brinquedo, filho não é animal de estimação… sua margem para erros é pequena e as consequências são duradouras. Precisa assumir o risco? E não estamos falando de casos especiais onde é a única/última chance, quase sempre dá para tentar de novo numa situação mais favorável.

Sei que é uma discussão sexista, afinal, vamos enxergá-la de forma diferente se quem não quiser o filho for o homem ou a mulher. Vou levar isso em consideração:

Se a mulher não quer: ACABOU! Vai discutir o quê? Ela vai carregar um ‘parasita’ no corpo por nove meses e passar pelo parto contra sua vontade? Isso é uma violência contra ela. As pessoas deveriam ter direito sobre seus próprios corpos, infelizmente ainda vivemos na Idade Média no que tange os direitos femininos sobre a própria gravidez no Brasil, mas isso não muda o fato a coisa certa a se fazer é permitir que a mulher decida se quer ou não o filho.

Mas mesmo que você goste de estar errado e sinta prazer em ferrar com a vida de outras pessoas (vulgo seja contra o aborto), pode entender a parte psicológica da coisa: não é bonito, mas é mais comum que o homem rejeite a cria. Normalmente quando há negligência na criação, ela tende a ser mais masculina. Não estou dizendo que todos os pais são ausentes, mas a tendência é que ‘ausente’ esteja mais do lado de ‘pai’ do que de ‘mãe’. Isso é importante por um motivo: criança criada com uma mãe que não quer o próprio filho vai ficar ainda mais complicada e estigmatizada pela sociedade.

Imagina não ser querido nem pela própria mãe? Sei que temos muitos hormônios destinados a combater essa rejeição, principalmente na mulher, mas isso não é suficiente para evitar todos os casos. Arriscar-se com um filho que vai ser preterido pela própria mãe parece uma boa escolha para você? Precisa fazer isso com a criança?

Mulher tem o direito sobre a gestação e seu afastamento vai ser consideravelmente mais doloroso do que o do homem. Se ela não quer, dois não tem filho. Isso deveria ser a norma.

Se o homem não quer: Não é ele que vai pagar com o próprio corpo pela gestação, mas filho não é brinquedo! Nos olhos da lei, não existe isso de não se responsabilizar pelo filho. É uma sacanagem com o homem ter um filho contra a vontade dele, até porque quando as coisas apertarem, ele tem que pagar o pato querendo ou não.

Mais velho que andar para frente: tem o filho contra a vontade do homem, diz que não vai pentelhá-lo, e assim que as contas empilham, exige que ele assuma a bronca. Homem não tem nenhuma defesa contra isso depois da fase da contracepção. Não quer ter filho? Azar, homem não escolhe. Mulher pode furar camisinha e ainda reter todas as vantagens de ter um otário para pagar pensão. Homem não tem direito nenhum nesses casos.

Se o que o cara quer é justamente não ter uma responsabilidade para a vida toda por não querer filhos em geral ou não com aquela mulher (o mais comum), é bacana forçar isso goela abaixo dele? A única alternativa é não fazer sexo nunca? Num mundo menos injusto, quando um não quer, dois não teriam filhos. Pelo menos aí o protecionismo com as mulheres seria mais aceitável.

Sem contar que filhos tendem a procurar os pais que não conheceram. Um saco ter de lidar com um ser humano que você não desgosta, mas não queria que viesse ao mundo. É escroto rechaçar, mas é uma sacanagem ter de lidar com ele. Sim, muita gente muda de ideia depois, mas vai contar com essa possibilidade? Vai arriscar com um filho?

E ainda por cima criar MAIS UMA criança nesse mundo sem a presença de um pai? Já não basta todas as outras? Se está carente, pega um cachorro! Não exponha uma criança à sensação de rejeição sem necessidade. Repito: na maioria dos casos, é só esperar por uma situação melhor e ter o filho em outro momento. Isso lá é hora de ter pressa? Cadê a vontade de fazer as coisas direito?

Homem costuma ficar com as contas de um filho, querendo ou não, e apesar de mais comum, sua ausência ainda faz mal para a criança. Se ele não quer, dois não tem o filho. Isso também deveria ser a norma.

Para dizer que filho é uma benção em qualquer situação, para dizer que só concorda na parte da mulher porque, surpresa, é mulher; ou mesmo para dizer que é contra o aborto e não é uma pessoa ruim (é sim): somir@desfavor.com

SALLY

Diante de uma gravidez indesejada, onde um quer ter o filho e o outro não, qual vontade deve prevalecer?

A vontade de quem quer ter o filho. Porque quem não o quer, pode se afastar depois que a criança nascer. Mas quem o quer, não poderá tê-lo caso a gestação não seja levada adiante. Não ter é escolher pelos dois, enquanto que ter pode vincular apenas um.

Um filho pode muito bem ser criado com apenas uma mãe ou apenas um pai. Certamente muitos de vocês aqui não tiveram a presença do combo cristão “papai + mamãe” e nem por isso são pessoas infelizes ou deficientes emocionalmente. É perfeitamente possível que um pai ou uma mãe não queira criar o filho e o deixe a cargo do outro cônjuge. Não disse que é bonito, disse que é possível. E, vamos combinar, melhor isso do que ser um péssimo pai ou mãe.

Se existe alguém que quer muito e ama aquela criança, não vejo porque esta vontade não deva prevalecer no final das contas. Me parece de uma crueldade sem tamanho contar a uma pessoa que um filho seu foi concebido mas que, apesar dela querer muito, ele não vai nascer.

Só porque a mulher gera a criança em seu corpo não significa que ela tenha mais direito a ele do que o pai. Atentem para o tema proposto: HAVENDO DIVERGÊNCIA, qual vontade deve prevalecer? Se a mulher cientificou o homem, sinto muito, é porque a opinião dele deve ser levada em conta. Se o homem quer e a mulher não, a coisa digna a fazer, na minha opinião, é ter o filho e entregar para o pai criar.

Sim, muita mulher deve estar pulando na cadeira ao ler isso. Mas, pensem no que acarretaria a postura contrária: uma mulher que quer ter um filho sendo obrigada a abortar por um homem que não o quer. Minha opinião não parece tão ruim agora, não é mesmo? Queridos, métodos anticoncepcionais existem aos montes, engravida quem quer ou quem assume o risco. Vamos nos responsabilizar pelos nossos atos? Acontecendo a gravidez, se UM quiser, o outro tem que respeitar.

Todo mundo pensa na merda que é ter um filho não planejado, e de fato é um enorme complicador (eterno) de vida. Mas alguém aí já pensou no sofrimento que é alguém te tirar um filho que você quer? Não sou machista não, apenas tento ver uma mesma situação de muitos ângulos, fora da caixa, afastadas das imposições sociais. Sim, ter um filho indesejado é uma merda (usasse camisinha!), mas ter um filho ou uma expectativa de um filho tirada de você também não é agradável.

Será que as mulheres que agora estão indignadas ao me ver defendendo a obrigação moral de levar adiante uma gestação que elas não desejavam gostariam de serem colocadas na situação contrária? Será que gostariam de estar grávidas e serem obrigadas a não ter o filho só porque o pai não quer? Acho que não, certamente falariam muito mal de quem pregasse isso. Entretanto, quando, por uma questão de coerência, chega sua vez de colocar em prática o que pregam, a coisa muda de figura.

O que pensar? Que em se tratando de filho a decisão é sempre da mulher? Porque? Porque ela gera o filho ela pode decidir? Não concordo. Ambos fizeram juntos, ambos tem os mesmos direitos e responsabilidades. Na hora de cobrar dos homens igualdade de participação nas responsabilidades inerentes aos filhos todo mundo tem um discurso na ponta da língua, né?

Quem não usa um método anticoncepcional está se colocando sozinho nessa situação. Não há decisão bonita, qualquer uma das duas é péssima quando um casal discorda sobre um filho: tê-lo ou não tê-lo é um estrago para o emocional dos envolvidos. Apenas me parece que tê-lo é menos pior, pois a pessoa que o tem pode se afastar e viver como se não o tivesse. O oposto não é possível.

Não é campanha contra aborto. Se ambos concordarem, eu bato palmas para quem decide fazer um aborto. Este mundo está abarrotado e cruel demais para colocar mais uma criança cujos pais não terão vontade/infraestrutura/tempo para educar e cuidar. Porém aborto unilateral, seja por decisão do homem ou por decisão da mulher, contra a vontade da outra parte, é uma violência.

Porque é cruel um homem pressionar ou obrigar uma mulher grávida que quer ter o filho a abortar e não é igualmente cruel uma mulher fazer um aborto de um filho desejado e já amado pelo homem? Pussy Power tem limite, e esse limite se chama COERÊNCIA. Não quer passar pelos agouros da gestação? Use anticoncepcional. A partir do momento que um filho foi concebido, o pai tem o direito de opinar meio a meio sobre tudo. Isso se chama ÉTICA.

Quantos homens no planeta tiveram filhos que não queriam, por ética, para não obrigar uma mulher a abrir mão de um filho desejado? Em um mundo ideal pessoas são responsáveis e precavidas, tomando decisões importantes juntas, considerando os sentimentos e desejos dos envolvidos. Em um mundo involuído, o “dono da bola” é quem decide e o outro tem que se sujeitar ao seu querer por falta de opção. No caso, o dono da bola é a mulher e, escorada no discurso “o corpo é meu” decide sozinha. O corpo é seu, mas o filho é dos dois.

Por mais horrendo que soe uma mulher ser “obrigada” (muitas aspas aqui) a ter um filho que não quer, é hora das pessoas começarem a se responsabilizar por seus atos. Mulheres que não querem ter filhos tomam suas providências. E não estamos falando em amarrar alguém ao pé da cama para impedir um aborto, estamos falando da pessoa ter consciência do quão incorreto seria forçar alguém a abrir mão de um filho e não fazê-lo, por uma questão de consciência.

“Eu não sou obrigada”. Não, realmente não é, nem eu quero que seja. Adoro viver em um mundo livre. Só acho que, por uma questão ética, esta seria a postura certa a adotar: em caso de divergência de opiniões quanto a uma gestação, deve prevalecer a vontade daquele que quer ter o filho.

Para se surpreender com a minha opinião, para pinçar trechos fora de contexto e contradita-los de forma tendenciosa ou ainda para torcer secretamente por mais uma polêmica daquelas: sally@desfavor.com

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Comments (84)

  • Sei que estou atrasado mas mesmo assim preciso desabafar minha completa intolerância ao pensamento “meu corpo, minha escolha, mas se minha escolha for ter e ele não quer, ele terá que pagar pensão de qualquer maneira”.

    A legislação brasileira, como muito bem sabe a Sally, é abaolutamente protetiva com a criança. Tal como deve ser.

    Mas o que indago é o seguinte: Se é injusto e brutal obrigar a mulher a ter um estranho em seu corpo por 9 meses, é válido e justo obrigar o homem a ajudar a custear um ser humano a que ele não desejava?

    Dentro da sociedade brasileira a vontade masculina de ter ou não um filho é irrelevante se a mulher quiser ter. Isso não me parece apenas anti-ético, mas sim uma questão de ausência de igualdade em desfavor do homem.

    Se num contexto onde a mulher quando gravida optar por ter e o homem não quiser, prevalecer a vontade da mulher mas com total e absoluta isenção de qualquer responsabilidade do homem pela criança, não seria igualitario entre ambos? Obviamente que a criança é que se fode sem a presença de um pai ou mãe. Mas a questão não é sobre a criança, e sim sobre a igualdade de entre o homem e a mulher quando da gravidez indesejada.

    Às que defendem o “meu corpo, minha escolha” como fica quando a escolha é quero ter e ele não? Ele, por lei, mesmo não querendo é obrigado a assumir a responsabilidade pois assumiu o risco ao fazer sexo. A proibição do aborto por simples vontade da mulher em não ter o filho equilibra a balança da igualdade e responsabilidade, uma vez que a mulher quando faz sexo também assume o risco da gravidez.

    Apenas para esclarecer, sou a favor do aborto apenas nos casos em que a lei autoriza, ou seja, haja risco de vida a mulher ou proveniente de estupro.

    • Justiça é um conceito que poucos entendem, porque pressupõe coerência. Uma pessoa “meu corpo minha escolha” está fora do alcance de qualque diálogo racional.

  • Concordo com a Sally, e nem sei se me admiro ou não pelo fato de muitos aparentemente não terem entendido o ponto de vista dela.

    • É uma convenção social muito forte que a decisão é só da mulher porque o corpo é dela. O argumento é válido para a legalização do aborto: se querem fazer, façam. Mas não me parece válido em caso de discordância entre o casal.

  • Sally, por curiosidade, se você se visse nessa situação, você manteria o filho só porque seu parceiro gostaria de ter um filho? Eu não consigo te imaginar tomando essa decisão, mas só te conheço pelo blog então não conta muito.

    Quanto à discussão: eu não quero ter filhos porque não quero passar por gestação e parto, tenho pavor só de pensar. Caso estivesse numa relação, a outra pessoa saberia disso e saberia que não quero ter filhos, um acidente deste ocorrendo e a pessoa me dizer que gostaria que eu mantivesse a criança, eu diria simplesmente “sinto muito”. É o meu corpo que passa pelas mudanças, é o meu sofrimento e é algo que já tinha sido acordado antes que não iria acontecer propositalmente. É um erro que deve ser corrigido.
    Se ele quiser tanto ter um filho a ponto de cogitar me “forçar” numa gravidez que eu não quero, significa que nunca respeitou minha vontade de verdade. Acho que uma relação assim não vale a pena, ele pode muito bem completar o sonho de ter filho com outra pessoa, o que mais tem é mulher no mundo querendo isso também.
    Fora que existem outras formas, adoção, barriga de aluguel etc.
    Mas continuar com alguém que vai me forçar a passar por algo que eu nunca quis e que é importante pra mim, nunca vai valer a pena.

    • Aí é que está o X da questão. Sempre tomei MUITO CUIDADO para não ficar nessa situação, usando métodos contraceptivos seguros em conjunto e escolhendo parceiros que pensem como eu. Não existe alguem cair aleatoriamente em uma situação dessas.

      • Ah, Sally, fazer sexo já é se colocar no risco de acidentes, já que nenhum método anticoncepcional é 100%. Apesar da chance ínfima, ainda pode acontecer. Eu também todo todas as medidas possíveis, mas há risco enquanto eu ainda for fértil. Acidentes são exatamente isso.
        Se você se visse nessa situação hipotética, onde mesmo tentando evitar a todo custo a lei de murphy prevaleceu, você ainda assim teria um filho só porque seu parceiro quer? (porque ele poderia ter vontade de ter filhos e desistido para ficar com você, mas dada a oportunidade mudou de ideia ou algo dessa forma)
        Hipoteticamente, você nessa situação, seguiria seu próprio argumento?

        Pra mim, nesse caso é meu corpo, minhas regras, sim.
        Eu me precavi e mesmo assim falhou? A escolha é de quem carrega o peso da gestação.
        Indo pela premissa de que quem não quer vai ser afastar de uma forma ou de outra, prefiro não passar pela gestação pra depois ainda ter de me afastar. Me afasto sem filhos e deixo o homem livre pra um relacionamento com alguém com as mesmas vontades que ele.

        • Vamos colocar uns pingos nos is.

          se usar dois métodos anticoncepcionais seguros, a chance cai a zero. Mas, ainda que não, eu não me relacionaria com alguém que fosse contra aborto. Ainda assim, supondo que tudo isso desse errado e, tomada pelo pavor, eu decidisse sozinha… eu saberia que o que fiz foi extremamente escroto e anti-ético.

          • Ou seja, mesmo sabendo que a atitude seria escrota e anti-ética ainda assim não seguiria o seu próprio argumento.

            E eu não acredito que mesmo usando dois métodos anticoncepcionais a chance caia a zero. Enquanto houver espermatozoides e óvulos, há risco. Mesmo que ínfimo, ainda assim é um risco.

  • Hoje, depois de ler este texto, tenho que dar um nó no orgulho e dizer que a Sally foi tão brilhante como eu jamais conseguiria ser nem se me esforçasse muito mesmo.

    O que a Sally coloca é um ponto que cria abismo entre embates de feministas esquerdistas (grande maioria) e direitistas feministas (direitista aqui pendendo tanto para ‘direita ideológica’ quanto para Direito). Sally fez uma coisa que as mulheres eternamente dizem que os homens não fazem, não conseguem fazer ou não querem fazer – mas aparentemente NENHUMA das detratoras da Sally aqui conseguiu fazer: se colocar no lugar do ‘outro’ – neste caso, do outro gênero.

    Maestral foi que se vocês realmente lessem com cuidado o (in)famoso texto “O lado negro da gravidez” de novo, vocês entenderiam o que ela quis dizer NESTE texto – é uma questão de ESCOLHA, de assumir riscos e responsabilidades. Novamente, faltou coerência e ISONOMIA de tratamento aos dois lados aqui, e eu assumo, sou uma merda pra isto, eu gosto é de descer a porrada, tratamento isonômico o caralho…

    … mas respeito quando vejo alguém que mantêm a coerência SEMPRE, não se deixando levar por incongruências de achismos e sentimentos. A argentina aqui é fria e calculista – tanto pro lado bom quanto pro lado ruim.

  • Acho um abuso sem tamanho a mulher ter um filho para satisfazer a vontade do homem. O relacionamento depois vai pra onde ?
    Nem fodendo que homem faria isso por mulher nenhuma…

    • Não é para satisfazer ninguém, estamos falando de ética aqui. Eu não tenho filhos e já fui muito pressionada para isso. Mas eu tomei cuidados para não engravidar.

      • Mas não é nada ético a mulher ter um filho e jogar pra lá (imaginei a criança ensaguentada, berrando e a “mãe” dizendo pro pai: Se fode ai, o filho é teu.)

  • Apesar de ser defensora do “assumir a responsabilidade”, nessa eu concordo com o Somir.

    Pela realidade do familiar que não quer o filho: terá que lidar com pensão, possivelmente será procurado pela criança em algum momento, poderá acabar assumindo uma responsabilidade sem gostar (a pessoa nao quer que a criança seja maltratada e acaba criando mas sem o envolvimento emocional necessário).

    Outro pelas consequencias para a criança. A falta de amor de um dos pais, a rejeição, o afastamento, talvez dificuldades materiais.

    Eu acho que é mais fácil um adulto lidar com o sofrimento de não ter tido um filho do que uma criança lidar com a rejeição de quem deveria amá-la e protegê-la. Da mesma forma que acho um pouco de egoísmo pessoas doentes ou que tenham problemas hereditários terem filhos, acho que tb se aplica ao caso do “eu quero ter filhos independentemente do outro”.

    É complicado, mas eu acho que o domínio do “não” tem menos efeitos colaterais do que o “sim”.

    • Ok, um argumento coerente. Com esse argumento eu posso lidar. Entendo o complicador, mas se não queria as respinsabilidades, tomasse mais cuidado. Sobre o sofrimento da criança, é lamentável, mas não a condena necessariamente a uma vida infeliz. Depende de como a pessoa que a cria direciona isso.

    • “Outro pelas consequencias para a criança. A falta de amor de um dos pais, a rejeição, o afastamento, talvez dificuldades materiais”.

      A falta (de amor) de um dos pais de fato potencializa dificuldades materiais. Nesse mundo de hoje em que pai e mãe trabalham, a renda conjunta dos casais fez o custo de vida subir tanto, que tem tornado muito difícil para alguém solteiro, viúvo ou divorciado (mesmo recebendo pensão alimentícia) (man)ter um padrão de vida no mesmo nível dos casais para criar filhos.

      (E, quer saber, mesmo sem tê-los, essa dificuldade continua…)

  • Uma pessoa, enquanto fértil, sempre poderá ter filhos. Mas um filho, depois que nasce, nunca pode ser desfeito.
    Acho muito mais simples que prevaleça a vontade de quem não quer. Quem quer muito um filho, consegue fazê-lo uma hora ou outra. Só porque uma pessoa teve que desistir de um filho agora, não quer dizer que ela nunca mais terá oportunidade de ter um filho com quem quer que seja.
    Na minha forma de pensar, não querendo um filho (situação atual): Por mais que eu pudesse me afastar definitivamente de um filho indesejado, eu sei que sempre iria ter isso martelando na minha cabeça. Eu me sentiria o tempo todo responsável e sem condição de ajudar com muita coisa importante.
    No caso em que eu quisesse um filho, não conseguiria ver justiça no “obrigar” a mulher a parir. Eu tentaria convencê-la a ser, de fato, mãe ou tentaria com outra mulher.

    • Mas que visão descartável de filho, hein? Faz outro depois?

      a questão toda gira em torno da ética com o parceiro, vocês parecem achar que se não há namoro ou casamento, não há dever ético com o parceiro. Não sei me portar assim…

  • Também vou concordar com o Somir nessa…

    Não querendo vitimizar mulheres, mas o sofrimento pra elas é maior nas duas hipóteses, já que além do sofrimento psicológico, há o físico também, seja em levar adiante uma gravidez indesejada (no caso do pai querer e ela não) ou em abortar (no caso do pai não querer e ela sim).

    Acho cruel tirar um filho de um pai que quer muito, mas acho mais cruel a gravidez indesejada. No primeiro caso nada vai mudar, além das ideias e desejos… Já o segundo pode trazer mudanças irreversíveis na vida da mulher (vide seu famoso texto).

    Filho não deve ser punição pra descuido ou simplesmente azar (métodos falham), e isso vale pros dois lados.

    • Não é punição, é assumir responsabilidade pelos seus atos. Atos geram consequências, muitas vezes desagradáveis. Filho não brota da terra, filho é fruto de irresponsabilidade. Não confia em um método anticoncepcional? Usa dois.

  • Adorei o posicionamento da Sally, nossa sociedade super atual não consegue enxergar um homem solteiro criando uma criança. A velha visão de só a mulher pode ¬¬

    Sempre uso o argumento de a “mulher é dona do próprio corpo” quando o assunto é aborto, mas Sally e Somir levaram a discussão a outro nível aqui. Dificilmente esse pensamento irá perpetuar no mundo BM, mas não custa insistir.

    • É dona do próprio corpo sim, mas a questão transcende em muito o corpo da mulher. A vida de um filho deveria ser pensada SEMPRE levando em conta a vontade do pai e da mãe.

  • Não sei oq pensar. É muito egoísmo a pessoa querer muito um filho e não poder ter por vontade do outro. Mas é igualmente terrível você não querer ter e te pressionarem para ter. O mundo ideal é que “acidentes” não aconteçam, mas já que acontecem fico com a opinião que mais vale a opinião de quem vai ter a maior responsabilidade. Por exemplo: se a única chance do bebê ter uma vida digna é a do pai prover a casa, a escolha fica sendo do pai. Se ele não tiver condições financeiras de criar, tem que ser escutado!
    Se os 2 tem condições iguais de criar, apoio a escolha da mãe, que vai gerir, amamentar, sofrer todas aquelas dores e etc.

    • Mãe não precisa gerir nem amamentar. Dezenas de mães dão seus filhos para adoção ou os abandonam. A mulher pode ter um filho e optar por se afastar dele. É sofrido, é complicado, mas é possível. Já o pai não pode ter um filho se a mulher abortar.

      • Mas Sally, a mulher passa por toda uma gestação, que muitas vezes, pode ser complicada e agredir a saúde e o corpo dela.

        • E…? Isso lhe dá o direito de fazer uma escolha dessas sozinha? Se gestação assusta tanto, é simples: usa dois métodos contraceptivos

  • Rossano Szczepanski

    Boa noite Sally/Somir.

    Depois de ler vários posts deste blog, me sinto obrigado em dizer que estou maravilhado com a mentalidade de vocês. Então, eu pergunto: é possível participar? Gostaria muito de poder contribuir sempre que possível. Eu também gosto de escrever sobre os mais variados assuntos e além disso, costumo ser bastante crítico e refutar sobre muitas coisas. Um exemplo de texto meu, vocês podem encontrar aqui:

    http://www.lol.etc.br/2013/12/xbox-one-playstation-4-e-wii-u-pior.html

    Por ora é isso.

    Continuem assim. (Bookmark Added!)

    • Tentei entrar em seu link e não encontrei, uma pena. Já que corrobora com a questão, creio seja mais são que o comum, queria lê-lo já que não tive essa oportunidade. Enfim, tem algum outro blog?

  • Concordo em grande parte com a Sally. Só acho complicado, no caso de o homem desejar o filho e a mulher não, obriga-la a carregar uma gravidez por 9 meses. Não apenas por ela em si, mas também porque não saberíamos quais as consequências físicas e psicológicas que isso poderia acarretar para a própria criança. Vai que a mulher resolve “boicotar” a gestação bebendo, usando drogas, se colocando em situações de risco, sei lá… acho que viajei um pouco agora. Por outro lado, é igualmente cruel com um homem que deseja o filho obrigá-lo lidar com a “morte” dele. Confesso que ainda não tenho uma opinião formada sobre esse ponto.
    Enfim, para mim – em um mundo ideal – aquele que deseja o filho, que fique com ele, mas também, que arque com as responsabilidades 100%, e o que não deseja deveria poder assinar um termo abrindo mão totalmente de quaisquer direitos e deveres em relação àquele rebento, afinal, não é justo a parte que não desejou criança ser obrigada a arcar financeiramente com isso por pelo menos 18 anos, e ainda correr o risco de tomar um processo por “abandono afetivo” no futuro.

      • Mas eu acho:” é igualmente cruel com um homem que deseja o filho obrigá-lo lidar com a ‘morte’ dele”. O ideal seria pelo menos a mulher gestar e dar essa criança pro pai cuidar, meu receio é somente em relação àquelas que têm paúra total de gravidez começarem a boicotá-la, como pontuei no texto.

        • Bom, supõe-se que uma pessoa que consegue ter essa visão ética de que é escroto decidir sozinha é esclarecida o suficiente para fazer isso, não?

          O tema de hoje não pergunta ninguém sobre OBRIGAR uma mãe a ter um filho. Estamos falando do que seria correto.

          • Pois bem, o “correto” seria aquele que deseja a criança ter o direito de criá-la, porém eximindo a parte contrária de quaisquer responsabilidades (e direitos). O que não dá é decidir sozinha (o) pela manutenção de uma gravidez e ainda forçar a outra parte a arcar com os custos materiais e emocionais de uma decisão que não foi sua.

            • Ninguém está falando em decidir sozinho ou obrigar. Estamos perguntando o que é mais correto. Parto do princípio que uma pessoa que perceba isso o fará pela própria vontade.

  • A vontade que deve prevalecer é sempre a da mulher.

    É muito simples: o corpo é da mulher e é ela que decide. Fim.

    Se a mulher quiser ter o filho, quem vai obrigá-la a abortar?
    E, se ela não quiser, quem vai obrigá-la a ter? Desumano.

    “Se a mulher não quer: ACABOU! Vai discutir o quê? Ela vai carregar um ‘parasita’ no corpo por nove meses e passar pelo parto contra sua vontade? Isso é uma violência contra ela.”
    Perfeito, Somir! Até tive que ler de novo, porque achei que este era o texto da Sally!

    Mas o homem não tem o direito de não querer registrar um filho. Vai ser obrigado, ainda que se recuse a fazer o DNA. O homem não quer ter filhos? Use camisinha. Leve sempre suas próprias camisinhas para não correr o risco de ninguém furá-las. Seja mais esperto.

    “O milagre da vida humana é pra lá de comum… acontece até mesmo sem querer.” Ri alto! É isso mesmo. Milagre é o caralho!

    • Porque o corpo é da mulher, ela tem o direito de dispor sobre vida ou morte de um filho feito pelos dois? Que triste!

      • Sally, o problema é que você fala em “filho” como se estivéssemos falando de um bebê, de uma criança que nasceu. Depois do nascimento, pai e mãe possuem direitos iguais. O pai é tão importante quanto a mãe. Tanto é, que hoje a Justiça não prioriza mais a guarda para a mãe, mas sim a guarda compartilhada. E está certinho! Mãe não tem que ter mais direitos do que pai.

        Mas aborto não é sobre um bebê, não é sobre o filho dos dois. Nos primeiros meses, são apenas poucas células sem consciência dentro de um corpo com consciência. E esse corpo é de uma mulher. Não é do homem, portanto ele não pode decidir sobre o corpo que não é dele. Não é um bebê. Não é um filho. Nos primeiros meses, o feto não possui nem atividade cerebral.

        A decisão é da mulher, porque, literalmente, o corpo é dela, a saúde é dela, as consequências físicas são dela. A prática do aborto clandestino é uma das causas mais tristes (que poderia ser evitada se o aborto não fosse crime!) de internação hospitalar e morte de mulheres, não de homens. As complicações físicas e psicológicas de uma gravidez são sentidas por mulheres e não por homens. Quem corre risco de vida é ela. A escolha tem que ser dela.

        O aborto em caso de estupro é permitido porque se entende que a mulher não foi culpada por não se prevenir. É herança da culpa cristã mesmo. Porque muitos pró vida são contra punir mulheres estupradas por abortarem? Quem defende “o bebê’ em casos de estupro? A maioria dos que é contra o aborto abre exceção para o estupro, simplesmente porque entendem que a mulher não “pecou”, portanto não teve culpa do que aconteceu e não precisa lidar com as consequências de ter feito sexo sem proteção. E a vida do “bebê”? Ele deveria ser condenado à morte porque a gravidez é fruto de estupro? Quando a gente faz esse questionamento, eles ficam sem resposta, porque no fundo a vida do feto nunca importou. Não existe bebê nenhum ainda. Proibição de aborto, para muita gente, é punição da “vadia” que ficou grávida.

        Claro que não estou te comparando com esse povo e nem é essa a questão central aqui. Só usei isso como argumento para mostrar meu ponto de vista: não existe bebê nenhum nos primeiros meses. Não há filho para ser disputado pelo pai. O que existe é um amontoado de células em atividade cerebral que fazem parte do corpo de uma mulher. Por isso, a decisão é sempre dela. Sempre.

        • Sou super a favor de aborto. Sempre fui. Desde que AMBOS estejam de acordo. Não é pela “crueldade” de fazer um aborto e sim pela falta de ética com o parceiro. Acho baixo, canalha, vil, tomar essa decisão sozinha. Não sei me relacionar com esse grau de egoísmo.

          • Respeito sua opinião, mas discordo completamente.

            Quando você fala que ambos precisam estar de acordo, está colocando o feto no centro da questão. Mas não existe bebê, filho, criança. Se não existe, não há filho do pai ainda. Não há nem pai. Há um amontoado de células sem atividade cerebral no corpo de uma mulher que só vai se tornar um ser humano se ela sobreviver aos 9 meses e nada fizer para impedir o nascimento.

            E não é uma questão de ética. Não tem nada de canalha, vil ou baixo a mulher tomar uma decisão sozinha sobre o seu próprio corpo. Não é sobre o corpo do homem, é sobre o corpo da mulher. Não é sobre o filho do homem, porque a criança não existe ainda.

            “Meu corpo, minhas regras.” A decisão é sempre da mulher.

            • Não há um bebê, mas há a possibilidade de um bebê, que já foi concebido. Sou totalmente a favor do aborto, não é pela questão de “tirar uma vida”. Concordo que não havendo sistema nervoso formado, não se pode falar em ser humano. E se ambos acharem melhor, tem mais é que fazer aborto mesmo. Aliás, no Brasil deveria haver programa de milhagens para aborto, com direito a resgate de prêmios, porque tá foda.

              A questão é: acho anti-ético e escroto tomar uma decisão sozinha só porque é no seu corpo que está o bebê, feto, zigoto ou whatever. Tanto faz o nome. É querer ser a dona da bola por um fatalismo biológico. Engravidou, não tomou os cuidados necessários? Desculpa, com ou sem ser humano na barriga, a decisão afeta o casal. E eu acredito que em situações onde ambos sejam afetados, ambos devem ser ouvidos.

              • Você dá uma grande importância para a tal ética com o cara (que às vezes nem namorado é, nem importante pra mulher é, é um quase desconhecido).

                É muito difícil compreender o seu ponto de vista, então eu apenas respeito.

                • Eu dou importância para a ética em TODAS as relações. Sei que isso anda em desuso, mas eu acredito que a humanidade só vai estar bem quando todos estivermos bem e que a ética tem que permear TODAS as relações.

    • “Se a mulher não quer: ACABOU! Vai discutir o quê? Ela vai carregar um ‘parasita’ no corpo por nove meses e passar pelo parto contra sua vontade? Isso é uma violência contra ela.”

      …Porque passar (no mínimo) 18 anos tendo que sustentar um filho que você não quis é uma delícia, certo?

      “O homem não quer ter filhos? Use camisinha. Leve sempre suas próprias camisinhas para não correr o risco de ninguém furá-las. Seja mais esperto.”

      Quer dizer que a responsabilidade cai toda em cima do homem e se a mulher passar a perna nele, a culpa é dele porque ele não foi “esperto”? Onde eu já vi esse raciocínio antes…você é feminista né? Deixa eu tentar: “A mulher não quer ser estuprada? Use roupas decentes para não correr o risco de alguém estuprá-la e não ande sozinha em locais de pouco movimento ou tarde da noite. Seja mais esperta. ;)”

  • A decisão é da mulher sim, porque ela que se arromba toda durante 9 meses e depois vai ser obrigada a ser mãe a vida toda! Duvido que se fosse o homem a andar todo ferrado durante quase 1 ano e parir pelo cu se eles fizessem algum sacrifício por mulher alguma. Depois ainda tem o plus que é trocar fralda, deixar de dormir amamentando. Os bonitinhos depois metem o pé e a otária da mãe que se foda!
    E vc, Sally, se achasse o homem da sua vida, sua “alma gêmea” mas só tivesse um porém: o sonho da vida dele é ter no mínimo um filho. O que VC (autora do lado negro da gravidez) faria??? Com certeza teríamos a mamãe Sally, porque senão fica numa de faça o que eu digo e não o que eu faço, certo?
    Por mais que eu ame alguém eu amo mais a mim mesma. Nunca que eu iria aceitar uma coisa que eu considerasse tão horrível pra mim, pra favorecer outra pessoa. Relacionamento acaba, filho é um fardo eterno.

    • Nossa, haja estômago. Vamos lá…

      Nove meses de gestação não é e nunca vai ser pior do que uma vida sem um filho desejado. Pergunte a qualquer pai ou mãe que já perdeu um filho.

      E se você acha que eu teria um filho para agradar homem, vá para a terapia, porque você deve estar projetando alguma imbecilidade sua em mim.

  • Som ir tá certíssimo! E olhá que elê explicou mais pelo lado da mulher. As minhas namoradas/peguetes/ficantes todas sabem que eu detesto crianças e nunca quero ser pai. Primeiro porque acaba com o casamento ter que tomar conta de pirralho, acaba com as saídas a dois, com quem vai deixar o moleque? Com babá tratando mal ou com a avó? Quando cresce pode virar drogado ou engravidar as vadias se for mulher pode virar vadia, eu que não quero ser pai, muito menos quero ser avô. Então elas já sabem e se engravidarem de independentes vão perder o marido. Quer ser egoísta e parir sozinha vai pra inseminação artificial em vez de acabar com a vida dos outros. Também faço questão que elas leiam O Lado Negro da Gravidez pra saberem que fica ruim pra elas tambem.

  • “Não é ele que vai pagar com o próprio corpo pela gestação, mas filho não é brinquedo! Nos olhos da lei, não existe isso de não se responsabilizar pelo filho. É uma sacanagem com o homem ter um filho contra a vontade dele, até porque quando as coisas apertarem, ele tem que pagar o pato querendo ou não”.

    Nesse sentido de que filho não é mesmo brinquedo, fico pensando em decisões judiciais mundo afora obrigando doador de esperma a dar pensão para a(s) criança(s) que ele ajudou a gerar. Bem feito.

    “Ambos fizeram juntos, ambos tem os mesmos direitos e responsabilidades. Na hora de cobrar dos homens igualdade de participação nas responsabilidades inerentes aos filhos todo mundo tem um discurso na ponta da língua, né?”

    Por essas e outras, enquanto agir assim, não posso criticar o BM por escolher o que acha conveniente cumprir, sejam leis ou o que for…

      • A barbárie já chegou nos EUA e na Suécia, pois foram condenadas pessoas que doaram para ajudar, sem qualquer ônus nem intermediação clínica. Agora, do sujeito que doa litros de esperma por pura motivação financeira, anos a fora, não teria a menor pena caso fosse condenado um dia. Não só por achar que mercantilização tem limites, mas também por problemas futuros decorrentes dela, como dois meio-irmãos casarem-se.

  • Não me espantei com a sua opinião, Sally, acho justo. O pessoal pode até confundir as coisas pq quando é estupro a mulher tem o direito de tirar, mas ai vc tocou num ponto fundamental: a questão no caso é o se responsabilizar pelas suas escolhas e ações, aqui não se trata de um estupro.

    Nem tenho o que questionar aqui.

    • Curioso que se fosse ao contrário, uma mulher querendo ter e um homem querendo obrigar a abortar, todo mundo endossaria meu argumento. Pois bem, ética é a mesma, independente de sexo. Tem que ser a mesma.

      • É verdade. A mulher é dona do corpo dela, mas não é dona do corpo do feto. Todo mundo que trepa assume o risco de fazer filho. Um aborto é a interrupção de uma vida, é uma decisão ética, como a de matar alguém. Eu mataria alguém, nas circunstâncias certas (ou erradas), para defender algo mais importante. Mataria um moribundo em sofrimento, um estranho que estivesse ameaçando a vida/ integridade de alguém querido, um cachorro bravo e de porte considerável que estivesse atacando uma criança, um filho da puta que me atacasse com uma arma (se ele desse bobeira, evidentemente). A decisão de não deixar um feto virar uma pessoa é uma decisão ética, neguinho vem com esse discurso de “o corpo é meu” para tratar bebê como se fosse um bicho berne ou uma acne, que você remove do corpo por razões estéticas. Você pode decidir matar, doar ou ter, se o ponto é o futuro que a criança terá. Só que o futuro dela depende da sua decisão de abrir mão de coisas em nome de criá-la. Ou seja, você mata o feto porque não se vê como pai ou mãe, acha que estragaria o seu projeto de felicidade. Cada uma destas escolhas tem suas consequências. O filho não é da mulher, é do mundo (marido, Estado e quem mais cuide enquanto não se virar sozinho). Se quiser matar enquanto não tem sentimentos, sensações, sistema nervoso desenvolvido, é uma opção, como é opção matar um frango para comer ou apenas matar vegetais, que teoricamente sofrem menos. Só os vegetais e seres muito simples não matam para comer. Eu mataria cabras, ovelhas, vacas, porcos e outras fontes de proteína para comer, mesmo com os veganos ficando putos da vida. Mato aranhas, pernilongos, baratas, cobras e outros animais perigosos. Não mato lagartixas, sapos e lagartos, pois eu tenho consideração pelo serviço que me prestam ao matar cobras e pernilongos. Mas sei que é uma decisão minha, a responsabilidade ética/ moral tem que ser assumida. Feto não é furúnculo.

        • Muito obrigada pela paciência de escrever em detalher aquilo que eu não tive tempo de desenvolver. O corpo é da mulher, mas o filho é dos dois. Vamos ter um pingo de ética!

            • Tirar a vida de algo (pernilongo, células, gato, rato, humano adulto, humano bebê) é matar. A valoração do que é “assassinato” e o próprio uso do termo é arbitrária. Você sempre tem um sistema de valores, independente de ser explícito ou tácito. O que se discute aqui é em que casos você opta por matar, de um repolho a um deficiente físico em Esparta, gêmeos em comunidades indígenas, bebês do sexo feminino na China. Um cachorro é almoço (China) ou pet (USA)? Aborto é matar células sem consciência ou um feto não totalmente formado, mas é matar. Tem quem não coma proteína animal ou não use produtos de couro porque alguém morreu por isso, assim como há quem não compre na Zara em função da mão de obra que usam lá. São escolhas éticas. No espectro de tirar uma vida há uma enorme palheta de cores. Quais dela você acha legítimas, depende do seu sistema de valores. Mas geralmente neguinho que defende aborto se escandaliza com teste de cosmético em pele de Beagle. O aborto é mais próximo de um homicídio do que de uma amputação. O corpo que é seu é O seu; “Corpo do feto, regras sociais”. A mulher não é dona das células do feto. Cabe discussão, não é a mesma coisa que optar por uma Tattoo ou um piercing, ou ainda uma minissaia.

              • Sim, a mulher não é dona das células do feto. Mas parece não haver essa distinção no Brasil. Se está dentro dela, ela faz o que quiser. Entretanto, se uma pessoa te pede paga guardar uma comida na sua geladeira e você a come, é chamado de escroto se falar “Minha geladeira, minha comida”

                • Exatamente! E o corpo é social, não é só da pessoa, tanto é que se eu andar nu na rua, posso ser preso por atentado ao pudor. Eu posso intimidar alguém com minha força física, com uma postura, um molhar ou um jeito de vestir. Se em lugar da marcha das vadias os homens promovessem a marcha dos tarados, andando nus de pau duro, com dizeres no corpo “eu não mereço ser censurado”, todo mundo acharia absurdo, pois sabe que o corpo está em relação com outros corpos, seja como objeto de desejo, medo, repulsa ou ainda como força de trabalho. O pessoal acha mais natural colocar o peito pra fora e amamentar em público do que um cara mijar em um muro. É natural igual, o que muda é a sanção social por envolver a alimentação de um bebezinho. Experimenta colocar o mesmo peito pra fora sem bebê ou com um Yorkshire… É o mesmo corpo, a mesma dona, mas o contexto social é outro. Esses clichês feministas do tipo “meu corpo, minhas regras” ou os religiosos, como “toda vida é sagrada” geram preguiça de pensar e de fazer um exercício de ética (ética é reflexão sobre diferentes sistemas morais, não é ser bonzinho ou ter feito a escolha “certa”).

  • Eu vou escrever um texto aqui.
    Pressuponho que a gravidez sem planejamento ocorreu num relacionamento que tem pelo menos seis meses e que a conversa sobre filhos já tenha sido feita.

    Eu sou da opinião de que se um não quer o outro aceita, mas isso só vai acontecer se os dois forem pessoas esclarecidas e nenhum deles guardar rancor sobre isso.

    Agora, se um dos dois, se não os dois, for birrento e achar que sua opinião vale mais que a do outro, devo esclarecer que antes da gravidez acontecer, a parte negativa (entendam como a parte que não quer o filho) deve conscientizar a parte positiva (entendam como a parte que quer o filho) de que não quer e ponto ou pode impor algumas condições como, por exemplo, ter uma casa antes, ou ter um melhor salário… Daí coloco duas situações:
    Se a gravidez já aconteceu e a mulher quer porque quer ter o filho e o homem não quer, mesmo conversando com ela, então que ela tenha o filho, porque ninguém vai obrigar ela a fazer um aborto. Mas daí ela não pode cobrar nada do homem, porque ele já disse que não queria. O problema é que eu acho que a Justiça não vai querer saber disso caso dê alguma merda.
    Se a gravidez já aconteceu e o homem quer porque quer ter o filho e a mulher não quer, acho que ela não deve ter, porque ela vai sofrer física e psicologicamente e nós sabemos que a mulher tem mais consequências que o homem durante uma gestação.

    Não dá pra ver esse assunto como preto no branco.

      • Eu peguei uma das inúmeras situações possíveis e coloquei meus argumentos em cima disso.
        Se transou uma vez na vida e engravidou a minha opinião continua sendo a mesma, só ignorar a parte da conversa que um casal deveria ter sobre filhos.

      • Mas imagina a mulher tendo que procurar o cara que viu uma vez na balada e mal sabe o nome e, por uma questão “ética”, perguntar a ele se ele concorda com o aborto, caso seja essa a decisão dela. Seria falta de ética se ela não o fizesse?

        • Vamos lá. Se o cara fez sexo com ela e sumiu do mapa sem deixar nem um telefone para contato, ele mesmo está se colocando em uma situação de não querer saber nem opinar. Não, nesse caso de sexo com um desconhecido que nem o nome você sabe, não acho falta de ética. A mulher não teria nem como encontrar um sujeito desses.

  • Perplexa com a opinião da Sally!
    Métodos anticoncepcionais também falham. Claro que a probabilidade de acontecer é pequena e que existe um milhão de maneiras de evitar uma gravidez.

    Mas acho que depois de a merda feita, e a mulher não querendo levar adiante, é uma crueldade fazer a mulher passar por toda uma gestação em nome da ética.

    Por mais que muitas pessoas busquem a igualdade de direitos entre homem e mulher, em alguns casos esta igualdade não existe, são seres que possuem diferenças logo não podem ser tratados como iguais sempre. Além do mais não ser querido pela própria mãe é muito mais cruel que não ser querido pelo pai.

    • E tirar do homem o direito de ter um filho que ele quer, é o que?

      como voce se posicionaria se fosse o inverso, a mulher querendo ter e o homen obrigando a não ter?

      • “Além do mais não ser querido pela própria mãe é muito mais cruel que não ser querido pelo pai.”

        Não concordo com isso não. É cruel dos dois modos igualmente.

        • Em um mundo ideal, a mulher respeitaria o desejo do outro de ser pai e entregaria o filho para que o outro cuide e crie.

          Agora no mundo que vivemos, dificilmente o homem (ou a mulher) assumiria ampla e totalmente a criação do baby. Ou seja: você não QUERIA ter o filho, mas sempre vai ter aquele (a) EX pau no cu pra ficar te pentelhando, com os problemas do filho que você não quis.

          A menos é claro que você fosse morar bem longe e perdesse o contato… rs

      • Vou te dizer o que eu pensaria. Já tive um namorado que eu pensava que gostava dele. Teve uma vez que ele me disse que odeia crianças e jamais gostaria de ter filhos e eu sempre achei que casamento sem filhos seria um tédio, sem ampliar família. Eu até perguntei se por ex. deixasse as chateações comigo que eu resolveria se teria possibilidade e ele me respondeu que não, que isso era inegociável. Depois dessa perdi metade do encanto que sentia por ele, foi esfriando a relação até que acabou. Hoje em dia ainda não tenho filhos nem me casei, mais é um projeto que eu e meu atual namorado temos, mesmo que sejam adotivos. Ninguém deve ficar preso a vontade do outro, ficar contrariado, ele tava no direito dele de não ceder e eu também não quis ceder, daí acabou e foi melhor pra ambos.

    • Concordo com a Joana e o Somir.
      Não dá para igualar o processo do homem e da mulher para ter um filho, no caso acho que a opinião de quem se fode mais deveria prevalecer. E gente, já que quer ter o filho forçado que exima o outro de qualquer responsabilidade!

  • Isso é o tipo de coisa que precisava ser decidida antes de casar ou de se relacionar sério com alguém. A decisão deveria ser a favor de quem não quer. O eu penso no sofrimento de quem tá sendo impedido de realizar um sonho, mas também eu penso mais na situação do outro que vai ter que ter a vida mudada por algo que não quer e também na situação da criança que não vai se sentir totalmente desejada. Filho de um não rola, ou os dois ou nenhum.

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