Desculpa a falta de filtro politicamente correto e a ausência da hipocrisia social, mas estou indignada. O Senado aprovou nesta quarta-feira a concessão de uma pensão vitalícia à ex-ginasta e ex-esquiadora Lais Souza. A atleta ficou tetraplégica ao sofrer acidente em treino de esqui aéreo no começo do ano. O valor do benefício mensal é de R$ 4.390,24.

Lastimável o que aconteceu com essa menina. Dói na alma pensar em uma atleta paralisada do pescoço para baixo. Terrível. Não posso sequer mensurar sua dor ou a de sua família. Mas porra, daí a pegar o meu, o seu, o nosso dinheiro e dar uma mesada de cinco mil reais por mês para o resto da vida para ela é sacanagem. Por mais comovente que seja sua imagem em uma cadeira de rodas, estão forçando a amizade.

Na cabeça torta do Brasileiro Médio, se aconteceu uma desgraça com a pessoa, então todo mundo deve passar a mão na cabeça dela, ela deve se compensada. Se alguém está sofrendo, é justo que essa pessoa receba dinheiro. Não os culpo, estão acostumados com isso depois de mais de uma década de um regime paternalista que soluciona tudo com bolsa-esmola. Porém, não posso compactuar, porque tenho raciocínio lógico e bom senso para não permitir que emoções me ceguem.

Que pena que isso aconteceu com ela, que ruim, que droga. Mas, ser atleta é uma escolha de vida. Uma escolha que, como qualquer escolha, tem ônus e tem bônus. Um dos ônus é o desgaste que o corpo sofre e, dependendo da modalidade, a constante exposição a riscos. Vamos combinar que esqui aéreo não é das atividades mais seguras, o risco é muito maior do que outros esportes como golfe, por exemplo.

Quem decide fazer de uma prática de risco seu ganha-pão está ciente de que algo pode dar errado. É uma escolha racional e consciente. Aposto que você, para exercer sua profissão, função ou ofício também tem que encarar alguns riscos inerentes. Pois bem, a menina se estrumbicou, a medula dela virou patê, ela nunca mais vai mexer braços e pernas a menos que ocorra um grande salto científico.

É HORRÍVEL, É SIMPLESMENTE HORRÍVEL, é o que se chama de tragédia. Mas, desculpa, eu não tive responsabilidade nisso. É horrível sim, mas é um horrível fruto de suas escolhas e eu não quero pagar pelo risco que um terceiro decidiu correr. É injusto que nós tenhamos que pagar por um risco que um atleta decide correr. Por um acaso, quando eles são bem sucedidos e ganham rios de dinheiro eles dividem o lucro conosco?

Quando nós decidimos fazer algo que implica em risco de forma rotineira, assinamos um contrato chamado contrato de seguro. Por exemplo, sair de carro pelas ruas é uma risco, por isso pessoas precavidas tem um seguro contra acidentes e roubo. Se eu não fizer um seguro no meu carro e ele for roubado, você acha justo que todos os brasileiros tenham que pagar por isso?

Pois bem, existem seguros contra acidentes pessoais específicos para casos como o dela. Na verdade, existe gente que por muito menos coloca a bunda ou as pernas no seguro, por uma simples questão estética. Está aí, no mercado, disponível para quem quiser, todo tipo de seguro. Não fez. Aconteceu uma tragédia. E agora? Relaxa, alguém vai pagar por isso. Aqui é a terra daqueles que não se responsabilizam por seus erros ou seus atos. Rende mais se vitimizar.

Essa mentalidade do Brasileiro Médio, fruto de anos de paternalismo, de que quando algo feio acontece, quando algo dá errado, é preciso encontrar um culpado, gera bizarrices como essas. Essa menina se machucou em um azar do acaso mas alguém vai ter que pagar por isso. Adivinha quem? Os de sempre, você e eu. E se não pagar, se prepare para a reprovação social.

Ainda que alguém tivesse que pagar esse pato, convenhamos, deveria existir uma fila enorme antes de meterem a mão no seu e no meu bolso. Entidades abastadas como o Comitê Olímpico ou seus patrocinadores, por exemplo, poderiam auxiliar.

Eu é que não posso. Eu preciso que esse meu dinheiro vá para melhorias urbanas que me beneficiem, porque eu vivo em um país onde não tem hospital de qualidade, não tem escola de qualidade, não tem transporte de qualidade, não tem segurança pública de qualidade, não tem nada de qualidade.

Mas, admitir que o que aconteceu com essa menina foi uma infelicidade, um descuido ao não se precaver, rompe com fortes paradigmas sociais brasileiros. O fato: ela bateu em uma árvore e não tinha seguro. Só isso. Imprevistos acontecem, às vezes tem uma árvore no caminho, pode acontecer com qualquer um de nós. Mas esta versão é muito desagradável, pois esfrega na nossa cara a nossa fragilidade, a nossa vulnerabilidade. Não pode, o Brasileiro Médio não consegue viver nesse contexto.

Mais agradável acreditar que tudo acontece por algum motivo e permear uma tragédia com toques mágicos ou místicos: uma provação divina, um karma da outra encarnação que está sendo resgatado, qualquer historinha vale para não aceitar que às vezes, era simplesmente uma árvore no caminho e nada mais. Sim, coisas randômicas e escrotas acontecem e você não pode controlar.

Ao romantizar e fantasiar sobre o ocorrido, as pessoas chamam para si uma responsabilidade que não lhes pertence, em um misto de medo e culpa. Deus castiga, viu? Deus castiga quem ousar se posicionar contra uma menina tetraplégica. Se aconteceu uma desgraça, alguém tem que pagar, e se for você, pague calado, se não pega mal e você vai ficar com fama de insensível, mesquinho e escroto.

Não estou de forma alguma dizendo que não devemos ajudar. Quem quiser ajudar, bacana, ajude. O que não pode é todo mundo ser obrigado a ajudar. Não tem um hospital para me atender se eu passo mal, mas meu dinheiro pode ser usado para fisioterapia de uma menina que bateu em uma árvore? Minha avó morre na fila do SUS esperando por uma cirurgia, mas uma menina que bateu em uma árvore tem todo seu tratamento financiado para o resto da vida com meu dinheiro? Tem algo errado aí.

Errado e feio. Mas que ninguém vai apontar, porque se posicionar de modo a, de alguma forma, prejudicar uma jovem tetraplégica é muito mal visto. Pois é, a coerência, às vezes, não é tão bela. O mundo não é um arco-íris e infelizmente esse tipo de coisa acontece, sobretudo com pessoas que se expõe a riscos. Mas não pode, não pode existir um mundo onde não se controle tudo, onde não exista uma explicação para tudo. Alguém vai ter que pagar.

Fico me perguntando se a Dona Maria, que ficou tetraplégica em um acidente de ônibus onde o motorista estava acima da velocidade ou o Seu João, que perdeu os movimentos das pernas e dos braços por uma bala perdida saída da arma de um policial também terão esse mesmo benefício. Se vamos custear quem voluntariamente se colocou em uma situação de risco, deveremos custear mais ainda quem não concorreu em nada para sua tragédia, certo?

E daí podemos estender esse pensamento ad eternum, e em breve estaremos custeando todos os que sofrerem uma tragédia. Tragédias acontecem, principalmente quando você se coloca em situações de risco. Não é culpa de ninguém, nem responsabilidade de ninguém a não ser da própria pessoa. Mas culpar quem está todo estrumbicado em uma cadeira de rodas não pode, você vai para o inferno. Melhor aceitar pagar e não ir para o inferno, não é mesmo?

Sinto muitíssimo pelo que aconteceu com essa moça. Mas dá licença, a responsabilidade não é minha, não peguem o meu dinheiro para lidar com isso. Usem meu dinheiro comigo, que eu preciso de hospitais, escolas, transporte e segurança. E, mesmo tetraplégicos, tem que aprender a assumir responsabilidades por seus atos, por mais horrível que seja, isso é inclusão.

Para me chamar de insensível, para concordar em silêncio pois tem medo de uma punição divina ou ainda para aproveitar o território livre e se indignar em alto e bom som: sally@desfavor.com

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Comments (72)

  • Vou entrar com recurso na justiça alegando que se ela pode, meu familiar que sofre da mesma situação também têm direito!

  • Mais um texto que eu concordo plenamente e que não compartilho porque não quero nenhum hipócrita pagando de bonzinho enchendo meu saco.

  • Marco Tulio dos Santos

    A todos os políticos responsáveis pela pensão vitalícia a atleta.

    Joguem ao lixo esta Constituição. Onde anda o artigo 5º da mesma.
    Criem vergonha e passem a respeitar o povo brasileiro, principalmente os contribuintes do INSS.
    Milhões de contribuintes com doenças gravíssimas somente recebem um salário mínimo, porque uma atleta é melhor e tem mais mérito que um trabalhador que contribui durante anos, 30, 35 e como eu, 44 anos de contribuição e ainda não aposentei porque não tenho direito ao teto máximo.
    Criem vergonha na cara e deixem de fazer demagogia e politicagem com dinheiro público.
    Reúna vocês, responsáveis por tamanha aberração, façam uma vaquinha e ofereça a atleta uma pensão vitalícia com dinheiro de vocês, e não, com dinheiro de contribuintes que acabam de perder uma série de direitos para encher os cofres do governo.
    O Brasil precisa mudar, precisa de políticos éticos, responsáveis e dignos dos votos que recebem. Caso não tenham estas qualidades, renunciem e abandonem o cenário político para que possamos ter um Brasil melhor.
    Com atitudes desta natureza jamais teremos um país melhor, é total falta de respeito a Constituição Federal e aos trabalhadores e contribuintes do INSS.
    Apadrinhamento político, demagogia e desrespeito ao dinheiro público é coisa ultrapassada, época dos antigos Coronéis.

    Marco Túlio dos Santos
    64 anos de idade

  • Concordo plenamente com seu texto, Sally! Laís não é melhor do que tantos outros que sofrem das mesmas tragédias e caem no esquecimento – isso quando nunca conseguem uma parca idenização quando a tragédia deles é provocada pela imprudência de outrem. O que aconteceu com ela foi uma grande desgraça. Mas não é apenas ela que merece atenção, outros também merecem!

  • No Brasil que temos, devemos falar mais do uso indiscriminado dos programas adsistencialistas utilizados para ganhar eleições ou o aumento dos salários dos deputados, senadores e com efeito cascata de todos os políticos.
    Quatro mil reais é dinheiro, mas o que você está fazendo para mudar o país além de escrever o que você acha certo? Acha.

  • Sally tem razão. Quando eu li essa notícia nem lembrei do caso de seguros. Mas não concordo que ela receba essa pensão. E como já disseram aí, devem estar vendo isto como um acidente de trabalho. Também não acho coerente um país que nem tem neve mandar atletas para uma olimpíada de inverno, só podia dar nisso.

  • Tudo está distorcido nesta situação. A pensão não é o ponto de partida dessa revolta, mas sim o pedacinho de castanha nessa imensa bosta.

    Afinal, o COB bancou apartamento para ela em Miami, onde recebeu tratamento de primeira linha para a medula, e para onde poderá voltar caso a continuidade do tratamento aqui não se revele satisfatória. E, a castanha por cima, concedendo-lhe o teto do INSS, algo que muita gente, ralando 30, 40 anos, por si, por sua família e por seu país, nem recebe de início…e o que recebe, acaba por minguar ao longo do tempo, como o testemunho do Wellington.

    Maravilhoso. Seria ainda mais se, por exemplo, todos que dessem uma de Marcelo Rubens Paiva pudessem receber o mesmo tratamento. Em tempo hábil, para poder, como ela, voltar a respirar, comer e falar normalmente. E, em dois anos, andar até. Quando querem, em um segundo, arranjam tratamento de primeira, mobilizam recursos e o Senado dá a esse problema urgente a premência que merecia, aprovando em tempo recorde essa pensão desproporcional.

    E, sinceramente, representando o país numa olimpíada de inverno? Não é assunto para esse tópico, eu sei, mas muito bacana bancar esse turismo de 4 em 4 anos para render um 504o lugar numa prova de salto ou chegar 8h atrás do vencedor em uma prova de downhill…ano após ano. Nossa Laís queria desfrutar desse turismo, já que a fase da competitividade evaporara. Bateu numa árvore em Salt Lake City? Talvez não teria se acidentado tão seriamente se fosse treinar saltos nas dunas de Jericoacoara…Chegaria em último na competição de qualquer forma.

    No final, no fundo, é o velho câncer do nosso país: puro e simples favorecimento para quem, com ou sem escrúpulos, tornou-se amigo da corte. Enquanto nós morremos literalmente para bancar esse e outros desvios.

    • Pois é, esse papo de “representar o país” não deveria render nenhum privilégio. É uma modalidade esportiva como outra qualquer onde a pessoa escolhe se quer entrar e se quer fazer um seguro contra acidentes.

  • Mais um peido no país de merda. Não me surpreendeu tanto assim, afinal estamos falando da república das bananas, país em que basta o suplente de um senador trabalhar um dia dentro dos oito anos de mandato do titular que ele ganha um plano de saúde vitalício que se estende para a família inteira. Ou que um governador corrupto consegue fornicar um estado por oito anos, sair e ainda exigir a aposentadoria especial integral pelo resto da vida.

    Não deixa de estar errado, claro. E aguardem: ela ainda vai acabar virando embaixatriz dos esportes ou alguma coisa do gênero.

  • Pollyanna Psicopata

    Pior. Essa é uma jogada pra tentar vender uma imagem de que se importam com a situação dos deficientes fisicos e de quebra ainda ganhar pontos com aqueles que se solidarizaram com a Lais.

  • Me mandaram um link de uma parte de uma entrevista que ela deu no programa do Luciano Huck. Ela estava dizendo que após o acidente voltou pro Brasil e fez umas tatuagens na perna. O Luciano perguntou se doeu.

  • Ficar feliz por uma medalha é muito pobre. Isso não vai melhorar minha vida em nada! Bando de jumentos, ficam felizes por merda

  • Wellington Alves

    Concordo com a pensão, mas Achei bem desproporcional o valor. Eu fiquei cego aos 20 anos num acidente de trabalho e me aposentei por invalidez. Na época mantive meu salário que correspondia a 7 mínimos, hoje, devido ao fator previdenciário, estou recebendo cerca de 3 salários aos 36 anos, e, se não der meus pulos, chegarei aos 50 tendo de sobreviver com 1 salário mínimo.
    Não é porque ela representaria o Brasil nas olimpíadas que deveria ser mais beneficiada do que os demais trabalhadores. Trabalhamos duro, pagamos impostos, somos heróis do dia a dia e merecemos a mesma consideração.
    O governo caga para os esportes e os atletas, mas como estamos às vésperas da olimpíadas, e com essa visibilidade que o caso tomou, quiseram fazer bonito para inglês ver.
    Como você disse, fica parecendo insensibilidade questionar o benefício, afinal ser contra algo para um deficiente parece crueldade, mas a questão não é essa. Por isso assino embaixo do que você disse!

    • Que alegria ver que existem pessoas como você, que poderiam aproveitar para se vitimizar e tirar proveito, mas preferem fazer um pacto com a coerência!

  • Eu trabalho com telemarketing e sei bem que vou perder a audição, corro risco de tendinite e de ter problemas mentais causados pelo estresse. Quem vai pagar minha mesada? Cada vez que vcs ligam pra qualquer 0800 são os atendentes que resolvem seus problemas. Somos tão úteis quanto os esportistas, por que ganhamos salário mínimo e ninguém nos paga uma boa pensão vitalicia quando adoecemos?
    O brasil é uma vergonha. Sou muito infeliz por ter nascido nesse lixo.

    • Sinceramente acho que o patriotismo em si é fuleiro, ainda mais no Brasil. Porque pelo menos um patriota do Canadá ou da Suécia, por exemplo, tem alguma coisa pra se orgulhar.

    • Nao concordo com o que vc escreveu. Qualquer atendente de telemarketing é 1.000.000 de vezes mais útil do que o mais medalhado dos esportistas olímpicos, que não servem para rigorosamente NADA.

  • lendo e andando

    Sally, assim que der saia do Brasil! Alguns comentários aqui me lembraram aquele texto de beemes entre os rides. Vc não merecia isso.
    Uma puta incoerência! Ou dá assistência a todos igualmente ou não dá. Por que alguns são privilegiados pelo governo? Porque o dinheiro não é deles!

  • Nao consigo ver insensibilidade quando s trata de um assunto de forma racional e lógica. Mas num pai que premia presidiarios (pobres tambem) com nosso dinheiro, a insensibilidade politica, neste caso, é de se esperar. Permita-me fazer meus os seus questionamentos:

    “Fico me perguntando se a Dona
    Maria, que ficou tetraplégica em um
    acidente de ônibus onde o motorista
    estava acima da velocidade ou o Seu
    João, que perdeu os movimentos das
    pernas e dos braços por uma bala
    perdida saída da arma de um policial
    também terão esse mesmo benefício.
    Se vamos custear quem
    voluntariamente se colocou em uma
    situação de risco, deveremos custear
    mais ainda quem não concorreu em
    nada para sua tragédia, certo?

    Isto resume tudo.

      • Sally, minha querida! Acabou a minha angustia. Ja estava a me procupar. Assim vemos a falta que faz a resposta a um mero comentario. Tambem nao sabia que curtia tanto uma interacao. Sera que estou sollitario? Compreendo sua correria, mas isto nao impede que eu sinta imensa felicidade por ler suas respostas.

        Faço votos de sucesso em tudo o que fizer!

  • Ah. Lembrei agora.
    Torci o tornozelo. Está do tamanho de um ovo de pata.
    Estou desde segunda-feira trabalhando, andando como um preto velho, pra poder trabalhar.
    Será que não mereço um picolé?

  • Ahhhhhh
    E pensão vitalícia para mim que sou (era)professora pública e tive que me demitir por problemas psiquiátricos ( surtei naquele hospício de escola)
    Ninguem nem cogita
    Concordo com a Sally! Em tudo!

    • Pois é. Você, fazendo seu trabalho em condições indevidas é ignorada. Uma pessoa que, por culpa de ninguém, se acidenta, ganha pensão!

  • Pollyanna Psicopata

    Ah, porra… Se tem um bocado de atleta em atividade que não tira isso, é de se perguntar o porque disso. Será que é por ela ser famosinha?

    • Injusto, né? Mas não pode contestar, qualquer coisa que se negue a um tetraplégico é crueldade, eles estão acima da coerência!

  • Recentemente vi um texto num blog de uma cadeirante sobre esta pensão especial vitalícia e questiona, não o fato de ser justo ou não o pagamento mas, sobre o fato de este ter sido um ato isolado e não uma mudança nas políticas públicas no trato com a pessoa com deficiência física, questionando o porque ser tanto para ela e nada para os outros.
    Acredito que é um ponto de vista interessante e o melhor, vem de uma também cadeirante.
    Este é o link para quem se interessar https://andandodecadeira.wordpress.com/2014/07/02/somos-todos-laises-nao-somos/

    Em tempo, também não concordo; também não quero ser obrigada a pagar pelas merdas que acontecem na vida dos outros por escolha deles; também acho injusto com todos os outros deficientes que não tem um décimo dessa atenção e também vou sem escalas para o inferno por isso.

  • Off: Sally, você sabe que essa “escolha” dela não foi bem uma “escolha” e muito menos só dela né? COB, Nuzman e outros devem ter feito um bom trabalho de bastidores pra aprovarem essa pensão.

  • Como não amar essa mulher?

    “….Eu trabalhava com um sujeito que não tinha um dos braços e certa vez fomos ao arquivo pegar umas caixas de documentos. Por razões óbvias, eu tomei a iniciativa de pegar a caixa e o filho da puta gritou comigo na frente de todo mundo que ELE queria pegar e que “não tem nada que você possa fazer que eu não possa”, daí em um rompante de raiva eu disse “Bate palmas então” e comecei a bater palmas olhando para a cara dele. Pegou MUITO MAL, eu fui muito criticada. Depois disso levantei a caixa do chão, entreguei a ele e fui embora. A caixa caiu (estava pesada pra caralho), eu virei e gritei “SE FODE AÍ”. Não durei muito nesse emprego…”

  • Sally,

    Você está coberta de razão. Se fosse qualquer um de nós seria uma pena. No máximo comoveria o povo para fazer uma vaquinha para tratamentos.

    Complicado cada dia mais eu ter menos meu sofrido dinheiro para cuidar de mim e da minha família. Ele vai todo para as viagens internacionais e luxuosas dos políticos, para pessoas que não se cuidaram como deveriam….

    • Enquanto isso, em Brasília, gastam milhões em champagne e iphone para nossos políticos. Foda-se a gente, pagamos pela cadeira de rodas de alguém que escolheu correr esse risco.

  • Você tem razão na sua argumentação de que um país inteiro não deve ser obrigado a pagar pelas consequências individuais do acidente da Laís. Na teoria, seu texto é impecável. Mas discordo do que você escolhe como justificativa para o fato de o brasileiro médio não se incomodar e até comemorar essa pensão vitalícia que ela vai receber.

    Não é só uma questão de politicamente correto, de aprovação social, de vitimismo, de solidariedade, de empatia ou de medo do castigo divino. É mais do que isso. Tem a ver com a estrutura política do país, profundamente corrupta, injusta e parcial. Todo mundo sabe que o dinheiro dos nossos impostos não volta para nós. Pagamos muito e recebemos pouco. Os grandes corruptos se dão bem e jamais serão punidos.

    É por isso que a pensão da Laís não incomoda nem causa revolta na maioria de nós. Já que o nosso dinheiro não volta mesmo para nós, já que a maioria quis a reeleição da Dilma, mesmo com o abismo de incompetência em que vivemos, já que o Brasil é corrupto mesmo e sempre vai ser, já que a Justiça é uma grande teia de aranha que captura os pequenos insetos e é rasgada pelos grandes… o que são esses R$ 4.390,24 por mês para uma atleta tão jovem que tinha uma vida cheia de possibilidades pela frente? Não são nada.

    Diante desse contexto e diante da realidade do Brasil, eu não me incomodo nem um pouco com a pensão vitalícia da Laís. Pelo contrário. Fico feliz que uma parte do nosso dinheiro (que seria roubada de qualquer jeito e acabaria nas mansões, motéis de luxo e aviões de primeira classe da elite política corrupta) vai para ela.

    • Aceitar ou fazer as pazes com a ideia de que ou esse dinheiro é roubado ou vai para Lais é uma coisa que eu não consigo. Fico puta quando roubam e fico puta quando pago por uma escolha de terceiros que envolvia um risco notório

  • Por que não pagam um salário mínimo pra ela? Afinal dá pra viver muito bem ganhando menos de mil dilmas por mês porque o custo fe vida é muito baixo. Além do mais, o Brasil é um país muito rico e pode pagar mesada a todos de mão beijada.

  • Acredito que o caso dela se refere ao fato de que estava treinando para representar o Brasil. Quando qualquer um de nós saímos pela manhã a trabalhar, não vamos com a intenção de defender o país, trazer reconhecimento esportivo, motivar a prática de esportes olímpicos e que jovens sigam carreira dentro de esportes de cometição. Vamos trabalhar para benefício próprio e ponto. A maioria dos países incentivam pessoas a praticarem esportes olímpicos e as ajudam com bolsas para que sigam treinando e representando o país dentro de sua categoria.

    Todos os dias quando vou trabalhar eu defendo a mim mesma. Não sou paga pelo governo e nem recebo bolsas para que me dedique ao meu trabalho. Creio que esta pensão é como uma pensão por invalidez durante um período em que ela como atleta treinava para representar a todos brasileiros.

    Acho que é justo porque todos vibram quando o Brasil traz uma medalha pra casa. São muitas horas de treino, muita dedicação, disciplina e etc. Se ela estivesse de férias esquiando, numa balada, pegando um buzão ou fosse atropelada ao a caso… seria uma coisa. Como o que aconteceu foi durante um treino, considero que seja até um acidente de trabalho….

    • Ela ia ganhar o pão dela. Quem representa o Brasil é diplomata. Em todo caso, independente disso, ela escolheu trabalhar com risco.

    • Eu acredito que quando cada um de nós saí pela manhã para trabalhar estamos fazendo a economia girar. Ela não estava defendendo nem representando o Brasil, pois cada um de nós representa o Brasil, só não temos projeção internacional como a Laís.

      • Exato. Representar o Brasil mediante pagamento é fácil. Não tem nada de nobre, ela estava exercendo um trabalho que escolheu mediante remuneração.

        • Até onde eu sei… esportista nao tem carteira assinada, depende de patrocínio e se não ganha, não recebe. O esporte é sim uma profissão estimulada por vários governos e a dedicação está de longe de ser a mesma de um profissional normal.

          Dizer que ela não defendia o Brasil cada vez que vai a uma competição é muito leviano.

          Eu acho nobre, acho difícil, é minha opinião apesar que minha opinião não é uma verdade absoluta assim como a de vocês….
          Respeito mas não concordo. Acho muito egoísta da parte de vocês se morderem porque a menina conseguiu algo diferente que até pode ajudar na formulação de um direito aprovado por lei.

          Como ninguém se coloca no lugar de ninguém… é assim… Por isso que nada vai pra frente nesse país. Bando de gente que só pensa no seu, no seu e no seu. Quizás se pensassem nos outros, esse tipo de pensamento se expandiria e a sociedade caminhasse à um futuro mais justo, grato e solidário.

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