Valendo nada.

+A “marca” Brasil” se desvaloriza no exterior e a Copa do Mundo de 2014, no lugar de incrementar o valor da imagem País no mundo, acabou tendo um efeito inverso. Essa é a conclusão do Brand Finance, consultoria especializada em determinar o valor de marcas, que indica que Austrália e Índia superaram o Brasil.

Agora sim entendemos o que era esse tal de legado da Copa. Desfavor da semana.

SOMIR

Muitos de nós queríamos que o Brasil fosse visto como mais do que sol, praia, bunda e samba. Para os gringos, o Brasil sempre foi uma grande praia recheada de mulheres seminuas e com uma eterna trilha sonora carnavalesca. Oras, o país é muito mais do que uma festa debaixo do Sol; nós que vivemos aqui sabemos muito bem disso. Muitos de nós queremos ser levados mais a sério.

Bom, o universo conspirou ao nosso favor. Com o declínio das grandes economias de outrora e o surto de crescimento dos países ditos emergentes, o Brasil entrou num clube com muito mais visibilidade: os BRICS. Agora o país não é só mais um refúgio ensolarado, é uma economia pujante cheia de potencial.

Claro, não somos a China, a escala do nosso crescimento recente é muito mais modesta. Entramos para um novo clube, mas como ator coadjuvante. Que seja! Não é um mal papel. Melhor ser uma personagem do que ser apenas uma paisagem, certo? Bom, há controvérsias. O problema é que essa nova imagem projetada para o mundo não foi suficientemente bem trabalhada.

Sim, somos mais relevantes do que há algumas décadas atrás. Quiçá promovidos de República das Bananas… Mas o dito popular “quem não te conhece que te compre” parece ter sido feito para o Brasil. Fomos expostos antes da hora (embora já tenha passado a hora de darmos um jeito nessa bagunça) no palco da relevância internacional.

Vendemos uma promessa. Dissemos que agora seríamos capazes de atuar ombro a ombro com grandes potências mundiais, dissemos que havíamos combatido a pobreza, a desigualdade, a corrupção. Dissemos ao mundo que estávamos prontos. Dissemos uma mentira.

Sob o olhar mais atento da comunidade internacional, ruímos sob o peso de nossa própria incompetência. Todas as promessas de um novo Brasil não passaram de promessas. Continuamos sendo o eterno país do futuro, com a certeza da grandiosidade ao dobrar a próxima esquina. Continuamos empurrando com a barriga até chegar lá. Evidente que não funcionou.

Com grandes eventos como Copa do Mundo e a próxima Olimpíada, a ideia era demonstrar que o país era capaz de assumir tamanha responsabilidade e ganhar em troca o respeito de nossos vizinhos, próximos ou não. O que se viu foi uma gastança desenfreada e a incompetência de quem não conseguiu deixar um país pronto mesmo com muitos anos de antecedência. Mostramos ainda como nossa população é pobre e como as instituições não funcionam. E de quebra, ainda passamos vergonha numa das únicas coisas que achavam que fazíamos bem. Nem para chutar uma bola servimos!

O passo maior que as pernas está cobrando sua conta. A marca Brasil vale menos depois dos bilhões gastos para nos enfeitar para os estrangeiros. Como explicar todo o dispêndio da Copa e o inevitável repeteco das Olimpíadas se nem para fazer o país mais valioso serviu? Ou é incompetência, ou é má-fé.

Quem sabe ambos? Fomos ‘vendidos’ nesses eventos caros e desnecessários por um governo louco para se auto-promover. O ego de um ególatra (e alcoólatra) projetando sua sombra sobre o nosso futuro. Para alimentar as chamas do populismo, nunca se gastou tanto em publicidade para tentar convencer o povo que tudo está melhor do que nunca. Muita gente acreditou, tanto que esses governantes irresponsáveis estão reeleitos!

Na sanha de perpetuar a mentira de um país em processo de evolução (ao contrário de uma sorte momentânea no mercado internacional), empurraram essa história mal-contada de crescimento brasileiro mundo afora. O Brasil foi exposto antes da hora perdendo o pouco de respeito que tinha para manter algumas pessoas no poder.

Ainda somos o país da corrupção e do jeitinho. Ainda não conseguimos entregar obras no prazo e fazer valer nossas leis. E se o mundo nos observa com mais cuidado, é isso que vai ver. É a mais pura verdade que somos mais do que praias e festas, o que não quer dizer que esse algo a mais já seja algo apresentável.

Não que o valor dessa marca auferido por uma empresa estrangeira seja uma sentença de fracasso inescapável, mas é mais um sinal de que esse caríssimo tiro saiu pela culatra e a verdadeira cara do Brasil espanta mais do que encanta. Podemos sim mudar isso, mas não dando mais poder para quem não se importa de sair de casa todo relaxado.

De uma certa forma, estaríamos melhores com aquela noção antiga de refúgio tropical. Pelo menos é mais simpático.

Para dizer que pelo menos estamos na frente da Argentina, para dizer que a gente sempre acha um jeito de bater no PT, ou mesmo para dizer que nem a Alemanha conseguiu salvar o Brasil: somir@desfavor.com

SALLY

Parabéns aos envolvidos. Um país que vem recebendo todas as oportunidades de se destacar e evoluir conseguiu, em função de incompetência e corrupção, se afundar diante de oportunidades de ouro.

Depois de um evento de magnitude, a Copa do Mundo, o Brasil conseguiu a proeza de terminar com seu nome desvalorizado. Não qualquer desvalorização, uma redução de 5%, que pode parecer pouco para leigos, mas para fins de ranking é uma das maiores do mundo. Repito: MAIORES DO MUNDO. Em um mundo com países muito fodidos, o Brasil conseguiu essa proeza.

O “nome” Brasil, a “marca” Brasil, desvalorizou cerca de 75 BILHÕES DE DÓLARES nas mãos da nossa PresidAnta. Olha, Dilma, parabéns, meus mais sinceros parabéns, você não sabe gerir uma nação mas certamente merece ganhar um prêmio Nobel. O da química, pois conseguiu transformar um país em merda.

Para vocês terem uma ideia da maravilhosa cotação do Brasil lá fora, o valor do país enquanto “marca” está abaixo de países risíveis como Índia. O Brasil, aquele país que sedia grandes eventos, que tem desenho da Pixar falando sobre ele, que é cantado em prosa e verso, está abaixo de um país campeão em estupros coletivos onde se tem diarreia só de escovar os dentes com a água que sai da torneira.

Mas esta é a ponta do iceberg. Se internacionalmente o país está desvalorizado, os imbecilóides no poder vendem para o povo o orgulho de ser brasileiro, como se fosse algo mundial. E esse povo bunda, bunda que é, acredita que o Brasil e os brasileiros são queridos e conhecidos no mundo todo. O Brasil está para o mundo assim como a Bahia está para o Brasil. Brasileiro é o baiano do mundo: se acha querido e amado mas é considerado um fodido inconveniente. Que tristeza!

O país é e está cada vez mais desvalorizado lá fora. O status, a marca, a forma como é visto, está indo ladeira abaixo. Essa “valorização” do brasileiro é balela, basta ir para um país sério para ser tratado como puta ou estelionatário na esfera individual ou como país republiqueta decadente de forma macro. Aceitemos a dura realidade: o Brasil não deu conta de sediar Copa, nem de fazer decolar a economia nem de se portar de forma minimamente decente quando as câmeras estavam voltadas para ele.

Parece aquele filho mal educado que faz passar vergonha na rua. Que o Brasil ia fazer feio em qualquer evento que demandasse um mínimo de organização a gente já sabia, o que surpreende é a desvalorização abissal que sofreu. Como eu disse na época, a imprensa internacional realmente noticiou o que aconteceu por aqui, ao contrário da nacional, que ocultou e distorceu tudo que podia.

O Brasil PASSOU VERGONHA. E mais vergonha ainda passará quem insiste em sentir orgulho da precariedade de país em que vive. Aceita que dói menos: o Brasil já esteve em alta, mas faz um tempinho que vem decrescendo. E nem dá para creditar tudo ao pífio desempenho com anfitrião.

A conclusão não é minha, é da análise feita: Um dos aspectos foi o desempenho econômico do País. “O crescimento econômico tem sido fraco sob o governo de Dilma Rousseff e sua reeleição deixa pouca margem para sugerir uma reviravolta imediata no destino do País, apesar de um tom mais conciliador de Dilma”, indicou o informe. Ou seja, reeleger à Dilma desvalorizou o país. Parabéns, mais uma vez. Boa sorte com o mar de merda e desemprego que está vindo.

O Brasil nunca teve uma economia forte. O Brasil nunca teve um exército temido. O Brasil nunca teve gênios ganhadores de prêmios. O Brasil basicamente nunca teve nada, a não ser um nome, uma fama. Personagens de filmes obrigados a sair do seu país vinham para o Brasil, a ideia de paraíso remetia ao Brasil. Era uma “marca” valorizada. ERA. Nem isso é mais. O Brasil está queimado. E o povo insiste em despersonificar a culpa: esse bando de ladrão, esses políticos corruptos, etc.

Mantendo a coisa nesse plano difuso, nunca ninguém será responsabilizado nem punido. “Os corruptos” não tem rosto. O próprio PT estimula essa visão de corrupção difusa, sem responsabilizar, ou então responsabilizando um pobre boi de piranha por algo que era notoriamente do conhecimento de todos. Nessa o país vai se emburacando sem freio, pois a culpa nunca é de ninguém e as barbaridades continuam acontecendo sistematicamente e sendo tratadas como se fossem um caso isolado.

Mas, é claro, como sempre, tentarão (e provavelmente conseguirão) ofuscar as vozes divergentes que mostram alguma verdade. A tática, vocês já conhecem. Em primeiro lugar, ignorar a notícia, como se não existisse. Se não for possível e essa derrocada no ranking se espalhar, tentarão desvalorizá-la com um argumento no nível “é inveja”, ou de cunho conspiratório. A culpa é sempre do outro, uma crítica nunca tem um fundamento, qualquer crítica é de fundo conspirador. Tão cansativo…

Alguém se lembra de, em algum momento, ver a Dilma ou alguma liderança do PT reconhecendo um erro cometido e pedindo desculpas? Não, provavelmente não. Pedem desculpas, no máximo, pelo erro dos outros, que eles chamam de “fato isolado”. Estão no poder por mais de dez anos e não erram. Fácil parecer que não erra quando se tem a máquina nas mãos e se camufla todos os erros. Mas felizmente a imprensa internacional eles ainda não controlam.

Pergunta: alguém viu essa notícia sendo ventilada em algum lugar de forma expressiva nesta semana? Não, né? Porque de fato não foi. Só quem estava muito atento teve acesso a ela. Para o Brasileiro Médio, o Brasil continua sendo um país admirado e conhecido internacionalmente. Nunca saberão, coitados, a realidade da vida.

O Brasil está em decadência, não em crescimento, como quer fazer parecer o atual governo. E isso já reflete em pesquisas internacionais como a que inspirou a postagem de hoje. Os dados camuflados e maquiados do PT enganam muita gente, mas se você pesquisar, a verdade está lá. Não tem melhora na economia, não tem geração de emprego, não tem bosta nenhuma. Só teve redução da pobreza porque eles, como habitual, mudaram a FAIXA ECONÔMICA pela qual alguém é considerado pobre, tirando automática e matematicamente milhões de famílias cuja realidade em nada mudou desta classificação.

É isso. Só para avisar que o resto do mundo vê o Brasil como um país com economia ruim, em decréscimo e que o nome e o valor do país estão despencando. Leia com carinho, porque dificilmente você vai ler sobre isso em outro lugar. E, justamente por ninguém admitir nada, ninguém ser responsabilizado, tudo tende a continuar igual ou piorar.

Para dizer que depois das Olimpíadas o Brasil fica atrás da Etiópia, para vir com papinho militante chato ou ainda para perguntar qual é a novidade: sally@desfavor.com

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Comments (29)

  • Caindo no clichê: “Vamos investir em educação”!
    Será!? Já cheguei a um ponto que duvido até dessa premissa…..

    Falar mais alguma coisa? Não já ta tudo escrito ai, só posso concordar :/

  • Sempre achei exagerado esse “orgu
    ho” deseperado dos baianos e brasileiros.

    Bem, na verdade tenho mais orgulho de nao ter sido banido deste oasis!

  • Caramba, tivemos texto-bônus-track? desfavor convidado?
    Charles muito boa suas colocações! Complementou.
    É isso mesmo, país de BMerda!

  • Nunca vou entender aquele povo que canta “sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Serio. Orgulho de que ? Um país cagado que só faz sugar tudo do seu povo não dá nada em troca. Penso que o brasileiro é masoquista.

  • Até vou fazer o teste: postar esse link no meu Facebook e esperar. Aposto que em 10 minutos dezenas de BMs virão contestar e desacreditar a matéria, vomitando todas aquelas falácias que nós já sabemos.
    Tem nem graça mais tentar abrir os olhos desse povo. Essa tática de desacreditar o crítico porque não quer ouvir nem aceitar o que ele tem a dizer já me encheu há muito tempo e nem tenho mais paciência para debater.
    Sei que já disse isso, mas não custa repetir: quem tem passaporte, agora é a hora. Só peço que me levem na mala, por favor, porque ninguém merece o que vai restar.

  • Sally, no Twitter o Rogério Skylab disse: “Eu sou apaixonado pela Sally. Por ela eu faria qualquer coisa.” É você a musa do mestre?

  • O Brasil está se tornando (ou sempre foi) a favela do mundo.
    Claro, em outros países também há mazelas e tal, mas esses outros não ficam mascarando e alguns até se esforçam em melhorar.
    O problema é quando o otimismo e boba-alegrice fulltime acaba se tornando acomodação. Tipo aqueles patriotas sem-noção que rebatem críticas ao Brasil com os rasos e enjoativos argumentos de “todos os países têm defeitos” “pelo menos não estamos na África” “pelos menos não temos desastres naturais” (spoiler: temos sim), como se ver os defeitos da casa do vizinho fizesse o seu barraco melhor. Não adianta ficar atirando pedras quando se tem teto de vidro. Não é com essa postura que o Brasil irá melhorar, se é que a essa altura ainda dê pra melhorar. Meu esperançômetro chegou ao zero absoluto faz tempo.
    As pessoas confiam em qualquer coisa mastigada da Globo (porque né, se não aparece na Globo, não existe) e não tentam aprofundar seus conhecimentos. Continuam achando que o Brasil é um país maravilhoso e abençoado (bela benção) com gente linda e que são os queridinhos do mundo.

  • Do jeito que as coisas estão (e assim permanecerão), a sigla mudará de BRICS para RICH. O BS será apenas bullshit mesmo…

  • A Sally falou do “fato isolado”, imediatamente vieram 20 ou 30 lembranças da diuminha citando essa expressão. Aparentemente não é tão “isolado” assim, mas o brasileiro botou aquele negocio de cavalo na cabeça e parece não enxergar… Como virou time de futebol, os militontos vão encontrar alguma forma de dizer que isso é coisa da oposição.

    Quero ver quando esse povo que defende o partido porque “conseguiu comprar um carro” começar a perder emprego, como é que vai justificar.

    Sobre a notícia em si, para quem acompanha notícias internacionais, nenhuma novidade mesmo. Vários paises falaram sobre o prejuízo pós copa ou olímpiada se o lugar já não contasse com uma puta infraestrutura de mobilidade (aeroportos , portos, rodovias). Esse país e uma tristeza sem fim…

  • Em algum lugar, o Marciel sorri

    Estava na cara que essa de fazer tudo “nas coxas” ia dar nisso.
    Enquanto se levanta a moral de medíocres com boçalnaro e dunguito gentili, o país se afunda na merda e aqueles que tem alguma condição de se manter em voga vão na base do “meu pirão primeiro” sem pensar no amanhã. Há duas décadas rstamos sustentados na base de medidas improvisadas que ja vem chegando no ponto de colapso. Provavelmente passaremos por uma crise similar a Argentina, aonda que porventura a Argentina possa respirar um pouco a reboque disso.

  • Aplaudindo o Somir por este trecho: ” Todas as promessas de um novo Brasil não passaram de promessas. Continuamos sendo o eterno país do futuro, com a certeza da grandiosidade ao dobrar a próxima esquina. Continuamos empurrando com a barriga até chegar lá. Evidente que não funcionou.” Suas análises são muito melhores do que as de qualquer colunista de grande jornal que tem por aí…

    E eu adorei quando a Sally disse: “O Brasil está para o mundo assim como a Bahia está para o Brasil.” Essa é pra anotar…

  • “Pergunta: alguém viu essa notícia sendo ventilada em algum lugar de forma expressiva nesta semana? Não, né? Porque de fato não foi. Só quem estava muito atento teve acesso a ela. Para o Brasileiro Médio, o Brasil continua sendo um país admirado e conhecido internacionalmente. Nunca saberão, coitados, a realidade da vida”. Verdade. Não vi mais ninguém tocar nesse assunto além do Desfavor. Ah, e os dois textos estão ótimos e se complementam. Dá licença de mostrar pra umas pessoas?

  • Adorei esta frase do texto da Sally: “Só teve redução da pobreza porque eles, como habitual, mudaram a FAIXA ECONÔMICA pela qual alguém é considerado pobre, tirando automática e matematicamente milhões de famílias cuja realidade em nada mudou desta classificação.” Entenderam agora, militontos? Ou vai ser preciso desenhar?

  • Brasil é um imenso acampamento populado por um povo irritantemente ingênuo, manipulável, passivo, passional, burro (muito burro), mas, por outro lado, marrento, pernóstico, arrogante, cioso de sua própria malemolência, sensualidade e sexualidade, achando isso tudo lindo porque os faz parecerem mais “fodões” perante os europeus ou outros povos civilizados do mundo, que são “branquelos” chatos, chochos, sem rebolado ou “cadência de samba” (povo brasileiro, pra mim, são as caras da Rita Baiana e do Firmo, do romance “O cortiço”). Então assim, com esses parâmetros de comparação, não admira que o Brasil seja uma imensa lata de lixo na qual são jogados todos os restos do mundo desenvolvido.

    Nossa “ciência” é pífia (sim, é pífia por mais que haja (pouquíssimos) brasileiros tentando fazê-la de ponta); é uma ciência de reprodução, de assimilação, de cópia, de filosofar lusitanamente sobre o óbvio ou sobre o que já é mais do que conhecido ou ultrapassado.

    Nossa “economia” é maquiada, calcada em bases frágeis, gerenciada por brasilóides incompetentes que mal conhecem sua profissão mas sabem de cor “Aquarela do Brasil”; daí, enquanto poetam sobre as belezas de Ipanema (porra, sempre tem o Rio de Janeiro no meio!), os preços de tudo estão totalmente descontrolados, nossa moeda se desvaloriza e o poder de compra vai pras picas (já vejo os anos 80 retornando!).

    Nossa educação está em frangalhos, se arrasta e agoniza na praia da aprovação continuada, em que professores semi-analfabetos(*) jazem mal pagos, desmotivados, no meio de alguns idealistas que se matam pra “fazer a diferença” mas que conseguem com isso, no máximo, ganhar um “prêmio Victor Civita” (pau no cu desse merda!) da canalhíssima Abril (porque esses alunos, infelizmente, não terão melhor formação do que os que já serão fodidos pelo resto da vida estudando nas desmanteladas escolas públicas). As mínimas e quase inexistentes exceções serão direcionadas necessariamente para o mercado externo e, de brasileiro, terão só seus nomes mesmo. As universidades públicas quase não fazem mais vestibular, forçadas pelo governo a adotar o ENEM, facilitando, deste modo, o ingresso de debilóides de todos os níveis sócio-econômicos, porque inventaram que os recursos repassados para elas serão em função da quantidade de alunos que tiverem. Enquanto isso, as arapucas particulares (Asselvis, Unips, Anhangüeras e Krons da vida) continuam a despejar por ano milhares de irracionais inocentes que se deixaram seduzir pela tentação do “diploma fajuto” mas que, na prática, sabem tanto quanto antes de se “formarem”, já que os donos dessas arapucas têm costas quentes, apadrinhados que são da corja política que reina neste paiseco ordinário (por que até hoje ninguém interditou essa Asselvi, hein? É um genocídio educacional o que essa empresa faz em Santa Catarina!).

    Entretanto, nada disso parece afetar o brasileiro médio, que rebola ao som do sambinha, se delicia com o big brother e não vive sem sua novelinha, sua cervejinha, seu futebolzinho e sua bunda redonda de morenas, dando “boa noite” praquela besta de Bonner no “jornal nacional” e pouco se importando pro arrocho que cada vez mais se avizinha de seus rabos. Nem falo da classe rica, porque essa não se afeta por nenhuma conjuntura econômica brasileira, por mais sinistra que seja, porque seus rendimentos não têm origem em nada no Brasil; nem falo da classe pobre, que não tem nada de seu, ganha tudo do governo, não paga nada por isso e vive sempre à margem, feliz, desde que tenha no seu barraco sua TV de 60” pra ver as micagens dos pobres empregadinhos da Globo.

    Isso aqui é um samba do crioulo doido, uma terra de malucos, uma verdadeira bizarrice geopolítica, e se é verdade que o chatíssimo, porríssimo e escrotíssimo Tom Jobim disse que o “Brasil não é para principiantes”, então ele disse a ÚNICA coisa útil em toda a sua vida.

    Foi mal o tamanho desse texto, mas é isso que eu penso e nenhum argumento falacioso estilo “brasileirinho animado e inocente útil que acredita no seu país num arroubo de ufanismo estilo Merdalhão Bueno” vai me convencer do contrário.

    (*)Sou e sempre serei pela criação de um “Conselho Federal de Pedagogia” (CONFEPED – até já criei o nome!) que regulamente a profissão e só permita o ingresso do profissional no mercado de trabalho após severa avaliação teórica e das práticas desenvolvidas enquanto estagiário obrigatório por dois anos. Aliás, o CRM e o CREA deviam fazer o mesmo! Sou absolutamente a favor de avaliar previamente os bacharéis e licenciados em profissões-chave para o desenvolvimento de um país, pois quando eles fazem merda, seus resultados se propagam como uma onda de choque e atingem muita gente!

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