Degeneração?

Apresentamos um conceito que começa a sair das páginas da ficção científica para a vida real: manipulação genética. A escolha de características físicas de uma pessoa antes de seu nascimento. Sally e Somir discutem até onde deveríamos ir com essa escolha. Os impopulares escolhem se serão manipulados.

Tema de hoje: Manipulação genética por estética deveria ser permitida?

SOMIR

Sim. Mas eu não nego que é complicado tomar esse lado nas discussão. Entendo os riscos possíveis nessa prática e se não me engano, até me posicionei contra há alguns anos atrás aqui mesmo no desfavor. Mas, a vida segue e algumas de nossas opiniões ficam obsoletas. Mais ou menos como a evolução natural humana.

Apelei, né? Temos muito a agradecer pelo longo processo evolutivo pelo qual nossa espécie passou até aqui, apesar de alguns pesares, o projeto até que funcionou bem. Passou pelo teste do tempo… nenhum outro ser multicelular levou tanta sorte na loteria evolutiva quanto nós. Mas, novamente… a vida segue: já estamos num ponto de nossa existência como espécie em que a Mãe Natureza não tem mais a agilidade necessária para lidar com nossas necessidades. Muito obrigado por tudo, mas nós temos que sair do ninho.

E começar a mexer no nosso DNA é parte integrante desse processo de independência. Duvido que a Sally discorde de mim quando falamos de alterar nossos genes para evitar doenças e nos deixar mais resistentes às intempéries da vida, e nem é isso que estamos discutindo. Sim, eu sei que estamos falando de manipulação genética para fins estéticos. Algo muito mais fútil do que combater o câncer.

E com implicações perigosas: sabendo como esse mundo funciona e como a indústria da aspiração exerce grande controle sobre o senso de estética das pessoas, aposto que muitas das alterações genéticas passariam pela inclusão forçosa de genes recessivos em organismos que não os teriam para começo de conversa. Vulgo olhos azuis para todos os lados.

Mas… não podemos olhar apenas para os primeiros passos de uma nova tecnologia. Há uma demanda reprimida de conformidade com padrões de beleza ‘europeus’ na nossa sociedade. Séculos de propaganda racista com certeza deixaram sua marca em nossa espécie. É triste que tanta gente aspire por parecer mais ‘branca’ na esperança de ser mais bonita (e respeitada), mas essa merda já está feita. Temos que evoluir!

Pensemos na escala das gerações: sim, teríamos uma conformidade preocupante nos desejos dos pais sobre a aparência dos filhos no começo, mas a graça dos genes recessivos está justamente na sua raridade. Quantas gerações de nórdicos com corpos de atores e atrizes pornôs a humanidade aguenta antes de ficar com o saco cheio disso? Eu sempre achei as ficções científicas que tratam sobre homogeneidade da aparência humana no futuro falhas no sentido de entender nossa natureza. Mas nem a pau que o ser humano se conforma com a igualdade.

As modas virão e passarão. Loiros, morenos, asiáticos, negros, aborígenes… conte com a humanidade para não se deixar vencer por conformidade absoluta. O argumento racista desaba com o tempo. Mas, é claro, o da futilidade continua valendo. Mas… lutar contra a futilidade é um exercício… fútil. A única característica redentora dela é seu dinamismo: as mulheres rechonchudas da Renascença e as musculosas de hoje que não me deixam mentir. As pessoas VÃO ser fúteis, mas isso não tenderá à estagnação. E isso é importante para o meu ponto aqui.

Mas antes… não podemos esquecer da liberdade pessoal. Se você é livre para procurar uma pessoa com características físicas diferentes de você para procriação natural, você não é livre para definir a aparência genética dos seus filhos? Temos a liberdade de selecionar com quem vamos nos reproduzir, nenhuma obrigação de manter ou modificar as características físicas da sua linhagem natural.

Como é que esse mesmo direito deixaria de existir se a inseminação fosse artificial? Ou pode ou não pode. Não é exatamente a eugenia preocupante que seria se não fosse uma escolha pessoal. Já escolhemos como nossos filhos vão se parecer. Manipular a genética não é algo que se faz só num laboratório! Como de costume, haveria regras. Quer colocar um rabo na criança? Não pode! Não estamos falando de algo que se faria em casa sem nenhum treinamento.

E voltemos ao ponto que queria passar: as pessoas vão ser fúteis. Elas vão abraçar a tecnologia para conferir seios maiores às suas filhas ou pênis mais avantajados aos seus filhos. Mas ao mesmo tempo, vão incentivar o desenvolvimento da tecnologia de manipulação genética. Onde há demanda, há investimento e interesse. No começo seria caríssimo, com o tempo seria trivial, dez parcelas tranquilas sem juros! E a demanda aumentaria novamente.

E, caros impopulares… nesse dia teremos feito uma das duas coisas MAIS IMPORTANTES que a humanidade tem que fazer para continuar existindo: assumir o controle sobre sua evolução. A tecnologia que deixa os olhos de pobres deslumbrados em um azul encantador pode ser a mesma que em algum tempo nos confere capacidade de visão infravermelha. A que deixa nossas peles mais eficientes e seguras para o bronzeamento pode ser a que logo em seguida nos deixe mais protegidos contra a radiação espacial.

Só se alguém ficou em dúvida: a outra coisa mais importante é ter como sair permanentemente da Terra. Essas duas metas garantem que todo o trabalho da evolução natural seja levado em frente.

Faz parte da nossa história fazer as coisas certas pelos motivos mais superficiais. É assim que funcionamos. Enquanto não houver um mercado gigantesco de manipulação genética (mesmo que por motivos fúteis), não vamos ter avanços consideráveis nas áreas mais relevantes da técnica. Tem que popularizar. Fazer o quê? Precisamos dos babacas.

Para dizer que variação genética tem a ver só com aparência e passar vergonha, para dizer que não acha justo nascerem melhor que você, ou mesmo para dizer que o dia que só tiver branquelo nas favelas os condomínios só vão ter negros: somir@desfavor.com

SALLY

Deve ser permitido que a sociedade possa escolher livremente as características físicas dos seus filhos por manipulação genética? Não. Por mil motivos, não.

Uma coisa é excluir um gene de uma doença grave ou até mesmo manipular o sexo de um bebê quando há propensão para uma doença que só se manifesta no sexo oposto. Outra é querer um bebê loiro, de olhos azuis e cabelo liso. Acho monstruoso mexer na genética para fins fúteis de estética, ainda mais no Brasil, onde as pessoas tem bosta na cabeça e não conseguem ter bom senso nem na hora de comprar um desodorante.

É coroar a ditadura da estética, da futilidade. Pensando grande, a variação de biótipos tem uma boa explicação: essa diversidade assegura a sobrevivência da espécie. Mexer nisso pode significar, em casos extremos, no fim da raça humana. E, em matéria de ser humano, eu nunca duvido da capacidade de fazer merda. Neguinho ia acabar com a diversidade e só nasceria criança dentro do padrão/modismo da vez.

Liberdade é bacana, mas às vezes precisamos impor restrições para proteger aqueles que podem ter seus direitos violados pela liberdade alheia. Esses bebês que ainda não nasceram podem ser severamente prejudicados por esse corta-cola genético, bem como toda a humanidade.

Assim como acho que devem ser proibidas as armas nucleares por ter uma desconfiança de que um dia essa porra vai matar a todos nós, a manipulação genética também deve encontrar limites. Sim, o ser humano é burro o bastante para fazer cagada após cagada e acabar com a sua espécie. Pessoas são burras o bastante para precisarem ser protegidas de si mesmas.

É uma porta que, se aberta, não encontrará regulação, graças à alta carga de subjetivismo. Quem decide onde e quando é hora de parar? Pode escolher a cor do olho mas não pode escolher a altura? Pode escolher a cor do cabelo mas não pode escolher o tamanho do pé? Não dá. Melhor nem abrir essa porta, caso contrário teremos uma geração disfuncional de mulheres com 1,80, 50kg, peito gigante e pés 33. Periga nem conseguirem ficar de pé.

A maior parte das pessoas não tem o conhecimento nem o discernimento para “montar” um ser humano viável, que tenha uma existência digna, escolhendo as “peças” do seu corpo. Você pode até dizer que a pessoa não escolheria sozinha, afinal, médicos supervisionariam todo o processo. Mas, lamento informar, um médico não basta para frear a insanidade das pessoas, pois eles próprios muitas vezes carecem de bom senso ou de ética. O nariz do Michael Jackson não me deixa mentir. Tendo dinheiro, neguinho faz qualquer coisa. E a partir do momento que eu acho que esse “qualquer coisa” pode desgraçar a vida de inocentes ou acabar com a raça humana, minha opinião é: melhor não.

Fora esse enorme risco que eu acredito existir, também me parece premiar a futilidade, a imbecilidade. A natureza é bem falha, mas é muito mais sábia que o ser humano. Se aquela combinação genética se deu daquela forma, eu tendo a acreditar que é por algum motivo. Não creio que seja mero acaso. Os genes mais fortes são mais fortes por algum atributo evolutivo, não são obra do Amigo Imaginário. Mexer naquilo que é o melhor, o mais indicado, para colocar algo menos indicado só porque é mais bonitinho me parece imbecil. E quem suportará as consequências não foi o imbecil que escolheu esse caminho e sim um inocente.

Também posso deixar vir à tona um lado romântico aqui: se um casal quer ter um filho, o bacana é que o filho seja uma mistura dos progenitores. Eu gostaria de ver meus genes misturados aos da pessoa que eu amo e identificar características nossas em um filho. Não vejo razão para remover essa identidade entre a criança e os pais e ter um bebê que em nada se assemelhe a mim e a meu parceiro. Eu acredito na importância da identidade genética e no sentimento de pertinência que ela gera.

Como está hoje já me parece um abuso da futilidade em detrimento do bem estar das pessoas. Por mim, mais proibições de intervenções estéticas deveriam existir. Liberdade sim, desde que não se foda com a vida de terceiros inocentes que não tiveram escolha ou se coloque em risco a sobrevivência da espécie.

Se você acha a liberdade mais importante, deve achar um absurdo que proíbam os pais de tatuar um bebê. Qual é a diferença? Tanto na manipulação genética para fins estéticos como na tatuagem, o bebê não tem escolha e não pode desfazer aquela aparência para o resto da vida. Tem que conviver com uma escolha que reflete apenas o gosto dos pais e ostentar aquilo no corpo independente das consequências negativas para sempre.

Filho não é boneca, filho não é brinquedo. Que tenha a melhor carga genética possível, um sistema imunológico forte, tudo de melhor que a combinação dos genes dos pais puder proporcionar. Abrir mão disso só para ter olho azul? Certamente esses bebês precisam ser protegidos contra esses pais que tem merda na cabeça e a manipulação genética para fins estéticos deve ser proibida. Eu já acho ruim brasileiro ter o direito de escolher o nome dos filhos! Milhões e de Jocleversons e Marcleisons passam uma vida de trauma por causa de pais idiotas, imagina se esses infelizes começarem a escolher os genes!

Em vez de focar na manipulação genética para fins estéticos, é hora da sociedade desapegar das aparências e começar a priorizar outras coisas. Indo pela trilha da estética se toma um caminho errado, quanto antes dermos meia volta e escolhermos outro caminho, melhor.

Para dizer que é a favor por achar que o fim da raça humana é algo positivo, para achar que só você deveria poder fazer pois só você tem bom senso ou ainda para tentar defender um meio termo impossível: sally@desfavor.com

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Comments (42)

  • já tô até vendo: no início ricas parindo supermodelos, pobres tendo que contar com a sorte da genética.
    desigualdade social ainda mais escancarada e, quando a cirurgia genética chegar nas camadas baixas aparecerá celebridades “aderindo” a natureza novamente.
    tipo hoje em que as mamães hipsters que ignoram hospitais e remédios e cagam seus filhos no meio do mato com doulas
    mas como disse Somir, não adianta resmungar pelo futuro. Como provavelmente todo mundo aqui vai tá morto antes dessa “degeneração” acontecer, então essa treta não é nossa.

  • Um tratamento na aparência evitaria muito sofrimento. Imagina que legal um adolescente não ter acne ou uma menina não precisar meter químicas na cabeça pra ter um cabelo bacana! Compreendo perfeitamente quem gostaria (e pagaria bem caro) de montar seus filhos pra não terem desvantagens sociais e problemas de autoestima. O velho “vou me esforçar pro meu filho ter o que eu não tive”.

    Mas eu pensei em outro detalhe: falhas. A natureza sempre arruma um jeito de trollar todo nosso conhecimento, artificialidade e tecnologia. Prédios imponentes caem com uma tremida, uma montanha com gases atrapalha aviões modernos de um continente inteiro, doenças se tornam resistentes a remédios… E se a criança não ficasse com a aparência programada (algum bug genético, sei lá)? Joga fora e programa outra? Sinceramente, eu não duvido que haja pelo menos um casal maldoso e fútil o suficiente pra isso. Será que os humanos não iriam banalizar a si mesmos? Como ficaria a questão do bullying e do preconceito? E quem nascesse naturalmente? No começo haveria segregação entre quem pode pagar pela manipulação genético e quem não pode? E os justiceiros sociais? Aliás, será mesmo que gente bonita é sempre tão seguro de si? Não é como se as pessoas bonitas vivessem num universo paralelo perfeito sem problemas e longe dos feiosos mortais.

    Não cheguei a um consenso, se estivéssemos no futuro e fosse uma pesquisa de opinião, eu faria a Glória Pires e não seria capaz de opinar. Ainda bem que eu não nasci no futuro.

  • Totalmente a favor. Pessoas Feias são isoladas, e tem vidas vazias, tristes e terminam da pior forma possível. Não adianta barrar os Pais de determinarem a beleza do filho. A Natureza já faz isso através da seleção natural e faz de forma bastante cruel.

  • Ao ler a pergunta meu impulso foi responder “não”, exatamente pela questão, já levantada por todos, dos olhos azuis. Entretanto pensando melhor acredito que deveria ser permitida para estética sim. Existem condições que não são consideradas doenças, como cabelos brancos, ou que as pessoas consideram normais (pra mim não é), como a calvície, que poderiam ser evitadas. E as indústrias de tintas não perderiam dinheiro, pois todo mundo quer trocar de cor. Onde estão esses cientistas, parem de pesquisar inutilidades, temos coisas muito importantes a resolver!

  • Característica estética não é nada comparado aos outros absurdos que podem ser feitos com manipulação genética.
    Especula-se que bilionários ao redor do mundo já estejam envolvidos nisso, mas não pra garantir filhos loiros de olhos azuis e sim para garantir pessoas com QI mais elevado, maior desenvolvimento intelectual e a perpetuação de seus impérios. Ninguém mais quer netos vagabundos que dilapidam fortunas.
    É algo sem regulamentação, então tecnicamente não é proibido, é só imoral e talvez anti ético, mas… who cares?
    Já devem estar em vias de testes em laboratórios americanos, europeus e asiáticos.
    Eu sou contra porque vai aumentar o abismo social e intelectual da população. Seria lindo se estivesse ao alcance de todos e a gente pudesse escolher se quer nosso filho bom em matemática ou bom em pintura (estética um caramba! queria mesmo um filho astrofísico). Mas na real só os poderosos vão fazer e os peões vão continuar cada vez mais peões, sonhando com fucking olhos azuis.

    • Pois eu super apoio fabricar pessoas de QI elevado! Burrice tá ok, mas gênio não pode? Aff
      Manipulação genética é maravilhoso! Pode ser pra estética como pra satisfazer os pais. Minha tia pariu 3 meninas, só na esperança de ter um menino, depois desistiu. Tudo que o casal queria era ter UM menino. Sim, conheço gente bizarra. Já tive uma vizinha que vivia reclamando de ter que pentear o cabelo crespo da neta, porque saiu ao pai não a mãe . Tá certo que isso ao meu ver é ridículo, mas pra eles seria tudo, então por qué ser contra?

  • Manipulação genética pra fins estéticos não significa evolução. As vezes as pessoas desconsideram que nossas características físicas também tem a função de nos proteger e adaptar ao ambiente. Imagina se todo mundo resolvesse ter filho branquinho em um país ensolarado como o Brasil? Certamente a incidência de câncer de pele aumentaria. As pessoas não tem consciência que suas vaidades tem consequências negativas a longo prazo.

    • Fail! Eu nasci branco e minha casa sempre teve piscina, eu sou sempre bronzeado de sol e nunca tive câncer, porque eu sei os horários certos de pegar sol. Conheço gente que nasceu morena que já teve câncer, porque vai pra praia torrar de 12 às 14 hs, eles sabem que dá câncer e não tão nem aí.

  • Não tenho opinião formada. O que gostei nostestos é que falam de algo qe sempre me intrigou: a obsessão do brasileiro médio por olhos azuis. Eu não entendo! Olhos castanhos também são bonitos, mas essa gente é capaz de amputar uma perna só para ter olhos azuis.

    • Também não tenho uma opinião formada sobre isso, por isso não comentei. É muito complicado.

      Também acho um saco essa obsessão por olhos claros. Coisa caipira mesmo. Chegam ao absurdo de colocar lentes que ficam artificiais. Se houvesse um jeito de colorir o olho, pagariam milhões por isso.

      • “Também acho um saco essa obsessão por olhos claros. Coisa caipira mesmo. Chegam ao absurdo de colocar lentes que ficam artificiais”.

        No Japão, trabalhei com gente que tinha um parte de lentes para cada dia da semana…

  • Um futuro assim é temerário. Fico pensando, por exemplo, se todos optassem por ter (mais de) 1,80 por exemplo, o que exigiria a mais em termos de matéria-prima? Carros cada vez maiores, uma quantidade maior de tecidos para pessoas cada vez maiores, sem falar do montante cada vez maior de calorias para manter esse povo de pé. E a poluição? Os recursos desse planeta aguentariam até quando nesse ritmo?

  • Mudar cor dos olhos já é facinho. Com implante podia cegar, agora se faz a laser e o pigmento melanina sai naturalmente sem danos. Depois só ir na farmácia e tingir a juba de loira ou ruiva. Papi e mami no futuro podem nos poupar dessa trabalheira. Nós vivemos em função de padrões de magreza e de layout gringo. Pessoa clara e magra é melhor aceita, nada mais justo de usar tecnologia pra fabricar bebês com mais futuro.

  • Por mais eugênico que a parada fosse, fico tentando imaginar como a bancada neopoliticamente correta lidaria com negros querendo ter filhos brancos.

    Sei que lá nos Estados Unidos teve um caso de um casal que quis riscar a predisposição à obesidade da filha e foi achacada por aqueles grupos de tumblr que acusaram o casal de gordofobia.

      • Sim, já existe gordofobia. Ou fatphobia. Que é “enfrentada” pelos guerreiros do tumblr, que pregam o orgulho gordo, ou fat acceptance.

        Teve um caso que ficou falado por um tempo de um casal de pais que se começaram um programa de dieta e atividades físicas junto com a filha, que era criança e estava gorda. Os pais participavam das atividades e da dieta, incentivando a filha, e no final os três ficaram sadios. A reação dos guerreiros da gordura? Ir no Facebook e acusar os pais de forçar a criança a abdicar dos gostos, quase como um abuso.

    • No caso, obesidade é uma doença prejudicial à saúde. Nem veria problemas, mas certamente a galera da lipofobia vai piar.

      • Já há (web) matéria na BBC “Brasil” sobre ativismos(?) no Twitter, um deles era esse da gordofobia / lipofobia… -_- // Mais um grupo de intocáveis, socorro !!!

  • “Milhões e de Jocleversons e Marcleisons passam uma vida de trauma por causa de pais idiotas, imagina se esses infelizes começarem a escolher os genes!”
    Acho que isso aqui encerra a discussão.

  • Eu acho que entre uma cirurgia estética e uma manipulação genética estética, a questão é de grau. Não deixa de ter um pezinho na eugenia (não confundir com a Eugênia), tão valorizada pelos nazistas, mas quem se importa?

    Seu filho pode vir com layout europeu, cérebro japonês e pau africano (ainda consegue cotas na universidade e no serviço público).

  • “Filho não é boneca, filho não é brinquedo”. Esse argumento é o que mais me amarra para ser contra esse tipo de intervenção. Já basta aquelas mães que cobrem suas filhas pequenas de acessórios e roupas bregas que só trazem desconforto à criança. E até cosméticos. Gente, eu já ouvi histórias de mulheres que fazem luzes (é esse o nome?) no cabelo das filhas bebês!!!!
    Na verdade, essa obcessão que brasileiro tem por cabelos lisos e claros chega a ser meio deprimente. É preocupante essa falta de autoestima, e também há muita gente bonita que fica se deformando para seguir padrões raros (a essa altura do campeonato, padrões praticamente impossíveis que só dependem da loteria genética, boa sorte). Desde quando mistura só gera necessariamente gente feia? Por que alguém com cabelo claro é especial? Eu hein.
    (Senta que lá vem história) Lembro-me de uma vizinha que tive na infância. Sua filha, minha colega, puxou os cabelos castanhos e enrolados da mãe. A mulher era meio maluca pelo meu cabelo, que era bem mais claro que hoje, passava tanto a mão que acho que até reduzia o pouco volume que tinha. “Nossa, seu cabelo é tão lindo e macio, é lisinho e tem uma cor linda” e etc e tal. Sério, dava até medo dela arrancar e transformar em peruca pra filha. Enfim, tínhamos uns 8 anos e mesmo assim quase toda semana a fulana levava a menina pra fazer alisamento, relaxamento e outros “whateveres” que prometem te deixar com cabelo de japonesa. Um dia minha família mudou de cidade e nunca mais as vi, mas fico pensando em como essa menina cresceu com uma mãe assim. Ei, não estou condenando quem brinca com o cabelo porque gosta de mudar e tals, estou condenando a futilidade de certos pais, mas acho que deu pra entender. Sinceramente, manipulação genética assim não iria dar certo. Humanos são estranhos e imprevisíveis.
    A propósito, Somir já postou um Des Conto sobre isso. E eu acredito que caso a manipulação genética vire “festa”, todo mundo vai ser tão perfeitinho que quem tem imperfeições será bajulado. E as coisas se inverterão. Do jeito que brasileiro é obcecado por loiro, o Brasil seria tão lotado de “gente recessiva” que os olhos castanhos que se tornariam a bela raridade. Sem falar que pôr limites também não adiantaria PN, já que quem tem dinheiro pode comprar tudo (e todos). E o conceito de liberdade é complexo demais.

    (perdão pelo comentário gigante)

  • ser recessivo significa ser mais fraco? qual o problema de fazer pesdoas mais bonitas, se nos testes não afetar a saúde? estética = dinheiro. mãe natureza o kct!

    • Recessivo não necessariamente significa mais fraco, mas uma sociedade criada artificialmente só com recessivos dá merda

      • E recessivo não é necessariamente raridade. Uns dos vários exemplos de característiscas recessivas que são muito comuns é tipo sanguíneo O, ausência de sardas, apenas 5 dedos nas mãos e pés (polidactilia é dominante)…

  • Se a maioria fosse loira de olhos azuiz, aposto que o consenso de beleza seria olhos e cabelos castanhos. Eu não faria, mas não acho absurdo mudar a genética pra fins estéticos. Todo avanço é bem vindo.

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