Escalação.

Goleiro: Tampinha

Tampinha, também conhecido com Cláudio Gonçalves, é um exemplo de superação. Com apenas um metro e cinquenta e três centímetros de altura, é oficialmente o goleiro mais baixo em atuação em qualquer time adulto profissional, masculino ou feminino. Aos quarenta e dois anos de idade, é a voz da experiência no grupo, embora raramente seja respeitado pelos seus companheiros de equipe, que frequentemente acham seus chiliques mais engraçados do que atemorizadores. Excelente nas bolas que vão rasteiras no meio do gol, raramente sai de campo sem ter a meta vazada.

Lateral Direito: Uélinton Pagode

Pagode é apelido de Uélinton Francisco de Arimatéia, com acento porque nasceu antes da reforma ortográfica. Lateral de grande técnica, prefere mesmo o ritmo do cavaquinho, tendo lançado já três discos com seu extinto grupo “Amigos do Pagode”. Infelizmente, por cercar-se apenas de puxa-sacos, demorou vários anos para perceber que a música não era sua área. Mesmo assim, sempre leva um pandeiro para o vestiário. Infelizmente, nem seus companheiros de time tem coragem de dizer que ele simplesmente não presta para a carreira artística. Em campo, Pagode é conhecido por fazer cruzamentos milimétricos e demorar demais para recompor a defesa.

Zagueiro Central: Pantera

Durval Oliveira não tem o físico muito condizente com uma pantera. Nada de esguio e explosivo em seus cento e dezessete quilos. Medindo dois metros exatos de altura, a comparação mais razoável seria com um gorila. Mas sua cor de pele colocaria o apelido numa zona cinza que não condiz mais com o futebol profissional. Zagueiro tradicional, jamais se arrisca além do meio campo, por medo de desguarnecer a defesa e de sofrer um ataque cardíaco. Praticamente intransponível no mano-a-mano, é facilmente vencido se o atacante adversário permanecer a mais de dois metros de distância. Não deveria mais ser titular, mas ninguém ousa tirá-lo do time.

Quarto-Zagueiro: Ezequiel Malaquias

Era conhecido como Pingulim no começo da carreira, mas passou a exigir o uso de seu nome completo nos últimos anos. Não tem a estatura ou força muscular de seu companheiro de zaga, mas compensa tudo com dedicação exemplar. Sempre termina o jogo com a maior distância percorrida dentre todos seus companheiros, mesmo estando numa posição que não condiz com tamanha movimentação. Ezequiel faz questão de se juntar ao ataque a cada vez que o time recupera a bola, reza a lenda que seu sonho sempre foi ser atacante. O péssimo senso de colocação quase sempre o deixa em situações onde não pode colaborar com o ataque ou com a defesa. Mesmo assim, é querido pelo grupo, é braço direito do técnico e assistente do roupeiro. Prefere tomar banho sozinho.

Lateral Esquerdo: Nenê

Ariovaldo da Silva, também conhecido como Nenê ou Nenê do Alemão é normalmente a válvula de escape do time. Muito ofensivo, recebe a bola com mais frequência que a maioria de seus companheiros, normalmente entortando o time para seu lado. Explosivo e driblador, sempre tenta um lance agudo, mesmo que esteja marcado por quatro jogadores adversários no campo de defesa. É também o jogador que mais perde bolas no time. Em sua defesa, raríssimas são as vezes que o time adversário tenta atacar pelo seu lado, dado o histórico de problemas pessoais pelos quais passam os pontas-direitas que exploram seus constantes erros. Claramente fora de forma, é intocável na escalação titular do time. Os técnicos que tentaram o colocar no banco de reservas que descansem em paz…

Volante recuado: Rodriguinho

Rodriguinho é o apelido carinhoso de Rodrigo Bernardes, a alegria do time. Carismático e expansivo, é o preferido dos jornalistas na hora das entrevistas coletivas. Responsável por animar o time nos momentos mais difíceis, dá tudo de si em campo e fora dele. Marcador implacável, é conhecido por se manter extremamente próximo dos adversários até mesmo quando longe da bola. Centrado, raramente se exalta em situações de agarra-agarra na grande área e normalmente responde ao erros de arbitragem com um revirar de olhos e uma bufada irônica. Não é o primeiro a chegar nos treinos, mas é o último a sair. Infelizmente, é perseguido pela torcida.

Volante avançado: Paulinho Pernambucano

Josimar Pereira não é Paulo, nem mesmo pernambucano. O nome pegou nas categorias de base por conta de um técnico com mal de Alzheimer e nunca mais saiu. Volante cerebral, preza-se pela capacidade de enxergar o jogo e perceber as melhores jogadas possíveis para o time. Seu problema é acompanhar o ritmo frenético do futebol moderno, quase sempre quando tem esquadrinhada a jogada perfeita, já perdeu a bola ou esqueceu-se de pedir por ela. Na defesa, sempre consegue enxergar a melhor jogada possível do adversário e se adiantar, uma pena que normalmente seu senso tático seja mais apurado que dos adversários e eles raramente façam o que ele pensou. Acaba sendo mais útil repassando para os companheiros os pedidos do técnico.

Meia Esquerda: Cauã

Cauã Marcolino é a jóia do time. Dono de uma habilidade ímpar com a bola nos pés, rápido e resistente, o jovem de apenas dezoito anos de idade demonstra inequívoca superioridade em relação aos seus companheiros. Pelo menos nos treinos… Cauã é um rapaz extremamente tímido, avesso aos holofotes e até mesmo ao contato humano em geral. Apesar de já estar no time principal há mais de dois anos, o último como titular, tem dificuldades de deslanchar. Muito quieto e inseguro em campo, frequentemente é esquecido até pelos jogadores do próprio time. A situação fica ainda mais grave por jogar do mesmo lado que Nenê, sempre tomando seu lugar em campo e forçando-o a cobrir a lateral. Tem medo de fazer gols por causa da atenção que isso chama. Namora há seis anos e ainda é virgem.

Meia Central: Eriberto

Eriberto Dias esteve entre os melhores jogadores do mundo há oito temporadas atrás. Desligado de um grande clube europeu recentemente, aceitou receber o maior salário do elenco na condição de colocar seus patrocinadores pessoais na camisa do time. Participando de algo em torno de 10% dos jogos do seu time no ano, Eriberto ainda faz algumas jogadas espetaculares, mas passa a maior parte do jogo reclamando que não passam a bola. Expulso em média uma vez a cada três partidas, admite que tem um problema com seu temperamento e reforça que as drogas ficaram no passado. Tem a prisão decretada em quatro países diferentes e responde processo por aqui. Queridinho da torcida.

Meia Direita: Rubinho Gasolina

Ídolo intocável de um pequeno clube nordestino, tem sua primeira chance num time grande. Ousado e definidor, é conhecido por não perder nenhuma chance de finalizar para o gol. Não tem distância para Rubinho, se receber a bola no meio campo, chuta para o gol. Infelizmente, o rapaz é franzino e raramente seus chutes tem força para chegar onde deveriam, tanto que muitas vezes confundem seus arremates com passes em profundidade. Um outro problema é a péssima pontaria, Rubinho tem apenas quinze gols em sua carreira profissional, resultado de quarenta e sete pênaltis batidos. O apelido Gasolina é derivado do ramo de atuação de seus pais, donos de uma grande rede de postos que patrocinavam seu time de origem, e curiosamente, também seu time atual.

Centro-Avante: Joaquín Nuñez

Responsável por algo em torno de 90% dos gols do time, Joaquín é um exemplar representante da escola argentina de futebol. Participativo, raçudo e eficiente, normalmente é quem salva o time. Muitos se perguntam como um jogador assim não está na Europa, talvez um traço de sua personalidade explique: Joaquín tem alguns problemas para lidar com seus companheiros de time com a pele mais… escura. Conhecido por chamar os torcedores até do próprio time de macaquitos, Joaquín só não volta para a área para ajudar nas bolas aéreas para não se encontrar com Pantera. Assim que acabar sua quarta suspensão por ofensas racistas, promete levar o time ao título do campeonato.

Técnico: Joca

Técnico experiente, Joca veio para substituir o finado Claudionor Laranjeira, vitimado por um acidente envolvendo dozes fuzis na saída de sua casa. Joca faz o estilo paizão, demonstrando grande compreensão da mente do boleiro. Com passagem por vários grandes clubes nacionais, é conhecido pela sua calma à beira do gramado, sendo até flagrado dormindo algumas vezes em pleno banco de reservas. Frequentemente cotado para a seleção nacional, mas quase sempre em tom de brincadeira.

Para dizer que isso foi muito conceitual para o seu gosto, para dizer que reconheceu alguns deles, ou mesmo para dizer que entende meu sofrimento: somir@desfavor.com

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