A Relação.

Você já viu um homem se preocupar com um relacionamento? Não, né? Não. Pra que? As mulheres se preocupam, eles não precisam fazer mais nada além de estar ali. Homens basicamente estão. Eles tendem à inércia. Eles são uma samambaia na relação. Tudo sobra para a mulher.

Manda mais que tá pouco. Ter que trabalhar, ter que parir, ter que amamentar, ter que menstruar, ter que ser/parecer jovem, ter que ser magra, ter que ser culta, ter que estar atualizada, ter que ser inteligente, ter que saber cozinhar, ter que ser bem resolvida… manda mais obrigação que tá pouco! Faz isso, deixa a porra do relacionamento todo nas nossas costas. E ainda chama de histérica se um dia a gente cansar e se aborrecer.

Tem aquela velha piada que diz que mulheres fingem orgasmos para preservar o relacionamento e homens fingem relacionamento para preservar os orgasmos. Realmente, homens fingem relacionamentos, eles não tem a menor ideia do que estão fazendo ali. É mais ou menos como festa de casamento: é o sonho da mulher, o homem não entende porra nenhuma a ponto de nem conseguir opinar e faz a sua parte apenas comparecendo.

A mulher trata A Relação como se fosse um bebê. Se preocupa se A Relação está crescendo, se A Relação está saudável, se está cuidando bem da Relação. “A Relação” vira uma entidade separada, mais importante que o homem em si. O homem é um adereço para tornar possível a grande alegria da vida feminina: A Relação. Vai ter feminista chiando, vai ter mulher reclamando, mas a verdade é que a maioria das mulheres tem sim essa tara pela Relação, se apaixona pela Relação e não pelo homem. O problema é: homens não tem a menor ideia disso. Homens sequer parecem mensurar o que é A Relação. Homens apenas estão ali, torcendo para não falar nenhuma merda para não ter aborrecimento.

Só que infelizmente a analogia da plantinha é verdade: se não regar constantemente morre, morre e não adianta regar depois de morta. E homem nunca acha que vai morrer até que morre. É isso que não parece entrar no pequeno cérebro de caroço de uva da maioria dos homens: a preocupação em cultivar hábitos e vínculos que fortaleçam e mantenham vivo um relacionamento. Não. O homem está ali, ele entra com a parte dele (um pênis, matar barata e, em casos de boa vontade, um cineminha no final de semana) e está ótimo. Não peça mais, eles se indignam, eles não entendem o conceito. Fora o fato de que qualquer pedido para homem soa como cobrança e os estressa ao extremo.

Mesmo que já tenham passado por isso várias vezes, eles não entendem por qual razão, depois de um certo tempo, as coisas começam a desandar. Eles são espectadores passivos de todo nosso investimento ruindo como se fosse mera fatalidade e não apatia deles. Cuidem da Relação, caralho! Só um pouquinho, só de vez em quando. É mesmo tão sacrificante?

Deve ser. Para começo de conversa, nem entendem o que é A Relação. Enquanto jogavam bola e sonhavam em ser astronautas, uma sociedade escrota nos ensinava a sonha com o “felizes para sempre”, e para isso o homem era peça fundamental. É algo que muita mulher é programada desde cedo, desde a infância: ser feliz para sempre na Relação. Péssimo, quem conseguir romper com isso, que rompa. Tomara que todas rompam. Mas, enquanto isso, como será que os homens se sentiriam se, quando estivessem prestes a decolar em uma nave espacial, depois de décadas acalentando o sonho de serem astronautas, tudo explodisse e eles saíssem machucados e sem conseguir voar? E se uma mulher estivesse olhando, pudesse evitar e não o fizesse? E se ela ainda falasse “Não sei porque você está assim, pega outro foguete e tenta novamente”?

Para que um relacionamento dure de forma saudável, alguns cuidados são necessários. E esses cuidados variam de pessoas para pessoa. Daí surge a grande dificuldade, que é olhar para a mulher que o homem tem ao lado e percebê-la. Homem não percebe, homem não entende, homem soluciona pensando no mundo de forma a usar a si mesmo como parâmetro. Eles sempre solucionam tudo errado por se usar como referência, são os McGyver retardados do Relacionamento. Mulher não quer solução, mulher quer ser ouvida, compreendida.

Conhecer a pessoa que se tem ao lado não parece ser uma opção para os homens, talvez eles nem saibam como. Amizade de homem, a coisa mais estranha do mundo. Não sabem porra nenhuma uns dos outros em matéria de sentimentos. Podem saber a cerveja favorita, o esporte favorito, mas sentimentos? No máximo especulam. Pergunta para uma mulher como a amiga dela se sente em tal situação que ela narra os detalhes na hora. Nós sabemos ler emoções de outros seres humanos e conversamos sobre elas. Homem não sabe e não acha necessário aprender.

Daí sobra para nós, mulheres, compreender tudo. Se está nervoso por causa do trabalho, se está puto porque o time perdeu, se está estressado por estar sem dinheiro. Se está calado é por estar chateado, se precisa de um tempo sozinho é por estar cansado, se… se… se… É viver olhando para o outro esperando que um dia isso retorne, mas não, não vai. O outro está olhando para o carro, para o trabalho, para qualquer outra prioridade. E lide com isso, pois se você se frustrar e arrumar briga sem um motivo que ele compreenda, você é uma histérica, é maluca.

O pior é que às vezes, para manter uma relação nem sequer precisa tanta observação. Nem o básico fazem. Algumas coisas são universais em matéria de cultivar relacionamento, como, por exemplo, cultivar interesses em comum. Foco na palavra CULTIVAR, ou seja, uma boa vontade de ambas as partes para sempre manter viva alguma atividade praticada por ambos. Não é fazer quando dá, é cultivar, é separar tempo para isso, deixar de fazer outras coisas para fazer isso. São coisas que fortalecem o vínculo e ajudam A Relação a se fortalecer. Não. Não vão fazer. Acham que não precisa ou nunca sequer pensaram nisso. Escaralham todas as relações onde se metem, mas não acham que nada precise mudar. Tá lindo, tá joinha.

A verdade é que em matéria de Relacionamento tudo indefere para esses putos. Tanto faz. Tanto faz é vírgula, é ponto parágrafo, é ponto final. Disfarçam, mas a gente vê no fundo da retina deles escrito “tanto faz”. O carro que vão comprar, o celular que vão comprar, o computador que vão comprar “não tanto faz”, muito pelo contrário, quando encasquetam com algum brinquedo novo, Deus nos livre de não consegui-lo. TEM QUE ser aquilo pelos motivo menos justificáveis do mundo, com aqueles detalhes. Mas na hora da relação, tanto faz, é desimportante o suficiente para não se envolverem com isso. Vai levando aí, mulher, que qualquer coisa tá bom. E a mulher vai levando.

Mas uma hora cansa. Uma hora você quer tirar o peso das costas ou ao menos dividi-lo com a pessoa que está ao lado. Mas, como você carregou muito peso por muito tempo, afinal, vai acumulando, sua musculatura está forte pra caralho. O Zé Ruela, nem tanto. Daí você passa um puta peso pesado para a costas dele e… tudo desaba, porque ele não tem força para carregar aquilo, pois nunca o fez. Anos de trabalho da mulher cuidando da Relação desabam por incompetência de um idiota que não teve a capacidade de, por um curto período de tempo, cuidar de algo que a mulher cuidou a vida toda.

Imagina que você compra um cachorrinho em conjunto e de comum acordo com seu parceiro. Cuida dele desde filhote enquanto seu parceiro o ignora. Você estimula seu parceiro a fazer atividades com o cachorrinho: passear, treiná-lo, brincar. Ele ignora. O cachorrinho vai crescendo. Você sabe o que ele come, que carinho ele gosta, quando ele está doente. Seu parceiro continua ignorando. Você cuida do cachorro sozinha, full time, por cinco, dez anos. Daí um dia, algo grande acontece na sua vida. Qualquer coisa: você adoece, você precisa se ausentar, qualquer coisa que te impeça de cuidar do cachorro. Você pede ao seu parceiro que segure essa para você por um curto período de tempo e ele diz que sim. E quando você volta, A PORRA DO CACHORRO ESTÁ MORTO. PARA QUE MERDAS ACEITOU COMPRAR UM CACHORRO COM ALGUÉM SE NÃO IA CUIDAR?

Quão difícil era, nesses anos todos, parar uma porra de um segundo de vez em quando para prestar atenção no que o cachorro comia, no que o cachorro precisava? Porque né, era tarefa dos dois. Mas não. Não. Nããããão, se tem um fazendo, deixa fazer. Dá para levar assim? Não está dando uma merda IMEDIATA? Vai levando então. Se um dia precisar, eles pensam, aprendo como fazer. Só que não. Quando precisa, não dá tempo de aprender nada, tem que entrar já sabendo fazer. Spoiler para a vida: improviso não salva Relacionamento.

Mas para eles, foda-se que tudo vai desabar lá na frente, é só uma relação. Se gerasse a perda do emprego, garanto que tomariam o maior cuidado. Homens apenas estão na relação, não cuidam dela, não a cultivam, não acrescentam. Eles apenas a viabilizam. No dia que não tem uma palhaça para fazer a manutenção necessária, desaba tudo. O cachorro morre. E eles nem ao menos se dão conta de que a culpa da porra do cachorro morrer foi sua. “Morreu, o que eu podia fazer?”. CUIDAR, CARALHO. Se interessar, observar o que o cachorro precisava, se dedicar antes de chegar nesse ponto da parceira não aguentar mais carregar tudo sozinha.

É assim desde sempre e não creio que mude. Homens são o eterno tanto faz, a eterna inércia, o eterno estar. Eles estão ali, e com isso já acham que estão fazendo demais, afinal, eles poderiam estar bebendo com os amigos! Eles tem um ganho secundário enorme se mantendo às margens da Relação: se poupam de muito trabalho, pois relacionamento é trabalho. Não quer arregaçar as mangas e ter trabalho? Não entre em um relacionamento. A convivência é difícil, o ser humano é uma coisa chata, meio porca, meio filha da puta, muitos ajustes são necessários… vai dar trabalho. Se vai ficar de preguiça, de mediocridade fazendo apenas o necessário, se vai ficar de espectador em vez de ser parceiro, não entre, porque se para vocês A Relação não é nada, para a maioria das mulheres é algo muito importante, então, vão a merda e nem comecem. Deixem a gente investir onde tem futuro.

Começam. Começam mesmo assim, são meros espectadores e ainda reclamam quando a mulher se irrita “sem motivo nenhum”. Anota aí: NINGUÉM, animal, vegetal ou fungo, se irrita sem motivo algum. Talvez você não entenda o motivo, mas engole o “sem motivo algum”, pois o motivo está lá e se você não fosse tão inerte e desinteressado, saberia. A mulher vai se irritando por carregar A Relação nas costas sozinha, por ver que não pode contar com o homem para algo que é tão importante para ela, por perceber que se ela um dia não puder mais cuidar do cachorro ele morre e tenta conseguir uma reação do Mr. Inércia de qualquer jeito. Brigando é o último recurso. Sorria quando uma mulher brigar com você, ela ainda está tentando. Quando ela parar de brigar é que vai ser o problema.

É quase que um ato de desespero, daqueles de estapear uma pessoa para trazê-la de volta à realidade. Se briga para ver se a pessoa acorda. Mas nem na hora da briga o homem participa. Escuta o esporro, escuta tudo que ele fez de errado e se chateia. Mas não sabe nem dizer por que está chateado. Ele escuta as reclamações da mulher e se sente injustiçado, porque ela também fez ou faz coisas que o chateiam. Eles sabe quais são? Não, ele não sabe quais são. Ele sabe que a mulher fez aí uns negócios meio escrotos, mas não lembra, ele nem sabe dizer o que merda foi. Daí não pode reclamar, cala a boca porque não prestou atenção nem nisso, e fica levando esporro em silêncio, se sentindo O Injustiçado. E cresce a mágoa, e cresce o rancor. E A Relação vai morrendo.

Só que as mulheres não tem culpa dos homens serem tão relapsos afetivamente, tão descansados, tão desinteressados a ponto de não se darem ao trabalho de conversar quando algo os incomoda. Esqueceu? Fala NA HORA que acontecer. Não, não falam, querem “evitar problemas” e com isso criam problemas ainda maiores, os gênios. Se está dando para levar, se está dando para aturar, vão levando sem conversar, porque são uns descansados de merda que não querem ter trabalho e uns arrogantes de merda que acham que vão conseguir empurrar a situação assim sem maiores consequências e, quando o caldo entornar, eles lidam com isso e dão um jeito. Não dão.

É como se você comprasse uma casa mas não quisesse limpá-la por ser uma preguiçosa do caralho e a sujeira fosse acumulando. Quando a casa estivesse bem imunda, a ponto de ficar difícil de viver nela, você limpa? VOCÊ LIMPA? Não, se você for homem você vai e muda de casa, se muda. Não faz o menor sentido, mas é isso que os homens fazem, deixam A Relação, nosso sonho de infância, apodrecer diante deles porque “está dando para levar”, até que não dá mais. Não sabem calcular quando a corda vai arrebentar, acham que sabem mas não sabem. Quando percebem, já arrebentou. E foda-se, eles vão e compram outra casa. Homem não sofre como mulher quando um relacionamento acaba.

Observem que eu disse “quando o relacionamento acaba”, quando ele se exaure. Quando a mulher cansa e mete um pé na bunda antes de exaurir ele sofre feito um cão, mas quando o relacionamento acaba, por ter apodrecido, homem não está nem aí. Levanta os ombros, se convence que não havia nada que pudesse ser feito e segue a vida. Mulher chora, mulher não come, mulher sonha com o ex nos primeiros seis meses depois do término todas as noites. Homem faz o que ele faz de melhor: se manter raso, se manter sem profundidade na questão, alheio. Ele apenas está, ele continua espectador, seja na Relação ou no fim dela. Coadjuvante eterno, desconhece até o último minuto a grandeza da merda que fez e o tamanho da dor e estrago que causou.

Tanto é que depois de uma mulher remar sozinha por anos, quando finalmente ela não tem mais força e tudo acaba, o homem responde que não sabe a razão pela qual acabou. Quando perguntado, o imbecilóide diz: “desgaste”. Vai desculpar, mas o que acaba por desgaste são as peças de um automóvel, não A Relação. Confortável colocar a culpa em um ente externo genérico. Desgaste. Desgaste é consequência do motivo real: a incompetência masculina em ajudar a mulher a manter uma relação. Alguns nem mesmo se atrevem a chutar um motivo genérico estilo desgaste. Eles realmente não sabem a razão pela qual acabou: “sei lá, acabou”. Spoiler: a menos que alguém morra ou se mude, acaba porque não souberam cuidar, cultivar, ok?

Não estou dizendo que homem tem que ajudar a escolher a cor das cortinas ou ver Grey’s Anatomy com a mulher se não acaba a relação. Tem um mundo de diferença entre se aviadar e estar presente no relacionamento. Acho que em tese, os homens até sabem disso. Mas, no estresse do dia a dia, no passar dos anos, quando vem aquela sensação de que a pessoa está garantida, no meio de tantos estímulos externos, A Relação acaba sendo a primeira que sucumbe, a primeira que é preterida por eles, talvez por achar que não vai acabar, que se um dia as coisas escaralharem, ele lida com isso e dá um jeito. Homens tem dificuldade com placas de PARE. Eles acham que sempre podem dar um jeito em tudo. Mas em relacionamento, se nunca participou, não vai conseguir. É como querer ganhar uma medalha sem treinar.

Em resumo, homens não sabem cultivar um relacionamento, cultivar interesses e atividades em comum, manter vivo o elo, o vínculo. Homens não acham necessário ou sequer percebem que isso existe. TUDO sobra para a mulher em matéria de relacionamento. TUDO. Isso exaure uma pessoa emocionalmente. Isso é injusto, acomodado e cuzão. Crie vergonha na cara HOJE e se pergunte o que você pode fazer para melhorar A Relação, pois esse cachorro também é seu.

Para tentar explicar este dia de fúria e errar, para imaginar o Somir chorando em posição fetal debaixo da cama ao ler isto ou ainda para ficar bem quietinho para não sobrar para você: sally@desfavor.com

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Comments (66)

  • “As mulheres fingem orgasmos para manter a relação,
    os homens fingem manter a relação para ter orgasmos”!

    Obs.: O resto é prosopopeia dialética marxista!!! Caguei!

  • Depois de muito de , termina ou não termina consegui terminar a relação peguei ninjas coisas e fui morar sozinha. Muito difícil, tem horas que dá uma vontade de voltar atrás e ligar … Pedir pra voltar e tal. Estou resistindo! Espero que essa dor passe logo e obrigada por este texto q me deu coragem de acabar com os abusos pelo qual estava passando.

    • Passa sim, Milla. Passa antes do que a gente imagina e depois a gente se pergunta como conseguiu ficar tanto tempo naquela merda…

  • Presumo que tenha compreendido as circunstancias do seu texto. Alem disso, voce nao é obrigada a sair fazendo pesquisas e enumerando quais homens agem diferente. Fugiria à tematica surtada do post. Muito feliz em suas colocacoes. Nao odiadora dos homens, nem Amelia bobinha, tampouco vitimista egoista. Cada vez te admiro mais. Equilibrada em suas assertivas logicas, sensatas. Eu me vi em seu texto: nós somos uns egoistas. Deviamos olhar mais para nossas companheiras.

    No meu único (até agora) casamento, a parte preocupada pelo destino da relação também era eu.

    Ela é do tipo calada. Muitas vezes, pedia-a para sentar na minha coxa e, segurando em sua mao, praticamente, eu monologava acerca da necessidade urgente de modificacoes e alertas sobre o declinio da relacao.

    Esse negocio de culpa, expectativa, cortinas amareladas…bem, no nosso caso, nao bastava. Mais produtivo focar na solucao e nao em quem teve culpa. Dizer “nós” e nao “eu”. Indicar “eu me sinto mal com isso…”, ao inves de “Voce que é a culpada disso ou daquilo”. Sugestoes. Teoria. Na pratica, a coisa muda de figura.

    Mas eu gosto de desafios. A relaçao poderia ter sido salva. É possivel que ainda haja esperanças, quando ainda nao houve o divorcio, mas…Uma criança envolvida em discussoes acaloradas…

    Seria muito egoismo e, talvez uma crueldade continuar. De uma coisa tenho certeza: devo admitir, Sally, nós raramente sabemos o motivo do termino do relacionamento:

    Preciso estudar com afinco sobre
    “porque a relação acabou.”

    • Sabemos o motivo sim. La no fundinho, sabemos. Frequentemente não temos estrutura para ver ou admitir, mas sabemos… e quase sempre é culpa nossa, na escolha.

      • Ai, Sally…como vc tem razão :-(

        Eu estava agora à pouco justamente pensando nas razões do meu divórcio, pensando em como eu gostaria q meu relacionamento com meu ex-marido tivesse dado certo. Hoje completaríamos 12 anos de união se ainda estivéssemos juntos, estou fazendo a mudança pra casa do meu novo companheiro e me sentindo muito melancólica. É verdade, sabemos sim o porquê de não ter dado certo. O ruim é q a gente sempre acaba se dando conta do que poderíamos ter feito diferente qdo já é tarde demais.

  • Sally fui casada três vezes, e este ano desvirei o santo Antonio e pedi para ele não me deixar casar nunca mais. Tô cansada. Ao ler o seu texto imediatamente pensei que há alguns anos atrás bem poderia tê-lo escrito.
    Os homens são simples na forma de sentir, pensar e de decidir as coisas. São tão simples que acabam sendo complicados para nós, mulheres, que somos complexas
    Não sei se você leu uma crônica que corre na internet chamada CONSELHOS DE PUTA VELHA. Por lá talvez encontre respostas relacionadas à sua reflexão sobre a entidade “Relação”. Ouve o conselho dessa puta velha! Por incrível que pareça, ela acertou na mosca. Ah, fica combinado pra todo sempre que esperar que homens façam duas coisas ao mesmo tempo já é pedir demais.
    Bj y

  • Sally, eu me separei no comecinho de 2014, depois de 10,5 de relação e dois filhos em comum. Eu até acho q esperei DEMAIS, quase qqlr outra mulher q conheço teria jogado tudo para o alto muito antes. Tudo isso q vc narrou acontecia comigo. Foi muito duro e de certa forma traumático, mesmo tendo sido eu a ter dado o derradeiro chute na bunda do indivíduo. Ainda hoje me pergunto se fiz o certo, mas eu estava morta por dentro. Minhas emoções para com o meu então parceiro haviam simplesmente desaparecido e se transformado em resignação. E quem em seu santo juízo quer manter um relacionamento afetivo q tenha como base a resignação?

    Eu vivia esperando. Primeiro lutei, briguei, esbravejei, dei piti, fazia questão de discutir a relação, de tentar entender certos comportamentos, de deixar tudo claro, de tirar dúvidas, de dialogar. Mas meu ex era um autista emocional, digamos assim. Eu não sei se todo homem é assim, eu espero francamente q não. Mas no caso do meu ex não foi a primeira vez, ele já vinha de um casamento falido qdo eu o conheci. Obviamente ele contava q a razão do divórcio com sua primeira esposa foi o chifre q levou dela. Mas por quê será q ela meteu chifre nele, hein? Hoje eu sei porquê. Nem todo mundo age igual, eu não o traí, preferi acabar com tudo antes de chegar a esse ponto, mas entendo perfeitamente quem acabe buscando consolo em outros braços qdo ainda se encontra em um relacionamento falido.

    Só sei q agora estou com outro homem, final deste mês me mudo pra casa dele e aí veremos. Uma coisa é namorar e outra ir morar junto. Esse seu texto me deu uma desanimada, confesso, hahaha. Mas sei lá, sou uma eterna otimista.

    • Torço por você. Sim, morar junto é diferente. Quando a gente namora é só o trailer, apenas ao morar junto vemos o filme.

  • Nesse tem pontos que eu concordo muito, como o sinal de que se as brigas acabaram, acabou tb a esperança de que mude, e que um relacionamento é construído (e não “surgido do além”) e depende de dois lados.

    Mas tem um ponto complicado: sonhar um sonho que envolve o outro. Difícil isso… Entendo que uma relação parte de um pré suposto que duas pessoas se dedicarão a um objetivo comum. Mas quantos casais discutem esse objetivo? Quantas pessoas estão preocupadas com o futuro que querem ter? Vejo muita gente que entra em um relacionamento querendo algo completamente oposto ao outro, achando que dá para mudar o outro no meio do caminho. Outros que nem se importam ou se preocupam em saber quais são as expectativas do parceiro, já que elas próprias tem as suas tão claras e bem definidas, que nem lembram do outro. Ai fica essa discordância velada, um querendo casamento com flores e o outro viagem pra Indonésia… Para mim grande parte dos desencontros de um relacionamento não são as altas expectativas como alguém disse, mas são os não combinados, os implícitos, as expectativas não declaradas ou não compartilhadas.

    • Sim, as pessoas não dialogam, vem com planos prontos e querem encaixar o outro. Para mim o bacana é construir um plano juntos, mas quase ninguém sabe ou quer fazer isso…

  • Ahh como eu concordo com esse texto! Se bem que não dá pra generalizar também, há alguns, poucos, raríssimos homens na face da terra que sabem ter semancol e “ler” o que a pessoa sente e tal.

    P.S: Fiquei pensando, isso foi escrito há tempos ou… tem alguma relação com o Somir e o fato dele achar que sempre pode dar um jeito em tudo? hehe

  • Eu acho que é possível prever quando o ser é desse naipe. Pequenas coisas escapam quando há essa tendência. O que me consola é que eu conheço homens que não são nada disso.

    • Tb conheci e conheço homens q gostam de dialogar, q se interessam genuinamente pelo bem-estar da outra pessoa e q são esforçados nesse sentido. Mas não são muitos não.

  • Toda frustração é causada por excesso de expectativa.

    Se um dos lados tem expectativa demasiada não pode culpar ninguém além de si mesmo.

  • vários pontos podem ser discutidos em relação ao tema, mas queria falar sobre um, especificamente: Sally diz, no meio do texto: “Só que as mulheres não tem culpa dos homens serem tão relapsos afetivamente, tão descansados, tão desinteressados a ponto de não se darem ao trabalho de conversar quando algo os incomoda.” Discordo dessa afirmativa. Os homens ainda são criados e educados por mulheres machistas, que perpetuam o modelo cultural de comportamento machista vigente até os dias de hoje. O panorama está mudando, mas não a ponto de ser estatisticamente relevante. A culpa é nossa, além disso, porque ainda concordamos em permanecer em relacionamentos com homens que se comportam dessa maneira. Sabe aquela coisa de que se, um belo dia, todas as mulheres resolvessem dar uma banana e peitassem a imposição de viverem maquiadas e assumissem a cara limpa? A indústria de cosméticos iria à falência rapidamente. É isso. Se, hipoteticamente, todas as mulheres se recusassem a ficar com homens de merda, eles teriam duas opções: se relacionar entre si ou mudar para se adaptar.

    • Responsabilidade, eu até acho que temos. Mas culpa não. Ser criado de uma forma não é fatalismo. Somir nasceu católico e em vez de se esconder no “fui criado assim” rompeu com tudo e virou ateu. Pessoas podem romper com aquilo que discordam quando percebem que não está dando certo…

      • Concordo que nao é culpa e sim responsabilidade. As pessoas podem mudar de conduta ao perceberem que algo não está dando certo. O problema é que para os homens, esse modo de ser ainda está dando certo. Só vai deixar de dar certo para eles quando as mulheres começarem a dispensar solenemente esse tipo de exemplar.

          • Por isso que falei de ser possível pescar no inicio a tendência do individuo. Sempre alguma coisa escapa, o problema e a maior dificuldade é ter o distanciamento e a racionalidade necessária para agir nessas horas.

  • P.S.: A gente assiste aos filmes de astronauta e joga uma peladinha de vez em quando, mas a maioria percebe que sonhos de menino são apenas sonhos de menino, aceitando a que ser astronauta ou jogador de futebol pode não ser exatamente o que imaginava quando criança, sem culpar a NASA ou a FIFA pela nossa frustração.

    • Sim,por ser uma coisa inviável, não levam esse sonho adiante. Mas outros que são viáveis, levam sim. Cada um leva adiante o sonho que quer e a coisa digna a se fazer é não ficar com alguém cujo sonho voce nao esta disposto a realizar.

  • Eu não sei o que é “A Relação”. Dito assim, parece que existe um “projeto comum” que deveria ser tocado pelas partes envolvidas, só que como caralhos eu vou ajudar num projeto que está na cabeça da outra parte desde que ela tinha seis anos e gostava de princesas, mas que ao mesmo tempo ela quer que eu adivinhe o tempo todo? Aí neguinho é obrigado a alimentar um Tamagotchi imaginário que ele nem desconfia a cara que tem. A relação (com r minúsculo, que é como nós homens a vemos) é estar com alguém, fazer coisas juntos, trocar uma ideia, tentar resolver as divergências. É parecido com uma amizade, só que com sexo junto. A Relação (com R maiúsculo) é o que torna as mulheres malucas para nós. Pode ver, ser amigo de uma mulher é fácil pra cacete. O problema de comer uma amiga não é o sexo. É que clica no modo “Relação”, que não é uma amizade com sexo, é um módulo que a evolução e a Disney desenvolveram, um projeto secreto onde a norma é: “agora você tem a obrigação de servir a Relação!!!!” (ou seja, se comportar do jeito que eu quero que você se comporte, senão você vai matar o Tamagotchi). Isso é uma merda! Eu quero uma relação, não uma Relação. Só que esta opção não existe. Aí, o que acontece é que a mulher se conforma e toca a Relação sozinha, na mente dela, em um projeto de tentar moldar o homem, ou manda os homens à puta que pariu. Eu me sinto mais ou menos como a Marina, com a diferença de não ser bissexual: eu gosto de mulher, mas acho a Relação uma merda. Eu só queria a relação, mas não curto homem. Acho que fodeu. Ou melhor, me fodi.

    • J,

      Essa Marina a que você se referiu sou eu?

      Eu sou bem complicada, mas não sou dramática. Nem quis comentar o texto de hoje, porque não concordo com nada. Não sei nem como me explicar, viu? Sinto que me revelo demais por aqui, mesmo com o “anonimato”. Se eu fosse dar detalhes, acho que vocês não entenderiam.

      Fico feliz por alguém se sentir como eu!

      • Marina, sonho dos outros não é algo que se concorde ou não. Cada um tem o seu, e tem diteito a ter o seu. Mas ultimamente parece existir um consenso social que condena como medíocre mulher cujo um dos sonhos é um relacionamento. Este texto é um manifesto pelo sagrado direito de dar muita importância ao relacionamento e ter essa imoortância respeitada, independente de concordância ou não.

        E sim, a Marina que ele está falando é você. Se chupem logo que esse chove não molha tá escroto.

      • Sim, você disse que gosta de homem (atração), mas não gosta dos homens (por sermos toscos, creio). Porém, disse que mulher é complicada (não é, complicada é A Relação, essa com expectativas maiúsculas). Não tenho certeza se essa é a forma como você se sente, mas foi a impressão que me passou. Eu vi que você é complicada e tem um apego inexplicável às cortinas amareladas, mas as coisas são o que são, fazer o quê? A vida segue.

    • J.M. de S. desenvolva mais, deixa eu entender: a relação é só “estar com alguém, fazer coisas juntos, trocar uma ideia (…) parecido com uma amizade, só que com sexo junto”?

      Acho que, nestes termos, o que a Sally se refere com Relação com r maiúsculo é não é bem “um módulo que a evolução e a Disney desenvolveram, um projeto secreto onde a norma é: “agora você tem a obrigação de servir a Relação!!!!””, mas sim aquela coisa da amizade e companheirismo e mais um plus: aquela coisa do comprometimento com a pessoa, do estar ali pra ela pro que der e vier, ser não só a pessoa amiga e conselheira para todas as horas, mas “se dar” pela pessoa, conhecer seus gostos, qualidades, defeitos. modos de agir e de pensar, se colocar no lugar dela pra saber o que ela está sentindo naquele determinado momento, e, mais ainda, ao passar por qualquer dificuldade, enfrentá-las juntos, estar ao lado da pessoa e não abandoná-la, se importar com ela, sabe? Acho que é nesse sentido que a Sally quis comentar no texto: um exercício de empatia e alteridade pela pessoa, coisa que os homens – a maioria deles pelo menos – têm dificuldades em fazer, e que é um tanto distinto do tal projetinho romântico à la Disney que tu mesmo mencionou anteriormente.

      • J. M. de S. surtado

        Disney misturado com Darwin, Ge. A maioria das mulheres espera quer um homem seja um escudo forrado por dentro com veludo: macio onde encosta nelas, duro onde o mundo encosta. Um homem sensível às necessidades dela, não às dele próprio (aí é frouxo).

        Eu penso assim: é o sonho dela casar? Não me custa participar. Se é o sonho dela, para quê eu vou atrapalhar dando palpite? Montar um apartamento é o sonho dela, para quê eu vou atrapalhar dando palpite nas cortinas? Basta ter um escritório pra mim onde ela e a faxineira não se intrometam tirando as coisas do lugar. Só que isso não é A Relação. A Relação é você realmente se esforçar para fazer um duplipensar e acreditar que casar era um sonho seu também e que os detalhes da cortina realmente importam pra você, senão é a porra do “tanto faz” e ela olha pro vazio pensando “ele não se importa conosco (deveria ser ‘comigo’, mas na Relação vira conosco)”. E a Relação dificilmente admite um espaço tão grande fora do “conosco” onde você possa ter uma peça da casa pra você onde você apite e possa se refugiar quando o mundo lhe agarrou pelas bolas e apertou, e você quer ficar quieto um pouquinho, porque não quer ninguém cutucando o seu saco para saber se ainda está doendo. Porque tudo vira A Relação, que é projeto de quem mesmo, desde os seis anos? Então a roteirista, a diretora e a produtora da obra “A Relação” já foram escaladas muito antes de você passar no teste pro papel. E sim, você passou num teste complicado pra caralho, cheio de outros concorrentes, com direito a charadas, bolos, e ‘surpreenda-me’s. Você teve que ser interessante para ela, mas também para a comissão julgadora de amigas dela, sem ter dado mole para nenhuma das outras. Depois de muito ralar (para quem não anda dentro dos sapatos do Brad Pitt), ela se convence de que você vale a pena. Aí você pensa que é para agregar algo à sua vida, uma relação, sem cinquenta tons de Tamagotchi. Mas não, você tem que estar inteiro na Relação, seja ela a mulher da sua vida, seja alguém para quebrar o galho. Todas cobram o mesmo preço, porque se ela não tiver você inteirinho, começa a surtar. “Em que será que ele está pensando? Ele está com uma cara estranha… (ele só se empanturrou de churrasco e está passando mal). Será que ele não está feliz com a Relação? Vou fazer uma maluquice para descobrir o que ele está sentindo por mim, porque perguntar é para as fracas e ele só responde que não é nada não, só uma indisposição. Não, não pode ser somente o que ele disse, o tom de voz estava meio diferente, acho que ele quer me dizer uma coisa importante, mas não sabe como…”

        É diferente ser um adolescente egocêntrico fascinado por brinquedos caros de ter uma parte da vida à qual “A Relação” não tenha acesso. Quando eu falo em um relacionamento, penso em algo menos simbiótico do que eu estou chamando de “A Relação”. A última é um projeto romântico de se colocar com o outro no liquidificador e misturar até virarem uma grande pasta. Um “ser escalado” para uma brincadeira de casinha na qual você não define porra nenhuma no roteiro, porque na verdade a menina de seis anos dentro da mulher quer mostrar para a outra menina de seis anos dentro de cada amiga que ela conseguiu um príncipe melhor e o castelo dela é mais bacana. Eu não acho que esse seja o caso da Sally, mas é o da mulher média. Enfim, eu prefiro uma relação, que se assemelharia a uma amizade com sexo e cafuné, onde cada um se importe com o outro de verdade e não com autoramas e castelos da Barbie.

        • Perfeito.

          Relação naõ deve ser um projeto particular. E nem poderia ser sempre ‘dos dois’. As pessoas são diferentes. Elas podem estar em tempos diferentes e desejos não sincronizados o tempo todo.

          Querer que a pessoa embarque no SEU projeto de relação é egoísta e prepotente pacarai.

          Escolha alguém com quem tenha mais afinidade, que pareça que vai ser agradável passar ao lado pelo maior tempo possível, e curtam até onde der. Cada com um seu projeto particular e apenas algumas coisas como projeto mútuo dentro “da relação’.

          E volto: o excesso de expectativa em relação ao outro é que causa frustração. E a culpa é sim de quem tem esta expectativa demasiada.

  • Esse texto me deixou ainda mais certo de que não quero entrar em relacionamentos, nunca, relacionamentos só vai servir pra encher o saco com coisas que não me interessam, afinal, pra que ficar de mimimi com alguém se eu posso desenvolver métodos que ajudam uma grande parcela da humanidade?

    Pergunta mais ou menos off topic: Foi o Satanás I ou II que morreu por falta de cuidados? Ou sou eu que estou imaginando demais?

    • Se você encara um projeto em comum com outra pessoa aborrecimento, não tem que entrar mesmo.

      Satanás morreu, mas depois que terminamos Somir adquiriu Satanás II, ainda maior que o primeiro, que, infelizmente, está vivo.

  • Nossa! Eu sou a chata da relação e há mesmo escutei pq reclamar se estamos do jeito ué sempre esteve e eu fiquei pensando. Estou cansada de fazer tudo que ele gosta para ficarmos mais tempo juntos. Esse texto e o sofrendo por amor são ótimos. Espero ter mais sabedoria e sorte no próximo relacionamento.
    Sala, vc me ajudou muito a acabar com meu sofrimento sem medo de ser injusta ou de me arrepender. Obrigada.

    • Pessoas evoluem, passam a querer mais, melhoram. Quem quer estar sempre do mesmo jeito que esteve é medíocre. Mete o pé, sem dó, Amiga. Mete o pé, nada pior do que tocar um projeto, qualquer que ele seja, sozinha, carregando outro nas costas.

  • Concordo com cada virgula, sem nada a acrescentar.
    Disse tudo que toda mulher sempre quis explicar,mas nunca nenhum homem entenderia.

  • As mulheres sabem que é desse jeito, desde a época da minha avó e vai continuar sendo. Por que será que reclamam? Eu criar vergonha? Quem curte relacionamento é mulher, as interessadas que se empenhem!

  • Eu não faço nada e ainda tenho 30% a mais de orgasmos só por ser homem.

    Todo homem é igual, e o que não é igual é viado (nada contra, mas para algumas mulheres serve menos ainda…)

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