Sabe aquele período infernal em que dá tudo errado e você está saturado? Pois é, aconteceu comigo. Tudo dando errado, saco cheio de tudo, mau momento. Foi quando aconteceu.

Voltava para casa do trabalho dando carona para uma amiga, dentro da lei, dirigindo dentro da velocidade permitida. Mas não é só. Comigo nunca é só. Trabalho de salto alto, mas como o Código de Trânsito proíbe dirigir com sapatos de salto alto, eu uso sapatilhas, fechadas, como manda o figurino, pois sapato com a parte traseira aberta também não pode. Deixe sempre sapatilhas no carro, porque eu sou a babaca que vive dentro da lei. Também dirijo usando cinto de segurança, usando óculos, usando tudo que a lei manda. IPVA em dia, vistoria em dia, pneus calibrados.

Estava eu no meu carro mega-correto, dirigindo, como sempre, em baixa velocidade, cagona que sou, quando, do nada, em uma curva, uma moto parada se apresenta na pista. Não deu tempo de frear, em velocidade alguma daria tempo de frear e evitar a colisão com uma moto que para repentinamente em uma curva. Mas, por estar muito devagar, o que poderia ter sido morte ou cadeira de rodas, foi um totozinho que apenas causou um tombo no ocupante da moto e avarias no meu carro.

Saí do carro imediatamente para ver se ele estava bem. Ajudei ele a se levantar. Ele parecia apressado para querer subir novamente na moto, quando ouvi o grito de dois policiais mandando que ele fique parado onde estava. Levantei o rosto e, em um segundo, compreendi o que aconteceu: uma blitz fechava a rua que vinha depois da curva.

O rapaz da moto, ao ver a blitz, freou de forma abrupta, na tentativa de dar meia volta e fugir. Tinha algo errado nele. Foi aquele procedimento padrão, pediram documento, habilitação, até que veio a pergunta: “A senhora ingeriu bebida alcoólica?”. Meu “não” deveria valer 2x mais do que um “não” comum, se tem uma pessoa que não bebe sou eu. Pode fazer um bafômetro retroativo de dez anos atrás que vai continuar dando álcool zero. Já meu colega de acidente não teve a mesma postura, admitiu que bebeu e se recusou a fazer o bafômetro.

Fiz o bafômetro, deu zero álcool e o rapaz continuou se recusando. Advogado, ele sabe muito bem que não é obrigado a produzir provas contra ele mesmo. Pelo fato de estarem duas mulheres sozinhas, o tratamento não foi dos melhores, uma série de desrespeitos se seguiram. Ao falar das avarias no meu carro e de um eventual pagamento a resposta veio ríspida “Minha moto também ficou avariada, menina, não é assim não”. Jamais seria tratada da forma como fui tratada se fosse um homem, capaz de carimbar um soco na fuça do rapaz, magrinho e de óculos.

Eu queria muito ter um tamanho razoável para dar uma surra na pessoa, mas não tenho. Tinha bebido, achei melhor não conversar naquela hora, peguei contato e fiquei esperando a liberação dos documentos sentada no meio fio e comecei a chorar de raiva. O pensamento inevitável era: se eu desse um telefonema e meu “marido” viesse ao meu encontro, o tratamento seria outro.

Um agente da blitz se aproximou e, ao me ver chorando, sugeriu que eu ligue para o meu marido, pois “nessas coisas de acidente, mulher sozinha ninguém respeita”. Disse a ele que eu não tinha um marido. Ele sugeriu que eu chame um namorado. Diante do meu sinal negativo, sugeriu um primo. É, primo eu tenho, só teria que pegar um voo internacional para me ajudar. Expliquei a ele que minha família estava em outro país e tive uma crise de choro dizendo “Moço, vou simplificar as coisas para você: eu não tenho ninguém!”. O coitado se apiedou e me passou as informações do sujeito que tinha batido em mim, coisa que ele não poderia fazer, pois eram confidenciais. Terminou dizendo “É foda, tem coisas que quando é mulher sozinha, ninguém respeita mesmo não”.

Voltei para casa, com os conselhos dele na minha cabeça “mulher sozinha ninguém respeita”. Isso me fez refletir e nasceu o texto de hoje. É horrível, mas é uma verdade da vida: no Brasil, mulher sozinha (quase) ninguém respeita em certas situações. E essas “certas situações” costumam ser complicadas o bastante para que só alguém que te ama muito compre esse barulho.

Ideologicamente é terrível se confrontar com isso. A sensação que me deu é que por mais que mulheres lutem, sejam supostamente independentes, existe um grau de respeito em certas situações para o qual sempre vamos depender de homem. Comecei a refletir sobre a minha vida e meus relacionamentos. Qual o principal fator que muda quando estou em um relacionamento? O que pesa mais de bom quando estou em um relacionamento? No fundo, por qual razão eu busco tanto relacionamentos?

Já fiquei anos sozinha, sem relacionamentos. E foi bem ruim. O motivo não era solidão ou vontade de viver um grande amor, romantismo passa longe da minha pessoa. O motivo é que uma mulher sozinha é vulnerável. Você sabe que se tudo mais der errado, não tem um respaldo necessário nas situações onde o caldo engrossa. E na cidade onde eu moro, isso frequentemente acontece, principalmente para alguém como eu, que enfrenta grandes deslocamentos e lida com todo tipo de pessoa.

Tenho que aceitar que, por mais bem resolvida que me ache, existem situações de covardia onde eu não tenho subsídios para me defender sozinha. Sim, a triste ficha que me caiu é que para algumas coisa eu dependo de homem para me defender ou para nem ao menos ser desrespeitada. Verdade seja dita, no geral, o homem atua mais de forma preventiva: só por estar lá, sua mera presença coíbe certos abusos. Se é algo só meu ou de todas as mulheres, não sei, mas tive a sensação que o principal atrativo de um relacionamento não é a massagem no ego de alguém te amar e sim a dignidade e respeito que ele gera pela presença do homem.

Obviamente o sujeito não vai pagar o dano causado ao meu carro, que foi muito caro. Ele é advogado, ele sabe bem que se eu processá-lo ele pode enrolar as coisas por anos, empurrando o problema para frente. Mais: pode até ser que depois que eu fui embora ele tenha subornado o pessoal dali e nem mesmo tenha ficado consignado que ele bebeu e freou de forma brusca para escapar de uma blitz. Se bobear, ele que me processa e eu que pago uma indenização para ele. Se eu fosse um homem de 1,90m, talvez a conversa fosse outra. Talvez ele tivesse se prontificado a pagar, por medo de levar uns tapas.

Pensei no meu último relacionamento. Se eu estivesse com ele, ele teria vindo e levado esse safado pelos testículos para um caixa 24h e feito ele sacar dinheiro para os danos causados, que por sinal, ele saberia só de olhar, por entender tudo de carro. De carro, de canos, de eletricidade, de tudo que eu não entendo. Eu não teria que lidar com esse problema, assim como ele não tinha que lidar com problemas sobre coisas que não entendia, tipo compras no mercado ou conhecimento de leis.

Lembrei também da sensação que eu tive quando começamos nosso relacionamento: eu dormia. Eu dormia tanto, que vocês não tem ideia. Um sono profundo e seguro, como há anos não dormia. Alguns chamam de “o sono dos justos”, mas para mim não era o sono dos justos, era o sono dos protegidos, da certeza que se algo que eu não soubesse lidar se aproximasse, ele lidaria para mim. Nunca mais tive esse sono desde que nos separamos. Agora eu tenho sempre um medo latente, um pequeno cu na mão perene, uma sensação de desproteção que me causa um buraquinho na alma. Se um dia surgir uma situação que dependa de intimidação física, estou fodida.

Vejam bem, com isso não quero dizer que eu era um bebê cuidado. Para ser sincera, eu cuidava muito mais do que era cuidada. Mas a complementariedade permitiu que ele me ampare em situações onde eu me sentia vulnerável, assim como eu a ele quando as circunstância se invertiam. Caindo essa ficha, comecei a repensar o papel dos relacionamentos na minha vida e, talvez, quem sabe, na vida da maior parte das mulheres.

Vejo mulheres que não estão felizes no seu casamento. Na verdade, estão bem infelizes. Mas em algum ponto, eu sinto algum tipo de inveja. Não é pelo “ter marido” no sentido de precisar do olhar do outro para se reconhecer, é por ter essa rede de segurança. Se tudo mais der errado, se elas forem vítimas de uma covardia, alguém vai tomar a frente. No meu caso, se eu for vítima de uma covardia, eu tenho que acionar o Judiciário. O que isso significa? Pagar caro, pagar taxa, pagar custas, me aborrecer, esperar por anos e provavelmente não ser atendida. Eu mais do que ninguém sei o quanto o Judiciário não resolve os problemas, como não vai resolver o dinheiro que vou gastar no meu carro. Se eu tivesse marido, talvez nem tivesse sido desrespeitada em um primeiro momento. Provavelmente não teria.

Neste país maravilhoso em que vivemos, para ter respeito, em muitas situações ainda é preciso ter homem. E daí a busca por um relacionamento ganha novos contornos. Aquilo que os homens pensam, que mulher quer sempre estar em um relacionamento por carência, não me parece verdade. Queremos paz de espírito. Queremos um amparo. Queremos o sono dos protegidos. Seja na hora de peitar um valentão que quer intimidar uma menina, seja na hora de matar aquele bicho nojento que entra na sala, um “homem” ali, por você, oferece um tipo de conforto passivo, a certeza que SE um numero de possibilidade tenebrosas se concretizarem, vem alguém te socorrer.

Eu sei, eu sei. O termo “te socorrer” é de deixar o cabelo em pé. Mas eu de tempos em tempos preciso de socorro. Não sei se sou fraca, não sei se sou frágil. Mas eventualmente tem coisas que não sei lidar: um pneu furado, um acidente de carro, uma lagartixa na sala. Não se trata apenas da resolução do problema, tem algo mais profundo aí. Um Green Card para o bem estar sabendo que a resolução em standby está ali, ao seu lado, ao alcance da sua mão. É uma segurança que acolhe a alma. Talvez não devesse me apegar tanto a ela, mas me apego, pois, como estou vendo agora, quando algo dá errado se paga caro por não ser respeitada.

Adoraria viver em um país civilizado onde uma mulher sozinha pode resolver tudo sem ser desrespeitada. Adoraria não sentir esse medo constante, represado e arquivado para conseguir continuar tocando a minha vida. Mas não é a minha realidade hoje, e queria compartilhar isso com vocês, pois acredito que não seja a realidade de muitas mulheres, mulheres estas que estão sendo injustiçadas sendo taxadas de carentes, de dependentes emocionais, de submissas por fazer concessões grandes para estar com um homem. Talvez não. Talvez elas queiram o sono das protegidas. Não julgo. Não mais.

Homens nunca saberão se a gente não contar. Um exemplo bobo: a forma como seu entorno te trata quando você é vista frequentemente com um homem ao lado, ou seja, quando se presume que você está em um relacionamento. O grau de respeito aumenta quando o entorno percebe o relacionamento. O popular da birosca não diz mais cantas grosseiras, quase ameaçadoras. O vizinho não te come com os olhos no elevador. O mecânico não tenta te roubar quando você leva o carro para a revisão. Tudo isso, Senhoras e Senhores, por um único motivo: medo de levar porrada. No fundo é isso, respeito vem do medo no Brasil.

Sim, no fundo, tudo gira em torno disso. Nunca se sabe quem é aquele homem que está ao lado da mulher. Ele pode enfiar a porrada em outro homem, pode até mata-lo. Respeito não existe, medo virou sinônimo de respeito. Respeito apenas por ser humano não existe por aqui. Respeita quem tem medo de apanhar, e como, via de regra, mulher não tem potencial para bater em um homem, alguma vezes não recebe o respeito integral que mereceria.

Existem almas boas que respeitam mulher em sua totalidade, mas existem muitos babacas que não. E nunca sabemos quando vamos nos confrontar com um deles, por exemplo, em um acidente de trânsito. Ou em uma maca de hospital, quando estivermos fragilizadas e doentes. A mulher que é vítima de violência no parto é a que está sem o marido ao lado, por exemplo, com um homem do lado dificilmente alguém se atreve.

Então, em um mundo bárbaro, onde podemos cair, por um capricho do destino, a qualquer momento na condição de vítimas de uma violência, ter um marido (marido = homem, independente de casamento formalizado) é uma garantia de que estaremos protegidas de certas violências. Não desmereçam esta garantia, ela significa muito para quem se sabe mais frágil.

Não acho justo que se cobre da mulher que ela saiba se defender de tudo sozinha. É uma incapacidade praticamente física. Quando se convive com um povo mal educado, machista e muitas das vezes psicopata, não há defesa possível. Eu jamais vou impor respeito pelo físico, seja pelo um metro e meio, seja pela cara de babaca, não vai acontecer e nada do que eu faça pode mudar isso. Também não sou filha de gente importante, não tenho poder que me faça ser temida. Ao não ser temida, sei que de tempos em tempos vou ser desrespeitada impunemente e conviver com isso me deixa frustrada.

Quem é homem não consegue mensurar a sensação de impotência, de revolta, de angustia que é ter que aceitar e interiorizar que muitas vezes isso vai acontecer e a mulher não vai poder fazer nada. Aí vem a pergunta: quem sou eu para mensurar o que é mais sofrido, o constante medo e revolta do desrespeito ou um relacionamento que apesar de falido, traga segurança? Já tive essa resposta, hoje não a tenho mais, cabe a cada qual decidir. Só aviso que o caminho de bancar tudo sozinha e eventualmente ter que engolir desrespeito e agressão é muito duro. Já havia me esquecido o quanto, por sinal.

Não é o melhor dos mundos estar em um relacionamento POR isso, mas não acho demérito que este também seja um fator. A velha fórmula agora faz sentido para mim: mulher cuida, homem protege. Medíocre? Talvez, mas acho que passaram-se os séculos e, no fundo, é a combinação que dá certo, pois é o que cada um ainda faz de melhor. Tomara, TOMARA que um dia isso mude e todos transitem em todos os papéis. Na torcida.

A lei existe para proteger os mais fracos da covardia dos mais fortes. Quando a lei é ineficiente, voltamos à lei da selva velada. É o que está acontecendo hoje. Uma mulher sozinha tem menos chances de escapar de uma covardia. Então, homens, antes de julgar a insistência da mulher de estar em um relacionamento, procurem se colocar uma vez na vida na posição de quem vive com um medo latente, constante, e o desamparo da lei. Talvez vocês, no nosso lugar, fizessem muito pior.

Para se decepcionar profundamente comigo, para se oferecer para matar lagartixa ou ainda para não conseguir acreditar que um mundo assim exista por nunca ter passado por ele na condição de protagonista: sally@desfavor.com

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Comments (165)

  • Ou seja, décadas de feminismo para a conclusão patente: uma parte do “machismo” é algo natural e nunca vai acabar.

  • Gostei do texto.

    Observei situações (poucas, felizmente) de desrespeito à minha mãe quando ela ficou viúva (ao que parece, a coisa piora quando se sabe que a mulher é viúva e se vê que já tem uma certa idade). Em um ou outro caso, tive presença de espírito para intervir e pôr o sujeito em seu devido lugar. Houve vezes em que demorei para perceber o abuso, porém: fiquei ‘fulo’ depois do ocorrido, mas isso não adianta nada.

  • Sally, li seu texto assim que voltei pro Rio (sim, também voltei pra essa pocilga).

    Passou um tempo, resolvi ir a praia, 2 meses depois de voltar, na véspera do meu aniversário. Estava quietinha, sentada com meu celular, quando vi um trombadinha (deviam ter uns 16, 17 anos) se aproximando. Como vi que ele estava na mão, levantei pra correr quando, pra minha surpresa, vieram mais dois. Os três então me bandaram e ME BATERAM (eu tenho 1,58m de altura) para roubar meu celular e um cordão (claramente um chapeado).
    Desnorteada, voltei pra casa, muito mal e muito triste, como você relatou no texto. O que ouvi do meu pai foi: mulher não tem que andar sozinha.
    Meu namorado ficou ultra preocupado e pediu que eu agora só saísse com ele. Agora você me diz Sally: uma mulher de 30 anos, que já morou sozinha em outro estado, que já fez intercâmbio viajando para vários países sozinha tem de escutar que o melhor é andar sempre acompanhada por alguém, de preferência homem. Sempre andei e vivi minha vida sozinha, me recuso a aceitar isso!

    Me lembrei do seu texto na hora e me deu mais tristeza ainda.
    Nada é pior que sentir isso.

    • Sabe o que é pior? Mesmo sendo terrivelmente escroto, eles tem razão: é perigoso mulher andar sozinha no Rio, pois coisas bizarras acontecem. Você apanha, no meio da rua, na luz do dia, e ninguém faz NADA.

      obs: se você fosse homem, pensariam duas vezes antes de fazer essa covardia com você

  • Talvez pela minha altura bem acima da média das mulheres BR, e até de alguns homens, e porte mais ou menos atlético as pessoas tenham receio de mexer comigo. Sei lá, eu sempre observei, principalmente nos tempos de escola, que raramente tentavam me irritar (claro que pode haver outros motivos, mas acho que este faz parte). Em contrapartida, eu me sentia muito mais segura quando meu pai estava ao meu lado quando eu precisava passar por um bairro/rua suspeito(a) ou quando eu corria pela noite. Mudei meu horário de exercício para manhã cedinho, quando outros correm também, assim que tive chance. Apesar de ser “grandalhona” também tenho meus receios, maiores que eu. Por isso não abuso da minha genética… huh… abençoada e sempre fico bem alerta na rua. E tenho invejinha quando penso que há países onde mulheres podem andar por aí de boa, até à noite.

    Mesmo tendo esse receio, eu ainda assim tinha aquele pensamento “feminazi” de que as mulheres são umas trouxas escravas de pinto por permanecerem num relacionamento complicado. Acho que a minha vida sem dificuldades, digo sem dificuldades comparáveis a essa do texto (e as de muitas outras de outras mulheres), me deixaram com os olhos fechados sobre isso.

    Obrigada por postar textos que ensinam, divertem e esclarecem. E ainda por cima de graça.

    • É a coisa mais comum do mundo: pessoa vê mulher com cara rico e acha ser interesseira. Vê mulher com homem sarado e acha ser fútil. Vê mulher com homem poderosos ou famoso e acha ser deslumbrada. Mas a verdade é que este é um país tão cagado que são essas três características em um homem que o tornam mais apto a proteger uma mulher: ser fisicamente muito forte, ser muito rico ou ser muito poderoso.

      Mulher, qualquer mulher, no Brasil, busca proteção, lá no fundo. Ao menos eu acredito nisso.

  • Poxa sally. Te entendo perfeitamente principalmente quando me lembro da segurança que eu sentia ao lado do meu pai. Mesmo idoso, (era policial aposentado) andava armado e tinha uma voz grossa que punha medo a qualquer um.
    Deu vontade de te abraçar quando imaginei vc chorando.

  • Esse texto mecheu comigo, me emocionou, me revoltou, me entristeceu por vários motivos, pela situação descrita, pela identificação que senti, por ter terminado um relacionamento recentemente e saber o quanto isso me afeta…
    Entendi coisas sobre mim que ainda não havia reparado antes dessa leitura.
    Sally, sinto muito por você, por mim, e por todas nós que passamos diariamente por isso sem enxergar perspectiva de mudança.

    • Não conhecia a historia dela, mas infelizmente temo que esses relatos extremos façam com que relatos “menores” como o meu sejam desvalorizados na cabeça masculina…

  • Sally e impopulares, sintam se abraçadas. Sally descreveu eventos vividos por mim e muitas mulheres. Obrigada pela sinceridade e pela coragem de expor esses sentimentos tão escondidos e ignorados, mas precisamos falar sobre isso pra que encontremos um jeito melhor pra lidar com essa situação (se é que isso é possível…sinceramente, eu espero que sim). Acredito que promover igualdade em qualquer sentido é o único caminho pra alguma melhora mas ao invés disso o povo adora promover bovinamente as desigualdades pra ser aceito em algum grupo sem se dar conta que isso também os prejudica, mesmo que indiretamente (tipo religiosos querendo impor seu modo de vida sobre o resto da humanidade, juízes se colocando acima da lei, patrões colocando o lucro pessoal acima dos direitos trabalhistas, pessoas se achando melhores do que as outras pelo dinheiro que tem ou finge ter.) As pessoas se esquecem que viver em sociedade significa que o que acontece com um indivíduo afeta os demais. A pessoa que te assaltou no sinal perto do seu trabalho e te deixou com estresse pós traumático pode ser aquela criança abandonada que você achou que não era problema seu. Muitos acharam que o estupro ocorrido no RJ afetou apenas aquela mulher, vítima da violência. Mas um dia o mesmo estuprador violentou uma turista estrangeira e o caso virou mais um escândalo internacional. Ficou claro o efeito cascata?

    As mulheres submissas casadas com homens insuportáveis, não aguentam tudo não suportam tudo apenas por conveniência, elas acabam tendo alguma coisa em troca indireta, seja a aurea de santa, seja uma imagem de família margarina, ou talvez porque precisem da aprovação dos outros.

    Alguém aqui falou que o brasileiro não está pronto pra portar armas mas as impressoras 3D já estão por aí.

    • Acho que o ganho principal dessas mulheres casadas com homens insuportáveis não é a aparência e sim saber que apesar de tudo, apesar de toda a encheção de saco, elas tem uma certa garantia de não serem injustiçadas de forma covarde nas ruas. Homem é tipo um plano de saúde da dignidade no Brasil.

      • Eu pensava que as mulheres ficassem casadas pela situação $ porque dizem que mulher é interesseira. Também pensava que fosse por status e botar inveja nas outras, porque dizem que homem
        = amigo \ mulher = rival. Tudo besteira que o povo diz e a gente vai embarcando sem pensar e elas deixam quieto, quem cala consente então geral acredita.
        Achei diferente uma mulher vir online e abrir o coração desse jeito. Na real me surpreendeu.

  • Uma amiga recomendou-me a leitura. Devo dizer que não terminei o texto em razão da quantidade de sílabas repetidas que encontrei. Para ser claro, achei um mimimi sem fim.

  • Fiquei aflita com este texto. Aflita por não poder ajudar e, principalmente, por me imaginar em seu lugar. Acabei por chorar. Chorei por você e por todas as vezes em que precisei do meu pai ou irmãos e eles não puderam estar ao meu lado.
    Sinta-se abraçada.

    • Me sinto, Ginger.

      A merda é que pais envelhecem, e a tendência é que um dia o pêndulo se inverta e eles precisem que nós cuidemos deles. Quando isso acontece, quando seu pai não puder mais te proteger e precisar de proteção, se você não tiver um marido, não vai ter esse amparo.

      Amigos são ótimos, mas tem riscos, tem brigas, tem coisa de tal proporção que infelizmente neguinho só se mete se estiver comendo. Eu não tiro um amigo meu de casa, da esposa, dos filhos, de madrugada para ir me socorrer na rua, nem seria bem visto fazer isso, seria inadequado.

      Amadureça a ideia aos poucos, para que ela não caia na cabeça feito uma pedra, como aconteceu comigo.

  • Sério, Somir.
    Não sei o que fez/faz desde o último episódio, mas se você não se não fizer alguma coisa, alguém vai encontrar essa mulher incrível e você vai se sentir como o banana que está/pode estar sendo.
    Foda-se distância, foda-se o “eu”. Tem horas que se tem que pensar mais em “nela”.
    Dá seus seus pulos.

  • Sei exatamente a sensação de impotência ao pensarmos que apesar de tão competentes e bem resolvidas, nessa hora nada vale.
    Sou filha de mãe solteira que sempre dizia que a vida de uma mulher sem um homem ao lado é muito mais difícil, mas só me confrontei com essa realidade quando comecei a me tornar independente. Além de tudo, sou pequena, então já passei por situações extremamente constrangedoras em banco, consultórios médicos e odontológicos, e até no meu trabalho por pessoas que não me conheciam.Talvez por isso, me identifico com você quanto a preferência de homens que transmitam algum respeito pelo tipo físico.
    Soube que este comportamento não é exclusivo ao brasileiro, uma amiga esteve com a filha em Paris, e elas foram assaltadas e assediadas, por fim, só saiam do hotel com o guia e juraram nunca mais voltar desacompanhadas de um homem.
    Espero que um dia isso acabe…

    • Acho que mulher pequena, baixa e magra, tende a passar, ainda que inconscientemente, uma imagem de presa mais fácil e os agressores acabam tripudiando mais dessas, são mais visadas.

      • Eu felizmente sou mais alta que a média dos homens, então isso sempre me rendeu menos aborrecimentos que minhas amigas mais baixas.. E sempre fiz questao de usar os maiores saltos pra passar dos 1,90m quando saía, embora eu abomine saltos altos. Mas mesmo assim não fui poupada de ser agarrada, ter os cabelos puxados por aí, e beijada a força…

        É muito revoltante, e já chorei inúmeras vezes pensando que não devia ter ido a pé pro trabalho, não devia ter usado tal roupa, não devia ter usado maquiagem, não devia ter soltado o cabelo, etc etc etc… É muito triste ser agredida e sentir culpa…

        Há 7 anos estou num relacionamento, e nunca mais tive problemas em usar short, em passar batom vermelho, em viver como uma pessoa…desde que com ele… É revoltante…
        Sally, muito obrigada por esse texto! Muito, muito, muito amor pra vc! S2
        E sinta-se abraçada, como me senti ao ler um texto tão honesto!

        • Obrigada a você também, Nanda, pelo depoimento honesto. Está na hora de começar a falar sem medo do que vão pensar.

  • Logo após ler esse texto eu fui para faculdade, e depois iria lanchar em local que fica a 10 minutos a pé. Como estava sozinha, resolvi pegar um ônibus para não correr risco desnecessário. Porem, um colega resolveu ir comigo, e logo não vi problema em ir a pé, afinal estava com um homem ao lado.
    Nesse momento me senti igual a Sally. Como posso dizer que sou uma cidadã livre, sendo que só me sinto segura nas ruas à noite se estiver com um homem ao lado? Isso ultrapassa as diferenças biológicas entre os sexos, é cultural. E como na maioria das vezes, as pessoas fecham os olhos por não achar que isso possa mudar, ou por não quererem mudar. Nao sei qual é pior.

    • No Brasil existem as coisas aque “apenas são”. São assim, crescemos com elas assim e todo mundo aceita, por “ser assim”. Dane-se que é assim, faz mal, não está dando certo, tem que mudar. Mas ninguém nem mesmo reflete, quem dirá fazer algo para mudar…

  • Essa sensação é horrível. Só nós sabemos o que é conviver com o medo de ser estuprada, agredida e sofrer todo tipo de abuso 24 horas por dia.
    Uma vez, quando eu ainda pulava carnaval, um cara chegou puxando meu cabelo e tentando me beijar. Eu estava com as minhas amigas e meu pai estava atrás, com os amigos dele. Custei para me desvencilhar, o cara voltou atrás de mim, me agarrou de novo e tive muita sorte do meu pai ter visto e jogado ele no chão.
    Essa sensação é horrível. Não adianta negar a nossa vulnerabilidade, contra fatos, não há argumentos. O que nos resta é sentar, chorar… e pedir ao namorado/marido/amigo que nos acompanhe na hora de voltar pra casa.

    Espero que as mães que já pararam para pensar nisso eduquem seus filhos para não reproduzir esse comportamento. E espero, um dia, poder morar em algum lugar mais civilizado, onde os cidadãos tratem mulheres como seres humanos.
    Sally, sinta-se abraçada por mim e por todas as mulheres do mundo. Nós compartilhamos a mesma dor.

  • Sendo homem nunca vou conseguir entender como vocês se sentem nessas situações, acho que esse foi um dos seus melhores textos…. é realmente como dizem, nascer homem é como nascer com o bilhete premiado da loteria…

  • Sally, belo texto!
    Parece que a mulher já nasce com isso, né? Desde sempre somos tratadas assim… Desde o primário até a vida adulta… Principalmente nós que somos pequenas e frágeis, que não conseguimos sair dando porrada por aí… Já sofri muuuito com isso! Sei bem como é… Me coloquei exatamente no seu lugar lendo o texto, pq já aconteceu mil vezes de ser destrada, desrespeitada, apenas pelo fato de ser mulher! É muito triste ter que viver assim! A gente sai na rua e já se sente nua… A cada esquina pode acontecer algo! E com um homem ao lado, realmente as coisas mudam muito… Tomara mesmo que um dia as coisas mudem e nós tenhamos a dignidade de sair por aí sem medo de não voltar, ou voltar com o psicológico abalado…

    • Respeito por ser humano, independente de gênero. Como seria bacana um mundo onde gênero e orientação sexual fossem indiferentesbpara respeito…

  • Caralho Sally! Caralho! Acompanho a RID há um bom tempo e nunca um texto teve tanto impacto sobre mim como este. Sendo mulher me sinto insegura constantemente, mas esse texto trouxe uma dimensão na qual eu ainda não havia pensado. Por essas e outras, sempre que vejo algum tipo de violência contra mulheres eu intervenho. Mas não é facil, temos muito que evoluir. Não basta ser independente financeiramente, emocionalmente, a gente sempre acaba sendo “refém” dessa segurança que um homem passa.

  • Quero agradecer a todos que leram, opinaram e compartilharam este texto. Vocês me ajudaram muitíssimo e me deram forças para continuar. Um dia eu conto os detalhes.

    Fico muito feliz que o texto esteja sendo compartilhado em redes sociais, não pela vaidade da fama e sim por acreditar de coração que ele pode ajudar muitos homens a mudarem uma visão errada que tem das mulheres.

    Mais uma vez, obrigada.

    • só olhando...

      Gente, mas tá bombando esse texto! Eu que fico feliz de vc ter trazido de volta os bons debates que são a cara da RID.
      Bora chegar aos mil comentários?! Vc escreve bem demais!

        • Dentro do meu alcance e possibilidade imediato, que não dá pra sair quebrando tudo e abrindo a cabeça das pessoas na porrada para aprenderem a respeitar um ser humano, o que me deu vontade de fazer lendo este texto era de abraçar a Sally no meu colo e ficar em silêncio ali com ela por horas…

          Realmente, estou transtornado. A alguns dos textos me davam vontade era de dar porrada nela. Mas quando a gente põe um pedaço da gente no texto acho que o efeito é este mesmo…

  • Eu tenho uma vizinha baixinha que ela parece uma pombagira quando briga. De repente vcs mulheres podem usar a estratégia de armar o barraco e ganhar no grito. Nem só de porrada se resolve as coisas. Juro que temos muito medo dessa minha vizinha!

    • Aqui no Rio ninguém tem medo de grito não… além disso, é sempre um risco partir para cima no blefe. Se der errado, as consequências são graves demais: podemos nos machucar ou até morrer.

    • Sorte sua, o baque deve ter sido menor e você deve ter conseguido estruturar melhor a sua vida de posse dessa informação.

      • Porque vc é a Sally Surtada! Torcida organizada do Urubu!
        Aquela que nocauteia o Alicate!
        Na moral, pensei que vc fosse mais macho e meio que meu mundo caiu :'(

        • Eu sou bem macho nas atitudes, mas no físico sou uma menina. Se atitude impedisse estupro, abuso, violência e desrespeito, nenhuma das Impopulares jamais teria sofrido isso.

      • Innen Wahrheit

        Não é desconfiança – e as outras respostas não são de minha autoria.

        Não sei explicar (entre outras coisas) o porquê, mas percebi algo mais “humano” vindo de quem escreveu isso, quando comparado ao que leio por aqui no dia a dia.

        (prometo que quando eu entender, tento explicar melhor)

        • O que você percebeu é que esta é uma das raras vezes em que jogo um fragmento da minha vida pessoal no texto. Geralmente nossos textos sempre são muito impessoais, salvo quando fazemos piada das nossas próprias derrotas, como nos Siago Tomir. O que você viu aqui hoje é uma coisa rara, que eu só fiz por achar extremamente necessário, já que temia que um texto todo abstrato acabasse mal interpretado.

          • Achei uns toques da coluna Eu Desfavor e ficou muito mais realidade. Basta ver que não veio nenhum babaca fazer crítica, isso porque fez as pessoas refletirem.

            • Veio sim, tem um babaca aí que falou que lugar de mulher é na cozinha e que isso acontece porque mulher faz escolhas que não pode bancar!

  • Não sei se é ‘ass-pull’ mas as vezes me pergunto como que os europeus conseguem ter mais essa visão de respeito das mulheres, mesmo no calor de uma discussão, ou quase agressão física (o que já é um evento raríssimo)…

    Parece que como eles viveram a maior parte de sua civilização se matando em guerras sem quartel, eles acabaram entendendo que essa ‘vantagem’ do homem sobre a mulher é momentânea… que ela tem poder para manejar armas tal qual um homem, e afinal, não tem kung fu à prova de bala. Eu li um testemunho de um bósnio que se viu isolado com sua família em um vilarejo durante dois anos daquela guerra que teve por lá em 1991.

    Ele contou como viver uma experiência de REAL ausência de estado/lei/protocolo leva paradoxalmente à um nível de respeito e confiança entre seus pares que seria impossível em uma vida de relacionamentos e vivência. Somente naquela situação extrema, naquele sofrimento, os relacionamentos humanos surgem para tentar sobreviver contra OUTROS seres humanos, que riem, choram, tudo igual a você, mas por um ou dois motivos, querem você e os seus mortos.

    E, nesse meio, tem a questão homem/mulher. Uma mulher patrulha, uma mulher aprende a atirar tão bem ou mais do que um homem. Tem as combatentes curdas do PKK também, que não me deixam mentir. E é nesse meio que o homem entende, que não tem como ceder àquele ímpeto de ir lá e esculachar a mulher porque é – mesmo que seja um ignorante. Porque ele viveu e assimilou uma experiência na qual ele poderia morrer instantaneamente, seja por homem ou mulher.

    Análogo ou não a esta situação, a nossa ‘civilização’ brasileira precisa de um choque. Estamos mais ou menos levando com a barriga desde o período de colônia, acomoda barão como dono de fábrica, escravo como retirante ou subempregado, e ajeita daqui e acolá.

    Quando houver (porque é inevitável – pode-se adiar quanto quiser, mas a História nunca mostrou que não o é) esta ruptura, eu acredito que esta situação da mulher no Brasil será também enormemente revertida. Só nos resta saber quantos de nós vamos sobreviver aos anos de guerra…

    • O problema é que ao mesmo tempo que as mulheres são vítimas, também temos muito ser humano (homem ou mulher) descontrolado emocionalmente, despreparado para ser contrariado, inconsequente. Dar armas para todas as mulheres seria majorar a taxa de homicídios de namorados, ex-namorados e ex-namoradas dos namorados. Você acha mesmo que o brasileiro médio está preparado para portar armas?

      Mais: em um país onde não é justiça, e não falo isso por mágoa, falo com muito conhecimento de causa, dar um tiro em alguém, mesmo que de forma mais do que justificada, mesmo que em legítima defesa, pode te colocar o resto da vida na cadeia. Não se esqueça, quem vai julgar a mulher que atira é um Júri popular, sete brasileiro médios.

      • Vamos lá. Eu imaginava que o reducionismo ia ser que eu sou de alguma maneira um ‘pró-bala’, ou ‘tea-party’, ou qualquer coisa.

        Não. Eu não digo: ‘vamos distribuir armas em igualdade de condições e partir para o bangue bangue’. Eu digo: quando nós atravessarmos períodos de estresse civil e social o suficiente que leve a um estado de guerra civil (guerra civil ‘clássica’, não massacre de minorias como em Ruanda ou Congo), nós vamos ter uma oportunidade de avançar 100 anos em 2 anos, do ponto de vista de moralidade (a guerra é bonita apenas para quem nunca a vivenciou), sociedade (a sua vida estar diariamente na mão de um bando de ‘estranhos’ é uma experiência impossível de ser vivida na nossa atual sociedade), e individualidade (a visão interna nossa que nos rotulamos em castas e classes cai por terra quando o valor econômico e financeiro de uma hora para outra deixam de existir) irão mudar profundamente.

        O Brasil vai chegar num estado de guerra civil? Vai. É inevitável uma ruptura profunda em um país tão populoso e heterogêneo. O acúmulo é cada vez maior: em 50 anos quase triplicamos a população, ao mesmo tempo ocupamos cada vez mais espaços e territórios que antes eram ‘mato’, estamos cada vez mais cientes dos profundos problemas e diferenças, que antes eram soluções e homogeneidade ‘brasileira’. Não é a ‘distribuição’ de armas que vai levar a isto (mesmo porque dados indicam que já existem dúzias de milícias com poder bélico o suficiente para sitiar grandes cidades, caso haja a vontade), isto vai acontecer independentemente disto. Lembrando que poder ter revólver, pistola .38 ou carabina é ridículo pensar em termos de ‘guerra civil’, um 7.65mm de um PARAFAL atravessa pelo menos 4 paredes de dry wall, então só nerd tetudo acha que vai fazer qualquer coisa em uma situação destas….

        O ponto é: se hoje tem países europeus que respeitam a mulher, não foi da noite para o dia que isto aconteceu, muito pelo contrário. E infelizmente…

          • Qual educação? Aquela herdada da tradição jesuíta que é a norteadora do país? A educação formal de escolas formadoras de mão de obra? Ou as experiências pedagógicas isoladas que não são utilizadas em massa?

            O simplismo não resolve uma questão que transcende uma postura social (educação): tem questões psicológicas, culturais (que retroalimentam a ‘educação’) e diria que até ‘emocionais’ neste parâmetro. Não vejo como um processo que não seja ‘ruptura’, pode alterar isto no curto ou médio prazo. E longo prazo, neste caso, pode significar séculos…

              • Sally, você que é da área de ‘Humanas’ deve ter entendido o que eu quis dizer. Já sei há anos que você é uma humanista sofredora, mas a questão aqui é que certos aspectos culturais são herdados de épocas em que a coisa era tal qual na Nigéria ou Afeganistão. Sei que você sabe a que me refiro…

                E digo que nós tivemos um acúmulo material nos últimos anos que, quando houver a ruptura, pode propiciar uma nova cultura, uma nova sociedade. Mas a História mostra o que remendos de remendos de culturas anteriores geram: obscurantismo e justificativas.

                O Brasil é inevitável atravessar uma crise de proporções calamitosas. Não temos terremoto, mas temos os BM. E eles estão há muito tempo por aí…

                  • Ele ganhou muito nos últimos 10 anos. Ele é sim comodista… mas é muito mais egoísta e mesquinho do que comodista! E agora, tem a possibilidade de perder bastante…

                    É a minha aposta, não sei se vou gostar de estar certo ou errado…

                    • Eu gostaria que você estivesse certo. Qualquer coisa é melhor do que essa merda

                    • Então não sou só eu que vejo dessa forma…
                      Também acho que uma futura guerra civil será inevitável. Os BM’s são comodistas, mas estão ficando cada vez mais intolerantes e violentos. Aí a gente lembra que mora em um lugar onde, apesar de ser proibido portar armas de fogo, você compra uma com cem reais na favela mais próxima, que o governo é corrupto do alto ao baixo escalão e a polícia é pior ainda, que quase ninguém enxerga o ser humano do lado como ser humano… Isso não pode dar em boa coisa. A situação está muito saturada.

  • Confesso que antes de terminar o antigo relacionamento isso foi o que eu mais pensei: “ele cuida de mim”. Mas consegui seguir em frente e sozinha. Mais adulta e com mais responsabilidades, comecei a notar muito o que você disse. Somos um elo fraco, não damos conta de tudo.

    Infelizmente existem mulheres um pouco mais frágeis que se sujeitam a estar com BOSTAS de namorados/maridos para ter esse conforto, sim. Já parei de julgar faz tempo… Nunca se sabe se um dia vou estar nessa posição.

    • Nem sei se elas são de fato “mais frágeis”. Acho que na escala de valores dela nada supera a segurança e a paz de espírito de saber que não serão vítimas de abuso e desrespeito com a mesma facilidade que nós. Isso não é pouca coisa. Paz de espírito e viver sem medo são sinônimos de qualidade de vida.

      • Se eu também puder estar confortando, então…choraria, mas tive um desânimo daqueles tão importantes ao mesmo tempo que gostaria que se sentisse abraçada.

        Muito obrigado por mostrar esse lado e o quanto passou por muito mais (ainda) injustiças do que aquelas reveladas, acho que é isso…Além, é claro, de finalmente me fazer entender sobre aceitar que aquele tipo de auto-confiantes se faz tão necessário.

        Você não é maluca nem está sozinha !

        • Me sinto abraçada pelo seu comentário! Se serviu para que ao menos UM homem mude sua visão sobre as mulheres, o texto já valeu a pena!

  • Sally, que texto ótimo.
    Embora ele tenha me dado uma baita tristeza.
    Sim, nesse país de merda se uma mulher não tiver com um homem ao lado corre risco de passar por inúmeros abusos.
    Só para citar um caso que aconteceu comigo: estávamos meu namorado e eu em uma parque fazendo exercícios. Ele costuma correr e eu caminhar, pois nunca tive muito fôlego para correr; dessa forma não ficamos próximos, claro.
    Você acredita que passaram 3 adolescente malditos de bicicleta e um deles me deu um tapão na bunda? Fora a violência sexual (sim, pra mim por a mão na bunda de uma mulher que nem se conhece é agressão sexual) teve também a maldade. O moleque me bateu com tanta força que depois do susto (fez um barulhão a pancada) eu fiquei dolorida por horas. E eles saíram rindo. Os três !
    Eu travei não conseguia sair do lugar.
    A questão é: será que eles se atreveriam a fazer isso se meu namorado estivesse do meu lado?

    • Jamais teriam feito isso se houvesse um homem ao lado. É a cultura do desrespeito. A sociedade brasileira está doente, não apenas os homens, afinal, são as mulheres que criam esses homens. Tá tudo muito errado, em um grau onde eu não acho que exista forma de reparar tão cedo, por isso, ou se tem um homem ao lado, ou se trabalha com a constante possibilidade de ser desrespeitada e abusada a qualquer momento. Essa é a nossa realidade hoje.

      • Triste demais…

        Sabe, Sally, o impacto de termos que lidar com tanta hostilidade respinga em tudo.

        Quando vejo um homem bonito sem camisa, andando despreocupadamente pela rua, sinceramente não sei se o que eu sinto é desejo ou é inveja.

        • Eu sinto ambos. Vivi dizendo que queria ter nascido homem. Eu sinceramente QUERIA MUITO ter nascido homem para não ter que viver com medo nem passar por toda a falta de respeito que já passei ao longo da vida.

  • Só as mulheres podem entender o que você sentiu. Não tem a ver com classe social, altura, peso, idade, músculos, orientação sexual. Nascer mulher é uma desvantagem social. As mulheres precisam batalhar o dobro, o triplo, dez vezes mais pelo respeito que os homens possuem naturalmente, só por serem homens.

    Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector já deram inúmeras entrevistas dizendo que o maior elogio que podiam receber, no início da carreira, era: “Você escreve como um homem.” ou “Nem percebi que era uma autora mulher”. Aliás, até hoje, um dos maiores insultos que um homem pode ouvir é “mulherzinha”. Ninguém diz “homenzinho”, no sentido pejorativo da palavra. A “fraqueza” está em ser mulher. Ocorre que poucos homens aguentariam viver na pele de uma mulher. Poucos homens sabem o que é ter medo de estupro. Poucos homens sabem o que é ser vítima de violência doméstica. Poucos aguentariam a dor do parto, a dor da cólica, a dor que a Sally sentiu ao ser desrespeitada no seu acidente.

    Por tudo isso o feminismo ainda é urgente. É essencial.

    Também não julgo a mulher que suporta um relacionamento desgastado para não ficar sozinha. Por todos os motivos que você elencou, Sally. Entendo e respeito. Conheço inúmeros casos. Mas eu? Eu não. Não! Pago o preço e corro o risco de andar sem acompanhante, de aprender a trocar o pneu, de correr o risco de morar sozinha.

    Talvez porque a minha visão de perigo não faça distinção entre conhecidos e desconhecidos. Talvez, porque os casos de mulheres vítimas daqueles que deveriam amá-las e protegê-las me façam acreditar que não tem jeito: toda mulher será a puta da vez em um determinado momento de sua vida. E mesmo que aparentemente seja realmente mais seguro enfrentar a vida acompanhadas por um homem… quem é que nos protege desse homem que nos protege?

    • Cansei de ouvir que meus textos parecem ser escritos por homem e até mesmo se referirem a mim como homem nos comentários. Deve ter uma presunção que determinados tipos de textos vem de uma mente masculina.

      Eu também não pago o preço de me acomodar, mas continuo me revoltando pelo grau de insegurança e sofrimento que se paga por não estar em um relacionamento.

  • Há muitos anos um babaca bateu no carro da minha mãe e deu uma engrossada. Foi lá perto de casa e eu corri a acudir. Foi só chegar e ele afinou. Não fui agressivo com ele, mas o cara percebeu pela minha expressão que se engrossasse com ela de novo o tempo ia fechar. Briga de homem adulto, mesmo que você bata mais do que apanhe, sempre acaba sobrando alguma merda pra você. É por isso que fica no zero a zero e os caras respeitam quando os riscos não compensam.

      • Pois é, mas isso é relativo. Todo homem já foi menor e/ou mais fraco que outros homens. Eu aprendi a lutar em parte por isso. Mas existem os malucos com revólveres, as malucas com falsas denúncias, os bandidos politicamente influentes… É uma merda, mas dormir bem é uma questão de fé (em Deus, no marido, no pitbull, no 38, no karma ou seja lá no que for).

        • Um marido não te livra de tudo, mas juro, poupa a mulher da maioria dos aborrecimentos e medos que ela passa, nem tanto pelas atitudes, mas apenas pelo simples fato de existir.

  • Homens > Mulheres

    Agora sim eu gostei de ver! Mais mulheres tem que perceber isso que você falou e começar a entender o seu lugar no mundo. Não é piada dizer que feminismo acaba na hora que o pneu fura, é a mais pura verdade, porque a mulher que fica em casa cuidando do seu homem e dos filhos, onde tem que ficar, não passa por esses problemas. O feminismo colocou na cabeça da mulherada que é legal sair, fazer as coisas sozinha e ficar pegando geral como se fosse natural mas não é. Aí faz marcha das vadias para reclamar que ninguém respeita elas! Elas se respeitam? Mulher não se respeita, não sabe onde pertence e fica forçando todo mundo a aceitar algo que não existe na natureza. Eu não sou machista, eu sou realista, mulher não pode achar que vai querer encarar o mundo dos homens de igual pra igual e não ter que pagar o preço que a gente paga. É que nem se uma ovelha decidisse que vai viver com os lobos e começasse a reclamar que está levando mordidas! Vida de mulher é a coisa mais fácil que tem se a mulher quiser ser mulher. Fica em casa, obedece seu homem e não inventa! Vai se preocupar só com o que tem que fazer pro jantar! Quer mais vida boa que isso? Tudo é difícil quando a gente escolhe fazer o que não somos capazes de fazer. Mulher não faz trabalho difícil, não inventa nada, não sabe brigar, e ainda quer ser tratada igual homem? O feminismo estragou as mulheres, fez o pinguim achar que pode voar, mas não voa não. Aceita isso e vai fazer o que você sabe fazer.

    • Nossa, que triste. Sua resposta para o que eu apresentei é ficar em casa quieta cuidando dos filhos? A minha é uma mudança se postura da sociedade onde todos respeitem mulheres como se respeitam os homens.

    • Mulher Machista

      Quisera eu ficar na boa vida de estar em casa sowcuidando dos filhos! Infelizmente a nossa vida não é fácil e a gente precisa sair pra trabalhar e enfrentar problemas. Os homens é que querem se igualar as mulheres! Não são mais cavalheiros, viraram metrossexuais e daqui a pouco eles que vão querer receber flores!

    • Devia ser mesmo da hora a época que mulher se dava ao luxo de ficar de dondoquinha em casa. Só vi isso em novela de época e das antigas, que tinha até escravos na fazenda etc…
      Minha avó já precisou trabalhar porque teve 3 filhos e orçamento do marido não dava e minha mãe só deu uma parada depois que nasci pra voltar mais tarde. Elas eram professoras, que era profissão de mulher antigamente. Hoje em dia mulher é obrigada a ter todas profissões das mais desgastantes, nem são tão boas como ser professora.
      Muito fácil dizer que lugar de mulher é na cozinha se o homem não tiver dinheiro pra bancar todo orçamento da casa e da família. Eles falam mas nem pensam na falta de lógica que tão dizendo. Pensa que ofende? Eu adoro cozinhar, pena que preciso trabalhar e ter colegas de trabalho pré históricos e macaquitos não evoluídos.

      • Mas olha, eu estou para ver um homem que banque com conforto uma casa com filhos sozinho. Conto nos dedos da mão direita os que o fariam e em um único dedo o que o faria sem reclamar!

        • E esse do único dedo um dia vai jogar na cara o quanto se esforçou para bancar a dondoca. Ou vai trocá-la por uma Amélia mais nova e se fazer de vítima para o juiz na hora de se negar a pagar a pensão.

  • Acho que isso é uma questão de intimidação, força física mesmo um homem só tem esse poder sobre o outro se ele tiver esse potencial pra dar um soco no outro, os homens não respeitam outros homens, respeitam os homens mais fortes, homens fracos sempre serão desrespeitados

  • Sempre volta ao ponto da educação, do bom senso e da cultura inescrupulosa do brasileiro. O brasileiro já cresce com a obrigação de gostar de futebol, de comer as mulheres com os olhos, etc.
    Aquela velha mania do brasileiro de julgar as pessoas pelo carro, pela roupa que veste, pelo aparelho celular que usa, pelo fato de ter namorado ou não. Tenho raiva de brasileiro médio.

  • Nunca passei por isso, mas como funciona com gays? Sou gay e vão tentar me esculachar como se fosse mulher? E as lésbicas porradeiras que coçam o saco são mais respeitadas?

    • Duvido. O que você faz com seu cu não te tira da categoria de homem, com mais massa muscular e mais testosterona, pronto para dar uma porrada em alguém que abuse de você. Também não creio que respeitem mais uma mulher por ela ser lésbica. Não é questão de orientação sexual e sim de biologia.

    • Não sou “lésbica porradeira que coça o saco”, mas namoro uma mulher e o desrespeito é o mesmo….só que dobrado, porque é direcionado a mim e à minha namorada. As pessoas (maioria) não respeitam mulher e ponto. A gente se vira como pode, pondo muito marmanjo pra correr, mas no fundo sempre com muito medo.

      • Sim, é esse medo o tempo todo presente que me chateia, que mina minha qualidade de vida. Um absurdo ter que viver assim.

      • Pois a minha vida melhorou um pouco depois que saí do armário. Minha rua é cheia de cracudinho e todo santo dia eu era abordada por pivetes: Tia dá um trocado, tia isso, tia aquilo, sempre tiA porque eles só chateiam mulheres. Parece que menino já nasce com instinto de paunocuzar mulher! Quando adotei o visual mais masculino e seria tiO, agora ando tranquila na rua. Outra raça desgraçada são motoristas de ônibus que de noite só param o ponto quando é homem que toca a campainha. Teve uma vez que uma senhora fez sinal e o filho da puta não parou mesmo ela gritando OLHA O PONTOOO! Era meu ponto também e eu tive que ir lá na frente rosnar: MERMÃO, FIZEMOS SINAL LÁ ATRÁS! Aí o palhaço peidou pra dentro, disse que não reparou e parou pra gente saltar. Se eu fosse estilo mulherzinha, ficaria presa até o ponto final…aff!
        Tomara que esse texto se espalhe na web feito um vírus e esses idiotas aprendam a viver feito gente! Não se tocam que eles dao exemplo outros vão fazer com a mãe deles!

        • Não costumo torcer para isso, mas este texto eu gostaria que se espalhe sim. Acho que ele vai ajudar muita mulher a se entender.

    • Vai muito da postura da pessoa, se demonstrar medo os animais percebem e atacam. Eu moro na Zona Norte do RJ = pobre e nunca tive problema com homem. Claro que não tenho carro e por isso nunca testei em batidas ou em mecânicos folgados, mas ando de buzão nunca fui encoxada e ando de noite nunca me assaltaram.
      O negócio é ter um físico razoável e cara de má. Meus colegas me dizem que eu pareço estar armada ou pertencer a alguma gangue e já ganhei várias caronas grátis de colegas com carro pois elas tinham medo de voltar sozinhas.

      • Juli, essa sua postura é muito complicada. Você parece estar dizendo que a culpa é das mulheres, que não se posicionam. Não acho que seja, já vi delegada que foi estuprada, já vi juíza que foi assaltada. A culpa não está na vítima e não acho que exista algo comportamental que a mulher possa fazer que a livre da violência e do desrespeito.

        • Juli, a complicação de não considerar que a culpa jamais é da vítima é maior ainda porque há quem chegue a não demonstrar mas sem que achem o suficiente ou meramente “ainda tem cara de babaca e merece” – a criminalidade já é sim tamanha que há muitíssimos crueis SEMPRE com “passos à frente” !

          Tenho conhecidos daí “meio numa boa” que nem você,
          MAS já outros dos outros…

          • É como dizer que uma mulher foi estuprada por estar com saia curta. Desrespeito não pode ser evitado apenas com postura.

        • Eu acho que entendi o que a Juli quis dizer, e de certa forma concordo. Claro que só postura não vai te salvar de tudo, mas andar com cara de que pode bater em alguém ajuda muito! Moro sozinha, chego em casa sempe tarde da noite do trabalho, me sinto insegura com isso? Claro que sim! Só não deixo transparecer, acredito que nossa atitude faz o “agressor” pensar duas vezes. Imagino que se tivesse o namorado presente sempre me sentiria mil vezes mais segura, mas na ausência dele até que me viro bem. É claro que quando ele está do lado as cantadas e olhares caem pra zero e eu fico muito mais tranquila em relação a tudo, e Sally voce me fez pensar sobre o sono dos protegidos, isso existe sim! Quando eu durmo acompanhada do namorado é o melhor soninho do mundo!
          Adorei o texto, me fez refletir muito sobre a nossa condição de mulher, me fez repensar alguns dos meus próprios preconceitos! Muito obrigada Dona Sally.
          Bjs

  • “Mulher sozinha ninguém respeita

    Pois é, aqui foi uma mulher que acertou a lateral do carro ao fazer uma conversão em cima da hora. Ao perceber tratar-se de outra mulher, foi embora dizendo que não pagaria nada. Tive que apelar para um amigo advogado para fazê-la pagar. Detalhe: o advogado ligou primeiramente para o marido dela que, covardemente, lavou as mãos e passou o celular da esposa…

    • Pior é que é bem isso… Tem muita mulher que “ajuda” nesse tratamento diferenciado.

      Tem desde o clássico “fazer a filha mulher ajudar e poupar o filho homem”, até validar a opinião e presença de outra mulher pelo acompanhante…

      Tenho uma amiga que sempre participava com o marido de um grupo que se encontrava para fazer degustação de cerveja. Assim que ela se separou a mulherada, que quase nunca ia, passou a ir. Quem nunca teve problemas com ela passou a sentar entre ela e o namorado/ marido (como “protegendo”, se metendo na conversa, discordando propositalmente). Tem umas que chegam a perguntar sobre o ex dela, sobre vida pessoal. Ela deixou de ir a maioria dos eventos…

      Quer dizer, para elas a mulher só e confiável se estiver acompanhada. Muito triste…

      • Sim, as mulheres alimentam isso. Dá vontade de se render e casar com o primeiro que pedir, só para não passar por esse tipo de coisa, por abusos e por desrespeito. Não sei o que é pior.

  • Eu me sinto seguro e protegido ao lado da minha irmã que tem o layout da Graciane Barbosa haha! Ela botaria o mane pra pagar o preju de boa!

      • Não tenho o shape da gracyane , mas sei brigar (tks, artes marciais). Isso não tira a sacanagem da equação… As pessoas continuam te tratando como “mulherzinha”.

        Infelizmente a única coisa que funciona é pagar de maluca, barraqueira, enfiar o dedo na cara mesmo. Só que com o cu na mão, stress na cabeça e se perguntando o motivo de ter que ser tão difícil…

          • Discordo, esse gênero de afirmação é algo infantil, reducionista e ridículo. Estive de férias no Pará e vi um homem esfaquear e matar em razão de um impensado palavreado. Por tê-lo chamado de viado, um cidadão puxou uma faca e cortou-lhe a barriga, veio tudo pra fora e foi horrível. Isso ocorreu numa noite de verão, por volta de 20:00h e na frente de mais de 40 pessoas que estavam no local. Por isso devo dizer que lá o povo é bárbaro? Se formos olhar estatísticas, o nordeste é tão violento quanto o Iraque num contexto de guerra, mas nem por isso faria a afirmação que vc fez.

            • Sim, sem dúvidas. Mas o Nordeste é um lixo. Isso ninguém aqui no Desfavor discute.

              Seu argumento é totalmente desconectado do que eu disse no texto. Você claramente não entendeu, a pessoa que te passou esse texto deveria saber que ele não é para novatos. Você não tem capacidade cognitiva de acompanhar nossos textos, sugiro que não volte.

              Só para constar, o Pará fica na região Norte.

            • Mas isso todo mundo sabe! Iraque, Nordeste, RJ , Índia, etc são desse jeito porque são atrasados. E mulher só é caçada em lugares subdesenvolvidos, no primeiro mundo existem leis, respeito e policia.

              • Vá para o Japão então, onde a polícia tem problemas recorrentes com abuso de mulheres e ingênuas estrangeiras foram estupradas e mortas ao ir dar aulas particulares de inglês na casa de alunos, entre outros absurdos.

                • Saiu no lugar errado a resposta para a crença lá embaixo de que bastaria o país ser desenvolvido para esse problema acabar.

                    • Eu gosto de acreditar que existem alguns países onde mulheres são respeitadas independente de estado civil, por serem seres humanos.

  • Me identifiquei profundamente com esse texto de hoje. E é exatamente como eu me sinto, talvez não tanto pq tenho minha família inteira perto de mim. Mas dá um medo sim… Essa paz de espirito, inclusive se eu percebo que a pessoa não vai corresponder pelo perfil eu caio fora.

    E na boa? Acho saudável a gente admitir essa nossa fragilidade. Ao contrário do discurso feminista zzzZzzZzz.. Que só fodeu a cabecinha de muita gente.

    • Assino embaixo do comentário da Lichia, e complemento que por causa dessa postura equivocada de algumas “feministas” é que o feminismo vem perdendo simpatizantes.
      Sally, seu texto surpreendeu por apresentar um lado frágil que quase não aparece, mas de forma alguma é algo a se negar. Apenas mostra que você também faz parte do “humano, demasiado humano”.
      Eu me sinto assim muitas vezes e não me considero dependente de homens, mas é inegável o quanto esse instinto de proteção é gritante quando vivemos em uma sociedade equivocada como a nossa.
      Só quem é mulher entende a angústia sentida em uma simples caminhada até o trabalho quando muitos olhares inadequados e agressivos podem ser de um possível estuprador, e você pensa: se eu fosse homem, não precisaria passar por isto.
      Passo longe de pretendentes que considero muito acomodados ou pacatos, ou que se mostrem muito inseguros. Há vários motivos para isto, mas seu texto me revelou mais um motivo: me sentir protegida. Obrigada pela reflexão!

      • Sim, eu também pauto minhas escolhas de homem assim, agora que me caiu a ficha dos motivos: nunca gostei de homem magrelo, fracote. Os homens que sempre me atraíram foram lutadores, marombeiros e pessoas que, no geral, se sairiam muito bem me defendendo, de um jeito ou de outro. Nunca gostei de homens pacatos, homens que se dizem “bem resolvidos” e não se importam se alguém der em cima da sua mulher. Se é para me proteger, que atenda ao requisito.

        • Eu me sentia culpada por descartar de cara homens assim. Ficava pensando se não era tão fútil quanto as mulheres fúteis que crítico, de não olhar para o interior da pessoa blá blá blá. Seu texto foi libertador neste sentido, Sally.

          • Não é futilidade exigir físico não. Eu faço essa exigência declarada. Não é capricho meu, é minha sobrevivência. Perdi as contas do numero de vezes que fui agarrada à força, beijada à força, tive a mão passada na bunda à força (Rio de Janeiro, essa cidade maravilhosa) e passei por situações poderiam sim rumar para um estupro se não tivesse sido “salva” por uma pessoa fisicamente apta a fazê-lo.

            Quando o Judiciário e a polícia são ineficientes e corruptos, impera a lei da selva. E na lei da selva, o mais forte é o apto a proteger. Mas homem adora desqualificar isso e fazer parecer que somos fúteis, que somos infantilizadas por esperar proteção. Tudo que eu queria era não precisar de proteção, infelizmente não tenho massa muscular para colocar isso em prática.

        • Pensei que seu “tipo” fossem os nerds. Nunca imaginei, por exemplo, o Somir sendo um lutador, forte, marombeiro. Imaginava um Somir sedentário, pacato, do tipo que prefere jogos mentais à brigas de rua. Um nerd magrelo que, depois dos 30 ou depois que parou de fumar, engordou um pouco e tem barriga. Também não o imagino ciumento, “protetor”. Parece um cara “de boa”.

          Mas isso pode ser preconceito meu. Um nerd bombado, talvez? Hein, Somir?

          • Nunca gostei de homem magrelo. Não precisa ser sarado, barriga de tanquinho, mas porra, tem sim que estar apto a moer alguém na porrada.

    • Lichia,

      A que discurso feminista você se refere? Feminismo é sobre liberdade, Lichia. É sobre ser dona do próprio corpo e da própria vontade. Não é negação de fragilidades. Tanto é que a Lei Maria da Penha é considerada uma grande conquista feminista. Feminismo não é sobre ter que ser igual a homem. Não tem que provar que é melhor que homem. Ninguém “tem que” nada. A igualdade se dá dentro do contexto do Princípio da Isonomia: “Tratar os desiguais desigualmente no limite de sua desigualdade.”

      Feminismo é sobre mulher ser um ser humano. Tão livre quanto os homens para ser freira, puta, modelo, dona de casa, professora, escritora, mãe, juíza, enfim… pessoas radicais ou que querem aparecer deturpam movimentos, mas a essência do feminismo é maravilhosa: é o direito a ser tratada como um ser humano.

      • Oi Marina, sei que a pergunta não foi pra mim, mas como assinei embaixo do comentário da Lichia gostaria de responder também. O verdadeiro feminismo é o que você descreveu, mas algumas auto-intituladas “feministas” (não as considero como tais, por isso as aspas) subverteram o conceito e encaram todos os homens como inferiores e inimigos – a supremacia feminina. É uma pena, pois enfraquece a luta de quem realmente se importa com o bem estar das mulheres e com o verdadeiro feminismo, que fala de liberdade e não de superioridade, como você citou. É nosso direito escolher viver solteira assim como é nosso direito escolher viver como Amélia, e também é nosso direito viver as variações entre estes extremos. Loucura são as feminazi que querem enfiar goela abaixo de todos que toda mulher DEVE agir de forma “superior” (e vamos combinar, afinal o que significa ser superior, não é?).

      • Marina eu me tornei desencantada com o discurso feminista desde de que compreendi que ele também se trata de um movimento Marxista, a qual se baseia todo esse movimento endossado por governos populistas em que dividem grupos, dicotomizam ideias e principalmente estimulam os joguinhos de vitimização. Esse discurso dá pano pra manga, não quero me estender aqui.

        Eu sou a favor da independência emocional e financeira das mulheres, sou a favor da mulher votar, em parte sou grata, acho que mulher pode e deve ter seus projetos de vida, seja esse projeto de vida o que for, inclusive se dedicar totalmente à família (virou algo vergonhoso e indigno).

        Compreendi o que vc posicionou aqui. Mas quando vc olha por essa perspectiva que te expliquei acima, vc percebe que o buraco é bem mais embaixo e que muita coisa tb serviu com um tiro no pé. Mas o que, Lichia? A deturbação dos valores familiares, a falta de compromisso e respeito das pessoas, até mesmo a ideia desse texto de hoje, problemas de saúde mental…

        Quando eu compreendi isso, e quando eu compreendi que o feminismo virou essa massa de manobra, desencantei. Acho que se não existisse esse movimento, naturalmente as mulheres ganhariam seu espaço de maneira silenciosa e sutil.

        • Morgana e Lichia,

          Encarar homens como inimigos ou inferiores é ridículo. Chega a ser um machismo às avessas. RadFem, as feministas radicais, são criaturas, em geral, insuportáveis. Chamam homem de “macho”, classificam todos, sem exceção, como “estupradores em potencial” e chamam namoro e casamento hétero de “relação com o opressor”. É uma gente louca que deturpa tudo.

          E há um outro tipo de feminismo que é insuportável: “Feminismo quero- likes”. São feministas que fazem qualquer coisa para aparecer. Qualquer coisa mesmo! Aí ficam perseguindo comediantes que fazem piada de estupro, ou então ficam perdendo tempo reclamando de comerciais machistas, porque sabem que isso vai gerar polêmica nas redes sociais. Não se interessam pela realidade de mulheres fora do Sudeste, nem por qualquer tipo de tema que não gere polêmica imediata. Ficam procurando deslizes de marcas ou pessoas famosas a fim de produzirem o “Judas do dia”.

          Já ouvi de uma que o comediante Rafinha Bastos, que fez uma piada de estupro, é ainda pior que um estuprador, porque naturaliza o estupro com suas piadas e isso gera centenas de outros estupradores. Não dá pra discutir com um ser irracional desses. Já fui, para minha tristeza, chamada de machista por várias delas. Inclusive pessoalmente.

          Eu me considero feminista liberal. Primeiro, porque homens não são inimigos. Estamos em busca de igualdade. Se um homem quiser levantar a bandeira da legalização do aborto, por exemplo, vai ser ótimo! É ridículo o discurso RadFem que fala que homens feministas não existem, ou que querem “roubar protagonismo das mulheres”. Como se o mundo fosse uma novela da Globo em que todo mundo briga para ser protagonista! Ridículo demais!

          Como feminista liberal sou a favor de tudo: que as mulheres tenham o direito ao seu corpo e isso inclui legalização do aborto, regularização da prostituição (Li e adorei o livro “Filha, mãe, avó e puta – Gabriela Leite”, uma prostituta que estudava na USP e atendia clientes comuns, nunca foi prostituta de luxo e sempre defendeu que era uma vocação), enfim, liberdade é liberdade, não se pode discutir limites sobre o que cada um faz com seu corpo. Feministas radicais chegam ao absurdo de querer proibir prostituição, criminalizar os clientes de prostitutas adultas, proibir pornografia… Enfim…. Sem comentários!

          Tenho orgulho de dizer que nunca chamei uma mulher de puta, vadia, vagabunda, por mais que não gostasse dela. Nunca usei contra uma mulher argumentos e xingamentos que não teria como usar contra um homem. E, pessoalmente, me sinto mais segura ao lado de uma mulher do que ao lado de um homem. Isso quer dizer que confio com mais facilidade em mulheres do que homens – e esse talvez seja um ponto de incoerência na minha luta por igualdade. Mas não controlo isso. Acho que a maioria das pessoas é assim em algum grau. Por exemplo, se vocês estiverem sozinhas, à noite, e de cada lado da rua tiver dois estranhos, um homem e uma mulher, a maioria vai sentir que há menos perigo na estranha mulher do que no estranho homem. De um modo geral, nosso inconsciente interpreta homens como mais perigosos do que mulheres.

          Considero o mundo muito mais hostil e perigoso para mulheres. Pelo que a Sally falou em seu maravilhoso texto, pelo que passamos todos os dias, pelo medo de estupro, pela maior vulnerabilidade em assaltos, roubos, sequestros, pela falta de respeito generalizada, pelas dificuldades no mercado de trabalho, pelo salário ainda ser inferior, por termos que trabalhar dez vezes mais para ganhar o reconhecimento que um homem tem só por ser homem, pelo horror da impunidade nos casos de violência doméstica (a Lei Maria da Penha é linda só na teoria) e pela impunidade generalizada nos casos de estupro (não há o que discutir: a maioria das vítimas de estupro são mulheres. E, mesmo quando a vítima é homem, o estuprador dele tende a ser um homem quase em 100 por cento dos casos. Duvido que os homens vejam uma mulher suspeita na rua e tenham medo de serem estuprados por ela.)

          Enfim, motivos para lutar não faltam. Todas nós fomos ou seremos a “puta da vez” em algum momento da vida. A maioria de nós teve ou terá uma história de horror para contar. Mas, na prática, não é uma luta simples. É muito complicado. Há muita contradição, muita desunião, muita falta de coerência, muita gente querendo aparecer e pouca gente querendo, de fato, trabalhar para mudar as coisas.

          • Eu sempre tive abuso da necessidade das pessoas fazerem questão de se intitularem com base em uma definição, um conceito que muitas vezes, como é o caso aqui, não se tem um consenso, é subjetivo. Falamos a mesma coisa de formas diferente, pensamos igual, concordo com muito do que falou, mas com a diferença que eu tomei abuso e eu honestamente questiono a necessidade de assumir um rotulo pra mim, no qual eu vejo que pode não ser algo positivo.

            Eu não acho que o feminismo é o responsável por todos os problemas do mundo, que fique bem claro isso. Em parte eu sou grata (como relatei anteriormente), em parte eu questiono.

      • Marina, fiquei muito feliz com a sua resposta. Pensei seriamente em me meter em outros comentários, mas acabei desistindo pois o post em si não é sobre feminismo.
        O problema é que as pessoas acham que feminismo é um grupo homogêneo que pensa super igual e que tem sempre os piores pensamentos. É machista que acha que lugar de mulher é na cozinha acusando o feminismo, é mulher independente acusando o feminismo de tudo que é ruim nesse mundo moderno … Zzzzzzzzzzzzzzzz
        Gente, existem n vertentes do feminismo. Basta encontrar aquele que você sinta representada. Existe o feminismo mais acadêmico com pessoas que estudam teorias, fazem pós graduações em gêneros, gostam de escritoras famosas tipo a Simone de Beuvoir, sabem da tal escola de Frankfurt etc.
        Existe o feminismo mais radical (radfem), existem grupos que nem se declaram como feministas, mas são sempre citadas (Femen), existe caso de malucas perturbadas que nunca se declararam feministas, mas que as pessoas adoram citar para desacreditar todas as feministas (Valerie Solanas).
        O que é feminismo pra mim: aquele que incentiva a mulher a desenvolver todo o seu potencial, que acha que se mulher prefere ser dona de casa tudo bem, mas que ela tem opção de escolha e não que seja obrigada a tal. Aquele que diz para mães/pais educarem seus filhOs pequenos para respeitar as mulheres, aquele que diz que tudo bem se a mulher escolheu a maternidade, assim como está ok se ela opta por não ter filhos. Quantas vezes já escutamos que uma mulher só pode se dizer completa se for mãe? Se eu optar por não ter filhos serei meia mulher então?
        Aquele que diz pra mulher não se submeter a relacionamentos abusivos apenas para dar satisfações à sociedade que diz que mulher sem homem é mal amada, “vai ficar pra titia”, frustrada, etc.
        Em resumo: pra mim é um movimento contra a opressão e que não aceita que “mulher tem que”…

        • Ana,

          É isso mesmo, Ana! Se esse não fosse um blog anônimo cheio de malucos e eu estivesse com meu nome real, eu te adicionaria/seguiria agora.

  • A questão não é sexo ou ter um homem do lado. A real é se vc tem ou não dinheiro! Quem é rico, geral vai lamber o pé. Em país de merda qum se fode é sempre o pobre! Sou homem pobre e só me fodo. Mulher rica no Brasil manda mais que homem!

  • Fiquei surpresa com o que voce escreveu, por ter outra visao de ti, mas entendo perfeitamente. Sempre fui a filha mais velha que tinha somente a mae e os irmaos menores pra cuidar, tive que lutar muito nessa vida e sem alguem do meu lado, sinto que poderia sim conseguir o que consegui, só que talvez esse caminho fosse muito mais doloroso. Quem estava do meu lado pra aguentar as crises de choro e confortar quando tudo parecia dar errado era meu namorado, entao te entendo muito.
    Triste é saber que nessa sociedade a mulher seja tao vulneravel, embora seja internamente muito mais forte que qualquer homem.

  • Serio mesmo que precisa ter MARIDO ammarrado na vida? Não serve um P.A? (pau amigo)?
    Eu nunca vou casar nem ter filhos, também não tenho família proxima mas foda -se! Dou meu jeito e não vou me adaptar aos absurdos que os homens pensam.

  • É triste, mas toda mulher passa por isso. Como na vez que bati no carro de um homem e ele insistia em cobrar o conserto de danos que já estavam lá antes. Só desistiu depois de me ver com meu namorado… O pior é o sentimento de impotência

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