A droga da inveja.

Os desejos humanos variam conforme o período histórico. Existiram épocas onde o desejo principal era a riqueza, em outras poder, sexo e tantos outros objetivos. Basta observar para onde o ser humano converge suas energias, suas prioridades. O que deseja o Brasileiro Médio hoje? Os convido a fazer uma reflexão desta deprimente realidade.

Até bem pouco tempo atrás, eu acreditava que o BM desejava fama. A evasão de privacidade, os reality shows, as mentiras e polêmicas voltadas para aparecer, tudo convergia para o desejo pelos 15 minutos de fama. Compreensível, vivendo um boom das redes sociais de vídeos, todo mundo deu vazão a seu desejo de ser uma estrela, de ser filmado e visto, coisa que antes poucos conseguiam. Hoje todo mundo pode estrelar seu programa no YouTube. Poucos se dedicam a blogs escritos, para dar vazão a seu lado escritor, a maioria vai botar a cara em vídeo mesmo.

Mas hoje, já consolidada e explorada a possibilidade de qualquer um aparecer em seu próprio vídeo, acredito que o desejo do BM tenha mudado. Conseguir estrelar seu vídeo não é mais uma novidade, banalizou. Se é banal, comum, não serve mais, natural que surja um desejo novo. Na minha leitura, o grande desejo da atualidade é: ser invejado.

Não basta mais evadir a privacidade, colocar fotos, vídeos, ser visto e ouvido. É preciso também ser invejado. Ostentar algo, qualquer coisa, que faça com que os outros te invejem. Essa é a cachaça do Brasileiro Médio atualmente. Invejem meu corpo, invejem meu carro, invejem minha casa, invejem meu relacionamento, invejem minha cidade, invejem meu almoço. Fotos e vídeos aparecem aos montes com esse claro objetivo: a pessoa quer ser invejada.

Não me perguntem o ganho disso, não consigo mensurar o prazer que gera ser invejado, mas é gritante que esse é o objetivo. Inclusive é alardeado: mandam beijinho no ombro para “as inimigas” invejosas, justificam qualquer crítica com inveja e emulam uma vida, uma aparência e uma rotina falsa com o intuito de simular aquilo que acham invejável. O grande objetivo do momento do Brasileiro Médio é ser invejado.

Ele pode ser pobre, pode estar em um relacionamento fodido, pode ter um emprego de merda onde ganha mal e é tratado como cachorro, pode ser o que for, que se conseguir camuflar isso e jogar para o mundo que está em uma situação boa, fica na merda mesmo assim, feliz da vida. Buscar a inveja alheia casou perfeitamente com essa cultura onde o importante não é ser, é parecer ser. Antes se parecia ser para ostentar, para se afirmar. Hoje, além disso, se busca a inveja, despertar um sentimento ruim em terceiros. Bacana o rumo que o Brasil está tomando, cada vez melhor, hein?

Claro que não é aceitável dizer “quero que todos me invejem, isso me dá prazer”. Então, as pessoas camuflam sua ostentação visando a inveja, revestindo-a de um manto de aceitabilidade. Fazem tutorial de maquiagem a pretexto de ensinar como usar um produto, quando na verdade passam 20 minutos falando da própria vida, do produto, da sua beleza enquanto dão umas pinceladas genéricas. Sempre há uma desculpa socialmente aceitável para praticar atos que na verdade são voltados a provocar a inveja.

E a reação destas pessoas quando finalmente são invejadas chega a ser infantil de tão descarada: elas ficam muito felizes. Posam de divas, sendo homens ou mulheres e espalham aos quatro cantos, orgulhosos, o quanto estão sendo invejados. É feio, é constrangedor, é infantilóide, mas acontece. Comece a observar. Quer deixar alguém feliz? Faça a pessoa perceber que você a inveja e que essa inveja é pública.

Imagino que após um longo período de troca de likes, curtidas, retuítes e o que mais exista, os elogios não bastam mais. Tal qual drogados, que sempre precisam aumentar a dose para ter uma sensação prazerosa, os Brasileiros Médios finalmente cansaram dos elogios falsos de rede social. Agora, além de serem elogiados, eles querem ser invejados também e estão trabalhando muito duro para isso, diariamente.

Daí eu me perguntei por qual motivo alguém quer chamar para si uma reação tão feia como a inveja. As mesmas pessoas que muitas vezes dizem “temer” a inveja, tomar banho de sal grosso, fazer orações contra ela, se colocam em uma situação de atraí-la?

Não estou certa sobre a resposta, mas acredito que o ganho secundário seja o atestado de que finalmente estão despertando um sentimento verdadeiro. Depois de anos de elogios falsos, trocados em forma de escambo nas redes sociais, as pessoas querem algo verdadeiro. E como não vem espontaneamente, se provoca, atiçando o que o ser humano tem de mais vulnerável e fácil de sentir: inveja.

Alguém, em algum momento, percebeu que é fácil despertar inveja nos outros e que ela é uma forma reversa de elogio: se a pessoa quer ser como eu, sinal de que é bom ser o que eu sou, ter o que eu tenho, estar onde eu estou. Começou então uma cultura de ostentar não apenas felicidade, mas corpo, bens materiais, festas e tudo aquilo que é socialmente cobiçado e, portanto, passível de inveja.

Daí vemos cenas ridículas como pessoas que se arrumam para uma festa da cintura para cima (da cintura para baixo estão de pijama) e tiram fotos com a hashtag “partiu __________” (complete com um lugar invejável). Gente que, pasmem, leva pau de selfie para a piscina do seu prédio e tira foto do seu momento de descanso, que será devidamente publicada quando todos estiverem trabalhando, para invejarem a vida bacana que aquela pessoa leva. Gente que perde a noção do ridículo diante da necessidade de se afirmar e ser bem sucedido nessa nova dinâmica: despertar inveja.

Talvez muito o façam sem perceber o ganho secundário que existe em ser invejado. Talvez muitos o façam sem nem ao menos se dar conta que querem despertar a inveja. A cabeça do Brasileiro Médio é muito limitada, provavelmente não tem esse alcance todo. Apenas fazem, sentem uma sensação de bem estar enorme em seus egos, e por isso repetem o mesmo gênero de atitude várias e várias vezes, sem nem ao menos parar para pensar no que estão fazendo.

A inveja está virando moeda de valorização pessoal. Quanto mais invejado você for, mais valor você tem. Ainda é a mesma armadilha de sempre: depender do olhar alheio para saber seu valor, deixar que fatores externos (um namorado, seu salário, seu corpo ou a inveja) determinem o quanto você vale. Deve ser mais fácil isso do que se aprimorar como ser humano e buscar agregar valor pelos seus atos, pela relevância do que você dá ao mundo, pela sua evolução pessoal e pelo conhecimento adquirido.

Não, não. Muito difícil. Mais fácil tirar uma foto do seu corpo, de um bem seu, de uma comida ou de qualquer outra coisa que desperte desejo de quem vê. Pronto, ganhou mais uma dose da sua droga mental, se sentiu bem. Mas em breve o efeito passa e a pessoa precisa de outra dose. Como ninguém vivencia dezenas de coisas invejáveis em seu dia, elas são deliberadamente inventadas, para que a pessoa consiga mais uma dose da sua droga mental. E nessa muitos perdem a noção do ridículo. Sinto pena.

No final do dia estas pessoas não são felizes. Tal qual drogados, tem picos de felicidade e prazer no momento em que usam a droga, em que ostentam, em que se sentem invejados, mas depois, no saldo geral, são pessoas vazias, infelizes e perdidas. Já vi de perto. O vazio aumenta com o tempo, pois a pessoa não se aprimora, não constrói nada. E com o aumento desse vazio, aumenta a necessidade de se afirmar, de obter esse prazer instantâneo, essa droga mental: ser invejado.

Forma-se um círculo vicioso sem fim que termina por levar a pessoa ao ridículo, à depressão ou a viver uma vida de mentira online, afinal, a internet é o único lugar onde você pode emular trocentas situações invejáveis por dia. A pessoa acaba focando sua vida ali, deixando a vida real em segundo plano e perdendo cada vez mais tempo da sua vida criando falsas situações invejáveis para ostentar.

Pobres Brasileiros Médios, sempre serão escravos de modismos na eterna busca pela sua valorização pessoal, que nunca será alcançada, salvo em picos de prazer temporários, pois são e sempre serão vira-latas complexados, ofendidos e inseguros.

Não sei se minha teoria faz sentido para vocês, como sempre, discutamos nos comentários. Certeza que essa teoria pode ser aprimorada.

Para dizer que na verdade eu te invejo, para acrescer algo útil à minha teoria ou apenas para contar o ridículo alcançado por algum infeliz na intenção de ser invejado: sally@desfavor.com

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Comments (90)

  • Ivo

    Responder

    Sally, eu não sou um fã gratuito, barato. Admiro seu trabalho e sempre procuro explicar o motivo sem demagogia.
    Você escreve um texto perfeito, uma analise psicologica geniala inveja, e no final, reconhece humildemente que ainda ha espaço para aprimoramento. Como não ser fã?

    Olha, amei sua analogia da inveja com uma droga…Gostaria de ler sua analise sobre a compulsão de mentir.

  • Angela

    Responder

    Infelizmente.Só os Fracassados sentem inveja. Eu fui vitima dela. Acabei com essa rede facebunda. To fora! Está cheio de depressivos que não se alegram com a felicidade alheia, simplesmente especulam a vida dos outros. Falsos amigos. Não preciso disso. Agora destruirei o whatssapp outra merda também.

    • Coruja

      Responder

      Né por nada não, mas por que você postava sua vida numa rede social, só pra começo de conversa? Pras pessoas terem a maravilhosa oportunidade de ficarem felizes por você? Tá Serto. Foi procurar ser invejada, só isso. Pelo visto, achou o que tava procurando.

  • Linn

    Responder

    Inveja só atinge um tipo de pessoa : gente insegura e mal resolvida que não deseja a felicidade do outro. Quem é bem resolvido não sente inveja dos outros e nem se incomoda com ostentação alheia. Quem quer ficar causando inveja geralmente gosta de ser paparicado, quer ser o centro das atenções, quer seus minutos de fama, uma coisa leva a outra.

  • Anonimo

    Responder

    Só uma coisa…

    Por que não pode mesmo levar pau de selfie pra tirar foto na piscina? Por que é errado ou ridículo?

  • FML

    Responder

    Aquele projeto de mini piriguete se encaixa beeeem aqui, com seus “falsetes” maravilhosos e suas amigas… Todas muito “evejadas”… A tal da Mc’ Melody, que tem um pai nojento e pior q ela… MORRO DE INVEJA!!! SQN!

  • ana

    Responder

    Nossa, que texto incrível !
    Redes sociais virou o paraíso de pessoas loucas para serem invejadas. É um tal de “não me inveje, se esforce”, “me criticar é fácil, difícil é ser eu”, etc etc etc.
    Eu ignoro solenemente as fotos/frases que passam a imagem “olhem como sou foda”, pois se você elogia massageia o ego da pessoa, se critica é porque está com inveja…
    Nossa, me dá uma preguiça.
    Antes eu tinha a doce ilusão de que as pessoas publicavam fotos para compartilhar momentos especias, hoje percebo que é para uma masturbação mental.

      • DSVS

        Responder

        Pode ser (meio que sonhador/a com uma chuva de “Tá podendo, hein ?”), mas sempre prefiro esse tipo de alegações “da” Sally…

  • Diana

    Responder

    Sally, basta saber que a “blogueira fitness” Publiese, que ganha cerca de 150 mil por mês responde a qualquer crítica ou discordância com relação à ela com os termos “inveja” e “recalque”.
    As pessoas postam a vida inteira no facebook e depois “reclamam” de inveja, falsidade e recalque. É um novo esporte.

  • Danilo

    Responder

    Essa teoria explica o grande número de entradas nas academias e de compras de suplementos alimentares com a finalidade de ser invejado kkk
    Sempre as pessoas desejam projeções materiais ou de mero status de terceiros.
    Podemos pensar em postar na internet fotos mostrando uma vida que você não tem ou um país como o Brasil se candidatando para sediar Copa do Mundo ou Olimpíada para ter as cidades e estádios do 1° mundo, sendo que aquelas estruturas são projeções de uma sociedade mais evoluída cientificamente e culturalmente se a trupe do politicamente correto deixar.

  • Hikaru Mizuki

    Responder

    Os tempos mudaram bastante. Hoje em dia vejo bastante criança cujo sonho é ser Youtuber. Navegando pelo Youtube o que se vê muito é molequinho/a postando vídeo gravado de webcam péssima qualidade, fazendo bobagem e com aqueles elementos já mencionados naquele FD da Sally sobre tutorial de maquiagem. Vergonha alheia. Me pergunto onde estão os pais dessas crianças.
    Enfim, com isso eu acho que o desejo de ser famosinho está sendo mais comum entre os mais jovens, que querem imitar seu ídolo dos vídeos (gameplays estão tomando conta da internet), enquanto o desejo de ostentar e ser invejado está mais entre os adultos. Eu hein. Parece que estão num filme escolar norte-americano: o protagonista impopular que faz de tudo, até esconder seu verdadeiro eu, pra ser popular, amado e virar rainha/rei do baile do lado do/a estudante mais popular.

    • Diana

      Responder

      Olha Hikaru, não acho tão horrível assim uma criança querer ser Youtuber, ainda mais sabendo o quão rentável isso vem se tornando. Acho que os pais devem observar isso de perto, colocar limites, entender de onde vem a vontade, fazer uma análise de conteúdo… antes de deixar a criança sair filmando qualquer merda que certamente a irá prejudicar futuramente.
      Obviamente o pai da MC Melody não entra nessa roda, rsrsrsrs

      • DSVS

        Responder

        rsrsrsrs, “excepcionalizou” muito bem…

        Se nos EUA esse tipo “de setor(es) temático(s)” é umas milhares de vezes (ainda) maior, tende a ainda (tanto) onde crescer para “deistepaiz” também ser gerada tão a mais dessa “expressividade” – não passamos de concorrentes a menos pra esses, é irreversível…

      • Hikaru Mizuki

        Responder

        Eu me expressei mal, eu só mencionei pra dizer que as coisas mudaram. Não é uma crítica a quem quer ser Youtuber (seria hipócrita da minha parte)

        • DSVS

          Responder

          Não acredito que tenha se expressado mal, eu é que me excedi ao assunto do crescimento…seria hipócrita, porque eu odeio bem mais os “haters de internet” que qualquer (mau) vlogger – eu mesmo cheguei a curtir até os vários desses “mais pops” e ainda “estou atento” a alguns (umas)…

      • Marina

        Responder

        Concordo, Diana.

        Estudar não está com nada atualmente. Há Youtuber ganhando rios de dinheiro falando livremente para a câmera sobre qualquer assunto e dando a opinião que bem quiser, sem ter que pesquisar antes.

        A principal função dos pais é preparar os filhos para sobreviver o melhor possível, não é isso? As regras do jogo mudaram. A educação deve, igualmente, mudar. Do ponto de vista prático, o importante é a criança aprender como se sustentar, ter uma profissão e se ADAPTAR ao novo mercado e ao que ele exige dos que vão ganhar mais dinheiro, prestígio, fama…

        • DSVS

          Responder

          …mas com um pe(-zinho, pelo menos) para que o(a) futuro(a) adulto(a) possa ter um plano para enfim, (se) no “Primeiro Mundo”, (provavelmente) poder “dessubmissar”…

  • Larissa

    Responder

    Somente 3 gatos sabem da minha vida e olhe lá…
    O que eu conto pra um nao conto pra todos.
    Inveja é uma merda!! Tem gente que tem inveja até do que vc anda não tem…

    Eu aprendi a não falar nada porque muitas vezes existem pessoas próximas que são suas amigas mas não querem ver vc melhor. Se elas estiverem na merda… querem compania!!

    Em boca fechada não entra mosquito!!

    • Marina

      Responder

      Por que tanto medo que as pessoas tenham inveja de você, Larissa? Inveja costuma ser silenciosa, mas pela força do pensamento ninguém pode te prejudicar.

      Mas… Se você é realmente tão invejável assim, deve ser muito rica. Contrata um segurança e não evada sua privacidade nas redes sociais. De resto, deixe as pessoas livres para quererem o que elas quiserem! Se querem companhia pra compartilhar a merda com elas basta você dizer não.

  • hugo

    Responder

    Eu já tirei foto comendo pão com mortadela e postei no instagram pra mostrar que tenho sim, um lado pró governo. #amortadela

  • Breno

    Responder

    Conheço pessoalmente vários que fabricam momentos, posam de bon vivants, mas que possuem uma vida real de merda.
    Discordo que seja para causar inveja, acho que realmente são limitados a ponto de não alcançarem isso, como vc disse.
    A divulgação desses falsos momentos “invejáveis” são uma forma de tentativa de aceitação pela manada, penso eu.

    • Sally

      Responder

      Mas qual a reação que eles querem provocar? Não me parece que com essas atitudes eles desejem aceitação, pois geralmente as legendas são de confronto, estão sempre tirando onda e até mandando recado para os “inimigos”

  • Gustavo

    Responder

    Exatamente, levei a deletar meu facebook e instagram por causa disso, todo dia a mesma coisa, bombardeado por fotos de corpos sarados, comidas caras, roupas de griffe e viagens mesmo quando conhece a pessoa e sabe que ela não é assim, enfim apaguei essas redes sociais e não sinto falta,sério, isso fez muito bem pra minha auto-estima…

  • Suellen

    Responder

    A pessoa quer te ver bem, desde que não seja melhor do que ela

    Rafael Pilha, ao final do programa Superpop de 14.9.2015.

  • Marina

    Responder

    Toda vez que alguém reclama que “Tem muita gente com inveja de mim!”, “Oh, como sou invejado!”, “Preciso de uma simpatia contra olho gordo!”, “Ele(a) tem é inveja de mim!”, eu tenho vontade de perguntar:

    Você é bilionário?

    Você está livre da escravidão do relógio e da escravidão do despertador?

    Você pode comer o que quiser e o quanto quiser sem engordar e sem foder com a sua saúde?

    Você pode dormir o quanto quiser?

    Você pode confiar, genuinamente, em pelo menos uma pessoa no mundo a ponto de não precisar de máscara nenhuma e de poder ser você mesmo, tal como é, sem censura, sem ter que se explicar, sem ter que se justificar, sem ter que argumentar, sem joguinhos, sem mentiras, sem mal entendidos e sem medo de ser rejeitado ou de ser considerado louco?

    Você consegue dizer o indizível?

    Você é pássaro?

    Você fala e entende perfeitamente bem todas as línguas?

    Você consegue respirar debaixo d´água?

    Você sabe voar?

    Você já leu todos os livros do mundo?

    Você inventou algo completamente novo que vai mudar a história da humanidade para melhor?

    Você encontrou a cura do câncer, a cura do Diabetes, a cura da dengue, a cura de qual doença?

    Você despoluiu quantos rios?

    Você sabe como fazer para paraplégicos e tetraplégicos voltarem a andar?

    Você sabe fazer membros amputados crescerem novamente?

    Você consegue sumir com todas as armas do mundo?

    Você tem a solução para que a humanidade sobreviva sem ser violenta e sem se violentar?

    Você descobriu um jeito de acabar com a miséria?

    Você vive de verdade em vez de apenas sobreviver?

    Você pode confiar na sua memória? Você sempre se lembra de tudo o que aconteceu e como aconteceu sem se deixar levar pelas interpretações que os seus sentidos limitados fazem?

    Você consegue ver as coisas exatamente como elas são?

    Você consegue amar incondicionalmente de verdade?

    Você tem controle da dor a ponto de evitar o sofrimento?

    Você é imortal?

    Você é livre?

    Se sim, então você é realmente muito invejado!

  • Cris

    Responder

    Nossa, que analise perfeita. Vejo isso todos os dias nas redes sociais. Pessoas tirando foto, no meio de algum evento que deveria ser divertido,como se quisessem dizer : Olha como eu estou me divertindo !(caso estivesse mesmo se divertindo, a foto seria simplesmente para uma recordação, não para mascarar uma suposta felicidade)
    Fora outros inúmeros casos de pessoas que precisam mostrar a todo tempo como são bonitas, como são legais ou como podem viajar para um lugar bacana enquanto os outros pobres mortais estão “sofrendo” em suas vidinhas pacatas. Pesquise no google “pessoa morre tirando selfie” e veja quantos casos aparecem! Elas estão dispostas a morrer pela foto perfeita, e duvido muito que seja apenas pela recordação.
    Me sentia uma e.t , nunca entendi essa necessidade de aparecet, e como voce bem disse, de ser “invejada”. Ainda bem que encontrei na RID o meu refúgio. =)

  • Marina

    Responder

    Desconfiei disso ainda no tempo do Orkut, quando aquela comunidade “Sua inveja faz a minha fama” era uma das mais lotadas. Eu olhava o perfil dos membros e eram todos dolorosamente comuns, insignificantes, sem sal, sem relevância.

    Mas ostentavam o orgulho coletivo de serem “invejados”. Talvez, porque ao contrário do amor ou do ódio, a inveja não pode ser provada, mas também não pode ser contestada. É um sentimento secreto e silencioso por excelência. É um carimbo incontestável da admiração alheia, é selo de importância, é prova de que somos relevantes e especiais.

    A legião dos invejados cada vez aumenta mais. A ilusão do ególatra é tão forte, que não consegue perceber o quão comum e babaca é precisar se sentir invejado para se sentir importante.

    Amei o texto!!!

    • Sally

      Responder

      No dia em que o ser humano perceber a merdinha insignificante que é, o mundo vai melhorar muito. Discursos imbecilóides tipo fazer filho para “deixar sua marca no mundo” e outros similares vão desaparecer e este planeta será um lugar melhor para se viver.

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