Vem chegando o Natal! Comemoramos o aniversário do Papai Noel ou algo do tipo… Sally e Somir concordam que é uma época nefasta, mas não pelos mesmos motivos. Os impopulares distribuem suas opiniões.

Tema de hoje: qual a pior coisa do natal?

SOMIR

Natal é uma época brega. Sim, é a combinação de verde, vermelho e dourado, mas eu estou indo além disso. É um conjunto de situações que gera uma aura brega sobre toda a situação. De uma certa forma eu até consigo tolerar a hipocrisia do “espírito natalino” porque o ser humano em média é assim mesmo e é difícil esperar algo diferente.

Mas podia ser menos brega, isso temos mais capacidade de fazer. Não dá pra escapar das combinações de cores feias da época. Natal como conhecemos hoje é uma invenção da Coca-Cola (aliás, um dia eu faço um Publiciotários para mostrar quantas coisas que achamos que são tradições antigas na verdade são campanhas publicitárias recentes até), que empurrou a cor vermelha da sua marca nas roupas do bom velhinho. Some-se a isso o verde do pinheiro e o “efeito Olodum” nos enfeites e temos uma combinação dolorosa ao bom gosto.

Sem contar a breguice do elemento visual da neve no Brasil. Neve só está ligada com o natal porque no hemisfério norte é inverno nessa data. No Brasil estamos no meio do verão. Quando sua paisagem está toda coberta de algo branco, realmente faz sentido trabalhar com elementos visuais chamativos, eles se destacam e a visão não fica sobrecarregada. Mas não estamos numa paisagem digna para isso. Já pega um país excessivamente colorido e enfia mais coisa ainda? Quem tem bom gosto fica triste vendo esse efeito “arara” em todos os lugares. E pior, ainda cismam de usar neve como apoio visual no layout natalino. Ou em imagens, ou mesmo aquelas substituições ridículas que vive-se vendo em decorações de shoppings e no pinheiro daquele seu familiar brega.

E para completar a breguice, os cristãos piram! Não em respeito à sua religião, é claro, até porque se o tal de Gezuiz existiu, não nasceu dia 25 de Dezembro. Comemoram o nascimento dele no dia que a Coca-Cola achou bacana empurrar uma tradição lucrativa, parabéns, viu? Eu sei que a data tem raízes no paganismo, mas isso eu já acho demais esperar que o cristão médio saiba (não sabem nem que amigos imaginários não são reais…). E aí, dá-lhe fazer e exibir presépios. Bebê Gezuiz e seus pais (pai sim porque pai é quem cria, mesmo que a mulher tenha pulado a cerca e contado a mentira com as pernas mais longas da história) no meio do feno cercado por animais e três reis magos que não eram reis nem magos. E provavelmente nem três…

E como não se critica quem faz “arte religiosa” de nenhum tipo (vocês acham que música gospel existiria se as pessoas pudessem ser honestas sobre a qualidade do que estão ouvindo?), é um presépio mais assustador que o outro. Feitos por gente sem talento ou mesmo feitos em massa por ateus na China… e é aparentemente é o suficiente para a maioria das pessoas como expressão da sua fé. Porque vão estar enchendo a cara, maltratando os outros e tudo mais o que tem direito como sempre fazem. Eu acho religião uma coisa ridícula, mas até que eu vejo dignidade em quem a exerce com deferência e consistência (e não mata ou tortura por causa dela, importante ressaltar, né?). Não essa coisa de tratar o messias da sua crença como um bibelô num canto da sala. Isso só polui a visão. Esse esculacho ideológico é muito brega!

Não podemos nos esquecer dos presentes. É quando a gentalha infesta as ruas em busca de lembrancinhas para seus entes queridos (se bem que alguns presentes, desconfia-se se a pessoa é querida mesmo). Eu acho extremamente brega lugares lotados e confusão. Não existe dignidade em filas e em congestionamentos humanos. Pode ser na loja mais cara do shopping de mais algo nível que ainda sim é brega. Parece coisa de bicho, ir correndo pro mesmo lugar na mesma época do ano! Evolução pra quê?

Ainda mais quando os presentes desembocam num terrível amigo secreto. Qualquer presente barato o suficiente para entrar no limite de um é algo que a pessoa já poderia ter comprado mas não quis. E aquela coisa horrorosa de ficar adivinhando quem é? Uma parte minha morre toda vez que tenho que descrever alguém assim. Parece uma convenção de adultos retardados com sérios problemas de reconhecimento de pessoas. Tem que sorrir e achar bacana para não ser antipático. É muito coisa de pobre (de espírito) ter que sorrir forçado para agradar os outros.

E ainda tem a ceia! Onde as pessoas resolvem cozinhar as mesmas coisas, do mesmo jeito (e encher tudo de abacaxi e outras frutas!) e atolar a mesa de porcarias até que não tenha um milímetro da toalha aparecendo. Isso não é fartura, é breguice! Aliás, família reunida é brega por definição. É gente que não orna, não combina, todas amassadas dentro de uma casa esperando uma refeição. Tipo fila do sopão, mas com mais gente bêbada. E sim, como todo mundo acha que é época de encher a cara, a breguice aumenta exponencialmente. Pessoas sem filtro reduzem-se ao menor denominador comum, a dignidade sai pela janela.

Sem contar as tradições midiáticas. Tem Simone, tem Roberto Carlos… coisas terrivelmente bregas que as pessoas acabam tolerando no Natal. Não que quem escutou funk e sertanejo o ano inteiro tenha muito para onde cair, mas mesmo assim, é de doer. E musiquinha de Natal? Se essas porras fossem boas, tocavam o ano todo! Não é um bom indicativo que as pessoas não gostam disso se você tocar fora de hora e te olharem com cara de “wat”?

O ser humano ser hipócrita e fingir que é boa pessoa é mais velho que andar pra frente. Mas essas tradições todas são recentes e tiradas da cartola de publicitários, isso daria para parar. Mas não, as pessoas acham linda essa breguice. Querem ver luzinhas piscantes enquanto enchem a cara. A vida é brega…

Para dizer que o Krampus vai aparecer, para dizer que brega mesmo é reclamar disso todo ano, ou mesmo para dizer que eu não sei me divertir (eu já me diverti uma vez, foi horrível…): somir@desfavor.com

SALLY

Sabemos que natal é um tremendo pacote de desfavores, mas também sabemos que eles tem gradações: qual é o pior desfavor embutido dentro dessa época natalina escrota?

Eu acredito que seja essa pseudo-bondade hipócrita que toma conta das pessoas. Natal é tempo de amor, natal é tempo de perdão. Aquele filho da puta que quando te dá um tapinha nas costas é por estar procurando o melhor lugar para enfiar a faca vem te abraçar e você tem que achar lindo.

Tudo de ruim tem que ser apagado. Quem te fodeu das piores formas possíveis ganha um free pass. É como aquela carta do Banco Imobiliário que te permite sair da cadeia: a pessoa se sente no direito de zerar tudo, sua folha de antecedentes criminais sociais zera. Ah… vá à merda. Filho da puta não se está, filho da puta se é.

A gentalha com a qual não quero mais contato reaparecendo nesse período e tentando passar uma borracha no passado definitivamente é o que mais me irrita. Não é calendário que vai me fazer perdoar ou esquecer. Eu não fico mais boazinha no natal e acho bizarro, grotesco e risível quem o faz. Esse espírito natalino seletivo, para mim, é sinônimo de hipocrisia. Se eu pudesse ia para o topo de uma montanha no primeiro dia de dezembro e só voltava em janeiro, as pessoas ficam nojentas nesse período.

Além de me encherem o saco buscando validação, reaproximação ou perdão (spoiler: não vai adiantar, nem tente), as pessoas também se colocam na patética situação de perdoar e reatar laços com quem as fodeu absurdamente. É o mês dos capachos! Neguinho de boa abraçando quem cagou na sua cabeça o ano todo. Juro, isso me faz mal fisicamente, não tenho estômago para isso.

Incrível o embostecimento que as pessoas sofrem nessa época do ano. Quanto mais perto do dia 25, pior. E a coisa ganha proporções coletivas, pois a Família Brasileira, essa instituição fascinante que representa o coletivo de Brasileiro Médio, se reúne. Falam mal uns dos outros o ano todo, brigam, se detonam, mas chega no natal todo mundo se une… trocam presentes, jantam juntos – Traz o balde que eu vou vomitar.

A confraternização (leia-se, paunocuzação) te cerca de forma sufocante por todos os lados. É amigo oculto no trabalho, é cartãozinho natalino ridículo, é mensagem padronizada no whatsapp, que você vê que a pessoa mandou para dezenas de contatos. Eu tenho uma regra: quando recebo uma mensagem dessas que sei que foram replicadas em massa por e-mail ou whatsapp, excluo o remetente. Gente que corta cola para falar comigo está fora da minha vida.

As pessoas também ficam irritantemente felizes no natal. Vem no pacote dessa coisa de bondade, perdão e espírito natalino. Eu tenho a teoria que essa felicidade em nada tem a ver como o menino Jesus e sim com o 13°. Quer ver brasileiro feliz é só colocar dinheiro na conta dele. Povinho medíocre e hipócrita. Óbvio que estão contentes, estão com dinheiro, estão cercados de eventos onde podem encher os cornos (festa da empresa, ceia de natal, etc) e está um calor infernal! Pronto, tá aí o pacote que deixa BM feliz, só perde para carnaval, porque tem tudo isso e ainda tem putaria.

Vão cagar no mato com esse discurso de bondade e espírito natalino. Tira o álcool para você ver. Proíbe a venda de álcool no mês de dezembro e você vai ver se essa felicidade toda continua. Vai sair até homicídio na ceia em família! Macaquitos barulhentos que precisam se embriagar para suportar a vida e eventos. Gentalha que adora se aglomerar!

Brasileróide gosta de “casa cheia”, 30 pessoas dentro de uma casa que abrigaria com dignidade no máximo 10. Ficam lá, no total desconforto. Não pela aclamada bondade ou espírito natalino, mas pela pobreza de espírito mesmo: quanto mais melhor, quanto mais, mais pessoas, mais a pessoa acha que ostenta. A festa dela foi a que tinha MAIS gente, olha que fodástico! Quem se importa se eram todos desinteressantes e bêbados? A festa dela era a que tinha MAIS comida e bebida, quem se importa se era de péssima qualidade? Para pobre, quantidade é status.

Assim, a gentalha ostenta tirando onda de que está imbuída do espírito natalino de amor e confraternização. Pausa para rir. Some com as redes sociais, destrói todas elas e vê se algum filho da puta tira uma única foto da ceia de natal, pelo simples motivo de querer guardar a lembrança do momento! Não tira, se não for para ostentar, não tem razão de existir.

Brasileiro não é um povo bom como adora proclamar. É um povo malandro, interesseiro, acomodado e incompetente (e de higiene duvidosa). Não venham tentar me enfiar essa bondade plus natalina, não cola. Essa auto-proclamação de bondade, de povo hospitaleiro, de gente bronzeada mostrando seu valor nada mais é que uma auto-massagem no ego, e muito da mal feita, como por sinal é quase tudo que fazem.

Enfiem sua bondade natalina em seus respectivos cus e parem de me encher o saco para que eu me junte a esse coro hipócrita. Eu sou a exata mesma pessoa em todos os meses do ano, minha bondade, amor e perdão independem de calendário. Eu não pactuo com a baixaria (essa foi a frase mais dita por mim em 2015, certeza!), não venham me cooptar para presenciar evento hipócrita onde se proclama amor e na prática se semeia fofoca, veneno e egoísmo. Não topo, não participo.

Nada, nenhuma atitude natalina, tem respaldo na bondade e no amor ao próximo. É sempre por um motivo egoístico ou egóico. E é muito burro quem não se dá conta disso. O BM espertão acha que engana a todo mundo e que revestir seu egoísmo e egocentrismo de nobreza vai torna-los aceitáveis, até pela pressão social em ser bom no natal. Só que não. Aqui não. Aqui natal vale merda nenhuma, palavras valem merda nenhuma, fotos valem merda nenhuma. Trabalhamos com atos.

Novamente: enfiem o natal no cu.

Para me chamar de grossa, para enviar este texto de forma anônima a quem você quer que enfie o natal no cu ou ainda para dizer que a pior parte do natal é a nossa fúria no desfavor: sally@desfavor.com

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Comments (35)

  • A melhor parte do Natal é o panetone, fora isto, não passa de um plagio (versao comercial) da devoção a Mitra.
    Um monte de gente “travada” e cagada exibindo hipocrisia.

    ” Não faz mal. Não faz mal. Limpa com jornal!”

  • Dezembro é o pior mês do ano e o natal consegue ser mais asqueroso do que o carnaval. A rua lotada, as pessoas quase se engalfinhando para comprar coisas e espremendo a gente no meio… é nojento demais! Sinto vontade de me trancar em um quarto com ar condicionado no máximo e dormir até a segunda semana de janeiro. Pena que não nasci rica…

  • A pior coisa do Natal?
    Natal no trabalho… É um show de falsidade que não tem fim. Dá até ânsia.
    Natal em casa eu gosto. Meus pais sempre fazem o que eu mais gosto e a casa não fica cheia, só vem os meus irmãos.

  • É a falsidade que mais me dá raiva. Parentes que só ligam uma vez por ano e colegas de trabalho que se odeiam pagando de amiguinhos. No trabalho eu não participo dizendo que tenho compromisso em família e pra família digo que é minha escala de trabalho.

  • Quando me perguntam o que eu quero de Natal, sempre respondo: “Só uma coisa. Que passe logo”…

    Detesto muvuca – nas lojas e nas casas – , exibição de falsa felicidade só pra manter as aparências, monotematismo na mídia e em qualquer roda de conversa e, principalmente, a hipocrisia que reina nesta época. Sabe, me incomoda ver gente que até ontem não se suportava, mas que, por causa de uma data no calendário se abraça, ri e”faz as pazes”. Só que, passadas as festas, começam de novo com as mesmas e velhíssimas intrigas, picuinhas e maledicências…

  • Eu acredito que seja essa pseudo-bondade hipócrita que toma conta das pessoas.

    Para me chamar de grossa (…)

    Curta e grossa ? s2

    Você “venceu”.

  • Pior parte do natal? Com certeza é a reunião familiar. Pode ver que os mais dedicados a forçar o resto da família comparecer e celebrar o espírito de natal são sempre aqueles filhos-da-puta fingidos que destilam veneno 364 dias por ano, levam a Lei de Gerson como filosofia de vida e que se sentem ultrajados, consternados quando alguém se recusa a comparecer na ceia. “Como assim? O que pode ser mais importante que a sua FAMÍLIA, cara?”

      • Isso me lembra a maioria de outros eventos em geral em que “nem sonharia” querer…essa tem tudo pra ser minha enorme prioridade após a do (primeiro e próprio) ar-condicionado – “desmatamento de selva cinza, a ganância” !!!

      • E não vou mesmo, hahaha

        Mas continuo achando que é a pior coisa do Natal porque sei que acontece. Junta os cuzões com o esquadrão “é assim mesmo” e o “só vou por educação” e é aquela cena lastimável.

  • Pois é, ela ainda garante que qualquer xenofobia é tão pior quanto “as sucessivas traições” dos “compatriotas daqui” (e consequentemente, o esculacho no jus soli e “via hegemonialismos” até aonde ainda vamos saber…), qual a ordem do que admitir – mesmo que “apenas” para si ? Se ainda fosse a Suellen, com aquelas experiências…

  • Realmente é a pior época do ano, só perde pro carnaval. É tão ruim, que nem sei dizer o que detesto mais. Boa ideia mixar os 2 textos e divulgar pros pnc.

  • Difícil escolher o que é pior… É tudo muito ruim! Ainda mais quando não se é cristão… Mas acho que o que mais me irrita mesmo é a tradição vazia: as árvores de Natal com suas luzes e bolas ridículas e a imitação bizarra de neve em pleno verão, enquanto a conta de luz está nas alturas… A obrigação de comprar presentes e de participar de amigo secreto no trabalho, o excesso de comida nas ceias, o excesso de abraços e de orações repetitivas também, ainda mais no meio desta crise. E lidar com a parentada que se convida pra ficar na casa da gente em vez de ter a dignidade de ir para um hotel também é foda… É tudo muito inconveniente e fora de contexto…

    Admiro você, Sally, por não compactuar com a baixaria, mas não sei como você consegue sobreviver sendo tão sincera. Lidar com a hipocrisia faz parte da minha rotina a tal ponto, que a “bondade natalina” não me irrita tanto assim. Se eu fosse excluir todo mundo que manda mensagem padronizada no WhatsApp, não sobraria quase ninguém.

    Você não tem redes sociais, mas a ostentação ocorre 24 meses por ano. E a hipocrisia e as boas intenções e o politicamente correto também… E as fotos de comida e de família feliz e de namoro ou casamento perfeito… No Natal intensifica, mas não param nunca. No dia das mães postam fotos e homenagens com a mãe, quando viajam postam todos os detalhes… Enfim, tudo é desculpa para ostentarem felicidade.

    Não sei como você consegue se manter mentalmente equilibrada sem (pelo menos fingir um pouco) que compactua com a baixaria.

    Ensina a gente, Sallyta! Faz um tutorial: “Como não compactuar com a baixaria sem perder clientes, alunos, contatos… E sem ser odiada por colegas, amigos e parentes.”

      • É uma opção admirável a sua, mas eu não pago o preço. Quero ter a esperança de que não morrerei pobre.

        Uma vez trabalhei em um lugar em que todos os colegas se reuniam, uma vez por semana, para fazerem uma oração e dar alguns recados. Era rápido, coisa de 15 minutos.

        Vários adoravam fazer a oração e, como havia pessoas de diferentes religiões, o chefe sempre dizia que respeitava todas, pois o͟ ͟i͟m͟p͟o͟r͟t͟a͟n͟t͟e͟ ͟é͟ ͟t͟e͟r͟ ͟D͟e͟u͟s͟ ͟n͟o͟ ͟c͟o͟r͟a͟ç͟ã͟o͟, não importa a religião. O que você entende disso? Eu entendia que havia ali naquelas palavras dele um preconceito brutal contra ateus. Então, ficava na minha.

        Mas um dia ele falou: “-Marina, quem vê você caladinha assim pensa que é tímida. Por que você nunca fez a oração? Hoje é a sua vez!” Eu senti um ódio incontrolável dele, dos colegas, das religiões, desta droga de mundo hipócrita cheio de gente medrosa demais pra encarar que é mortal, da vida, do preconceito por não acreditar em fadas, da falta de sentido de tudo, do fato de eu ser obrigada a acordar 6h da manhã pra passar por isso. Pensei em dizer que não acredito em deuses e que desprezo todas as religiões igualmente, que a maioria dos colegas ali mal acabava de rezar já começava a praticar hipocrisias… Tudo isso passou pela minha cabeça em apenas um segundo.

        Mas, em vez de expressar o meu ódio, dei as mãos aos colegas, fechei os olhos e inventei uma oração de improviso, pedindo para Deus abençoar a todos nós em mais um dia de trabalho. E fui muito elogiada por todos, inclusive pelo chefe, que disse que fiz “uma oração de coração.”

        Nem culpa eu senti. Isso revela muito do que eu sou, Sally. Da minha postura em festas que odeio como o Natal. Queria ser como você, mas se o preço da autenticidade é ser eternamente pobre, eu prefiro (pelo menos por enquanto) ser hipócrita. O armário do meu ateísmo não está trancado nem é um segredo, mas eu é que não vou arrombar.

        Feliz Natal, amiguinhos impopulares!

        • Se todo mundo se comportar assim, nunca vamos empurrar a linha mais para frente. Mas não acho que seu caso srja reprovável. Não dá para sair peitando tudo e todos, isso seria suicídio. Na ocasião, voce avaliou que era melhor não peitar. Porem garanto que em muitas outras situaçoes voce questiona o mainstream. Estou errada?

    • Quando a empresa é ruim, vc não perde nada. No meu caso eu to doido pra ser mandado embora, quando tem reunião eu digo logo que nunca vou e não dá em nada.

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