O outro lado.

Sempre me considerei uma pessoa de pensamento liberal, alinhado com a filosofia humanista. Normalmente em discussões sobre o andamento da nossa sociedade e seus problemas, acabo com a pecha do “chato dos direitos humanos”, idealista, alienado e tudo mais que pessoas menos brutalizadas tendem a ouvir pela vida. Muitos de vocês devem saber exatamente a sensação. Mas, ultimamente, argumentos bem menos progressistas começaram a me seduzir.

Faz pouco tempo, me vi até meio irritado por achar muita lógica num vídeo do Youtube onde um cidadão explicava como a liberação sexual feminina ia destruir a civilização ocidental e todas suas conquistas. Talvez uns cinco anos atrás eu teria considerado um absurdo, apontando as falácias e ignorando a mensagem central por ser tão atrasada. Hoje em dia eu ainda consigo ver as relações de causa e consequência forçadas, as generalizações, a “agenda” conservadora por trás da argumentação, mas… tem algo que encaixa aí.

Nem é o ponto desse texto, mas o vídeo em questão mencionava que nossos avanços sociais vieram de controlar o impulso feminino de formar haréns. Na verdade, a sociedade ocidental se baseia numa distribuição mais equalitária de mulheres para fazer os homens funcionarem melhor na sociedade, uma espécie de “socialismo” onde as mulheres são os bens distribuídos para os trabalhadores. Mulheres não podem ficar livres para escolher com qual homem vão ficar, senão acabam convidando milhares de muçulmanos fanáticos para seus países. Importante ressaltar que essa não é a minha opinião pessoal, mas sim o argumento preocupantemente próximo do razoável que me fez montar o texto de hoje.

Parando pra pensar um pouco, o argumento é derrubável. O grande salto evolutivo da nossa sociedade veio justamente quando a começamos a reduzir o controle sobre as mulheres. Tecnológico, social, intelectual. E não dá pra reduzir toda a crise de imigrantes e a disputa ideológica atual apenas à liberação sexual feminina. Isso vem sendo construído há séculos, e os estopins recentes não tiveram nada a ver com escolhas de parceiros, e sim com colonialismo e imperialismo desastrados. Nossa sociedade é muito mais fluída e imprevisível.

Eu disse que não era o ponto do texto e acabei usando dois parágrafos, mas é por um bom motivo: o que me incomodou não foi exatamente a dificuldade de voltar para a mentalidade humanista, mas sim como o conservadorismo está ficando cada vez mais sedutor. Vivemos batendo no politicamente correto e no show de horrores das vítimas profissionais da sociedade moderna, então eu acredito que nem preciso dizer quem está empurrando pessoas como eu (e ando percebendo que alguns de vocês) para esse caminho estranhamento conservador.

Quando surge o dramalhão todo das vítimas profissionais, dá muita vontade de estar do lado contrário. O que eu tento organizar agora é a noção de como isso pode ser venenoso. Como pode nos fazer esquecer de algo fundamental: que o caminho da racionalidade, dos direitos humanos e das liberdades pessoais INDEPENDE de gostarmos dos oprimidos ou de seus modos de operação. Na verdade, nada mais nobre do que achar alguém muito babaca e mesmo assim defender seu direito de se expressar e exigir seu espaço ao sol na sociedade.

Sou muito contra a ditadura do politicamente correto, mas não posso esquecer que meio ignorados lá dentro estão conceitos como igualdade e tolerância, essenciais para nossa evolução como espécie. Não é só porque um ativista imbecil quer cancelar uma peça de teatro pelo uso de maquiagem “black face” que vamos ignorar como o racismo é um problema sério na sociedade. Não é uma feminista travando guerra contra o ar-condicionado “sexista” que vai minar toda a causa. Não se pode deixar que pessoas estúpidas envenenem ideais humanistas.

Até porque o caminho mais fácil para se controlar uma população é a divisão. Tem um vídeo muito bacana de propaganda americana contra o nazismo, feito logo após a guerra, tentando explicar como Hitler conseguiu dominar tanta gente ao mesmo tempo: ao criar grupos indesejáveis, conferiu a muitas pessoas características que possuíam, mas não as definiam. Tornando todos em minorias, é mais fácil colocar umas contra as outras. Tenham em vista o que acontece hoje: até o homem branco heterossexual já virou minoria e existem cada vez mais movimentos para defendê-los.

Não sou do tipo conspiratório, mas talvez você seja: é estranho como estamos ficando cada vez mais divididos, grupos reivindicando direitos e vantagens por todos os lados, todo mundo preocupado em respeitar características que as pessoas possuem, mas não as definem. Não é o gênero, a raça, a religião ou a orientação sexual que vai te dizer quem é uma pessoa. Existem padrões em cada grupo, é claro, mas o politicamente correto surgiu justamente para lutar contra generalizações. E agora ele é um dos principais veículos de pré-conceitos sobre cada grupo distinto de pessoas nesse mundo. É como se tivéssemos andado em círculos nessas últimas décadas, de volta para um momento perfeito para uma grande guerra ou mais um surto ditatorial global.

E aqui volto para a ideia incômoda do começo do texto: e se essa visão mais reacionária que anda me conquistando recentemente fosse apenas uma reação “alérgica” a essa nova era de divisão da humanidade? No quadro geral, com certeza é melhor defender liberdade, direitos e tolerância do que achar que o problema do mundo são mulheres com muita liberdade para escolher seus parceiros sexuais. Mil vezes ser o chato dos direitos humanos do que ser o reaça que acha que bandido bom é bandido morto. Melhor uso do cérebro.

Mas, está ficando cada vez mais difícil, não? A vontade de calar essa gritaria vitimista fica tão grande que podemos até fazer algumas concessões para ter um pouco de paz. Bom, aí que está o golpe: fazer gente capaz de enxergar o mundo de forma mais crítica guinar para um conservadorismo claramente ineficiente só para balancear um pouco as coisas. Por isso é importante separar as coisas: ninguém precisa escolher um lado ou se rotular como um grupo. É assim que nos dividem. E não podemos nos dividir, ficamos fracos demais.

Não existe lado, não tem que ser do grupo dos homens, das mulheres, dos brancos, dos negros, dos heterossexuais, dos homossexuais… isso não nos define num exército ou outro. É a capacidade de enxergar o mundo e a vontade de lutar por justiça e evolução que deveria nos unir. Se vai ser “ista”, seja humanista, que nem é uma filosofia tão restrita assim. É apenas a ideia que estamos todos juntos nesse barco e que vamos ter que remar juntos se quisermos ir pra algum lugar.

A pior coisa que podemos fazer nessa guerra ideológica dos dias atuais é permitirmos ser separados em blocos discerníveis, todos advogando em causa própria, intimidáveis e subornáveis. Isolados em feudos e incapazes de nos mobilizarmos contra abusos. Toda vez que a turma do politicamente correto fizer das suas, com certeza eu vou querer explicitar os erros; mas sem que isso jamais me faça correr para o sentido oposto e me aliar com gente que enxerga esse mundo de forma distorcida, culpando todos menos eles mesmos pelos problemas enfrentados.

Dá vontade de dar uma “reaçada” de tempos em tempos, mas que seja apenas uma medida de revolta momentânea contra os abusos de quem quer ganhar essa disputa na base do grito. Também não tem nada de muito bom esperando do lado totalmente contrário das vozes do politicamente correto. Se a história nos ensina algo, é que nenhum desses dois lados da moeda tem uma resposta boa o suficiente para a nossa sociedade. Pra variar, deveríamos nos encontrar no meio do caminho.

Se eu vejo uma luta válida, é a de controlar excessos dos dois lados. Muito por isso tenho tanto orgulho da “linha editorial” do desfavor. Numa semana criticando a bancada evangélica, na outra cacetando ativistas vitimistas. Tudo em busca de um equilíbrio racional, onde possamos nos concentrar em melhorar a qualidade de vida da humanidade sem os riscos da divisão excessiva. Mas, considerando o avanço da chatice ativista nos últimos tempos, válido lembrar que o outro lado também é péssimo nisso de resolver os problemas sociais.

Qualquer resposta para questões sociais vai ser consideravelmente mais complexa do que apontar o dedo para um grupo que só divide algumas características em comum. Me dá cada vez mais trabalho não cair nessa armadilha. Pode ser a idade, mas… os abusos estão cansando.

Para dizer que foi estranhamente linear, para reclamar que os vídeos estão em inglês, ou mesmo para dizer que antigamente que as coisas eram boas (não, não eram): somir@desfavor.com

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Comments (25)

  • Esse negocio de esquerda/direita…humpf

    Somir, obrigado por aquela analogia das politicas direitistas adotadas pelo governo esquerdista da Venezuela (com aspas em cada termo). Isto me deu uma certa clareza sobre a tendencia de rotulação tao batida hoje em dia, especialmente nestes fatores que você cita no post. Não devia acontecer. Nos somos de grupos A, B ou C. Somos apenas UM grupo de seres gregários, sim. Que se diferenciam em vários aspectos, sim. Mas apenas UM grupo:

    Humanidade

    PS: Caraca! Acabei rotulando do mesmo jeito

  • Eu não concordo com seu texto, mas seu ponto de vista é interessante e você expressou de forma bastante lógica seu ponto.

    Enfim… A divisão nas lutas existe pelo simples motivo de que as pessoas são diferentes. Não temos como lidar com as pessoas de forma uniformizada pois ninguém é igual à ninguém. Os problemas que uma mulher trans negra passam durante sua vida não são os mesmos que os problemas que uma mulher cis branca passa – por que suas “lutas” e sua forma de reagir seriam as mesmas?

    Concordo que, de fato, o extremismo de grupos sociais tendem a afastar pessoas “de fora” de determinada ideologia/crença/afins, mas para mim isto não justifica uma “reação alérgica”. Até porque o que pra você é apenas um discurso vitimista é, para quem faz o discurso, algo extremamente necessário – e vice-versa.

    • Eu não concordo com seu texto (…)

      E você continuou o comentário de forma articulada, educada e racional? Alegrias que só o desfavor me dá.

      Mas, só para não dizer que não falei das flores: eu tomei bastante cuidado para não soar como se justificasse essa guinada conservadora. Na verdade, estou até criticando. Péssima solução.

  • Quem está dando força a persoalidades e discursos conservadores. É a própria esquerda.

    quem criou bolsonaro, malafaia e magno malta, foi o exagero da verdade absoluta de gente como Jean Wyllys, Sakamoto, CQC, Jandira, Rosário e por aí vai.

    Isso é cíclico: A esquerda fica muito forte, naturalmente aparecem herois da ‘direita’ para contrapor.

    Quando a direita ficar forte novamente, a esquerda – possivelmente mais moderada, ganhará terreno outra vez.

    Desde Sarney, que é guando lembro, foi tudo mais ou menos a mesma merda. O povo se ferrando e tendo trabalhar cada vez mais para seus senhores feudais que é o governo. E os donos do páis que são as grandes empresas usando politicos como boi de piranha.

    • Sei não se essa não é uma pergunta Tostines. Os dois lados se alimentam. Cada maluco de um lado incentiva um do outro. Meio que a mecânica Batman e Coringa, aproveitando o ensejo do seu avatar.

  • O enfoque do texto dá a entender que a noção de defesa da liberdade, tolerância e direitos humanos são exclusivas do progressismo, quando na verdade são produtos do pensamento ocidental. Ambas as principais dissidências da filosofia política ocidental (liberalismo e socialismo) podem até divergir em determinados pontos mas a defesa dessas idéias está presente nas duas. A confusão que existe a esse respeito (a qual esse texto endossa, inclusive) ocorre por causa da extraordinária capacidade do pensamento progressista de se pintar como detentor do monopólio das virtudes. Humanismo não é exclusividade da esquerda. É uma ideia do pensamento ocidental. Ninguém sensato, independente do lado que ocupe no espectro político, iria se opor a essas idéias.

    • O texto endossa não uma solução para todos os problemas, mas o lado que eu me enxergo. É um texto sobre posicionamento pessoal, não sobre a lógica de cada lado. Sobre direita e esquerda, já escrevi um texto que você vai ver que não fica tão longe assim do que você está dizendo.

  • Extremismos, rótulos, divisões … São coisas que, eu acho, nunca vão conseguir fazer um bem pra sociedade. Mas aí quando voce opta por um tal meio termo acaba sem teto, veja só.
    Pois na rua só existe a casa dos brancos ou dos pretos. Dos heteros e dos homos. E todos precisam de sua casa certo? Um porto seguro, uma certeza… É mais fácil se esconder na sua casa com seus ideais e sua familia do que sair nas ruas pra ver e aprender com as diferenças.

    As pessoas nao conseguem entender o fato: tudo tem seu lado bom e ruim. Não. Defenda um deles com unhas e dentes. Crie mais rivalidade. Sei lá. Apenas nao me encaixo. Fico na rua com poucos outros que as vezes se juntam pra contruir outra casa na rua, mais uma divisão. Nao acredito muito que um dia chegaremos a reunir as 7bi de pessoas em uma casa só.

    • Nisso tenho que concordar: querer união total é utopia. Existe um conforto em estarmos em nossas casinhas, e não dá pra imaginar a humanidade abrindo mão disso.

      Se o multiculturalismo não falhar e terminarmos num mundo em chamas, pelo menos vamos ver gerações vindo pro mundo com um pouco mais de vontade de “ir pra rua”.

  • Gostei muito do texto Somir!

    Outro dia estava discutindo a importância de existir religião e o conservadorismo. Apesar das guerras e brigas que podem gerar, as religiões tem todo um protocolo de o que fazer, o que não fazer, como se portar em sociedade e etc. Estas regras, com certeza, ajudaram muito a sociedade evoluir como um todo. Somente as leis impostas por países, estados não seriam suficientes para conter o comportamento humano (que geralmente é nocivo). A religião veio para trazer a recompensa de ser uma pessoa boa, ética e que não traz problemas para o mundo. E apesar de não seguir nenhum tipo de religião, elas tem seu valor social.

    E acabo me identificando um pouco com o que o vídeo diz e o que você diz. Às vezes precisamos por um freio aqui e ali nas discussões. Não adianta achar que mulher é 100% igual a homem e deve ser tratada exatamente igual, pois não somos e talvez nossa grande contribuição seja ser diferente mesmo. Acabo aceitando que para evoluirmos como um todo precisamos de algumas barreiras sim e admitir isso não é nenhum pecado.

    • Discordo em termos do ponto sobre o valor da religião. Minha impressão é que estamos analisando o resultado de um acidente terrível e tentando encontrar algum alento nos destroços. Na parte cultural eu até dou o braço a torcer e digo que a religião inspirou muitas das mais criativas mentes da nossa história, ajudando a humanidade a ser um pouco mais “lúdica” para o seu próprio bem. Mas na parte de controle de comportamentos nocivos, sei não… o medo do castigo divino é meio relativo, né? A cadeia continua cheia de crentes. E como muitas das regras são arbitrárias/aleatórias, também ferem o desenvolvimento da racionalização do comportamento socialmente útil. Gente que não entende muito bem o que está fazendo tente a não ter muito padrão de comportamento.

      E voltando ao tema: não, os gêneros não são iguais e cada um deles tem MUITA influência nos rumos das sociedades. O que o vídeo demonstra é uma ideia de solução, mas não deixa de ser um passo para trás. Ainda tenho a impressão que a humanidade pode fazer melhor.

  • Nexo com a postagem: tendência à retomada do conservadorismo (tosco ou não).

    Somir, como você analisa esse sucesso da campanha bizarra do Trump nos EUA?

    • Eu já tinha passado por perto do assunto num post passado. Tem até a ver com a teoria do pêndulo da Sally, a humanidade adora essas idas e vindas. Depois de 8 anos dos Democratas, os Republicanos começaram a “radicalizar” – aliás, como os Democratas fizeram depois do Bush, Obama era mais que um candidato, era um tapa na cara dos adversários. E o tapa doeu: o Tea Party entregou o jogo da mentalidade de muitos americanos, Trump estava só esperando o pêndulo dele ser só uma piada virar, como virou.

      Não sei se nesse caso é o ponto que eu levantei no texto: as pessoas com cérebro por lá continuam não indo com a cara do bilionário maluco. Mas, pessoas com cérebro são raridade, seja onde for.

  • Eu gosto muito dos textos do Somir abordando essa temática. São muito sensatos e tem muito de estratégia da mente do publicitário: como levar a opinião pública.

    Infelizmente esse movimento é real. Muita gente que está cansada, não só do vitimismo exagerado, mas também da agressividade e hostilidade desses grupos, acabam caindo no discurso do conservadorismo. Além disso, o desastre que é o governo do PT está fazendo as pessoas associarem o PT à esquerda e associarem os direitos humanos à esquerda, repudiando tudo de uma vez num só pacote e caindo nos braços da reaçada. Ser contra a Dilma está virando ser a favor do Bolsonaro.

    Me parece que estes grupos, principalmente os ativistas, não se deram conta de que estamos numa guerra ideológica. E, por isso, estão perdendo cada vez mais essa guerra.

    • Pois é, a virada de “tudo é opressão” para “tudo é vitimismo”, esse “sem Stalinismo, mas viva o (nosso) Estagnismo” e muito mais “do outro ladismo” !

      Até há algum tempo, já era “ACM Neto é diferente do avô”, “Cunha é o nosso Frank Underwood”; mas pelo menos se via que os mais novos talentos têm sido mais próximos a eles (ou seduzidos por) e até mesmo um (sincero ou quase, o que seria boa surpresa) “chega de partido” entre os jovens de uma universidade. Entretanto, já está piorando com a guinada de (volta à certeza em) “pegaram mesmo o assassino !” (sobre a polícia …carioca !!!), o crescimento “daquela leva” de (sub) youtubers e, até mesmo, já houve um daqueles vídeos – legendados por “novos falaciosos” – sobre “feminismo não é necessário” com “o reforço” de só por ser um escandinavo opinando (mas não consegui assistir)

      • Nada mais natural do que correr para o sentido oposto quando algo incomoda. E sobre isso do Youtube, a coisa está ficando GRANDE na revolta contra o feminismo e outros temas mais reacionários. Vem uma ou duas gerações bem direitistas por aí…

    • Essa guerra ideológica é antiga, é muito antiga. Mas quando muda o campo de batalha de tal forma como mudou com a internet, começamos a ver novidades. Quando que a “turma dos direitos humanos” conseguiria sequer ser taxada de chata e histérica há poucas décadas atrás? Agora que a voz surgiu, tem que começar a discursar direito.

  • Somir… esse é um fenômeno que tenho observado e discutido com muitas pessoas… costumo falar que as placas que eu ja levantei me cansaram (será o conservadorismo da idade?) Mas sempre me considerei “feminista” e hj tenho horror ao termo… para mim feminismo fala sobre não permitir q criancas de 9 anos sejam prostituidas e nao sobre se gorda vai à praia ou não… esse cansaço acaba tirando a gente do que é importante mesmo… quantas pessoas mais estão se afastando pelo exagero? Mas valeu o texto para repensar essa postura.

    • (será o conservadorismo da idade?)

      Tem um componente de amadurecimento mesmo. O tempo vai nos tornando mais cínicos, mais utilitaristas. Não sei se invejo ou não quem se mantém idealista apesar das decepções que a vida proporciona. Tem muita gente que não se ajuda, nem com todo o apoio.

  • Me li nesse texto. De uns tempos pra cá também tenho me surpreendido ao não achar idéias conservadoras tão rechaçáveis assim.

    Os ativistas de movimentos sociais progressistas hoje têm feito tanta cagada, que fica cada vez mais difícil achar um ponto em comum com eles.

    O caminho do meio é de fato o ideal, mas quando você adota essa postura, acaba apanhando dos dois lados, e isso é cansativo e desanimador.

    • Pois é. Esse apanhar dos dois lados é real. Ao defender pautas de direitos humanos mas sem ceder ao exagero dos ativistas, aos olhos dos reaças você é o esquerdopata petralha que quer levar bandido pra casa. Aos olhos dos ativistas é o homem cis hétero branco que não tem lugar de fala e quer silenciar o oprimido.

    • (…) e isso é cansativo e desanimador.

      E esse é justamente o resultado desejado de quem prefere nos ver desunidos. Enquanto brigamos entre nós mesmos, não conseguimos notar se tem alguém “puxando as cordas”. Talvez não dê mais para acreditar cegamente que temos como viver num mundo igualitário, mas que pelo menos não fiquemos distraídos demais.

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