Grandes coisas.

O ser humano é fascinante. É muito provável que o comportamento fetichista no sexo venha de muito longe na nossa história, sempre com alguém empurrando um pouco mais a linha do que gera sua excitação além do ato em si. E nas relações de poder entre as pessoas surge um dos campos mais férteis para esse tipo de criação. Hoje eu trago aqui alguns fetiches baseados em poder que provavelmente só existem por causa da internet.

Tem uma frase ótima do Oscar Wilde: “Tudo no mundo é sobre sexo, exceto sexo; sexo é sobre poder”. Partindo dessa premissa, era evidente que temas como dominação e submissão fossem tão presentes nas fantasias do ser humano médio nos mais diferentes graus. Tem gente que gosta de representações dessa relação de poder de forma mais sutil, outras já preferem explicitar tudo até mesmo com uniformes e acessórios. Mas pra falar de sadomasoquismo e afins vocês tem o resto do mundo. Aqui é “Não Fode!” e a coisa tem que ser bem mais maluca…

Pra começar os trabalhos, vamos falar do fetiche do gigantismo. Explicação simples: pessoas que ficam sexualmente excitadas com a ideia de uma diferença absurda de tamanho entre parceiros sexuais. E se você está pensando num jogador de basquete e uma ginasta, não entendeu direito a escala da coisa. Se você pesquisar por “giantess” no Google Imagens, vai perceber do que eu estou falando. Aliás, se você fizesse essa pesquisa sem saber que tinha um fetiche por trás disso, poderia ficar se perguntando porque existem milhares de montagens de modelos posando em cidades miniatura por aí…

Até onde eu vi, é um fetiche essencialmente masculino. Minha teoria é que mulheres tendem a viver fantasias de diferença de poder físico na vida real mesmo, dificilmente precisariam de montagens, desenhos e perspectivas forçadas para visualizar a cena. Então, quase sempre esse fetiche é baseado em mulheres gigantes aprontando todo tipo de coisa com homens e mulheres incrivelmente menores. Aliás, parece muito importante para as pessoas que sentem prazer com essa ideia que a giganta seja, no mínimo, descuidada. Parece que não tem graça se aquele tamanho todo não acabar em desastre e humilhação para quem é pequeno e indefeso.

O que coloca o gigantismo dentro da categoria dos fetiches baseados em dominação e submissão. Mesmo que não dependa de uma ação do dominador… em muitas imagens e histórias, a graça parece vir de demonstrar a relação entre os tamanhos, com quadros explicativos dando zoom nos pequenos sofrendo diante da situação imposta pela gigante, que ou está de sacanagem (no mau sentido) querendo destruir tudo, ou que está distraída, tal qual uma pessoa passando pelo caminho de uma formiga.

E pela impossibilidade prática de vivenciar essa tara, ainda bem, o material disponível é muito baseado em desenhos e histórias. Tem gente ganhando a vida desenhando histórias em quadrinhos para quem tem esse fetiche, histórias pornográficas ou não de mulheres gigantes causando diferentes graus de destruição e terror na vida cotidiana. O mercado de quadrinhos e ilustrações fetichistas é muito grande, embora pulverizado. Como houve uma explosão de diversidade fetichista após a internet, é tudo muito de nicho. Mas mesmo assim, sempre tem quem produza esse material e sempre tem quem compre. Evidente que na parte de quadrinhos a maioria dos profissionais acaba vindo do Japão (sempre eles), mas o mercado parece aumentar no resto do mundo. Eu já disse várias vezes que o Japão era um balão de ensaio do que aconteceria com a sexualidade humana, e ainda acredito que isso vai acontecer.

Porque esse fetiche do gigantismo tem um elemento de ilusão muito grande, não é como um filme pornô onde a fantasia é fazer algo que você só conseguiria em condições ideais, mas que não seja efetivamente impossível. Nesses casos é uma percepção de excitação totalmente “conceitual”, cidadão não vai viver essa situação de forma alguma, só pode existir dentro da mente. Antes da mídia de massa e a internet, a pessoa dependia de uma imaginação fértil e a capacidade de se perder dentro dela, mas hoje qualquer pessoa com um mínimo de capacidade de desenhar ou escrever consegue botar suas fantasias no mundo para outros acompanharem. E eu garanto que esse mínimo que eu escrevi é mínimo mesmo… quando se fala desse tipo de fetiche, qualquer rabisco já atende uma demanda negligenciada. Afinal, cidadão que quer ver uma mulher se masturbando com um vagão de trem realmente precisa de qualquer apoio visual que conseguir…

E ainda argumento: talvez muita gente desenvolva o fetiche por conseguir visualizar a imaginação alheia. Voltando ao começo do texto, se sexo anda de mãos dadas com poder para tanta gente, era até previsível que a semente para coisas como o gigantismo estivesse pronta para germinar numa era de tanta informação. Eu sou da teoria que embora as bases do que vai se tornar fetiche em alguém não possam ser geradas apenas pelo acesso ao material, a diversificação dos formatos onde ele pode ser apreciado dependem e muito de contato com mentes parecidas.

Ou, mentes espertas. Porque onde tem homem tarado por alguma coisa incomum, tem mulher ganhando dinheiro. Existem muitos e muitos vídeos de modelos que fazem seu pé de meia simulando o fetiche do gigantismo, nos mais diversos graus de horror. Perspectiva forçada, sempre olhando de cima para baixo, usando um discurso ou de humilhação ou de condescendência com o tamanho diminuto do homem que está vendo. E eu não estou falando dos vídeos onde essas modelos ficam horas falando como o pênis do homem é pequeno, porque essa é outra categoria…

Então, fiquem felizes com a ideia que provavelmente neste exato minuto um ou mais homens estão assistindo vídeos pelos quais pagaram (e não pouco) com mulheres fingindo ser gigantes e dizendo como eles são insignificantes. E como estamos nessa coluna, vamos estragar mais seu dia: em alguns casos as modelos até simulam uma “câmera privada”, como em câmera dentro de uma privada, para atender aos fetiches de quem soma gigantismo e coprofilia num mesmo pacote. Ah sim, a coisa vai piorar bastante agora. Se queria só adicionar um conhecimento inútil na sua vida, pode parar aqui…

Se não, vamos falar um pouco da parte dos fetiches oportunistas que vem do gigantismo. É até comum que o material mais explícito baseado em gigantismo venha com quantidades avassaladoras de necessidades fisiológicas. Não basta destruir a cidade e aterrorizar os cidadãos, tem que deixar uma marca nela. Mas, essa parte nem é tão novidade assim, acho que todo mundo já sabe desses fetiches por excreções. O que pode ser novidade é a parte mais violenta da coisa.

E é aqui que começa a entrar o “vore”. Um fetiche baseado em engolir. Não, não esse tipo de engolir… engolir uma pessoa inteira. Uma gigante ou um ser qualquer se alimentando da pessoa que tem essa tara. Alguns homens podem dizer que querem ser comidos num contexto sexual sem ter nada a ver com a primeira impressão que todos teríamos da frase. Esse fetiche por ser engolido (alguns gostam da ideia de serem mastigados) até faz mais sentido do ponto de vista masculino, se pararmos pra pensar. Afinal, a dinâmica do sexo realmente apresenta essa ideia de estar dentro da parceira para o homem. Mas a compreensão acaba rapidamente quando vemos que a maioria do material disponível para esse fetiche leva em consideração a digestão. Cidadão quer ser engolido e digerido lentamente.

O “vore”, assim como o gigantismo, levam em conta algo tão fantasioso que a pessoa nem se importa mais se sua fantasia acaba com ela morta. Talvez se diante de uma situação real, essas pessoas não teriam prazer de verdade de estar na situação. Na fantasia não tem dor se não quiser. E, na fantasia, o dia seguinte ainda existe. Mas não deixa de ser fascinante como pra muita gente até mesmo o ato de morrer horrivelmente pode ser transformado em combustível para excitação sexual. Vou fazer algo feio e mexer num vespeiro sem me aprofundar muito: toda vez que ouço e leio que muitas mulheres tem uma tara mal explicada por serem forçadas a fazer sexo, faço esse paralelo. Tem gente que quer ser comida e digerida por uma giganta. Fantasia não tem obrigação nenhuma de se relacionar com uma vontade de fazer isso na vida real.

As taras humanas como tema de estudo com certeza te fazem ver coisas horríveis, mas, pouca coisa fala tão bem sobre a subjetividade da mente humana como elas. Até vejo um mundo onde excesso de especificidade de fetiches comecem a nos dividir, mas não deixa de ser fascinante esse grau de especialização. O desejo até por ser esmagado por um pé gigante demonstra de uma forma maluca o que eu sempre pensei: que sexualidade está ligada a tudo mesmo, não porque só pensamos nisso, mas… porque nada na nossa mente é uma ilha.

Para dizer que essa coluna é broxante, para dizer que pelo menos essa gente não se reproduz, ou mesmo para dizer que aposta que tem coisa bem pior (tem sim, na próxima eu falo delas): somir@desfavor.com

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