O ser humano é um ser social, construímos nossa vida ao redor das relações com outros, nos mais diversos campos. Mas Sally e Somir não entram em acordo sobre quais campos são essenciais. Os impopulares abrem seus corações.

Tema de hoje: é possível ser 100% feliz sem um relacionamento amoroso em toda sua vida?

SOMIR

Sim. Me cansa a ideia de que existem regras e padrões inescapáveis para definir o que é felicidade. Como se fosse uma receita de bolo… até porque não existe padrão algum dos ingredientes disponíveis para as pessoas. Não vou mentir que não sou romântico, pelo menos num sentindo mais amplo de colocar idealismo acima da prática por diversas vezes, mas a ideia de que um relacionamento amoroso é essencial para tornar a vida completa já deu o que tinha que dar.

Ser feliz, até onde eu já percebi, está relacionado com otimizar o material que você tem ao seu dispor de forma a aproveitar suas capacidades ao máximo reduzindo os danos do que te é problemático. Felicidade plena é um embuste empurrado para cima de nós por quem está tentando otimizar seus próprios potenciais. Seja para nos fazer gastar, seja para nos fazer obedecer. Quanto mais específica a ideia de felicidade incutida em nossas cabeças, mais previsíveis e suscetíveis estamos a nos encaixar em padrões de consumo e aceitar o poder de instituições.

Então, vamos ser realistas: relacionamentos amorosos podem ser muito bons por um tempo, mas não são o pináculo indiscutível da experiência humana nesta vida. Até porque eles são bem exigentes na relação entre custo e benefício, você paga com liberdade e individualidade pelo prazer de se conectar com outra pessoa. E ninguém pode botar o dedo na sua cara pra dizer que você deve preferir uma coisa à outra. Especialmente não num cenário desses como a vida toda.

Até admito que falo de uma posição privilegiada sendo homem, com um mundo mais seguro e compreensivo comigo quando não estou em um relacionamento amoroso. É uma pena que mulheres não gozem das mesmas liberdades, que para elas seja mais caro fazer a mesma escolha, mas isso não muda o fato que é sim possível ser feliz sem ser um par. Que o mundo evolua até o ponto dessa igualdade, mas ainda não muda o fato de ser possível ser feliz sem um relacionamento amoroso, sendo você homem ou mulher.

Importante ressaltar também que não estou falando de abstenção sexual, embora para algumas pessoas deva ser possível sim alcançar a felicidade máxima abrindo mão de sexo completamente. Mantenho que não existem regras tão definidas assim do que traz prazer para uma pessoa. Sexo casual não deixa de ser sexo, e talvez até mesmo o “solitário” baste para algumas pessoas… não se pode deixar regras externas definirem o que alguém pode ou não achar suficiente e agradável para a própria vida.

Sem contar toda a parte do custo/benefício. Dividir a vida com outra pessoa significa dobrar sua preocupação também. Não só com o que pode acontecer com ela, como criando dependências e até mesmo lidando a sensação incômoda que tudo aquilo pode acabar, não só por ela não querer mais, mas também com a ideia de que exista concorrência. Para algumas pessoas a ideia de manutenção pode ser incômoda o suficiente para não compensar as benesses de um relacionamento amoroso.

E não vamos esquecer o lado egoísta, mas honestamente válido, de querer fazer as coisas no seu tempo, de não ter que adaptar-se aos rumos e ritmos de uma pessoa que pensa de forma diferente… de poder gastar seu dinheiro como bem entender e assumir quaisquer riscos que julgue compensar usando os próprios parâmetros. Estar sozinho também significa poder se concentrar totalmente no que te faz feliz, sem carregar todo um outro conjunto de valores a tiracolo.

A pior parte de estar sozinho é não querer estar. Se você tira esse elemento da equação, aceitando ou que ninguém vale o esforço ou que isso simplesmente não é para você, sobra uma vida de grandes liberdades e nenhuma renúncia. Direito de quem encontra e é aceito por alguém que compense tudo isso dizer que a vida é melhor assim, mas isso não faz dessas pessoas donas de toda a verdade, apenas da que elas experimentam. Além das que não querem, existem as pessoas que não conseguem estar num relacionamento amoroso que compense. E todas elas tem o direito de encontrar sua felicidade.

Nada mais cruel do que dizer para alguém que felicidade só existe numa condição que não podem alcançar. Colocar algo tão vasto como a satisfação com a vida dentro de uma gaiola pequena dessas e garantir que é isso o que falta. Cada um constrói seu caminho como pode e como quer, buscando o que lhe faz feliz e sabendo se reorganizar quando precisa. Felicidade é uma construção, e eu advogo aqui que nenhum tijolo específico vai ser obrigatório nela, senão você vai viver o resto da sua vida olhando para um buraco que não precisaria estar lá.

Sim, é possível ser feliz sozinho. Porque sozinho não é uma condição que depende 100% de só uma pessoa, é uma medida da relação entre o indivíduo e o mundo ao seu redor. Pode-se ser feliz de acordo com as situações que se apresentam para você, sabendo se reconstruir quando necessário e encarando suas novas realidades de forma prática, conquistando o maior prazer possível com sua existência como ela é, não como ela poderia ser.

Dizer que um relacionamento amoroso é condição de felicidade é colocar um “e se” gigante na sua percepção de satisfação com a vida. É não jogar com as cartas que tem e ficar pensando em como seria se tivesse outras no lugar, é depender de fatores incontroláveis e depositar sua esperança em algo que pode não estar mais lá da noite para o dia. Não importa o que a vida faça, no final das contas ela ensina.

Somos como somos, temos o que temos. E se não soubermos nos bastar e resolver nossa própria felicidade sozinhos, como nos dizermos felizes? Não há felicidade na dependência.

Para dizer que esse papo chato explica tudo, para ostentar felicidade com sua relação, ou mesmo para perguntar se eu vou acumular cães ou gatos a partir de agora: somir@desfavor.com

SALLY

É possível ser 100% feliz sem um relacionamento amoroso em toda sua vida?

Não acho. Dá para ser feliz, ok, mas falta um campo importante descoberto. O ser humano é um animal social e uma das fontes básicas do afeto nos modelos da sociedade em que vivemos é o relacionamento.

Óbvio que não precisa ser aquele relacionamento padrão, cada um constrói o que melhor lhe atende. Mas algum tipo de relacionamento amoroso me parece essencial na sociedade moderna, ainda que com uma configuração fora das regras. Também não precisa estar em um relacionamento o tempo todo. A pergunta é sobre pessoas que abrem mão e fecham as portas para qualquer envolvimento amoroso para o resto de suas vidas.

Considerado a forma como vivemos hoje, todo mundo precisa canalizar um afeto amoroso para alguém (ou, em alguns casos, algo). Pouco importa, você pode achar que a Torre Eiffel é seu namorado ou pode ter um casamento tradicional, a questão é que o sentimento é algo de que não escapamos. Tentar sufoca-lo causa sim um comprometimento no seu grau de felicidade. É apenas se enganar.

O ser humano gosta de gostar de alguém. Talvez em outras culturas, onde isso não seja tão massificado desde a infância e não esteja tão enraizado na cabeça das pessoas seja perfeitamente possível ser feliz sozinho. Na sociedade em que vivemos não. Há necessidades físicas e/ou emocionais que precisam ser preenchidas, por uma pessoa ou até por um objeto inanimado que seja. Elas podem ser soterradas por algum tempo, mas em algum momento mostram a cara.

Apenas amizade não supre todas as necessidades sociais. Apenas família não supre todas as necessidades sociais. Não que tenhamos que estar em um relacionamento amoroso sempre, isso nem seria saudável, mas dizer que dá para ser feliz sem nunca ter um relacionamento amoroso, duvido muito. Tanto é que as figuras sociais que se propõe a isso ocupam funções que pressupõe sacrifícios e abnegação, como padres e freiras. E não raro falham.

O ser humano tem essa necessidade de compartilhar, se socializar, de ter um apoio emocional. Se vivêssemos em uma grande tribo onde todos ajudam a todos e todos estão sempre juntos eu diria que o relacionamento amoroso é totalmente dispensável, mas na configuração de vida moderna, isso é uma utopia. Para suprir essa necessidade eu entendo que um relacionamento amoroso se faz necessário e que, quem tenta fugir disso, acaba não conseguindo sufocar essa necessidade e canalizando-a, muitas vezes, para formas pouco saudáveis de expressá-la.

Não é apenas da natureza humana. Muitos animais se unem em pares ou em bandos para assegurar sua sobrevivência. Percebam que não falo de procriação, esta sim totalmente opcional. Falo em escolher compartilhar sua vida com alguém ou alguéns. E não é demérito nem fraqueza. Muito pelo contrário, é inteligente escolher alguém para compartilhar obrigações dividindo o peso nas suas costas, acrescentar em pontos de vista e ações. É unir esforços. O mundo não está fácil não.

Uma pessoa que decepa da sua vida a parte do relacionamento amoroso está abrindo mão de parte importante de sua afetividade. Não creio que isso seja sequer possível, pois, como eu disse, essa necessidade transborda por algum lugar. Mas, supondo, em tese, que exista alguém fodão e autossuficiente que consegue ter realizações de vida sem nunca ter um relacionamento afetivo… será que dá para afirmar que essa pessoas seria tão feliz quando outra que deu vazão a todas as suas necessidades afetivas? Duvido muito. É como dizer que quem só come fruta é tão saudável com quem tem uma dieta balanceada.

Não é vergonha precisar de pessoas no seu entorno para ser feliz. Todo mundo vai concordar que não dá para ser feliz sem amigos. Então, se a lacuna da amizade precisa ser preenchida por pessoas, por qual orgulho bobo não aceitar que a lacuna da afetividade amorosa também precisa? Não é demérito precisar de pessoas na sua vida para ser feliz.

Bem ou mal, estamos todos nas mãos de outras pessoas durante nossas vidas: de quem nos cria na infância e das pessoas das quais escolhemos nos cercar na vida adulta. Elas tem sim o poder de mudar nossas vidas para melhor ou para pior. Deve ser muito assustador para uns e outros, mas somos todos parte dessa engrenagem: também mudamos a vida de outras pessoas para pior e para melhor.

Ter essa consciência e aceitar com humildade de que precisamos de outras pessoas para nossa felicidade ajuda. Isso nos faz escolher melhor, com cautela, em vez de sair colocando as primeiras pessoas que aparecem dentro das nossas vidas ou cuidar melhor daquelas que nos fazem felizes, por ter a certeza de que exercem um papel importante e raro em nossas vidas e que sua perda implicará em um decréscimo, ainda que temporário, de felicidade.

Quando você entende e aceita como a vida funciona, consegue fazer escolhas melhores do que quando está lutando contra ela. Quando você passa a se preocupar mais com a sua felicidade do que em provar alguma coisa para você mesmo ou para o mundo, tudo melhora. Quando você passa a focar em ser feliz e não em ter razão, entra no caminho certo para isso. A vida é muito curta para fazer pose e tentar se provar.

Aceita que dói menos. Ninguém é totalmente feliz sozinho. Precisamos de amor em nossas vidas, seja lá da forma como ele venha. Isso não é depender de terceiros, uma vez que temos a liberdade de colocar e tirar das nossas vidas quem quisermos. Não é aquela determinada pessoa que vai te fazer feliz, é qualquer pessoa que você escolha. Mas você precisa de pessoas, afinal, até que provem o contrário, você é humano.

Não seja cuzão de pensar que não precisa de ninguém. Precisa sim. Todos precisamos. Cuide bem das pessoas que te fazem feliz e aceita essa sensação estranha de que em algum grau depende delas para o seu bem estar.

Para se doer por ter exposta uma fragilidade, para dizer que está em um relacionamento estável com chocolate ou ainda para perguntar por que estamos virando cosplay de revista feminina: sally@defavor.com

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Comments (18)

  • Eu acho que você deveria pesquisar sobre pessoas arromânticas (sou uma delas). Uma pessoa arromântica é alguém que não sente amor romântico. E daí a gente cai no mito do amor romântico (engraçado que eu vim do seu post sobre mito da maternidade). A gente não tem ideia de que porra é essa de amor (romântico) que vocês tanto falam. A gente sente amor pelos amigos, pelos familiares, pelos animaizinhos, pelas plantinhas, amor platônico (é mais que amigo, mas não é romântico), mas amor romântico é “????”. Agora se imagine num relacionamento amoroso com uma pessoa que você não ama…

    Fora que boa parte da gente tem um nojo/pavor por qualquer coisa relacionada à isso. Mesmo romance em livros, filmes, etc. Acho que se você falasse pra esses arromânticos pra eles fazerem uma escolha entre um relacionamento amoroso e a morte eles escolheriam o segundo sem nem dar tempo de piscar.

    Daí você pega uma pessoa dessas que passou a vida tentando se encaixar numa sociedade ultra romantizada. Que foi de relacionamento à relacionamento, se forçando, achando que algum dia daria certo até ela perceber que não isso não vai mudar e que ficar fazendo isso só vai trazer mais sofrimento. E então dizer pra essa pessoa que ela não vai ser totalmente feliz por causa disso é tão errado. Pra essa pessoa estar em um relacionamento é basicamente a morte, é o ápice da infelicidade, é tortura. E a gente so é feliz quando se desprende dessa ideia que a sociedade nos passa.

    Porém, existem arromânticos que querem entrar em relacionamentos amorosos (talvez porque eles ainda fantasiem, acho que pelo menos metade dessas pessoas não durariam uma semana em um relacionamento desse tipo). Outros tantos entram em relacionamentos queerplatônicos. E eu diria que a maioria prefere ficar sozinho, mas criar laços com amigos. Na verdade, a gente coloca muito mais importância na amizade do que vocês.

    Então, sim, é possível ser feliz sem relacionamentos amorosos, principalmente se isso for da natureza da pessoa.

    • Mas quem disse que relacionamento amoroso precisa se basear em amor romantico? Cada um constroi o que melhor lhe atende!

    • Eu nunca tive um relacionamento amoroso, e às vezes me questiono se eu sou arromântico. Às vezes a solidão bate e eu sinto falta de um relacionamento que seja mais que uma amizade, mas acho toda essa coisa que você vê entre casais, de declarações de amor, mensagens em redes sociais, comemorar aniversário de namoro, etc, brega e meloso pra caralho. Tenho esse “nojinho” toda vez que enfiam algum romance, seja em livros, filmes, jogos, música, em praticamente todo lugar. Parece algo barato, forçado, feito pra agradar o menor denominador comum. Tem que ser algo muito bem feito, fluido e muito bem justificado pra mim pra ser aceitável. Parece que todo o entretenimento do mundo gira em torno de romantismo e relacionamento amoroso, é um saco.

      Além disso, sou orgulhoso pra cacete e valorizo muito minha autonomia e liberdade individual. Não gosto da idéia de ter que dar satisfação da minha vida pra outra pessoa, de dividir meu dinheiro e ter a demanda de passar um tempo com a pessoa, mesmo que no momento eu queira ficar na minha. A idéia do “eu” se tornar “nós” me incomoda muito.

      • Eu também abomino romance. Mas podemos construir relaçoes em qualquer formataçào. O fato de não gostarmos do modelo vigente não tem que ser sinônimo de ficar sozinho.

  • Sally tocou num ponto interessante no texto dela: se não dá pra ser feliz sem amigos, porque não dá pra ser feliz sem amor? Isso me lembra a leitura um tanto exaustiva do Espinosa na Ethica III, e Montaigne nos seus ensaios sobre as paixões humanas em que ele divaga sobre a amizade partindo do pensamento aristotélico. Aliás, já desde Aristóteles os filósofos tentam fazer uma diferenciação entre esse amor que une duas pessoas, seja ele amor de amizade (ligado ao conceito de fraternidade, benevolência, camaradagem), e amor carnal (no sentido de paixão ardente, e mesmo admiração profunda pela pessoa). Interessante todo esse debate, o que me faz concordar com a Sally aqui no caso: o ser humano foi feito para amar, ou antes, para sentir alguma coisa, para compartilhar sentimentos, ele está fadado a isso, não há como negar. Posso dizer até mesmo em termos psicanalíticos lacanianos: o sujeito é constituído pela falta, e essa falta só se completa no outro, se dirige ao outro, àquele que possui algo que eu não tenho.

    Acredito que o que o Somir colocou seja vero em algum nível: é possível sim ser feliz sozinho, neste caso, aqui, felicidade estaria relacionada mais a um conceito de estado de espírito que independe da presença de outra pessoa naquele momento. É diferente do fato de o ser humano necessitar compartilhar sentimentos.

  • Por reflexo eu responderia “sim” para a pergunta inicial, pois atualmente eu me sinto bem com a minha solteirice aguda. Não acho que me falta uma pessoa pra amar (no sentido de namoro) agora.

    Mas eu não sei o dia de amanhã.

      • Eita, é mesmo. Me confundi, perdão pelo vacilo.

        Viver sozinho é uma missão não só beirando ao impossível, como também um tanto dolorosa. Ser orgulhoso a qualquer custo me parece estressante. É como algo que eu ouvia minha mãe dizer: às vezes mostrar ‘fraqueza’ é uma forma de força.

  • Sim, eu! Já sou um quarentão, nunca tive relacionamento sério, não me faz falta e não pretendo ter.
    Vale “namorar” e ficar cada um na sua casa, sem morar junto? Se for assim até vai, porque não me imagino morando com alguém tirando neu espaço. Sou ruim da cabeça?

    • Também penso do mesmo modo, anônimo, e concordo com a Sally: o inviável é não tê-los. Concordo na medida em que já passei por más experiências em relacionamentos e também dividindo moradia com colegas loucos e olha… Chego à conclusão que preciso mesmo é morar sozinho, ter meu espaço, e não me imagino dividindo a vida e a mesma moradia com alguém, a não ser que aceite muito bem minhas chatices e respeite meu espaço e meu momento. O que é um tanto difícil. De todo modo, não sou tão pessimista, acredito que dá pra levar um relacionamento, mas cada um no seu canto.

  • Assexuados não curtiram isso XD

    Eu acho que é possivel ser 100% feliz sem relacionamento amoroso, mas vai faltar alguma coisa. Assim como uma criança adotada por um casal lésbico que não terá presença de uma figura paterna, masculina.

    • Nada a ver. Ruim é quando ele some no mundo e larga a criança com a mãe sozinha (foi meu caso). Eu bem preferia que minha mãe fosse lésbica e eu teria uma mãe e uma pãe. Mulher precisa mais de relacionamento, homem se vira melhor sozinho.

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