País do futuro?

Que o brasileiro médio é um desastre Sally e Somir concordam, faz tempo. Mas pensando no futuro, bem no futuro, as opiniões começam a divergir. Os impopulares decidem se isso ainda vai pra frente…

Tema de hoje: o brasileiro médio tem solução a longo prazo?

SOMIR

Tem sim, esse povo não é tão especial assim. Mas antes, vamos falar um pouco sobre futurologia:

Prever o futuro normalmente é uma tarefa difícil e fadada a erros. Algumas décadas atrás, imaginava-se que nos dias de hoje, todos teríamos carros voadores! Com a mentalidade da época, fazia muito sentido acreditar que evoluiríamos nesse sentido: o ser humano segue uma linha muito clara de aproximação entre pessoas, há milênios. Naquele ponto, parecia que o carro seria a base dessa aproximação, então, claro, que os carros tornassem isso possível. O que aconteceu na prática foi que outra invenção – o rádio – tornou-se essa base. O mundo correu no sentido de uma aproximação pela comunicação, não pela velocidade do transporte físico.

O que eu quero apontar aqui é que o erro mais comum numa análise futurista é a presunção que temos que alcançar nossos objetivos a partir de uma base imutável de dificuldades. Alguém com mais conhecimento técnico na época da previsão dos carros voadores poderia dizer que a ideia nem fazia sentido em larga escala, que precisaríamos de avanços impensáveis para sequer começar a pensar nisso de carros voadores. E essa pessoa estaria certa naquele tempo e nos tempos atuais. Mas, quem disse que é a tecnologia de transporte que precisa ser desenvolvida para aproximar a humanidade? Com a internet, o problema foi resolvido, seguindo um caminho completamente diferente. Que os dados façam o trajeto, então!

Então, quando falamos sobre o futuro do brasileiro médio, com todos os defeitos de suas personalidades e falhas estruturais da sociedade brasileira, quem disse que ele tem que melhorar vivendo eternamente nessa condição? Se me perguntarem se o BM tem jeito num futuro próximo, eu vou concordar com a Sally, porque o cenário é esse mesmo. Mas, no longo prazo? Aí tem uma série de variáveis que modificam até mesmo a base com a qual trabalhamos nessa previsão. As pessoas reagem aos seus ambientes, e os ambientes mudam com suas pessoas. É uma reação complexa, e nunca se deve analisa-la ignorando um desses dois fatores.

O brasileiro médio não vive numa ilha, isolado do resto do mundo. Todas as evoluções sociais que acontecem ao redor do mundo acham seu caminho para cá, mesmo que alguém tenha que forçar a barra, vide fim da escravidão. A globalização é uma realidade, as crianças de hoje já são criadas vendo os mesmos desenhos no mundo todo, por exemplo. A internet, apesar de sua diversificação de conteúdo, também contribui para unificar as percepções e os valores das pessoas, por mais diferentes que sejam suas culturas. Claro que os pais ainda vão ensinar para os filhos que o “jeitinho” resolve tudo por muitas gerações, mas muito cuidado ao achar que a realidade do “universo paralelo” da criação (só escutando o que os pais e pessoas próximas dizem), muito vigente na época que nós crescemos, ainda vai ser a norma no futuro. A criança de hoje tem mais contato com a cultura global do que o adulto de vinte anos atrás, por exemplo.

E temos fatores realmente estáveis influenciando a evolução humana como um todo: a redução da escassez de alimentos e uma maior segurança média no mundo todo está causando redução populacional (e não achem que é só no Japão ou na Suécia, acontece no Congo também, mas bem mais devagar) e maior acesso a educação. Gente com menos fome e mais bem educada melhora consideravelmente o status da sociedade onde vive, não por ficarem boazinhas, mas por menor brutalização. São pessoas finalmente entrando numa faixa mínima de humanidade, com planos e objetivos mais complexos do que sobreviver ao próximo dia. Claro que isso não acontece com a velocidade que gostaríamos, mas se considerarmos que os padrões de vida dos países mais pobres de hoje são mais ou menos parecidos com o dos ricos há séculos atrás, começa a surgir uma noção de atraso, e só atraso.

Não é que um povo mereça mais ou seja mais preparado geneticamente, é que a não ser que esse povo consiga vencer a escassez e modernizar-se suficientemente por um longo período de tempo, as coisas continuam indo mal. O brasileiro médio é resultado de uma série de problemas históricos, desde a colonização até a escravidão, e o estado atual de corrupção e incompetência pode ser visto de forma praticamente idêntica em diversos outros países com históricos parecidos. A corruptocracia tupiniquim é comum em países com mais ou menos o mesmo grau evolutivo da sociedade. E pra quem não sabe: os países do primeiro mundo passaram por fases muito parecidas, há muitos e muitos anos atrás. Ou vocês acham que a história da Inglaterra, por exemplo, é feita por gente honesta e realmente interessada no bem estar humano?

Honestidade, eficiência e justiça, por incrível que pareça, são luxos que uma sociedade tem que conseguir a duras penas, e não por uma sorte de nascerem “pessoas boas” em quantidade suficiente, mas por terem uma estrutura mínima, construída a duras penas pelos seus antepassados menos valorosos. Evolução social é uma construção de micro vontades de seus membros, não grandes modificações feitas por gente com muita força de vontade. Tanto que toda grande revolução é precedida por diversas tentativas frustradas. Não é só vontade, é condição.

E por mais que o PT tenha feito o que fez com o Brasil, o sistema ainda não desabou por aqui. Continuamos com melhorias constantes na qualidade de vida do brasileiro médio se considerarmos o quadro geral. A vida do brasileiro médio atual está seguindo o fluxo mundial de aumento de segurança alimentar, educação e liberdades. Favor não confundir “não estar bom” com “não estar melhorando”. Melhorando está, infelizmente sempre ficam pra trás alguns grupos e lugares assolados por guerras e religião, mas mesmo isso já infernizou a vida dos países que são exemplo de civilidade hoje em dia. As coisas se acertam, não por que eu sou otimista, mas porque o tempo passa e o ser humano continua buscando conforto e satisfação de suas necessidades. Corrupção é uma forma de funcionar de sistemas muito mal organizados, mas, arrumando um pedacinho por vez, sem desistir, ela começa a ficar pouco eficiente como método de busca de conforto. E é aí que um povo começa a se voltar para a honestidade, não existe bom selvagem! Não existe mau selvagem também. Somos o que o nosso ambiente nos permite ser.

O brasileiro médio tem jeito sim, vai demorar, mas tem. Provavelmente quando o povo daqui estiver civilizado como um país nórdico, por exemplo, o padrão médio dos países nórdicos seja muito maior. Mas tudo bem, quem começa antes tem seus benefícios mesmo. Vou morrer dizendo isso: não sou otimista, sou realista. Otimismo seria achar que o brasileiro tinha algo de especial que o fizesse melhorar antes da sua estrutura social permitir, isso sim seria digno de nota. Mas não vai acontecer assim. Assim que for fácil suficiente ter solução, o brasileiro médio abraça ela. E é só questão de tempo. Pena que muito…

Para dizer que prefere achar que existe uma mágica modificando o comportamento de pessoas pela sua posição geográfica, para dizer que se achar que o BM tem jeito se sente menos especial, ou mesmo para dizer que entendeu que eu estou defendendo este povo (parabéns!): somir@desfavor.com

SALLY

O brasileiro médio tem solução a longo prazo?

Não. Nem a curto, nem a longo nem a longuíssimo prazo. Não vai acontecer, a mentalidade é truncada, corrupta e egoísta, são coisas que não “evoluem” naturalmente. Caráter não é apenas fruto de educação, é moldado pelo meio, e o meio está podre a ponto de prejudicar pessoas que insistem em se portar corretamente.

Não é que o brasileiro seja um bom selvagem, inocente e vítima. O brasileiro quer a corrupção. Não parece querer uma sociedade onde tudo funcione corretamente, pois isso implica em não poder dar o seu jeitinho, um clássico para resolver os problemas. Quando ele faz, é só um jeitinho inofensivo, quando os outros fazem, são criminosos que devem sofrer uma punição exemplar.

Esta mentalidade não se reverte apenas com educação, seja ela em casa ou na escola. O ser humano é desgraçado de filho da puta, por mais que tenha a clara consciência de que algo é errado, ele sucumbe à tentação e acaba fazendo mesmo assim se lhe trouxer vantagem e se tiver certeza da impunidade. Não é questão de ensinar o que é certo e o que é errado, vamos combinar, as pessoas sabem muito bem, é questão de colocar trava para que ocorra uma punição exemplar a quem faz algo socialmente nocivo.

Esta punição precisa ter duas características: 1) deve representar uma perda significativamente maior do que o ganho que a pessoa teve agindo de forma incorreta e 2) é preciso que se tenha a certeza absoluta que a punição virá. Isso se faz através da lei, do Legislativo em conjunto com o Judiciário. Ou seja, para que isso seja colocado em prática, precisamos de Deputados e Senadores que criem leis inteligentes e rigorosas combinados com um Judiciário rápido, justo e imparcial que as aplique. Pausa para rir.

Você acha que isso vai acontecer a longo prazo? Como pessoa que já esteve dentro das duas engrenagens, tanto do Legislativo como do Judiciário, eu te garanto que não vai. Não há sequer estrutura física para colocar isso em prática, quem dirá vontade e capacidade. Estabeleceu-se um círculo vicioso inquebrável: brasileiro vota em merda, merda faz lei de merda, Judiciário aplica que nem merda lei de merda.

Em um devaneio utópico, pensando em tempos onde o brasileiro pudesse votar em pessoas decentes por ter discernimento para fazê-lo, ainda teríamos outro problema: pessoas com a retidão necessária para melhorar este país não conseguem nem mesmo se candidatar, graças à forma mafiosa como este país é conduzido. Mas, novamente, em um devaneio romântico, supondo que pudéssemos encontrar centenas de pessoas capazes, inteligentes e incorruptíveis e elas conseguissem se candidatar e vencer, ainda teríamos muitos desafios pela frente.

Fazer boas leis é um começo, mas é parte fundamental do plano criar mecanismos para que essas leis sejam cumpridas. Assim, teríamos que conseguir muitas centenas de pessoas juridicamente capacitadas e com ética (sim, encontrar alguém que fez faculdade de direito e tenha caráter é procurar uma agulha em um palheiro) para aplicar essas leis. Juízes incorruptíveis, que pudessem fazer valer as leis bacanas para colocar ordem na sociedade. Mas calma que ainda não acabaram os problemas.

Para fazer valer as leis, seriam necessários mecanismos coercitivos, aplicados a aqueles que desobedecem as normas. A princípio, seriam muitos, quase todos, afinal, brasileiro escolhe qual lei acha justo cumprir. O Brasil é o país onde uma lei pode “não pegar”. Daí eu te pergunto: como fazer para criar uma estrutura enorme, eficiente e rápida para punir massivamente mais de 200 milhões de pessoas? Como julgar de forma rápida e aplicar uma reprimenda exemplar a esta quantidade de pessoas? Entendam que estipular uma pena não é suficiente, é necessário assegurar que ela seja cumprida, fiscalizar e repunir de forma ainda mais rígida quem descumpre a primeira punição.

Neste ponto você deve estar se perguntando por qual motivo apenas educação não basta, já que em países civilizados as pessoas crescem respeitando as leis. Onde o respeito é a regra, existe uma punição muito forte para quem bandalha: a reprovação social massiva. Este fator de contenção o Brasil não tem, aliás, muito pelo contrário, aqui quem dá seu jeitinho é espertão e quem age corretamente é otário. Logo, educação não basta, o modo vigente é outro e isso contamina o mais educado dos seres humanos. Além disso, não se esqueçam, nestes países civilizados quem mija fora da bacia tem a certeza de que vai ser punido sem choro nem vela. Presentes estas condições, sim, educação basta. Não é o caso do Brasil.

Obviamente a Madame aqui de baixo, como sempre, tem devaneios místicos de que tudo vai acabar se resolvendo sozinho, se autorregulando. É uma constante em seus argumentos achar que uma hora ou outra as coisas se resolvem. Só que não. As coisas pioram se providências para melhorá-las não forem tomadas. Mas, por favor, não tirem isso dele, se não ele surta.

Você, leitor, enquanto ser humano racional e pensante, com estrutura para entender como o buraco é mais embaixo, como na prática as coisas são bem diferentes da tese vai conseguir viver com a ideia de que está tudo muito, muito, muito cagado para se resolver. Você é capaz de trabalhar com a realidade. Basta a realidade e me dizer se estamos caminhando para algo melhor ou se estamos involuindo. Basta dar uma lida em um texto A Semana Desfavor de hoje e de cinco anos atrás para ver como as coisas estão piorando. Não trabalhamos com achismos, trabalhamos com realidade concreta: na real, o país está piorando. Nada indica que vá melhorar.

O que está sendo feito para melhorar? Melhores Deputados e Senadores? O Judiciário está ficando mais ágil e eficiente? Senhores, desculpem, mas nada aponta para uma melhora. Quem vê chances de melhora vê o que está querendo ver. Eu sei, eu sei. É angustiante se deparar com a realidade de que seu país foi tão cagado que não há solução até onde a vista alcança. Só quem é muito inteiro consegue lidar com a angustia de viver com essa realidade escrota sem precisar se convencer do contrário, seja com uma religião, seja com um devaneio distorcido. O brasileiro deu errado, aceita que dói menos.

Para agradecer por começar a semana sendo deprimido por este texto, para dizer que sente uma enorme tentação de concordar com o Somir por ser mais agradável ou ainda para dizer que só um estrangeiro consegue encarar uma realidade tão dura: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: ,

Comments (19)

  • O ser humano evolui sim, mas não mergulhado na estagnação. É preciso fazer algo em prol a evolução. Ela não é automática.
    Vejamos o exemplo dos personagens reais do Ei Você! Será que daqui a trinta anos a cultura deles se auto regula? Assim? Do nada? Duvido sinceramente.

    Na realidade, a coisa está evoluindo

    Para a decadência

  • Eu costumava acreditar nessa coisa de sociedade que se auto regula, mas isso não funcionaria na mentalidade brasileira. Atualmente vejo um caminho sem volta.
    O problema é que a tão falada diversidade brasileira é nada mais que um multiculturalismo segregador.
    Os brancos tem complexo de europeu, com seus olhos claros e sobrenome cheio de consoantes, e se acham superiores aos outros, mesmo que não saibam uma palavra do idioma original de seus pais e avós, mesmo que os europeus “de verdade” não deem a mínima pra nós.
    Os negros e índios fazem grupinhos de resistência, numa tentativa patética de vingar seus antepassados, ficam com chororô de “apropriação cultural” por causa de uns trecos de pano, pedra ou semente. Acham que textos de internet vão mudar a vida de gente que nem acesso a internet tem. A luta por igualdade é corrompida e mal interpretada.
    Os asiáticos (árabes inclusos) mal se esforçam pra aprender português, não se destacam muito mas mesmo assim se acham superiores e formam suas colônias, provavelmente contando os dias em que terão relevância política o suficiente pra tentar implantar seus próprios interesses.
    Os miscigenados ficam oscilando suas posições de acordo com o contexto e com o que der mais vantagens.

    Ninguém tem um interesse em comum, ninguém se une e fica nisso aí, adiando o país do amanhã e se contentando em copiar só as coisas cagadas dos EUA: consumismo, modinhas e aquelas bolas de açúcar-gordura-sal que eles chamam de comida.

  • Pois é, Sally. Tudo isso aí que vc escreveu no seu texto é o que eu vejo em Valsador diariamente. Viver ali é constatar ao vivo e a cores a falência de toda uma sociedade (que nunca foi “essas coca toda” mas tá cada dia pior, o poço nunca é fundo quando o assunto é o povo soteropobretano). Nunca vi um povo brasileiro tão sem cultura como o de Valsador. Salta aos olhos, é de cair o cu da bunda a ignorância, arrogância, petulância, insolência e o desrespeito escarnecedor do povinho. É um festival de maus modos pra lá e pra cá, excretam pra todo canto (isso mesmo, cuspe, urina, fezes e o que mais você imaginar) falam a própria vida bem alto no celular, aos berros, sentam no banco do ônibus como no sofá de casa, com perna aberta (por isso virei anti social de ônibus – e também de avião: sempre prefiro me sentar sozinha), homens que insistem quando mulher diz claramente um “não”, e por aí vai, a lista da má educação do baiano médio é infindável. Mas se acham OS morais da história, porque vão pra igreja, são bem religiosos, se acham “de bem” (e muitos, veja só, se acham de bem até por apoiar… Trump! Isso mesmo, tem baiano médio “de bem” se achando por apoiar alguém que além de cagar e andar pra eles, os trataria com desprezo. Se reelegeram o coronelzinho, imagina se perderiam mais uma oportunidade de mostrar a própria estupidez apoiando alguém estúpido como eles. Por isso que Valsador não vai pra frente, virou a república dos burros com orgulho (uma versão piorada do carioca médio, diga-se de passagem).

  • Os textos da Sally são sempre engraçados, mas o Somir tem razão. O mundo evolui, o ser humano evolui. Brasileiro pode ficar por último, mas não vai ser diferente.

    • Evoluí nada. Tem culturas que estão no mundo por mais tempo que os Europeus e continuam uma bosta cada dia pior. Tempo não é certeza de evolução. Não seja acomodado de achar que o simples decurso do tempo faz alguém evoluir. Tem que fazer por onde, se não fica estagnado ou até piora.

    • Vamos colocar um ponto final nesta questão? Brasil é formado por: 1) portugueses escórias (pleonasmo) que enxergam aqui como lugar pra levar vantagem em tudo, certo?; 2) negros que só querem saber de banzar e de foder com o branco que os escravizou e os obrigou a vir pra esta terrinha maldita, arrancados que foram da Mama África e 3) índios que jamais se desenvolverão além do limite do simiesco, pois a natureza lhes dá tudo de que necessitam. Assim, com três etnias que olham em direções completamente opostas (sempre o fizeram e sempre o farão) e cuja miscigenação forma o grosso da população deste país de merda (europeus são minoria e não têm força pra dar pitaco em nada), nada há a fazer senão esperar a inevitável degradação desta terra como um ajuntamento imiscível de gente que não tem a menor afinidade para formar uma nação, conceito que depreende sempre um objetivo de vida comum, coisa nem remotamente existente por aqui: cada um enxerga seu próprio rabo e fodam-se os outros. Tão aí todos os escritores, sociólogos e filósofos especialistas em braziu que não me deixam mentir, tendo dito tudo isso que falei em tom mais ameno e educado.

        • Precisamente, Sallyta! Fizeram isso empurrados, sabendo que jamais lhes seria dado usufruir da riqueza que construíram para os outros, debaixo da chibata do feitor e de leis que sempre lhes punham nos rabos quando insubordinados. Nunca que isso ia dar certo! Numa escala bem menor e guardadas as devidas proporções, foi a mesma coisa com a União Soviética: reunir um monte de etnias nada a ver, com interesses distintos e conflitantes, sob a mesma ideologia furada do socialismo. Claro que ia dar merda! Por isso descreio totalmente da evolução deste “país” para algo mais que um mero acampamentão de tribos disjuntas.

          • Charles DG, o pior não é apenas o passado deste povo, o pior é que continuam se apegando ao atraso, às coisas ruins e ao legado ruim (e com fervor, haja vista esta mania de explorar e se aproveitar dos outros), ao invés de, como Sally bem disse, “fazer por onde”, de melhorar de se esforçar para as coisas melhorarem. Isso aí é com o próprio povo, na maneira que se educa os filhos, a nova geração de brasileiros, mas não, insistem em passar a própria moral porca para os descendentes, assim nunca muda e só piora. Pais e mães fazem questão de passar maus valores e a hipocrisia, e enquanto isto acontecer, o Brasil nunca terá jeito. Tudo começa em casa (e eu vi AO VIVO o quanto a educação das crianças brazucas anda estragada. Os pais estragam os próprios filhos e depois reclamam das consequências). O Brasil é um ambiente muito ruim para quem quer ser honesto, pois a malandragem impera (a nível nacional). Tem que resetar mesmo, especialmente no aspecto humano, que já tá bem estragado. Ou o Brasil faz uma reforma moral de seus próprios cidadãos, ou a merda vai continuar fedendo, por mais detergente que passem.

      • Relendo esse comentário do Charles D.G., me lembrei agora de uma expressão atribuída, se não me engano, a Olavo Bilac, e que é muito usada para chamar o Brasil de “flor de três raças tristes”. Da mistura de português degredado e/ou explorador com o negro escravizado e com o indígena primitivo, surgiu o grosso da população que habita estas terras…

  • Aí você quer ter fé no futuro do Brasileiro Médio, bota no Fantástico e a pauta é a emocionante de Lamborguínesson da Silva, que depois de comprar o primeiro celular com câmera, se divertia fazendo e montando vídeos, e decidiu que seu sonho era entrar para o canal Kondzilla do Youtube e um dia fazer um clipe de funk para seu ídolo, o Mc Pikachu, o MC mirim por trás do sucesso da MPB Roça o Peru Nela. A história termina mostrando que Lamborguínesson conseguiu realizar o sonho, mas Mc Pikachu deixou o canal Kondzilla logo depois.

    • É bem simples: o decurso do tempo não faz ninguém melhorar. Ou a pessoa/população/país faz por onde, ou não melhora.

      • Outra coisa é que o Brasileiro Mérdio também gosta de se pautar no “se tá todo mundo fazendo errado, eu também tô no direito de fazer errado”.

        Teve um dia que o Datena estava lá dando o showzinho dele quando um dos bandidos apreendidos resolveu fazer um discursinho lá “pô, tá serto eu robei ali e tal e tô errado mas e esses políticos que tão aí robando, robei duzentos pila só senhor mas os caras roba tudo de milhão né senhor”. Aí o Datena vai e diz que em parte ele tem razão.

        O Brasil é que nem uma casa suja em que ninguém se compromete a limpar (ou pelo menos não sujar) porque nenhum dos outros moradores limpou.

      • Exatamente, Sally. É isso que penso quando me deparo com a realidade de Valsador todo o santo dia. O povo é acomodado na imundície moral (mesmo se querendo “de bem” por ir à igreja, dar esmolinha na rua e outras tapeações que vendem para si mesmos). Não vão pra lugar algum.

        • Tem que querer, tem que fazer esforço para as coisas acontecerem. Progressos não acontecem naturalmente, pelo mero decurso do prazo…

  • Enquanto tiver brasileiro achando que assim tá bom, esquecam: o Brasil não vai melhorar nunca, nada vai mudar a não ser pra pior. Corrupção aqui não é exceção, é regra. Aqui, em vez de achar que quem rouba é filho da puta, rotulam de idiota quem não se corrompe e não corre atrás de vantagens (fora o plus da hipocrisia, bandidos são só os outros né…). Para que a sociedade brasileira mude a ponto do país mudar pra melhor como um todo, tem que “resetar” o sistema, formata esse país sem backup!

    • Não melhora mesmo. Não basta passar o tempo, é preciso que as pessoas façam por onde melhorar. Alicate tá com cabelo branco e tá a mesma merda de sempre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: