O que não falta nesse mundo é gravidez indesejada. Também não faltam discussões sobre como as mulheres se sentem nessa hora… mas Sally e Somir discordam sob um ponto de vista raramente escutado: o do homem. Os impopulares geram a discussão.

Tema de hoje: para o homem é pior uma gravidez indesejada no casamento ou numa aventura de uma noite?

SOMIR

O pior é não ter feito vasectomia a tempo. Mas, já que nesta discussão já partimos da premissa da mulher ter engravidado, eu acredito ser pior se for uma aleatória cuja única coisa que você sabe ter em comum foi a vontade de fazer sexo naquele dia. Homem já tem pouco ou nenhum controle nesses casos, ter uma estranha com esse poder na mão é ainda mais desesperador.

Vamos considerar duas possibilidades após a descoberta dessa gravidez: a mulher faz o aborto ou tem o filho. Não, abortos não são legais, mas sejamos honestos: podendo pagar, são uma opção. Estamos falando de uma gravidez indesejada para o homem, obrigatoriamente. A mulher pode ou não querer ter o filho. Se os dois não quiserem e puderem realizar o aborto, não faz muita diferença. Agora, evidente que a discussão de hoje não vai cair nesse cenário “ideal”. Pra realmente ter que decidir o que é mais terrível das duas opções, a mulher nesse caso quer ter o filho.

Pois bem. Como o homem nesse caso não quer, ou vai tentar convencer a mulher a desistir (a tempo) ou vai ter que entubar a criança. E nesses dois cenários, é melhor estar com uma louca conhecida do que com uma recém descoberta. Porque a mulher que quer forçar filho em cima de um homem não regula bem ou não presta, talvez ambos. Tá, muito triste descobrir que casou com uma cobra, mas temos que ser práticos e realistas aqui: a merda de casar está feita, pode ser revertida depois. A merda de ter um filho com essa louca ainda não aconteceu, e não pode ser revertida caso aconteça. Foco!

O que você tem mais com uma mulher com a qual casou e tem um relacionamento longo que não vai ter com a estranha? Acesso e conhecimento. E se você quer derrubar a ideia dela de ter o filho, tem muito mais margem de manobra com alguém que você convive diariamente e que sabe os pontos fracos. Terrível que eu tenha que escrever isso, mas desde manipular até “causar” o aborto é muito mais simples para quem está do lado da grávida todos os dias. Evidente que o ideal é fazê-la desistir desse golpe sujo da forma mais educada e pacífica possível, mas mesmo pra isso, ajuda muito saber como a loucura dela funciona.

A louca recém-conhecida é um mistério, você não sabe quais são os medos e esperanças dela, não sabe onde apertar para ela desabar, não sabe nem que tipo de mentira ela gosta de acreditar. Você tem que passar um bom tempo com uma mulher pra conhecer ela assim, e convenhamos que nós homens somos mais lentos para esse tipo de reconhecimento. Até você descobrir o que teria de dizer para que ela abortasse, a criança já nasceu. Você não mora com a pessoa, não tem nem mesmo muita abertura para passar muito tempo com ela. Quando é sua esposa, o resto da família e amigos meio que deixa o cuidado na mão do marido, mas quando é uma solteira que engravida, começa a aparecer gente do nada para ficar com ela. Suas janelas de oportunidade diminuem e tem sempre um filho ou filha da puta que não te conhece e te detesta para ficar botando minhoca contrária na cabeça dela.

Se você tiver uma chance de reverter o desejo da mulher de ter o filho, vai ser muito maior se for a sua esposa. Acesso e conhecimento. E se conseguir, pé na bunda disso na hora! Só não culpo mulheres que não tem condição de fazer um aborto suficientemente seguro (tudo o que é ilegal fica mais caro), mas aí, também, se o homem forçar ela a correr um risco assim, é um cretino de marca maior, e estamos fora do escopo do texto.

Bom, enquanto o aborto for possível, é melhor ser casado com ela. Mas, se não for? Bom, aí por decisão unilateral dela ou por impossibilidade de terminar a gravidez, o filho vai ser uma realidade. E aí, novamente é melhor estar com a louca conhecida. E aqui, vamos fazer um pequeno retorno: até na hora de descobrir a gravidez a mulher com a qual se casou é melhor. A estranha pode aparecer barriguda depois do limite aceitável do aborto ou até mesmo já com a porcaria da criança feita, pedindo pensão. Quer dizer, mentindo que quer que a criança conheça o pai, mas querendo o dinheiro de verdade. Se a mulher está na mesma casa que você, você vai ser avisado enquanto é tempo de desistir na imensa maioria dos casos.

Pois bem, nasceu a criança indesejada. O que é melhor, que ela esteja com uma estranha por aí ou que você possa pelo menos evitar estragos maiores? Crianças crescem, e se uma maluca começar a botar besteira na cabeça dessa criança desde cedo, seu filho vai ser mais e mais problemático com o passar dos anos. Porque depois que nasceu, já era, é seu. Você pode fazer algum esforço para criar direito e ter menos dor de cabeça no futuro ou você pode deixar a merda explodir na sua cara depois. E existe sim um grande risco de você se apegar à coisinha, a genética explica. Caso você faça a entubada completa e aceite de coração a criança, melhor que seja com a sua mulher e o filho esteja debaixo da sua asa.

Se você não quiser nada com a criança, bom, aí basta se separar e basicamente ter a mesma relação com o fedelho que teria se ela fosse uma estranha. Se você era casado com ela, ela teve muito tempo pra ouvir como é uma pessoa horrível por te forçar a criança, e talvez fique carente o suficiente pra arranjar outro pra cuidar, afinal, ela está com a mentalidade de “papai e mamãe” muito forte na cabeça. A do caso de uma noite não, ela decidiu uma produção independente (paga com o salário alheio) e tem menos chances de encontrar outro homem que tope ser o pai da criança. Quando tem substituição, mulher e criança te pentelham menos. Aí é basicamente pagar pelo erro por dezoito anos, mas só em dinheiro pelo menos.

A situação é terrível de qualquer jeito, mas não tenho dúvidas que na hora do aperto, é melhor conhecer bem o inimigo.

Para dizer que eu sou uma pessoa horrível, para dizer que as duas podem cair de escadas, ou mesmo para dizer que torce para que eu não tenha filhos (somos dois): somir@desfavor.com

SALLY

O que é pior para o homem: filho indesejado no casamento ou filho indesejado em uma aventura de uma noite?

Percebam que estamos discutindo o ponto de vista exclusivo do homem. É um exercício de empatia para as mulheres (que andam precisando disso): se colocar no lugar do homem e tentar entender o que se sente. Então, mulheres, o que vocês acham melhor para vocês não nos interessa hoje. Hoje é sobre os homens.

Acredito que é pior para um homem uma gravidez indesejada no casamento. Sim, você achou que eu diria o contrário, eu sei. Mas ao final do texto talvez você concorde comigo. Vamos pensar na questão com a cabeça de um homem que não quer de forma alguma ter filhos, caso contrário a gravidez não seria indesejada.

Uma relação casual de uma noite é algo quase que randômico. Você escolhe a pessoa por critérios superficiais como uma boa conversa ou uma boa aparência. Não se mede caráter nem índole em uma coisa de uma noite. A outra pessoa também não sabe muito sobre você: sua vida, seus planos, seus desejos a longo prazo. É tudo muito superficial. Uma gravidez nesse contexto é algo muito chato, mas dá para classificar na categoria de “um incidente infeliz”. Uma pílula esquecida, uma camisinha estourada, uma irresponsabilidade de uma dupla que não joga como um time e pronto, está criado o problema.

Já casamento… bem, casamento é (ou deveria ser) parceria. A parceira sabe (ou deveria saber) dos desejos, dos planos, e do pensamento do parceiro. Por óbvio, uma esposa sabe do desejo do marido de não querer ter filhos. Não é um desejo fraco, eu posso falar de camarote. É algo forte, forte o suficiente para te fazer remar contra a maré, em um mundo onde as pessoas “normais” tem filhos. Nesse contexto, ciente do desejo de não ter filhos, não tomar o devido cuidado me parece um pouco mais grave. Há uma traição de confiança aí.

“Mas Sally, o homem também tem que tomar cuidado, todo mundo sabe como se engravida, não é só a mulher que tem que se cuidar bla bla bla”. Sim. Mas quando há uma relação de confiança e o casal acorda a forma que usará como método anticoncepcional, muitas vezes essa tarefa pode recair em um ato da mulher, como tomar pílula, por exemplo, e o homem confia nela, ao contrário de uma relação casual. É uma decisão de comum acordo que, se supõe, atenda a ambas as partes.

Imagina que um casal decide que o método anticoncepcional vai ser um e o sujeito, em paralelo, insiste em usar outros. Soaria como falta de confiança, certo? Se o método anticoncepcional escolhido pressupõe a confiança do homem, é muito cretino dar essa facada nas costas do seu parceiro. Mulher alguma no mundo admite que engravidou de caso pensado, mas o homem sabe, lá no fundo, ele sabe, pelo contexto, que ela o fez.

Só tem filho quem quer. Se você sabe que a outra pessoa não quer, é falta de caráter impor um filho a quem não quer. Isso vale para homem que fura camisinha ou para mulher que não toma a pílula para engravidar. Mas, ok, supondo que acidentes acontecem e que a mulher acabou engravidando sem má fé de ninguém… Se você sabe que o parceiro não quer filhos, acho totalmente sem ética tê-los. Quase ninguém vai concordar comigo, mas eu acho impor um filho indesejado a um homem o similar a estuprar uma mulher. Sim, joguem pedras. Só vai entender quem foi obrigado a criar, sustentar e “amar” um filho que não queria. Te obriga a mudar sua vida, suas prioridades e até seus sentimentos (se é que isso é possível) por um ato unilateral, que te impõe fazer algo que você não quer, para o resto da sua vida. “Mas Sally, quem mandou o homem não se cuidar?”. Ok, punam um homem por confiar em vocês, tá serto, tá sertinho.

Então, eu acho mais grave quando uma pessoa na qual você supostamente confiava faz uma coisa dessas com você. Em um encontro de uma noite, a pessoa não te deve nada, não há promessas, não há confiança. Se ela te der uma sacaneada, bem, era o risco do negócio. O homem topou quando decidiu sair com uma mulher que acabou de conhecer. Já casamento, são anos parceria, cumplicidade, esforço para fazer a relação dar certo. Não se espera que alguém abuse desta confiança para impor um ônus (que durará o resto da vida do homem) que tinha ciência ser indesejado. “Meu corpo minhas regras”? Ok, mas um filho afeta o corpo e as regras do parceiro também. “Nossa relação, nossas regras” seria um pouco mais justo. Imagina que bosta de mãe essa mulher vai ser para uma criança.

Há pressão social violentíssima contra quem não quer ter filhos, novamente, falo de camarote. Quando uma esposa diz ao marido que está grávida, o homem sabe que se ele disser que não quer, está ferrado. Não se pode obrigar uma mulher a fazer um aborto, vai da consciência dela ter a ética de pensar que se um dos dois não quer, não deveriam ter filhos. Fora a questão financeira, já que aborto no Brasil é crime, o que demandaria uma viagem internacional para realizar o procedimento. A sociedade não respalda a ideia de que se um dos dois não quer, é uma agressão, uma violência impor um filho. Não. É aquela ignorância de que “filho é sempre uma bênção” e que todo mundo sempre tem que gostar de receber essa notícia. Esta hipocrisia social é forte o bastante para que mulheres continuem impondo gravidez a homens: eles não tem o direito de se revoltar contra isso, o que torna a covardia ainda maior. Que porra de mulher filha da puta faz isso? Com que ética esta porra desta mulher vai criar uma criança? Gravidez de um encontro de uma noite pode ser apenas irresponsabilidade, mas em casamento é sacanagem da esposa.

Além da questão ética, na parte prática também é pior estar casado. Quando o filho é fruto de uma noite randômica, a mulher vai criar e é sobre ela que vai recair o maior ônus. O homem verá o filho nos finais de semana, se tanto. Só fará além se o desejar. No casamento não. As noites mal dormidas são mútuas. Todos os sacrifícios, todos os ônus, todo o estresse recai sobre ambos. Não viajar pois está com um bebê em casa. Não dormir uma noite inteira pois tem um bebê que chora de três em três horas. Quer dizer, além da falta de ética de ter um filho que não foi de comum acordo, um filho imposto, ainda tem todos os ônus desta consequência.

E ai do homem que reclamar, é extremamente mal visto dizer “faz você, eu nunca quis este filho”. Não pode. A sociedade acredita em um romantismo falso de que, no minuto em que nasce o filho, um amor brota do nada e emula esse comportamento por medo da inadequação. Uma mentira, propagada por anos e anos que as pessoas insistem em encenar por medo do julgamento alheio. Taí, milhões de mães com depressão pós-parto de tanto amor e homens traindo e indo embora, largando a mulher com um bebê em casa, de tanto amor. Francamente, sei que as coisas que estou dizendo hoje são feias, escrotas e chocantes, mas a vida é assim. É melhor aceitar e lidar com isso do que continuar romantizando e produzindo esses casamentos disfuncionais cheios de baixaria, traição e mentiras.

Na contramão do falso empoderamento feminino, onde mulher pode tudo e homem não pode nada como tentativa burra de equilibrar a balança, eu digo: mulher que impõe um filho indesejado a um homem não tem caráter. Pode fazê-lo tranquilamente pois não é esse o entendimento social (ainda), a sociedade entende que não tem caráter o homem que não quer ter um filho já concebido. Mas felizmente eu não meço meu caráter por aquilo que a maioria pensa, eu tento basear meus valores em coerência e ética, mesmo quando o resultado final me é menos vantajoso. Eu não quero proteção social injusta, como mulher, quero ser reprovada quando me faltar caráter, não preciso da pena ou condescendência de ninguém. Mulher que impõe filho sem que o parceiro queira é filha da puta.

Se é para tomar uma sacaneada de alguém, que seja de uma pessoa randômica, da qual você não esperava nada e onde você vai sofrer o menor ônus da situação. Se sua esposa te impõe um filho que não foi decidido de comum acordo, que você não queria, desculpa, mas essa pessoa não tem caráter. A sociedade não reprova, mas você deveria. E que merda que seu filho seja criado por uma mãe sem caráter…

Para se chocar com o tapa na cara logo no começo da semana, para se revoltar contra meu sincericídio ou ainda para dizer que no dia em que meu anonimato cair eu estou fodida: sally@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: ,

Comments (24)

  • Nenhuma “louca” tem um filho com um homem que não quer por escolha. Afinal se for pra escolher entre um homem que quer e o que não quer, porque escolher o mais difícil? Você tá falando de forçar um aborto através da manipulação por causa de desejo próprio. Olha o egoísmo e inconsequência. Aborto é extremamente perigoso e uma decisão muito difícil, você tá literalmente falando de manipular alguém pra correr risco de vida num procedimento cirúrgico porque você tá afim. É tipo obrigar alguém a fazer uma bariátrica porque você não gosta da aparência da pessoa, foda-se a saúde dela. Esse pensamento nojento eu entendo vindo de homens e até quando é direcionado a mulheres desconhecidas mas falar disso acontecendo num casamento com a mulher que você escolheu passar a sua vida e ter uma família, é muito absurdo. Você fala do erro de “casar com a louca” mas o culpado é quem faz um compromisso desses sem intenção de se responsabilizar pelas consequências, com intenção de fugir quando ficar complicado e o pior, a total falta de preocupação pelo bem estar e vontade da moça que você supostamente ama.
    Eu tô grávida, nunca quis engravidar e sou a favor do aborto – mas não abortei. Sei de todas as dificuldades de uma gravidez e de um aborto, posso dizer com certeza que é uma escolha que ninguém pode fazer no nosso lugar porque muda o nosso corpo e vida pra sempre, além de todos os riscos. Aborto mal é uma escolha no Brasil, fazer clandestinamente é muito perigoso e atualmente a lei diz que hospitais não podem atender mulheres com complicações do aborto. Me dá nojo do homem que prefere colocar a vida de uma mulher em risco do que assumir as suas responsabilidades.

    • Você parece estar muito sozinha também, pois vir aqui, no meio de desconhecidos, abrir coisas tão pessoais é preocupante. Muita sorte nessa jornada, não vai ser nada fácil.

  • Uma vez atendi um senhor no meu trabalho (homologo rescisões de contrato de trabalho), e estavam descontando um valor alto de pensão alimentícia. Qual não foi o meu espanto quando ele me contou que o filho beneficiário da pensão tinha morrido!!!! O filho já tinha se casado e morreu num acidente, mas inacreditavelmente o juiz não permitiu que o senhor deixasse de pagar a pensão, que agora era depositado pra nora. Fora os casos que já ouvi falar em que mesmo de posse do resultado negativo do DNA, os pais “errados” tiveram que continuar a pagar pensão…

  • é nessas horas que fico feliz por não ser homem… um filho pode foder a sua vida para sempre. digo isso porque pensão alimentícia pode ser estendida, não é obrigatoriamente até os 18. se as criaturas forem estudantes ou não trabalharem, o infeliz pode ficar pagando eternamente. e se os filhos forem eternos vagabundos? se prepare para jogar seu precioso dinheiro no lixo.

    • Fora que hoje, os tribunais tiveram a maravilhosa ideia de penalizar com indenizações altíssimas o “abandono afetivo”, para pais que não convivem e não dão afeto ao filho. Porra, como se obriga alguém a amar alguém?

  • Olá, Sally! Tenho que concordar com o seu posicionamento, como pessoa que viveu na pele as consequências de um caso semelhante.
    Anos atrás, logo que comecei a namorar meu marido, tomamos o que se pode dizer o maior baque da nossa relação (e quiçá da nossa vida). Do nada, a “ex” dele apareceu grávida de seis meses, fruto de uma “noitada” que os dois tiveram depois que já estavam separados (isso foi antes de a gente se conhecer, portanto, não houve traição).
    Ainda teve a cara de pau de dizer que não contou nada antes para não correr o risco de ele pedir para ela abortar (o que obviamente deveria ter sido feito). Se fez de vítima o tempo todo, dizendo que não planejou a gravidez, que “aconteceu”. Ele, muito bobo (sim, reconheço), diz que, durante todo o tempo que estiveram juntos ela sempre foi “de confiança”, tomava pílula, e que, na fatídica noite, como ela não disse nada, nem pediu que usassem camisinha, ele pressupôs que assim continuava e confiou. Bingo.
    Não preciso dizer o choque que foi pra nossa relação. Ela brigou, chorou, chantageou, fez escândalo e implorou pra ele voltar pra ela, mas tudo o que conseguiu foi o mais puro desprezo em retribuição. Ele se sentiu extremamente traído por ter sido colocado em uma posição que não pediu, “obrigado” a assumir uma paternidade que não desejou. Tem certeza que ela fez de propósito, pois a relação dos dois era cheia de idas e vindas, e ela fazia de tudo pra ficar com ele.
    Pra completar, a criatura entrou na justiça, e como vivia em uma situação enrolada na empresa em que trabalhava (exercia uma função, mas era registrada em outra, como se ganhasse muito menos, para que ela e o patrão burlassem impostos e ganhassem por fora – daí já se vê a honestidade da pessoa), alegou pobreza e exigiu uma mega pensão, muito além das necessidades da criança, a qual foi concedida pelo juiz. Coincidentemente, logo depois disso trocou de carro, comprou casa, abriu empresa, enfim, supriu bem as “necessidades do alimentado”, não?
    Porém, para a nossa maravilhosa sociedade hipócrita, ele é o pai “ausente” e mal caráter, enquanto ela é a mãezinha “heroína” e abnegada que cria o filho sozinha com todas as dificuldades do mundo – oh!
    Não vou entrar em detalhes do que aconteceu conosco do ponto de vista emocional. Me limito a dizer que a angústia gerada pelas noites sem dormir até a maldita criança nascer, depois o pedido do teste de DNA, a espera pelo resultado do DNA, as audiências na justiça e a espera por cada decisão instauraram em mim crises de depressão e pânico que deixaram consequências até hoje (nunca se cura totalmente disso), fora o desgaste na nossa relação, que quase chegou ao término. Por fim, resolvemos persistir e isso acabou por nos fortalecer ainda mais como casal.
    Eu me considero feminista, reconheço totalmente o erro e a negligência do meu marido no caso (por não ter se prevenido), não quero colocá-lo de forma alguma como inocente nessa história. Mas assim como defendo totalmente o direito ao aborto em caso de gravidez indesejada pela mulher, defendo também que o homem não seja obrigado a arcar com uma paternidade que não foi desejada por ele. Isso é uma violência contra o livre arbítrio da pessoa e gera consequências imensuráveis não só ao “pai” como a todos a sua volta. E por muito, muito tempo.
    Resumindo, hoje moramos bem longe deles e o meu marido somente cumpre o que é terminantemente exigido pela justiça, que é o pagamento da pensão alimentícia, e visita a criança algumas vezes por ano, por insistência da infeliz da minha sogra. Porém, não tem qualquer sentimento por ela, que, pelo que fiquei sabendo, tem um semblante triste, é medrosa e vai mal na escola.
    E, para mim, aí reside também o problema de se “arrumar filho” com gente conhecida, pois, para ajudar, as famílias de ambos passam a fazer de tudo para que o ex casal volte e forme com o rebento uma familinha de comercial de margarina.
    Quanto à golpista, nunca mais arrumou coisa melhor e se “juntou” com um pai solteiro desempregado, e agora ajuda a criar o rebento dele também (karma is a bitch!). Não se casam no papel nem arrumam outro filho pra não perder a “boquinha” da pensão que ela rouba do meu marido todos os meses.
    Me perdoe por ter fugido um pouco do tema e pelo “textão”. Fazia muito tempo que eu não tocava nesse assunto e tomei a liberdade de desabafar, pois confesso que essa não é uma questão bem resolvida pra mim e não tenho com quem falar a respeito, já que o meu pensamento não é nem um pouco “politicamente correto”. Não precisa nem publicar o meu comentário. Mas agradeço a oportunidade de reflexão e aproveito pra dizer que adoro teus textos. Beijo grande!

    • O direito a não ter filhos é sagrado. Não se decide ter um filho sozinha, isso afeta outra pessoa. Falta de caráter do caralho…

    • Simplesmente perplexo com essa história. Mau-caráter em totalmente outro nível, absurdamente ridícula essa mulher

    • Muito triste o comportamento da ex. Mas a criança gerada nunca poderia ter sido responsabilizada pelos erros dos seus genitores. A criança gerada é uma bençao, quer você queira ou não. Uma vergonha esse pai não se fazer presente na educação da filha, e medonhos os comentários que você dirigiu a ela.

      • Tá com dózinha, anônimo? Então pega a “bênção” e leva pra sua casa, ou dá 25% do seu salário todo mês para bancá-la, juntamente com a salafrária da mãe dela. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é mesmo? Só pelo termo escolhido já se nota que se deve tratar de um BM cheio de baboseira religiosa. Uma vergonha é essa fulana de 5ª categoria dar o golpe da barriga em pleno 2010, se decidiu ser mãe sozinha, que crie sozinha. Em segundo lugar, é filhO, e não filhA (daí se vê que leu bem meu texto), e que comentários lamentáveis eu dirigi a ele? Dizer que é triste, medroso e vai mal na escola? É tudo verdade, que culpa eu tenho disto? Ou é dizer que devia ter sido abortado? É o que eu acho mesmo! Teria sido melhor pra todo mundo. Digo e repito: decidiu prosseguir com a gravidez sozinha, crie sozinha e não encha o saco do pai.

  • “Na contramão do falso empoderamento feminino, onde mulher pode tudo e homem não pode nada como tentativa burra de equilibrar a balança, eu digo: mulher que impõe um filho indesejado a um homem não tem caráter.”

    Não tem caráter e beira a psicopatia, a meu ver. Se for esposa, não está apenas traindo a confiança do marido, mas vai usar uma criança inocente como forma de manipulá-lo e expor essa criança a um ambiente totalmente cagado. Será que ela vai ser amada?
    Deve ser horrível lidar com dois traumas desse porte ao mesmo tempo: confiança traída e nascimento de um filho indesejado.

    • Também acho que beira à psicopatia. Condenar pessoas que supostamente se ama a coisas que elas não querem e conseguir dormir à noite? Haja auto-perdão!

  • Em ambos os casos, gravidez por interesse dificilmente acaba em aborto. É mais fácil saber se foi mesmo acidente quando é da esposa. Quando é com uma estranha, talvez seja impossível descobrir. Paternidade no casamento dá pra prever o que pode acontecer. Ter filho com estranha é uma caixinha de surpresas. Não dá pra prever. O cara que foge do filho comete outro erro, mais chance de manchar a reputação com processos de pensão. Sabendo que a mãe que engravidou contra a vontade do pai é sem caráter, deveria ir atrás do filho pra que a criança não seja sem caráter também e acabe tendo que lidar com filho interesseiro pro resto da vida,pode viver sendo chantageado, correndo risco de ir pra cadeia. Se o filho alegar que não tem condições de se manter, independente da idade, a justiça pode obrigar a pagar pensão por mais tempo, ceder patrimônio,etc… Filho manipulado por mãe interesseira (criança ou adulto) pode fazer o pior dos infernos se o pai casar com outra mulher e pior ainda se o pai resolver ter outros filhos.

  • Quase ninguém vai concordar comigo, mas eu acho impor um filho indesejado a um homem o similar a estuprar uma mulher. Sim, joguem pedras. Só vai entender quem foi obrigado a criar, sustentar e “amar” um filho que não queria.

    [ Pelo menos aqui estou ! *aplaudindo*
    E, respondendo : de esposa seria / é pior sim ! ]

    Pois é, “quando um(a) não quer, dois não concebem” já deveria ser entendida (até) como a (tão óbvia) extensão daquela “quando um não quer, dois não brigam”…

  • Mil vezes uma louca que você escolheu pela personalidade do que uma que você escolheu pelo decote ou pelo grau de embriaguez.

  • Se puder usar o aborto é melhor ser a esposa, porque vc tem o ouvido disponível pra mimimizar à avontade até fazer ela mudar de ideia. Agora se o pestinha nascer é melhor ser a peguete, porque o máximo que vou ter que fazer é pagar a pensão e não vou precisar conviver.
    Ainda vem que nunca vai acontecer comigo! Acho filhos um pesadelo tão grabde, que sempre pensei em tudo pra não cair nessa furada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: