Carta aberta.

+O técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, que matou a ex-mulher, o filho e mais 10 pessoas a tiros durante o réveillon em Campinas, na noite deste sábado, 31, escreveu cartas revelando seus planos de matar a família. Os textos, um direcionado ao filho e o outro a uma namorada, haviam sido enviados para amigos antes do crime e foram obtidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

A chacina com certeza foi o desfavor mór, mas a carta e a repercussão dela nos chamaram atenção pelos motivos errados. Desfavor da semana.

SALLY

O Judiciário brasileiro é uma piada, uma piada de mau gosto. Esta semana isso ficou muito claro com rebeliões sangrentas (que mais pareciam Mortal Kombat, com direito a cabeça e coração de presos arrancados) e totalmente evitáveis. Mas, ok, cuidar de todo um sistema penitenciário de um país burro que prende quando não tem que prender e não prende quanto tem que prender é mesmo uma missão quase impossível. Mas e quando só precisavam cuidar de uma única pessoa? Outro caso deixou bem claro como temos um Judiciário patético, risível e ineficiente: um campineiro chacinou uma família por guardar mágoas da ex.

A ex-esposa já havia denunciado o cidadão seis vezes, fez boletins de ocorrência por agressão, ameaça e até mesmo acusando-o de assédio sexual contra o filho. De 2005 a 2015 ela foi sistematicamente à polícia pedindo proteção e dizendo que temia por sua vida. Em 2014 ela teve que acionar a polícia, pois o elemento descumpriu uma decisão judicial que o proibida de se aproximar do filho em dias que não fossem de visita. A família vivia tão atormentada pelo sujeito que uma vez o filho disse, na escola, que quando crescesse queria matar o pai. Todos os sinais de uma tragédia anunciada estavam presentes, ainda assim, esse sujeito que, visivelmente tinha algum problema mental, continuou solto, ameaçando a ex-esposa e sua família.

O que se viu não foi “cultura do estupro”, “cultura machista” ou coisa do tipo. Foi a “cultura da ineficiência judicial”. Maluco tem em todos os cantos do planeta, até nos países mais evoluídos, cultos e educados. Só que eles são neutralizados no primeiro sinal de loucura, e, acredite, maluco dá sinal antes de morder. Assim, eles acabam não conseguindo fazer muito estrago. Então, menos, bem menos, na hora de colocar a culpa na sociedade e na cultura. A culpa é da polícia e do Judiciário, que tinham todos os indícios necessários para tirar esse sujeito de circulação. Mas não tiraram.

Na noite de ano novo, o sujeito pulou o muro da casa da ex e simplesmente matou 12 pessoas. Feminicídio? Não. Havia homens no meio das vítimas, inclusive o próprio filho. O sujeito era um perturbado que tinha raiva de mulher? Certamente, você vê isso claramente nas anotações do sujeito, seja na cartinha de despedida hedionda que ele deixou como no seu diário. Porém, é muito complicado falar em feminicídio, como muita gente tentou forçar, quando a pessoa mata o próprio filho, e outros homens. É como dizer que eu sou vegana por ter comido um prato com alface e um bife. É chacina mesmo, guardem a vontade de lacrar na internet para vocês. Fica apenas o alerta contra pessoas (não homens, pessoas) que usam o termo “vadia” para se referir a mulher. Não dê nem bom dia para essas pessoas.

Trechos do diário desse maluco foram publicados em tudo quanto é mídia e, como costuma acontecer na internet, quando se dá voz a um idiota, outros idiotas se juntam a ele, dando-lhe força e projeção. Imediatamente homens de todo o país começaram a comentar e relativizar a barbaridade que foi essa chacina, entendendo o lado do atirador, relatando como se sentem injustiçados pelas exs e pelo Judiciário. Então, temos um Judiciário que em vez de apaziguar a sociedade, cria ainda mais conflitos punindo quem não tem que punir e deixando de punir quem tinha que ser punido. Fica mais um alerta: se alguém relativiza uma chacina de 12 pessoas, incluindo matar o próprio filho criança, também não dê nem bom dia para essa pessoa. Preocupante o nível do brasileiro: homens que relativizam assassinato do próprio filho e mulheres que não conseguem perceber que aquele homem não tem a menor condição mental de ser pai.

Também é hora de colocar a mão na consciência e dizer “É, essa Lei Maria da Penha não deu certo, vamos repensar isso aí e tentar algo mais eficiente?”. Nos primórdios do blog, quando eu ainda trabalhava na área, fiz uma postagem explicando por qual motivo a Lei Maria da Penha não seria eficiente, e de fato não foi. Continuar fingindo que mulheres tem proteção é nocivo, pois cria uma falsa sensação de segurança que não faz com que a sociedade corra atrás de medidas mais eficientes. Mulheres no Brasil estão totalmente vulneráveis a violência domestica, seja por seus pais, parentes ou maridos. Quanto antes isso for colocado às claras, melhor. Enquanto isso não acontecer (e não vai, as leis são feitas por homens), infelizmente esse ônus de preservar o filho de homens loucos recai todo sobre a mulher.

Então, nesse contexto, mulheres estão cometendo erros recorrentes. Passou da hora das mulheres crescerem. Chega de agir como infantilóides românticas que topam tudo para casar e ter filho. Chega de fechar os olhos para todos os defeitos do homem só para dizer à sociedade que tem família. Antes de ter um filho com alguém é preciso observar a pessoa de forma adulta, madura e crítica, para se assegurar de que será um bom pai para seu filho. Deixar seu desejo pessoal de ser mãe passar por cima de uma escolha bem pensada para pais do seu filho é um risco muito grande em um país sem justiça. Maluco dá sinal, é só conviver e prestar atenção. Em um país sem lei, antes de ter um filho, é prudente se relacionar com a pessoa por bastante tempo, analisando-a com bastante cuidado. Em caso de dúvida, não coloquem uma criança inocente neste mundo com um pai filho da puta ou maluco, por favor, pois vocês não terão qualquer proteção.

Chega de justificar atitude escrota com “mas ele gosta de mim”, “ele estava nervoso”, “ele estava bêbado” ou até com “mas eu amo ele”/”mas eu sei que ele me ama, ele está arrependido”. Se você ama uma pessoa que te trata de forma errada, é terapia e remédio, pois você está doente. Pessoas doentes não devem ter filhos, pois se não sabem cuidar nem mesmo de si, quem dirá de outro ser humano totalmente dependente. Não estou culpando as mulheres, muito menos a ex-mulher desse maluco, ela é e sempre será vítima, apenas estou alertando que é um país sem lei, que não vai aparar uma mulher ameaçada de morte. Por isso, tomem medidas por conta própria para que coisas como essa não se repitam, pois se for esperar pela proteção do Judiciário, corre o sério risco de acabar morrendo. Não consegue sair do casamento pois o Judiciário não te ampara? Não consegue sair do casamento por dependência emocional? Ok, sem julgamentos. Mas por favor, não tenha filhos com um maluco. Filho é opcional.

Já aconteceram outras ameaças e tentativas de assassinato motivadas por rancor da ex e guarda dos filhos desde que esse caso repercutiu na imprensa. O maluco inspirou outros malucos. E não, não estou dizendo que o caso deva ser censurado, que não devam noticiar. Liberdade de imprensa, sempre. Só estou apontando como a sociedade está doente, como esse revanchismo, essa rixa Homem x Mulher, que feministas radicais e o próprio Judiciário alimentam cada vez mais de forma nociva, está saindo pela culatra. Essa raiva recíproca entre homens e mulheres, essa mentalidade de terminar relacionamento e querer ferrar o outro, isso tem que acabar. Todo mundo perde com isso. E, para finalizar, também repito que tem muita gente maluca, defendendo esse atirador, por isso, cuidado, um deles pode estar dormindo ao seu lado. Observe de forma crítica e racional, já que você só pode contar com você para se defender.

Mulheres, aprendam a ter um olhar crítico sobre o homem que está ao seu lado sem se deixar contaminar pelos sentimentos. Infelizmente aqui é Brasil, é você quem deve ser fazer cargo da sua segurança, não dá para contar com o Judiciário. Por mais que você ame um homem, avalie muito bem e por muito tempo se ele realmente será um bom pai, principalmente se o casamento acabar um dia. É na hora da rejeição que a gente realmente conhece as pessoas, e não precisa ser na rejeição de um término de relacionamento, qualquer rejeição te dá um indício de como a pessoa lida com aquilo.

E homens que defendem ou relativizam um sujeito chacinar uma família e matar o próprio filho: o cara era maluco, tinha problemas mentais, por isso agiu desta forma. E vocês? Tem problemas mentais também para defender isso ou são apenas filhos da puta sem caráter?

Para reclamar que não falamos da morte de Tillikum, para dizer que se a pessoa tem raiva de mulher é sempre feminicídio ou ainda para dizer que campineiro resolvendo problema é uma desgraça: deixe seu comentário.

SOMIR

Maluco é maluco. Mesmo que você faça uma ginástica mental e consiga entender como o maluco chegou à conclusão que chegou, isso não significa que as premissas validem o resultado. As pessoas parecem ter a impressão errônea que a definição da insanidade está no processo mental, e se é possível repetí-lo por conta numa pessoa que não se julga problemática, é porque tinha algo a mais ali. O atirador de Campinas poderia ter escolhido o motivo que quisesse, seu ato foi matar onze pessoas covardemente.

O ato define toda a questão. Podemos viver num mundo onde alguns homens acham que as mulheres são todas “vadias” e que só querem sacaneá-los. Podemos viver num mundo onde pessoas merda consigam projetar todos seus problemas nos outros porque é mais fácil do que revirar o que há de podre dentro delas. Claro que esse não é o ideal, mas mundo por mundo, o que está dentro da cabeça das pessoas, o que elas acham que faz sentido, bom, isso não é controlável.

O que deveria ser controlável é uma pessoa que ameaçou sua família por diversas vezes e que de forma calculada invadiu uma festa para cometer um massacre. Muito se engana quem acha que não podemos viver num mundo onde homens tenham raiva de mulheres, podemos e vamos ter que viver nele de qualquer jeito. O que não podemos aceitar, de forma alguma, é que matar onze pessoas, uma delas uma criança, seja minimamente aceitável como forma de dar vazão a essa raiva.

Não é. O resultado do discurso desse homem covarde explicita os seus problemas mentais. Por mais que alguns homens sintam-se tentados a entender o ponto dele por também culparem as mulheres por seus problemas, o assassino excluiu-se do aceitável em matéria de humanidade assim que agiu daquela forma. Achar que é a mentalidade dele antes do crime que é o verdadeiro problema é deixar a discussão ir para o lado mais subjetivo e inútil de todos. Não é hora de discutir “feminicído”. É hora de olhar para a porra do sistema que não foi capaz de proteger uma mulher que pediu ajuda desesperadamente por muito tempo.

Não é nem hora de discutir a legislação, por mais que eu esteja no barco que as leis brasileiras para proteger as mulheres não foram bem pensadas, nesse momento, diante do que aconteceu, basta olhar para como não havia lei nenhuma nesse mundo que impediria um maluco de ser maluco por si só. Esse cara já deveria estar vigiado e/ou preso, a mulher já deveria estar longe e fora do alcance dele. Era evidente que alguma coisa tinha que ter sido feita antes do massacre. Leis mais duras e maiores proteções legais para mulheres só funcionam se… se forem aplicadas de alguma forma.

Esse é o resultado da proteção em tese, que o brasileiro parece se amarrar. Depois da merda feita, querem que endureçam o sistema, que as penas sejam maiores, que a polícia seja mais violenta, que matem os infratores… mas ou por desistência ou por preguiça de pensar, esquecem que se o sistema que já temos funcionasse um pouco mais, já preveniria boa parte desses problemas.

Para quela família já não faz diferença nenhuma lei, nenhuma discussão sobre machismo ou papéis sociais… fazia diferença alguém aplicar as leis que já existiam, alguém olhar para a situação e notar que tinha algo de errado ali. Pessoas que fazem algo como planejar e executar o assassinato de tantas pessoas, pelo motivo que for, tem problemas sérios e provavelmente previsíveis.

Se você lê o que ele escreve e concorda com algumas coisas, temos problemas piores para lidar nesse mundo. Principalmente o de pessoas que fazem chacinas por rejeição. Mesmo que você leia aquilo e não consiga botar uma vírgula errada na lógica dele, isso não significa que um ato injustificável torne-se justificável. Sim, o pensamento é livre, até por isso as leis só tratam das coisas que você efetivamente faz. Odiar um gênero inteiro é sinal de que algo não vai bem na sua cabeça (oi feministas histéricas!), mas esse algo é totalmente possível de coexistir com o resto da nossa sociedade se não virar ações terríveis como a que aconteceu na virada do ano.

Reprovável, sim. Mas, a ideia é o de menos aqui. Está na hora de pensar no que realmente acontece, e não em se entendemos ou não o ponto de vista das pessoas. O pensamento é livre, o resto nem tanto.

Para dizer que eu sou machista por algum motivo, para dizer que eu estou minimizando o que aconteceu (gezuiz…), ou mesmo para me dizer que odeia todos os homens e não tem nada de errado com isso: somir@desfavor.com

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Comments (27)

  • Também sou descrente quanto a esta lei Maria da Penha. Não ha medida protetiva que resolva se não ha fiscalização, segurança e melhores salários para os policiais pra proporcionar isto. Enquanto não reformularem esta Lei, muitos vadios covardes cometerao crimes…Lamentável!

  • Só li atrocidade atrás de atrocidade sobre esse caso nas redes sociais. Só de olho em quem defendeu a atitude do LOUCO. E passou Longe de ser só machismo.

  • Quanto ao Judiciário, durante um júri, a ré, que havia sido perseguida pela vítima e filho da vítima, que foi abusada sexualmente e sofreu uma tentativa de homicídio por este, foi questionada do porquê não compareceu ao julgamento do filho da vítima e porquê não registrou mais ocorrências já que alegava diversas agressões.
    Nunca vou esquecer da resposta “adiantaria eu ter um papel com o boletim de ocorrência? Se eu colocasse o papel na minha frente iria pará-lo de me agredir ou tentar me matar?”

    O sistema é falho, as leis até são bonitas na teoria. Na prática…
    E no caso da chacina, acho que até se ele tivesse sofrido alguma pena pelas diversas ameaças que cometeu, talvez tivesse servido como combustível para ele cometer o crime ainda mais cedo.

    O Judiciário basicamente faliu, e não dá para se esperar muito da educação e cultura brasileira, responsável também por alimentar muitos monstrinhos.

    • Talento, se o Judiciário tivesse feito o que tinha que fazer, que seria internar esse maluco depois de constatar que ele não está apto para viver em sociedade, o crime não teria acontecido. Isso nunca vai se concretizar, pois o Judiciário é lento e covarde e não há estrutura para internar, prender ou ressocializar ninguém. As mulheres estão por conta própria: ou crescem e param de deixar que amor norteie decisões importantes (isso é luxo de quem vive em país civilizado) ou vão continuar sofrendo.

  • Discordo da abordagem de vocês. Se mesmo quando o cara admite a motivação machista do crime, a gente não vai ver como cultura do machismo, então quando veremos?

    Concordo 100% que o Judiciário foi completamente ineficaz nesse caso e deveria ter protegido essa família, então o Judiciário tem 100% de culpe em impedir a catástrofe. Mas uma chacina (ou qualquer outro crime) tem múltiplos fatores de influência. O Judiciário não impediu, mas O QUE levou ele a cometer esse crime?

    Pela carta, fica claro que ele tinha um ódio especial contra as mulheres. Ele culpava não só a ex dele, como também “todo o sistema feminista” e “todas as vadias” por não poder ver o filho.

    Na cabeça dele, ele não podia ver o filho “por causa das vadias” e da lei “vadia da penha”. A motivação foi claramente contra mulheres.

    É impossível dizer que não é feminicídio quando a gente olha pro trecho onde ele diz que vai matar a ex, a mãe da ex e “todas as vadias” da família. Ele não fala: “todas as pessoas” ou “todos os desgraçados” ou “todos os filhos da puta da festa” ou qualquer outra coisa que indique que ele deseja matar homens e mulheres indiscriminadamente.

    Ele fala, com todas as letras, que vai matar todas as vadias – e ainda incentiva outros homens a fazer o mesmo.

    A motivação do crime é claramente contra as mulheres. Dizer que isso não é feminicídio porque homens também morreram é dizer que o 11 de setembro não teve motivação islâmica porque alguns mulçumanos morreram no World Trade Center.

    Quando a gente vai parar pra analisar um caso, a gente precisa entender o que motivou esse caso. Claro que, na hora, ele também atirou em homens – afinal, ele invadiu uma festa, atirou em um monte de gente e era óbvio que homens iriam intervir, tentar lutar com ele e tal. Então claro que ele vitimou também homens.

    Mas ele foi lá pra quê? Pra matar mulheres. Até o próprio suicídio dele e o assassinato do filho não foi algo planejado – na carta, ele deixa claro que esperava ser preso e que o filho ficasse vivo. As coisas claramente saírão de mão.

    E se a gente acha que não vive numa sociedade que é culturalmente machista, é só olhar os comentários de todas as notícias sobre isso: um monte de gente dizendo que “não concorda, mas…” e justificando, entendendo o lado do cara. Monte de gente culpando a mulher, a mãe da mulher, todo mundo – exceto o assassino.

    • Maluco não tem condição de admitir nada. Eu não creio que esse sujeito soubesse o que estava falando, a paranoia dele se voltou contra mulher, como poderia ter se voltado contra gay, contra religioso ou contra plantadores de batata.

      Sabe qual é o perigo de você chamar esse cara de machista? O resto da sociedade entender que só é machismo quando chega nesse ponto extremo. Ali é doença, muito menos do que isso já é um machismo preocupante,

      • Machismo (racismo, homofobia e etc) é como um funil, Sally. Começa com piadinhas, vai pra abuso verbal, evolui pra abuso físico e culmina nisso aí.

        Isso É machismo. Porque depois as pessoas começam a achar que não, não é, não existe machismo, isso só aconteceu porque o cara era louco.

        Isso aconteceu por diversos motivos. Um deles era porque o cara era extremamente machista e encontrou um ambiente ao redor dele que formou uma bolha que incentivava e alimentava isso.

        • Discordo totalmente. Não poder fazer piada com mulher é que é machismo. Humor não gera machismo ou qualquer outro ismo, aliás, quem se ofende ou vê algo nocivo com humor precisa de tratamento psicológico com muita urgência.

          Se uma pessoa é louca, descompensada mentalmente, ela não levanta bandeiras, ela não tem sequer condições disso. O sujeito poderia até ser um machista enquanto era são, e provavelmente o era, mas dizer que matar seu filho homem de oito anos foi machismo… desculpa, é muita gincana mental para tentar lacrar na internet. Há limites.

  • Outra questão levantada foi a do armamento, como se estar armado pudesse ter até evitado o desastre por inteiro.

    Pelas fotos do local, boa parte das vítimas foi atingida uma próxima à outra. Um dos homens provavelmente nem soube o que atingiu, pois seu corpo estava caindo na direção oposta da dos outros, com um celular próximo ao rosto.

    Se considerarmos a hipótese desse homem do aparelho ser a pessoa armada da família, do que teria adiantado, caso ele estivesse de fato fazendo uma ligação ou lendo alguma coisa na internet quando o infame entrou atirando com uma pistola automática?

    Por outro lado, mesmo com toda a atenção, quem de nós seria tão bem condicionado como um policial a manusear uma arma com rapidez e precisão para, não apenas neutralizar a ameaça, mas também evitar alguém ser vítima de fogo amigo? Além da questão de manter-se nesse nível continuamente para agir a qualquer momento e pelo tempo que for necessário.

    Sem falar do que poderiam fazer as pessoas que disseram nas redes sociais ter “entendido” os motivos do cidadão e que sofressem “injustiça semelhante”, caso dispusessem de armas para “sua própria defesa”…vou abrir uma funerária para complementar a aposentadoria…

  • Também tenho minhas dúvidas se esse cara era maluco ou não. Acho bem possível que não. Tanto que ele teve a capacidade de escrever uma carta tentando justificar o injustificável usando argumentos que ele provavelmente sabia que iria atrair uma porrada de babacas desmiolados que, no mínimo, iriam minimizar o que ele fez. Talvez ele tenha o mesmo tipo de raciocínio torto desses terroristas que saem matando inocentes a esmo visando sabe-se lá o quê.
    A única coisa que me faz pensar que ele realmente poderia ser louco é o fato dele ter matado o próprio filho. Porque, na cabeça dele (na cabeça dele!), se tinha que existir alguém isento de qualquer culpa, seja lá do quê, esse alguém teria que ser o filho — e no entanto ele o matou.
    Bom, certamente ele tinha lá os seus problemas psiquiátricos, certamente era um estúpido covarde, mas acho que não dá para afirmar que era um maluco. Isso seria, infelizmente, duvidar demais da capacidade do ser humano de cometer atrocidades de maneira minimamente lúcida e voluntária.

    • Edu, nem todo maluco é disfuncional, baba, bate com a cabeça na parede e come cocô. Existem disturbios psiquiátricos nos quais a pessoa consegue viver em sociedade, ainda que meio capenga, meio disfuncional, como esquizofrênicos. Um exemplo é esse atirador da Flórida, que matou cinco pessoas no aeroporto. Maluco consegue escrever carta sim, argumentar sim. Charles Manson e sua família criaram altas teorias para explicar/justificar o que estavam fazendo, até mesmo vendo mensagens ocultas em uma música dos Beatles. Maluco argumenta, mas argumenta errado.

      • Compreendo que loucura não é sinônimo de “burrice”; mas entendo também que uma pessoa com distúrbio psiquiátrico não pode ser considerada louca (depressão e ansiedade por exemplo). Só acho complicado afirmar que o sujeito era maluco porque, até aonde eu sei (me corrija se eu estiver errado), um indivíduo comprovadamente insano não pode responder pelos seus atos da mesma maneira que um criminoso comum. (Se ele não tivesse se matado, como será que ele seria julgado? Como o atirador da Noruega, que foi considerado responsável pelos seus atos?). Mas, se o cara era maluco ou não… que seja, agora a desgraça já está feita; só resta tomar providências para que esse tipo de coisa não mais se repita.

        • Depende do grau de loucura. Se, no momento em que cometeu o crime ele não tinha condições de compreender que aquilo era crime OU se não tinha condições de se portar conforme esse entendimento (ex: vozes o mandavam matar ameaçando sua mãe), ele não vai para um presídio, mas é punido sim, vai para um manicômio judiciário receber “tratamento” que é algo tão ruim quanto um presídio, se não pior, pois lá a pessoa pode ficar para o resto da vida, não há limite de 30 anos e as instalações e violência são as mesmas de presídio ruim.

          Nem todo distúrbio psiquiátrico é loucura, por isso eu disse “maluco”. Nunca soube de alguém que por depressão ou ansiedade tenha cometido uma chacina e matado propositadamente o próprio filho.

  • Esperava que vocês falassem dos dois lados da historia, alienação parental e a falsa acusação de estupro, foram o estopim para o crime, a tanto o assassino quanto a ex-mulher não pareciam ser pessoas muito equilibradas mentalmente de qualquer forma.

    • Será que foi alienação parental? Francamente, me parece que não, me parece que o juiz fez muito bem em manter esse maluco do caralho bem longe dessa criança.

      Não temos como saber se houve ou não abuso sexual, mas considerando que o pai deu um tiro na cabeça da criança e o matou, as evidências indicam que não era um bom pai.

  • Acho complicado chamar o cara de maluco e justificar o que aconteceu por um “problema mental”. Isso só reforça o estereótipo (e o preconceito) das pessoas com alguma doença mental como alguém perigoso… Nenhum remédio o impediria de cometer o crime.

    Também não acho que o fato dele ter matado 2 homens (não coloco o filho na categoria homem) tira o mérito de que ele queria matar as “vadias” da família, vulgo femínicídio. Acho que a analogia seria, os nazistas terem matado alguns alemães no percurso da 2° guerra invalida que os alvos reais eram os judeus e outros povos, vulgo genocídio?

    Enfim, com exceção desses 2 pontos, no geral concordo com os textos e que a culpa é desse sistema Judiciário falido. E a mídia só piora a situação, dando voz pro assassino (que sabemos nome, profissão, que era um bom profissional, tinha namorada, amigos, escreve cartas de “injustiça” – fácil estabelecer vínculo) e nenhuma pras vítimas (as “vadias” – fácil atribuir a culpa).

    Desculpem o desabafo, mas conheço uma das únicas sobreviventes dessa noite, que numa questão de minutos se salvou (decidiu ir embora da festa antes da virada) e perdeu a família inteira, e ninguém parece ligar… fica essa briga de egos entre “machistas vs feministas” e nada se resolve…

    • Existem doentes mentais que não são perigosos, mas existem doentes mentais que são sim muito perigosos. Uma coisa não invalida a outra. Você acha que quem atira no filho de oito anos é são? Não acho sequer que esse cara tenha condições mentais de cometer feminicidio, não parece ter compreensão do que é isso, apenas uma raiva de maluco contra mulher.

      • Sally, não acho que ele seja um psicopata (dificilmente um psicopata se suicidaria no final), então não vejo nenhuma outra doença mental ali que o tornasse perigoso.

        Depressão e ansiedade? Talvez isso ele tivesse, mas vc vai concordar que nao são perigosos a princípio. Acho que ele não soube lidar com uma rejeição, ficou cego de ódio e teve seu dia de fúria (planejado!).
        Concordo, não acho que ele soubesse do que se trata um feminicídio. Mas isso não muda o fato de que ele foi matar as mulheres daquela família…

        Não acho normal nada disso, mas acho que temos que tomar um pouco de cuidado ao rotular todos que se comportam de forma anormal de malucos…

        • Existem diversas categorias de malucos que não são psicopatas.

          Deprimidos e ansiosos não são malucos.

          Se ele não conseguia mensurar o que era feminicídio, acho bem improvável que tenha agido motivado por essa intenção. Me parece um caso de Asperger ou esquizofrenia. Mas agora que está morto, nunca saberemos…

  • Lembram do triste caso do menino Bernardo, lá no Rio Grande do Sul? O pobre coitado pediu ajuda à cidade toda, sentou no colo do magistrado e contou-lhe as violências de que era vítima, pediu por outro lar, e mais de uma vez. E foi mantido sob o jugo do pai e todos sabem o que aconteceu. Mas o mais legal, o mais maneiro, foi ver magistrados e desembargadores se abalarem para Três Passos e realizarem um ato em desagravo àquele juiz indiferente ao menino. Que qualidade de juízes, não é mesmo? isto é Braziu, gentem!!!

    • Não dá para contar com o Judiciário brasileiro. Simplesmente não dá. Infelizmente é preciso que as mulheres se conscientizem que, por hora, estão sozinhas e tomem cuidado redobrando na hora de fazer filho.

  • pq será q os loucos gostam de escrever cartas ? Vários casos q conheço eles colocam seus motivos para determinado caso.
    Difícil para mulher colocar suas dicas pre gestação pq mulher apaixonada fica cega.

    • “mulher apaixonada fica cega” – ISSO é machismo, é esse tipo de coisa que deve ser repudiada e combatida socialmente. Não pode ser aceitável que mulher fique “cega” apaixonada e faça filho em assassino que vai maltratar a criança, assim como não é aceitável que homem fique “cego” de raiva e bata na mulher.

      Mulher só fica “cega” quando está apaixonada pois isso é socialmente permitido. Tem que deixar de ser!

      • Discordo. Homem apaixonado também fica cego, não tem nada a ver com aprovação social.
        É um defeito do ser humano em geral: cegar quando se apaixona.

        • Olha, pode até ficar transtornado, mas mesmo apaixonado, se mexer com a mãe, com o carro, com o controle remoto ou com a honra homem dá um basta. Se encher muito o saco ou prender muito, não conheço um homem que ature por dez anos, como mulher o faz.

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