Gênero de trabalho.

Vivemos numa era onde mulheres trabalhando fora de casa já são a norma, e muitas em profissões impensáveis há algumas décadas atrás. O conceito de profissão de homem e mulher parece cada vez mais vago. Sally e Somir trabalham visões diferentes, os impopulares fazem hora extra para dar suas opiniões.

Tema de hoje: Existe profissão de homem e profissão de mulher?

SOMIR

Seria até mais vantajoso hoje mudar a ordem dos textos. Porque a Sally vai defender a visão moderna mais comum e eu pretendo subverter a ideia. Sim, eu acredito que existam profissões de homem e profissões de mulher. E se você acha que isso é demérito para qualquer um dos sexos, antes mesmo de eu dizer qualquer outra coisa sobre o tema, adivinha de quem é o preconceito?

Difícil não ser um pouco corporativo. Nós normalmente entendemos mais claramente os problemas que também temos, e se eu soar machista com algumas opiniões aqui, lembre-se que ninguém está imune a puxar a sardinha para o seu lado. Se você pelo menos for capaz de analisar a situação depois, já está de ótimo tamanho. E se quiser achar que meu argumento desmerece mulher, não tem muito o que fazer, você não é exatamente o tipo de pessoa com quem eu consigo me comunicar eficientemente. Nem sempre funciona.

É a vida. Mas, sobre o meu ponto: não estou começando do zero aqui, há algum tempo escrevi um texto com meu entendimento sobre a diferença entre salários de homens e mulheres. Os dados normalmente mostram que mulheres ganham menos em média por escolherem profissões que remuneram menos. A análise que fiz ali é que o grande erro era subvalorizar as profissões baseadas em contato e cuidado humano. Mulheres deveriam ganhar de forma equivalente fazendo o trabalho para os quais estiverem mais capacitadas e interessadas.

Vamos tirar isso do caminho: eu não estou dizendo que sou contra mulheres praticarem profissões historicamente masculinas, e nem o contrário. Estou apenas apontando para o elemento óbvio: homens e mulheres fazem escolhas profissionais diferentes, e isso gera um desequilíbrio enorme entre a proporção dos sexos em alguns trabalhos. E também dizendo que forçar uma explicação de pura opressão em cima desses dados é escolher a ignorância.

Homens e mulheres são diferentes, fundamentalmente diferentes. Achar que a sociedade sozinha molda os comportamentos de homens e mulheres é jogar no lixo todas as descobertas cientíticas sobre o funcionamento do corpo e da mente de ambos os sexos relacionados ao que é puramente orgânico. Potencial físico, foco intelectual, capacidade de atenção em detalhes, influências hormonais… isso é algo que nasce com a pessoa. Esse argumento que somos todos iguais e que a sociedade molda homens e mulheres no que são é quentinho e confortável para quem quer se sentir politicamente correto, mas meio que abandona as pessoas que querem trocar de sexo, por exemplo.

Ou nasce com a pessoa, ou não nasce. E se não nasce, estamos chamando todos que querem trocar de sexo de imbecis que fizeram a escolha mais difícil e pagarão um preço enorme por puro capricho? O sexo pode ser biológico e ainda sim permitir variações. Só que na média, menino tem uma tendência enorme a ser menino e menina a ser menina.

Existem estudos mostrando que bebês do sexo masculino e do sexo feminino escolhem brinquedos “equivalentes” meio que automaticamente quando tem a escolha. Mulheres sendo mais focadas em outros seres humanos, homens em coisas que não são humanas. O senso de empatia do homem já nasce pra trás e dificilmente alcança o de uma mulher, mesmo com a mesma criação. Em países super igualitários como Noruega, Islândia e afins, não temos hospitais cheios de enfermeiros e obras de infraestrutura tocadas por mulheres. Inclusive, mulheres acabam escolhendo menos profissões técnicas nesses países, na média. Porque com uma garantia social muito maior, não tem tanta necessidade de lutar pelo dinheiro em profissões mais valorizadas (novamente, onde eu acho que está o grande erro). O que acontece de muito bacana por lá é que a mulher que escolhe ir para uma profissão mais “masculina” consegue subir bem mais fácil na vida se for competente.

Eu defendo que existem profissões de homens e mulheres porque é um dado estatístico verificável. Tem profissões que homens simplesmente não conseguem exercer, tem profissões que mulheres simplesmente não almejam conquistar. Você acha que o mercado de babás masculinas tem potencial? Você já viu uma mulher limpando fossa? Sim, existem preconceitos em ambos os casos que reforçam as diferenças onde elas não precisariam existir, mas quando a mulher decidiu que ia trabalhar em escritórios assim como os homens, o preconceito enfiou o galho dentro, porque se um grupo suficientemente grande de pessoas resolve fazer algo do tipo, consegue! Hoje mulher é uma visão comum em qualquer trabalho que pode ser feito num computador. Não era. Mas o mundo, machista como fosse, não conseguiria segurar isso.

Uma coisa é dizer que um indivíduo pode mudar a lógica comum ao seu gênero e trabalhar numa boa em uma área dominada pelo outro, outra é dizer que a imensa maioria das profissões que atendem aos anseios genéticos de homens e mulheres estão tomadas por um ou outro gênero por puro acaso. Oras, é claro que existem profissões de homens e de mulheres. E isso não quer dizer que elas devam ser exclusivas, mas que é até contraproducente fingir que isso não existe só para dizer que vê o mundo de forma igualitária. Somos diferentes. Essa diferença é tão genética quanto social. Em média, homens são ruins em profissões de mulheres e vice versa. E não é à toa que cursos de enfermagem estão cheios de mulheres e de engenharia cheios de homens, tem um componente genético poderoso sobre empatia e senso mecânico nos sexos que cria a distorção. E não tem nada de errado nisso.

Se continuarmos com essa conversa mole que todos somos idênticos e que todo anão pode jogar basquete profissional se quiser muito, vamos continuar vendo um mundo desigual e sem sentido. Teimando em colocar peças quadradas em buracos redondos… quer resolver as diferenças de salário entre homens e mulheres? Paguem mais nas profissões que elas mais são inclinadas a seguir. Somos diferentes em capacidades, mas somos todos humanos. Direitos humanos iguais, gêneros diferentes. Simples, né?

Para me chamar de machista (nemli), para dizer que seu exemplo pessoal muda a tendência histórica de toda a população mundial, ou para dizer que querer é poder (querer): somir@desfavor.com

SALLY

Existe profissão de “homem” ou profissão de “mulher”? Não, né gente? Que bosta que precisemos estar aqui discutindo isso…

Antes de alguns avanços tecnológicos até poderia ser discutível a limitação de sexo para algumas profissões, mas hoje em dia? Tanto homens como mulheres podem exercer a profissão que quiserem.

Exige força? Beleza, a mulher vai ter que se capacitar. Um belo exemplo é a prova física para concurso de delegado de polícia, que requer preparo físico e uma certa força. Conheço mulheres que contrataram um personal, se exercitaram e passaram sem problemas. Durante o exercício do cargo continuaram treinando para ter a força muscular necessária para atirar com uma arma pesada e vão muito bem obrigada. Nada de mais, em todo trabalho você precisa de algum preparo e dedicação para que seja bem executado ou alguém nasce médico, sabendo costurar gente com perfeição?

Será que existe um ponto em que, independente do preparo, uma mulher não é capaz de chegar? Ou de desempenha o trabalho com a mesma competência de um homem? Olha, eu duvido muito. Bota para carregar pedra (que por sinal, nem profissão é) o Somir e a Gracyanne Barbosa e me diz quem é a mulherzinha. Sem contar que trabalhos manuais estão cada vez mais em desuso, ninguém vai construir uma pirâmide carregando pedra nos dias de hoje. Existe guindaste, grua, retroescavadeira. Vale mais saber operar uma máquina do que ter força física.

Obviamente existem alguns casos onde restrições físicas barram candidatos, mas nesses casos, barram mulheres e também homens. Quando se requer uma certa altura, um certo peso ou qualquer outro atributo específico quem não o atende ficará de fora, mas isso independe de sexo, existem homens e mulheres de todos os tamanhos e pesos.

Ainda que existam tendências genéticas, isso é muito pouco para classificar profissões como sendo masculinas ou femininas. Por nascer homem ou mulher você não está geneticamente determinado a nada, pode desenvolver as habilidades que quiser e se tornar muito melhor do que quem eventualmente nasceu com uma facilidade para aquilo. A melhor bailarina nem sempre é a que nasceu com um alongamento e equilíbrio superior ao da média. O melhor motorista nem sempre é aquele que nasceu com os reflexos acima do padrão. Eu acredito mais no esforço pessoal de cada um do que nas aptidões que vem de fábrica.

Na verdade, não é raro que aconteça justamente o oposto. Quem tem uma aptidão natural para aquilo muitas vezes não se esforça tanto e acaba sendo pior do que quem precisou ralar muito para chegar lá. Aliás, fica aqui um questionamento para o qual eu mesma não tenho resposta: como saber se homens e mulheres não tem outras aptidões além das clássicas, que não foram descobertas por eles não exercerem atividades que demandem essas áreas?

A genética está sendo superestimada neste caso. Nem sempre por ter uma suposta aptidão genética para algo relacionado à profissão ela fica mais fácil de desempenhar. Vocês acham que eu seria melhor trabalhando com educação e ensino de crianças ou com treinando um atleta? Meus genes femininos podem até dar algum empurrão para a primeira opção, mas isso é completamente inútil quando você não tem a menor ideia de como lidar com uma criança. Você faz bem aquilo que você ama, pois mergulha de cabeça, se aprofunda, estuda, pratica e se aprimora. Nada deixa uma profissão mais fácil do que ter prazer em exercê-la. Seu empenho naquilo que você faz é muito mais determinante para o sucesso do que DNA. Genética é apenas uma tendência, esforço e dedicação é que fazem a diferença no saldo final.

Durante séculos homens foram os provedores, executando tarefas que demandavam força bruta e visão focal, enquanto mulheres cuidadoras, executando tarefas que demandavam empatia e visão periférica. Normal que depois de milênios desenvolvendo esse perfil homens tenham mais aptidão para algumas coisas e mulheres para outras. Não discuto isso. O que discuto é que porque as coisas estão assim, tenham que continuar assim.

Aptidão não é determinante para se classificar uma profissão como sendo “de homem”, existem mulheres que a executarão muito melhor do que eles e que tem total capacidade para isso. O mesmo vale para as profissões “de mulher”. Tenho certeza que o Chester cuida de crianças muito melhor do que eu, que tenho útero. A aptidão é um bônus que você recebe no começo da partida, mas o grosso da sua pontuação final depende do seu esforço durante o jogo. Então, é seu esforço durante o jogo que deve ser usado como critério de classificação, não seu sexo.

Além disso, nada impede que uma mulher use suas aptidões aplicadas a “profissões de homem” e vice versa. Na verdade, pode ser um diferencial. Se eu tenho uma empatia maior, consigo avaliar o que os outros estão sentindo melhor apenas por sua linguagem corporal, posso ser uma excelente gestora de pessoas ou talvez uma ótima médica que diagnostica pacientes com muita precisão. Se um homem tem uma noção espacial melhor e mais força, isso pode ser o grande diferencial para que ele seja muito bem sucedido como bailarino. Não é a ferramenta que você recebe que determina sua função e sim a forma como você decide utilizá-la.

Deixar que a genética tenha qualquer peso na escolha da profissão é bizarro. Engenharia não é profissão de homem, é profissão de quem gosta de engenharia. O fato de existirem aptidões não torna aceitável a classificação de profissões como sendo “de homem” ou “de mulher”. Não existe uma profissão na qual homens ou mulheres sejam excepcionalmente bons e o sexo oposto seja apenas uma rara exceção em bom desempenho. O que existem são profissões onde, culturalmente, determinado sexo não se aventura, não por incapacidade e sim por questões sociais.

Sério, desnecessário discutir esse tema, né?

Para reclamar com o Somir sobre o tema, para dizer que homem não pode ser ama de leite como se isso fosse profissão ou ainda para dizer que no Brasil tanto faz já que todo mundo tem aptidão para jeitinho: deixe seu comentário.

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: , ,

Comments (50)

  • Sim, seria necessário a 20 anos atrás. Hoje, a tendência é justamente quebrar esse paradigma. E isto esta acontecendo. Tem uma cidade aqui na Bahia onde é comum ver mulheres soldando ferro e levantando bloco. Pelo menos para crianças desta Era não existe profissão masculina e feminina. Eu concordo que isto não nos pertence mais.

    • Discordo. Acho a discussão saudável e necessária.
      Sally, concordo com boa parte dos seus argumentos. Com a maioria deles, na verdade. Mas não concordo com a conclusão.
      O fato de que muita gente se dá bem em uma profissão tida como “do outro sexo” não anula a tendência geral. Concordo que não existe “profissão exclusivamente masculina” ou “profissão exclusivamente feminina”, mas não posso negar a realidade de que existem “profissões predominantemente femininas” e “profissões predominantemente masculinas”.
      Não é só uma questão de capacidade, mas de interesse, também. E não falo por conta do componente cultural. A maioria das pessoas se interessa por áreas para as quais já possuem alguma facilidade. São poucos (ao menos proporcionalmente) os seres humanos que se identificam com áreas para as quais não possuem muita aptidão.
      Assim, é natural que certas profissões sejam dominadas por um ou outro gênero. Em alguns campos, isso não vai mudar. Nem precisa.
      Defendo que todos devem poder enveredar pela profissão que quiserem, mas não adianta querer forçar uma igualdade impossível. Igualdade de oportunidades, sim. Igualdade numérica em todas as áreas, acho uma utopia idiota. E isso vai além da questão social.
      Somir, tô contigo nessa.

  • Concordo que existem diferenças naturais entre homens e mulheres que fazem com que um gênero tenda, na maioria das vezes, a escolher determinadas ocupaçoẽs ao invés de outras. No entanto, essas diferenças não são grandes o bastante a ponto de serem restritivas, a ponto de uma mulher não conseguir trabalhar em uma profissão considerada “masculina”, por mais que ela se esforce. Portanto, não dá pra dizer que exista uma profissão “de homem” ou “de mulher”, porque, biologicamente, nada impede que um homem trabalhe como manicure ou que uma mulher trabalhe como… servente de pedreiro.

  • Homens podem fazer todas profissões, mulher que não todas. Homem na faxina dá conta dá casa rápidinho, tem as exceções, mas mulher demora horas e horas, dá até nos nervos! Como diz uma amiga minha: Homem foi feito pro trabalho pesado, o resto a gente resolve no sex shop. Obs: Se ela vir a foto do Léo Stronda, aposto que muda a opinião!

  • Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

    Não concordo com “existe profissão de homem, existe profissão de mulher”, eu acho preconceito. Mas também não concordo que poucas mulheres se aventuram em determinadas profissões por questões sociais ou culturais. Isso é biológico sim, é instintivo.

    É questão de formação de cérebro, de determinação de, grosso modo, masculinidade e feminilidade cerebral. Um cérebro masculino é mais analítico, tem visão de túnel (avalia melhor proporções, mede melhor), tem maior capacidade de concentração solitária, etc e etc. Um cérebro feminino empatiza mais, tem visão espacial melhor, se comunica melhor e trabalha melhor em grupo. Homens com cérebro mais feminino e mulheres com cérebro mais masculino “tendem” (muita atenção às aspas, não é uma regra definida) a ser homossexuais.

    Não dá pra sair por aí gritando, por exemplo, que “a engenharia é um meio machista, lutamos por mais mulheres engenheiras” se 10 em cada 100 mulheres apenas, ao escolher sua futura profissão, resolvem ir para a área. Influência cultural ou social? Que pais não gostariam de ter uma filha engenheira?

    Exemplo de casa: somos três filhos, tenho duas irmãs. Nós três tivemos praticamente a mesma educação. Moramos juntos sempre, na mesma casa sempre, estudamos nas mesmas escolas, etc e etc. Eu sou analista de sistemas. Minhas irmãs foram para a área de saúde (psicologia, farmácia). Será que houve influência cultural aí? Ou o instinto falou mais alto?

    Veja outro ponto curioso a respeito dessa questão biológica e instintiva: aula de pilates, estava eu conversando com a fisioterapeuta e havia uma engenheira fazendo também. Falávamos sobre este assunto. Perguntei à fisioterapeuta quantos homens havia na turma dela de faculdade. Eram 5 de 30 alunos. Quantos eram gays? 3. Perguntei à engenheira quantas alunas tinham na turma dela. 10 de 30. Nenhuma homossexual. E quantos engenheiros gays ela já havia conhecido, trabalhando na área dela? Nenhum. Isso é cultural ou influência biológica?

    Resumindo: não existe profissão voltada a algum determinado sexo. A mulher pode desempenhar tão bem qualquer profissão quanto qualquer homem. Se existem limitações (força física, stress, etc e etc), elas valem para ambos os sexos. Ainda assim não dá pra negar a questão biológica na hora da escolha. O ponto é: deixa escolher o que quiser! Pois assim como eu não posso recusar uma candidata por “questões biológicas”, eu também não posso obrigar uma mulher a ir para uma área que ela não deseja só pra subverter questões sociais e culturais.

    • Uma coisa é analisar indivíduos, outra é analisar tendências. É a briga eterna que eu tenho com a Sally e muitos de vocês aqui nesta coluna. Se vamos discutir um tema desse tipo, é sobre a média. Não estamos fazendo uma pessoal como aquelas de melhor filme, série ou coisas do gênero.

      A baixa proporção de pessoas que buscam funções do “outro sexo” é uma limitação biológica sim. Indivíduos quebram lógicas de média, mas numa proporção que mantém a média relevante. Profissões de escritório, como eu exemplifiquei: nenhuma delas é de homem ou de mulher, tanto que… assim que as mulheres saíram de casa para trabalhar, ocuparam essas. Se a realidade demonstra que existem diferenças tão consideráveis nas áreas escolhidas, então existe sim profissão de homem e de mulher, o que não quer dizer que TODA profissão seja assim. A maioria tende a não ser. Mas que elas existem, existem.

      • Somir, já que você está considerando uma discussão sobre a média:
        – Existem profissões em que a imensa maioria é homem. Mesmo que haja uma ou outra mulher (quebrando a lógica da média), ainda assim a presença delas não altera a relevância da média. Daí, portanto, estas profissões seriam profissões de homem;
        – Existem profissões em que a imensa maioria é mulher. Mesmo que haja um ou outro homem (quebrando a lógica da média), ainda assim a presença deles não altera a relevância da média. Daí, portanto, estas profissões seriam profissões de mulher;
        Donde conclui-se que existem profissões de homem e profissões de mulher. Certo?

        Agora, por raciocínio análogo à discussão sobre a média:
        – A maioria das profissões tende a não ser especificamente de homem ou de mulher (seu argumento), o que não deixa de determinar uma média (segundo a sua lógica). Então, mesmo que haja uma ou outra profissão específica de homem ou mulher (quebrando a lógica da média), ainda assim a existência delas não altera a relevância da média.
        Donde conclui-se que não existem profissões de homem ou de mulher.

        :P

        • Excelente exercício lógico, de verdade.

          Pena que… as condições de validação de cada um dos argumentos não são as mesmas. Se eu afirmo que existem profissões de homens ou mulheres, devo demonstrar concentração suficiente de indivíduos do mesmo sexo em algumas delas (não todas, evidente) para fundamentar o ponto. Afinal, não é minha condição de validação a existência de profissões 100% tomadas por homens ou mulheres.

          Se você afirma que não existem tais profissões, e não pode demonstrar que as diferenças entre concentração de homens ou mulheres em qualquer uma delas seja mais do que mera coincidência estatística, sua condição de validação está fora do campo dos números.

          Trocando o exemplo: imagine que eu afirmo que existem heterossexuais e homossexuais. Apesar da existência de bissexuais, há uma concentração razoável de preferências exclusivas em cada um dos grupos para torná-los válidos. A opinião contrária então seria que todos são bissexuais, dado que não pode ser comprovado enquanto existam pessoas se declarando e agindo de acordo com preferências hetero ou homossexuais. Quem teria o ponto de vista mais lógico?

          • Somir, revisei todo o raciocínio lógico aqui. Dentro da sua lógica, você está certo.

            Você disse que caso a imensa maioria dos integrantes de uma profissão (90%, digamos) fosse homem/mulher, essa profissão seria de homem/mulher.

            Por analogia, eu quis brincar que se a imensa maioria das profissões (90% ) fosse de homem e de mulher, não existiriam profissões exclusivas de homem/mulher. Mas a analogia não funciona, ela só prova que existem profissões de homem e de mulher, mas não nega existirem profissões, segundo sua lógica, de homem/mulher.

            Por que não concordo então? Sua lógica está certa, mas eu vou pelo caminho binário: ou existe, ou não existe. E como não existe (que eu saiba) uma profissão em que todos sejam exclusivamente homens ou exclusivamente mulheres (doador de sêmen? ama de leite?), não acredito em profissão de homem ou profissão de mulher.

            Assim como, já disse antes, não acredito que a imensa maioria que torna uma profissão de homem/mulher, segundo sua lógica, ocorra por questão cultural ou social. Discordo da Sally, isso é biologia pura.

                • Não acho que seja em casos pontuais não. Acho que esforço, treinamento e amor ao que faz são sempre determinantes.

                  • Em casos pontuais sim, Sally. Porque a biologia não influencia apenas a capacidade, ela influencia a vontade, na maioria das vezes. Aí é que fica caracterizada a pontualidade.

                    • Você vai me dizer que a biologia não exerce a menor influência sobre gostos e vontades de uma pessoa? Que tudo o que uma pessoa quer sempre deriva da cultura?

                  • Não acho que seja em casos pontuais não. Acho que esforço, treinamento e amor ao que faz são sempre determinantes.

                    Se “amor ao que faz” não tem nada a ver com gosto, então ok!

              • Se sobrepõem, Sally. Mas o ponto não é incapacidade por biologia. É desejo, vontade de exercer uma determinada profissão.
                Você não pode obrigar uma mulher a ser engenheira, se não for desejo ou vocação dela. Se ela preferir fisioterapia, isso não é construção social ou cultural.

                  • (Acho que minha resposta não foi processada corretamente. Já apareceu uma segunda, lá embaixo. Vou tentar reescrever com as mesmas palavras. Se o primeiro post aparecer primeiro, favor desconsiderar este.)

                    Foi mal, devia ter colocado obrigar entre aspas. Não achei que você fosse tomar ao pé da letra.

                    “Não existe uma profissão na qual homens ou mulheres sejam excepcionalmente bons e o sexo oposto seja apenas uma rara exceção em bom desempenho. O que existem são profissões onde, culturalmente, determinado sexo não se aventura, não por incapacidade e sim por questões sociais.”. Parece discurso tirado do manual da feminista moderna!

                    Sorry. Existem sim. Não as considero profissões específicas/exclusivas de homem ou de mulher justamente pelas exceções, para mim profissão não tem gênero. Mas não dá pra desconsiderar a influência biológica/instintiva no momento da escolha. Questões sociais ou culturais podem ter influência, mas estão longe, muito longe de serem determinantes.

                    “Obrigar” seria você ter uma filha e “trabalhá-la” cultural e socialmente para que ela seja, digamos, engenheira. Se ela tiver um cérebro com características femininas marcantes, não vai funcionar. Ela vai optar por outra profissão. Ah, funciona com gays também.

                    Por fim, tava procurando pra ilustrar uma charge que vi na internet há algum tempo atrás. Uma manifestação de mulheres “por mais mulheres engenheiras!”. Daí na hora do vestibular, as manifestantes escolhem fisioterapia, comunicação, psicologia… nenhuma escolhe engenharia.

                    • Tive que responder no meu comentário, Sally. Não aparece o botão Responder abaixo do seu. Deve ser uma limitação do número de nós de cada ramificação de respostas.

                      Então seguem algumas profissões, conforme solicitado:
                      – Piloto de fórmula 1: sim, já houve raríssimas mulheres. Mas nenhuma competitiva;
                      – Monitor de creche ou professor de pré-escola: olha, cercado de crianças pequenas e bebês (meus, de amigos, de parentes), eu NUNCA vi um monitor de creche ou professor de pré-escola (professor mesmo, da turma, não o “tio” que só dá aula de música ou de educação física);
                      – (bonus round) Já viu berçário de hospital? Nunca vi um enfermeiro ou técnico de enfermagem lá dentro dando complemento, vestindo, trocando fralda ou dando banho nos recém nascidos. Só enfermeiras e técnicas.

                      Procurando, daria pra citar mais algumas. Mas os pontos importantes são:
                      – As profissões acimas são de homem ou de mulher? Na minha opinião, não. Chamar de profissão de homem ou de profissão de mulher dá a entender que só homem ou só mulher pode desempenhar, um fica impedido ou “proibido” de desempenhar o do outro. Acho isso falso, e é nisso que discordo do Somir. A meu ver, não é a média que determina, é efetivamente existir uma profissão que só e somente homens/mulheres pudessem ter. Não sendo doador de sêmen/ama de leite, não me vem nenhuma à cabeça;
                      – Não existem mais mulheres pilotos de fórmula 1 ou mais tios de creche por questões sociais ou culturais? Na minha opinião, nada a ver. Se tem influência, é irrisória. Acho mais questão de vocação, de instinto, de biologia;
                      – Tem como mudar isso? Tem sim. Daqui há 40, 50 mil anos, se for vantajoso pra sobrevivência da espécie humana que homens desenvolvam características hoje consideradas mais femininas, e vice-versa, pode acontecer.

                    • Faz a seguinte pesquisa: quando foi que surgiram os carros (e, consequentemente, homens começaram a dirigir) e quando foi que mulheres começaram a dirigir em grande escala, como sendo algo normal e sem preconceito uma mulher ao volante. Você vai ver que homens tem mais de cem anos à frente das mulheres nessa função. Cem anos dá uma bela duma folga, uma margem, para que eles tomem a dianteira em certos cargos relacionados ao assunto. Sim, existe uma aptidão masculina para localização espacial, porém o determinante é que por muito, muito tempo homens dirigiam e mulheres não.

                    • Sally, a menos que você me apresente um piloto de F1 centenário, isso pra mim não faz a menor diferença na disposição de indivíduos, nem em sua habilidade.

                    • Faz, em matéria de oportunidades. Quando um meio se fecha em um dos sexos o outro fica de fora não por ser pior é sim por barreira cultural

                    • Sally, carro mesmo, motorizado, automóvel, você diz?

                      Então não é tanto tempo. Vamos considerar o primeiro automóvel de “massa”, o Ford modelo T, porque até então ter carro era, sei lá, como criar uma onça em casa, ou fazer uma viagem espacial: coisa de maluco, ou rico, ou excêntrico (ou os três juntos). Começou a ser produzido em 1908, e popularizou o carro.

                      Considerando agora o movimento feminista da década de 60 como o marco da “declaração de independência” das mulheres. E isso sem deixar de notar que muitas já dirigiam na década anterior.

                      Fazendo as contas, os homens “estariam à frente” no máximo 60 anos. Lembrando: em termos de instinto, de evolução biológica, isso não dá nem um nanossegundo. E na boa? Se passarão 500 anos e isso não vai mudar.

                      Ainda no automobilismo: há tantas mulheres vocacionadas assim, que desejam ser pilotos? Faz uma pesquisa você agora: categorias femininas de automobilismo / categorias masculinas de automobilismo.

                      E para as outras que eu citei, qual o argumento?

                      Sally, de novo: não é errado haver profissões em que haja (muito) mais homens ou mulheres. Isso não é demérito. Problema é ter uma profissão “só de homem” que mulher não pode/é proibida de exercer. E vice-versa.

                      São diferentes. São complementares. Não tem melhor ou pior. Um ganha aqui, o outro ganha ali. Ir contra isso é forçar a mão, querer a feminilização do homem e a masculinização da mulher. Exatamente o que estamos vivendo hoje em dia.

                      Lembra? http://www.desfavor.com/blog/2008/11/desfavor-da-semana-sutia-masculino/

                    • Mas nem fodendo que na década de 60 as mulheres estavam de igual para igual, dirigindo tanto quanto homens pelas ruas!

                      Não tem absolutamente nada a ver com masculinizar mulher ou feminilizar homem. Não estou negando tendências, só acho que tendência não basta para se dizer que uma profissão vai ser mais fácil para um dos sexos. Tendência é 1%, dedicação é 99℅

                    • Sally, vc continua focando num único ponto da minha resposta. Maldita hora que fui levantar a bola do piloto de F1! Pô, fala dos outros exemplos tb!

                      Se não foi nos anos 60, foi quando? Só em 2010? Porque os “mais de cem anos à frente” dão a entender isso. Ainda assim irrelevante, em se tratando de instinto. Relaxa, pq em 2500 a porcentagem de mulheres pilotos sobre homens pilotos de F1 vai ter aumentado de 0,1% para… 0,3%. Um aumento de 200%! Uau!

                      “Não estou negando tendências, só acho que tendência não basta para se dizer que uma profissão vai ser mais fácil para um dos sexos”
                      O ponto em discussão não é esse. Vamos recapitular?

                      – Somir define profissões de homem e profissões de mulher pela média muito alta de homens ou mulheres em uma determinada profissão. Eu discordo porque se uma mulher pode desempenhar uma profissão “de homem”, essa profissão não é “de homem”, e vice-versa. Até aí estamos juntos, né?

                      – Sally acha que não existem profissões de mulher e de homem, e que a média mais alta em determinadas profissões é causada por fatores culturais e sociais. Eu discordo, acho que o que influencia é instintivo e biológico.

                      “Tendência é 1%, dedicação é 99℅”.
                      Pô, agora entendi por que não consigo baixar meu tempo nos 100m rasos para menos que 9,8s. Me dedico tanto quanto o Bolt, mas ele deve ter esse 1% de tendência, eu não. rs

                      Saquei, Sally. Você tá falando de capacidade. Eu tou falando de vocação.

                      Voltando ao que falei lá em cima: minha irmã. Super inteligente, capaz, mais estudiosa até que eu. Seria uma puta engenheira. Se formou em Farmácia e Bioquímica. Falta de capacidade dela para ser engenheira? Não. Ela não quis, Sally.

                      É desse querer que eu falo, dessa vontade. Isso é instinto. Não questiono capacidade. Não tou tentando diminuir ninguém, Sally.

                      Você acha que existem pouquíssimas categorias femininas no automobilismo porque as mulheres não são estimuladas a serem pilotos ou porque elas simplesmente não se sentem vocacionadas a tal?

                    • Se você for mais sintético talvez funcione melhor o diálogo…

                      Vontade = 99% cultural e 1% genética. É o que eu penso e não estou sozinha, a psicologia moderna desqualifica cada vez mais a genética no que diz respeito a aptidão, vontade, inclinação ou prazer em executar uma tarefa. Estude.

                    • Ok, vou ser mais sucinto.

                      “Estude” parece o “vai estudar!” das feministas. Mas tem alguma bibliografia sugerida?

                      Minha família tem dois psicólogos, inclusive minha irmã, que trabalha muito com a questão da vocação para os jovens. Conversei a respeito.

                      A vontade que você falou é a vontade pragmática. Ela é sócio-cultural. As pessoas vão procurar fazer algo que lhes dê um retorno ou que seja mais nobre, por influência de amigos, família e etc.

                      A vontade de que falo é a vontade instintiva, “de coração”, vocação. É querer ser alguma coisa porque aquilo lhe cai melhor, porque se percebe mais apto ou mais à vontade.

                      Dá pra atender à vontade pragmática, fazer ela prevalecer sobre a instintiva. Acontece bastante hoje. Tem muita gente que fez e é feliz assim, especialmente quando se obtém o retorno esperado. Mas o percentual de frustração é maior.

                    • Você não foi mais sucinto. O que acontece aqui é que você fica repetindo seu argumento sem compreender o que eu estou te respondendo. Temos um monólogo, no qual você já usa a tática somir de relativização e a infantil postura de desqualificação de comparar uma frase minha com uma imbecilidade feminista, quando os contextos são outros.

                      Você já decretou sobre qual vontade eu estava falando, certo? Obrigada por me explicar o que eu estava pensando.Eu realmente desisto, quando chega nesse nível a discussão não me interessa mais, só discuto com quem admiro e respeito.

                      Obs: na minha família tem dois neurocirurgiões, isso me qualifica para operar o cérebro de alguém?

                    • Pra operar, não. Pra você pedir opinião sobre algum caso ou particularidade, serve.

                      Ok. Tá repetitivo mesmo. Eu acredito em biologia. Você acredita em sociedade e cultura. Não tem como argumentar mais, um não vai convencer o outro.

                • THZO, que “derrapada” foi essa ?! [2]

                  (Agora você foi bem parecido com aqueles “an(ta)caps” que acabam chegando na falácia do tipo “forçar na sociedade”…)

                  • Foi mal, não captei. Não consegui associar o an(ta)cap falando em “forçar a sociedade”.

                    BTW, e apesar de achar irrevelante para a discussão, não acredito em ancap. É tão utópico quanto socialismo/comunismo. Eu sou minarquista.

                    • Desculpe, apenas tentei fazer uma comparação “muito off” (sobre aqueles que enxergam obrigação até em coisas de não-obrigação) ao invés de eu só ter “deixado o (meu) estranhamento”…

            • É por isso que “senti um empate ou algo parecido”…Este tema foi “melhor importantizado” pelos comentários de THZO e F.A. (…)

Deixe um comentário para F.A. Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: