Carta a uma amiga mãe.

Amiga… querida amiga, tenho uma coisa para te dizer, porém não posso falar na sua cara, pois você se ofenderia – e muito. Essa é uma das vantagens de ter um blog anônimo, poder desabafar para o mundo as coisas que ficam engasgadas na minha garganta. Por favor, leia tudo que eu escrever com amor, pois por mais que seja um conteúdo desagradável, minha intenção é boa. Não quero te atacar, não quero te magoar. Quero apenas que você reflita.

Você mudou muito desde que virou mãe. Normal mudar, toda mulher muda quando vira mãe. Mas a forma com a qual você está levando sua vida me preocupa e me entristece. Quem sou eu para falar, não é mesmo? Eu, aquela que não teve filhos. A resposta mais rápida e fácil é que eu estou com inveja da sua felicidade, mas, amiga, eu te conheço bem demais para saber que você não está feliz, apesar de sentir uma obrigação social de dizê-lo. Você está obcecada, monotemática e cega para o mundo.

Não precisa disso para ser uma boa mãe, por sinal, muito pelo contrário, uma boa mãe tem equilíbrio nos vários setores da sua vida, não canaliza toda sua carência para um filho. É muita responsabilidade para uma criança tão pequena: dar conta de toda a sua felicidade, de toda sua vida social, de toda a sua… vida. Filho é uma fuga socialmente aceitável, por isso, querida amiga, ninguém vai ousar te dizer nada. É um assunto delicado, ninguém vai falar. Você vai ter que perceber sozinha.

Você está cansada, exausta na verdade. Irritada, muitas vezes frustrada. E, quer saber? Normal que esteja assim. Compreensível. Essa mãe de comercial de margarina, que está sempre plena, radiante e com cabelos penteados não existe. Então, não finja ser ela, pois eu percebo que não é ofende a minha inteligência. Não está tudo bem quando você vai trabalhar com vômito na sua roupa, não está tudo bem quando você passa meses sem fazer sexo com seu marido, não está tudo bem quando você superprotege um bebê a ponto de se incomodar quando outras pessoas o pegam no colo.

Hoje, você vive apenas para seu bebê. Não consegue pensar em mais nada ou fazer mais nada que não esteja direta ou indiretamente relacionado a seu bebê. Talvez nos primeiros seis meses isso seja normal ou aceitável, mas, amiga, desculpa a sinceridade, já deu. Está na hora de você retomar a sua vida. Deve ser muito legal ser mãe, mas não é saudável apenas ser mãe. Você é mulher, você é esposa, você é uma profissional, você é filha, você é irmã. Não abandone o mundo real, viver em um mundo paralelo em função da sua cria não é saudável, nem para você, nem para o bebê.

Olhe para você, amiga! Você já foi uma mulher linda, e hoje está embarangando a passos largos! Sei que um bebê demanda tempo e que as prioridades mudam, mas há limites. É óbvio que não seria justo exigir o mesmo grau de cuidado pessoal de quando você não tinha filhos, mas, desculpa, um mínimo é necessário para viver em sociedade. Infelizmente aparência importa, é determinante para várias áreas da sua vida. Não gosto disso, não concordo com isso, mas as coisas são do jeito que são, não do jeito que a gente gostaria que elas fossem.

Verdade dolorosa: você tem que começar a se cuidar um pouquinho mais. Vamos começar com pequenos passos? Que tal desembaraçar o cabelo antes de sair de casa? Faça isso por mim… Dizer que não tem tempo para pentear o cabelo é desleixo. Encaro isso como um pedido de socorro: você está fazendo questão de deixar sua fachada desmoronar, provavelmente para gritar de forma silenciosa que algo não vai bem.

Deve ser difícil passar tantos meses imersa em um bebê e depois ter que retomar a vida, que estava pausada. O mundo continuou, muita coisa mudou, é uma nova realidade desde que você engravidou e se desligou dele. Eu sei que deve ser assustador, mas você tem que voltar para o mundo real, não pode fazer de um filho sua vida, pois, acima de tudo, não é saudável para ele. Aliás, você não pode fazer de ninguém sua vida, pois se um dia essa pessoa vai embora ou morre, você fica sem vida.

Então, hora de voltar a saber o que se passa com o mundo, de se atualizar, de colocar o nariz para fora de casa. Não precisa ser repentino, pode ser gradual. Molhe os pés antes de mergulhar. Você era uma pessoa tão interessante… Discutíamos política internacional, leis, inovações tecnológicas, gastronomia, cinema. Hoje você só fala de fralda, arroto, vômito, cólica, refluxo. Você se isolou em um mundo muito distante do meu, no qual eu não quero entrar. Dê um passinho na minha direção para que possamos manter nossa amizade, se não por mim, por você, pois não é saudável viver e respirar filho 24 horas por dia.

Veja o que você está fazendo com seu marido. Você se tornou única e exclusivamente mãe. Sua parte mulher está hibernando faz mais de um ano. Quanto tempo você acha que seu marido vai suportar isso? E não me refiro apenas à falta de sexo, me refiro ao abandono marital, que tem vários aspectos, inclusive o emocional. Amiga, homem trai, nem tanto pela falta de sexo, mas principalmente pelo abandono emocional. Homem precisa se sentir admirado, apreciado. Já conversamos tanto sobre isso, você sempre foi a primeira a concordar que homens são crianças grandes.

E não pense que eu estou te pedindo para negligenciar sua cria. Não é bom para nenhuma criança ter uma mãe que vive em função dela. Em um primeiro momento, a criança adora, mas a longo prazo ela se torna dependente de você, emocionalmente frágil, insegura. Não era você quem sempre dizia que não queria um filho “viadinho”, sussurrando, para não ser detonada pela turma do politicamente correto? Pois é, amiga. Filho se cria para o mundo, não para você suprir as suas carências. E criar para o mundo significa deixar cair, deixar comer terra, não se apavorar quando ele rala o joelho, deixar correr riscos pequenos. Você não vai poder evitar para sempre que ele se machuque, sofra ou adoeça. É uma missão impossível, abandone-a.

Tudo na sua vida funciona em função de filho. Todos os seus programas, todas as suas compras, todo seu lazer. Quando foi a última vez que você comprou algo para você, só para você, que só você iria usufruir? Quando foi a última vez em que você fez um programa totalmente desvinculado de criança e de fato o aproveitou em vez de ficar ligando, olhando câmera ou culpada? Comece a fazer coisas por você, pois uma mãe que não está bem com ela mesma dificilmente será uma boa mãe. Não é preciso se anular e viver apenas em função de um filho para ser uma boa mãe, muito pelo contrário.

Eu sei que no momento não é essa a impressão que você tem. Provavelmente você, perfeccionista como é, tem a sensação de que se não for assim, você não vai dar conta. Vai sim. Vai ter que delegar algumas coisas, tolerar que outras não saiam tão perfeitas como você gostaria e permitir que seu marido, aquele que era seu herói e hoje você acha que não faz nada direito, participe mais dos cuidados com seu filho.

Amiga, não é possível que você se recuse a deixar a criança sozinha com o pai. Menos, bem menos. Não será que o problema está em você, que está doentiamente apegada? Seu marido virou meu amigo também, e acho que o conheço suficientemente bem para saber que ele vai cuidar bem do bebê. Deixe ele participar mais e pare de trata-lo como um incompetente. Pare de passar por cima das opiniões e decisões dele sobre a criança, principalmente em público. Ele tem tanto direito a decisão quanto você. Você está matando seu marido por dentro e, temo que se não parar com isso em breve, o dano seja permanente.

Reflita. Sei que você leu e estudou muito sobre crianças, mas, desculpe amiga, você não é a dona da verdade. Pare de tentar doutrinar pessoas que tem opiniões e formas de criar os filhos diferentes das suas. A pessoa quer deixar o bebê chorando no berço até que ele pegue no sono sozinho? Ok, também acho meio equivocado, mas não precisa gritar com a pessoa, não precisa dizer a ela sobre diversos estudos que comprovam o quanto isso desgraça a vida da criança e muito menos que ela não está sendo uma boa mãe. Não cuspa para cima, amiga, pode cair na sua cara. Várias crianças criadas com muito amor, carinho e melhores das intenções acabam virando drogados que assaltam pessoas. Não se ache detentora da verdade, em matéria de filho, cada um tem a sua verdade e, às vezes, mesmo fazendo tudo certo, as coisas dão errado.

Amiga, você trabalha na iniciativa privada, para o maior banco do país. Sua vaga é disputada, tentaram puxar seu tapete quando você saiu de licença maternidade. Então, a partir do momento em que você entra no seu trabalho, você deixa de ser mãe e passa a ser uma profissional nas oito horas que se seguem. Passar o dia todo com o computador aberto monitorando as câmeras da sua casa, falando sobre a criança ou falando em videoconferência com a criança podem te causar uma demissão. Seu empregador te paga para que você foque na empresa durante essas oito horas, sua postura está sendo incorreta. E pare de dizer que em breve quer engravidar novamente pelos corredores, para quem quiser ouvir, isso também pode te custar uma demissão. Se preserve. Empresa pensa nos interesses da empresa, não no seu.

Também te peço encarecidamente que deixe seu pediatra em paz, antes que ele te mande à merda e se recuse a te atender. Sim, eu sei que pediatras tem que estar preparados para questionamentos de mães a qualquer hora, mas, amiga, ligar na madrugada de um final de semana para perguntar o que fazer depois que um mosquito picou seu filho… não dá. Segura tua ansiedade, pois o bebê acaba sentindo essa inquietação e isso não deve ser bom. Me entristece ver você, que sempre foi uma pessoa que zelou pela adequação, fazendo esse tipo de coisa e dizendo que ele tem que te atender porque “quem mandou ser pediatra! Quem escolhe ser pediatra tem que estar sempre à disposição!”.

E, para finalizar, querida amiga, por favor, pare com esse discurso de que uma mulher só é completa ou verdadeiramente feliz quando tem filhos. Não sei o que você pretende com isso. Me dizer que eu não sou feliz? Que não sou completa? Amiga, existem diversas formas de felicidade e cada um sabe da sua. Não tente impor a sua a outras pessoas. Eu não acho que sua vida seja feliz, e nem por isso discuto isso na frente de todos. Eu não digo que passar o dia limpando merda e botando criança para arrotar é medíocre, que bom mesmo é viajar. Eu não digo que enquanto você passou cinco dias sem dormir limpando jatos de merda provenientes de uma gastroenterite eu caminhava com pinguins, conhecia ótimos restaurantes e via baleias em alto mar.

Respeite a forma que cada um escolhe para ser feliz. Ou ao menos, faça de conta que respeita, pois dizer essas coisas te entrega. Sua crítica é uma confissão, como se você quisesse que todas as pessoas que te cercam estivessem no mesmo barco que você. Quem precisa dizer o tempo todo o quanto está feliz e completa, provavelmente não o está.

Sei, pelo seu marido, que está muito preocupado, que todos os dias você se tranca no banheiro e chora por horas. Essa é a sua verdadeira felicidade? É assim que uma mulher verdadeiramente completa se sente? Acho que não. A mulher que você era, livre, linda, ambiciosa, divertida, morreu no dia em que seu filho nasceu – e é ok estar de luto por essa morte. Não precisa se esconder para chorar. Não precisa ostentar uma falsa felicidade para disfarçar o que está acontecendo. Não para mim, que sempre fui sua amiga.

A merda é, querida amiga, que você nunca vai ler isto, porque você nem sonha que eu escrevo este blog. O que significa que, provavelmente, você vai continuar nesse caminho errado e nós vamos nos afastar cada vez mais. Quando você sentir meu afastamento, ficará muito magoada e construirá uma versão na sua cabeça de que eu estou com inveja da sua felicidade, ou que sou intolerante por não ter filhos, ou qualquer outra onde você saia como correta e eu saia como intolerante. É sempre mais fácil colocar a culpa no outro do que refletir sobre seu erro.

A verdade é que amizade, assim como casamento, não está garantida apenas porque a outra pessoa te ama. Deve ser cultivada, constantemente, caso contrário a chama diminuí, até se apagar. E você não está fazendo a sua parte. Ou você sai do papel exclusivo de mãe, ou não apenas eu, mas qualquer outra pessoa que não faça essa escolha de vida de 100% maternidade, vai se afastar de você. Isso vai te deixar cada vez mais sozinha e infeliz e você vai passar cada vez mais tempo chorando no banheiro, e depois postando centenas de fotos ostentando felicidade em redes sociais para compensar. Não queremos isso, queremos?

Seu marido provavelmente vai te trair ou se separar, de tanto ser negligenciado e esculhambado por você, que faz questão de monopolizar o bebê. Isso te levará a dizer que homem não presta mesmo, que é um canalha/covarde por te largar com uma criança pequena. Não é, ele só quer ser feliz e é impossível ser feliz com você, quando você só sabe viver em função de uma criança.

Sozinha, você vai focar e sufocar ainda mais seu bebê, que crescerá superprotegido, medroso e carente. E, sinto lhe informar, amiga, um dia seu filho vai embora, vai viver a vida dele. E, quando isso acontecer, o que vai te restar? Nada, pois você terá passado uma vida toda vivendo em função de uma única pessoa, sem cultivar mais nada. Temo que uma depressão te espere.

Torço muito (em silêncio) para que você perceba isso tudo sozinha e consiga reverter a situação. Pensei em conversar com você milhões de vezes, mas eu tenho certeza de que você não está preparada para ouvir tudo isso. Vai se ofender, vai se voltar contra mim, vai me atacar. Tem certas coisas que são de dentro para fora, amiga. Você tem que perceber sozinha.

Fico aqui, torcendo por você, em silêncio.

Para dizer que vai enviar este texto de forma anônima para várias pessoas, para dizer que eu sou uma péssima amiga ou ainda para dizer que é por isso que mães só andam com mães, pois ficam monotemáticas e medíocres: sally@desfavor.com

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Comments (28)

  • A maioria das minhas amigas com filhos para minha sorte consegue equilibrar as coisas, somente uma que ao fazer o discurso “vida sem filhos é vazia e sem sentido” literalmente com essas palavras foi excluída da minha vida sem remorsos.
    Mas renovar as amizades e ter amigos sem filhos é importante sim.

    • Suas amigas com filhos não ficam levando os filhos em tudo quanto é programa e só fazem programas onde caibam crianças?

  • Chapeau!
    Estou grávida e também vou salvar ese texto pra reler muitas vezes. Concordo com tudo.
    Obrigada Sally por expor suas idéias de forma tão clara.

  • Vou salvar esse texto pra reler muitas e muitas vezes, estou grávida e não quero chegar nesse ponto, de ter virado uma mala e ninguém me falar por ser caso perdido. Mas até o momento concordo com tudo, acho que não vou ser dessas mães loucas que não falam do lado negro da gravidez (que são vários, estou passando por muitos!) ou que tratam os filhos como intocáveis, anjinhos e ninguém pode criticar, e que toda mulher precisar querer ser mãe se não é uma recalcada infértil sem coração.
    Eu não gosto de cachorros e já sofro mto preconceito com isso, acredito que seja parecido com quem não gosta de crianças.

    • Jana, os primeiros meses serão de imersão total. É esperado. O que você tem que evitar é ficar para sempre nessa imersão total.

  • Excelente texto, Sally. Uma coisa que contribui muito para a cabeça das novas mães entrar em parafuso é que toda mãe compartilha duas falsas idéias: que o dia mais feliz da vida delas foi o dia em que o Enzo Gabriel nasceu e que quando ela botou os olhos na Vitória pela primeira vez, se apaixonou instantâneamente. Quando elas passam a reproduzir isso com convicção, dão o primeiro passo na estrada do auto-engano.

  • Que pena sua amiga mãe não ter acesso a este texto. Parece que ela esta sofrendo e contribuindo para o sofrimento de todos ao seu redor, inclusive da criança.

    Lendo-o, ela poderia ter uma reação negativa (o preço que se paga), mas com o tempo e a reflexao, poderia ficar muito grata por seus conselhos.

  • RECALCADA. É assim que ela vai te nominar, Sally. Era assim que se referiam a mim antes de eu ter filho. Eu tive filho, fui mãe velha, depois de vários bbs perdidos, mas nunca me permiti ser monotemática e até hoje fico ansiada com as mães -princesas -mimizentas . Ontem mesmo perdi uma amizade porque não aguentei a mãe aceitando o mimimi (literal) da filha de três anos. gente enjoativa!!!! Ei, já vinhas dando sinais, mas agora chegaste ao limite, é?

    A

  • Esse texto (excelente, por sinal… e olha que tenho dois filhos, hein?) pode ter a palavra “criança” trocada por “cachorro”/”gato” e servirá igualmente para seus donos (não pra todos, embora esteja ficando socialmente inaceitável – se é que já não ficou! – dizer que não gosta dessas merdas de sacos de pulgas ambulantes).

  • Faço ideia do seu sofrimento, Sally. Perder uma amizade porque a pessoa que você ama como amiga muda dessa maneira é como perder uma amizade por morte lenta e dolorosa dela. Simplesmente deixa de ser quem você conhecia para virar uma pessoa neurótica, deprimida e autodestrutiva. E ai de quem falar.
    Muita força pra você e pra ela perceber o que está fazendo consigo mesma e com as pessoas que ama.

  • Outro dia um texto sobre “eu não quero saber sobre o teu filho”, e hoje este… Sally, tu andas sofrendo com esse negócio de mães, ein?

  • Já passei a mesma coisa com uma amiga muito próxima. Depois que teve filho simplesmente não tinha outro assunto senão bebê e maternidade. A gente ia na casa da criatura e durante as 3 horas de visita a conversa é só bebê, fralda, comida, choro, pediatra e etc… Na última vez que fui tive um contratempo tendo que sair antes do esperado e dei graças a deus. As crianças já cresceram bastante e mesmo assim ela nunca nem trabalhou, passa o dia todo em casa, vive pra isso e até hoje é uma açienada monotemática. Vá em paz, personalidade de antes.

    Já uma outra amiga que engravidou até me surpreendeu. Achei que ela ia pro mesmo caminho da outra, mas não. Continua a mesma pessoa bem informada e divertida de sempre. Quando a gente ta no grupo de amigos ela só fala da criança se perguntarem ou se surgir esse assunto, mas já parte pra outra. Ótima mãe de qualquer jeito.

  • Sally, mas se você já tem certeza de que vai acabar perdendo a amizade, o que custa tentar uma conversa sincera?

    Uma das coisas que mais ouço de mães em relação a seus filhos é “meu companheiro para todos os momentos”. Sempre penso “amiga, procura um psicólogo que você está regredindo. Qual o próximo passo, marcar happy hour no parquinho com as outras crianças e descer no escorregador?”.

    Eu estava na vibe da Sally, chateada porque quase todas as amigas estavam se isolando no abismo da maternidade. O que eu fiz? Novas amigas sem filhos! Voltei a ter assuntos interessantes, a sair nos finais de semana e uma vida social.

    É uma pena pela perda das que se isolam, mas aprendi que não adianta sofrer por elas. Relacionamentos se criam e se desfazem a todo momento – inclusive as amizades.

  • Ah sim! E pelo amor dos Deuses! Deixem os pediatras clínicos em paz!!!

    Quer ser uma louca e procurar o médico por qualquer espirro? Vá num PS que tem um pediatra de plantão para isso!
    (Aliás, diga-se de passagem que já presenciei a mesmíssima cena de ligar de madrugada por causa de uma picada de pernilongo… será que eu conheço sua amiga??? Hahaha)

    Gente, pediatra é mal pago, são abusados pelos convênios e por mães desonestas… deixa os coitados viverem!
    Acho que isso é outro reflexo dessas mães malucas e monotemáticas… todos devem viver em função daquela criança… não vejo nenhuma outra especialidade médica ser tão abusada igual os pediatras…

    • Talvez você conheça a minha amiga, talvez mãe doente mental seja tudo igual, nunca saberemos.

      Lamentável que as pessoas percam o senso de adequação e a pouca educação que tem, presumindo que se uma pessoa escolheu ser pediatra ela tem a obrigação de prestar socorro à sua ansiedade em qualquer hora do dia!

  • “Vai ter que delegar algumas coisas, tolerar que outras não saiam tão perfeitas como você gostaria e permitir que seu marido, aquele que era seu herói e hoje você acha que não faz nada direito, participe mais dos cuidados com seu filho.”

    Perfeito! Esse trecho devia ser viralizado!

    Sally, muito honesto esse texto! E acho que vc devia dar um jeito da amiga ler… a mudança tem que ser de dentro pra fora, mas as vezes a gente que tem um que plantar a semente!

    Estou passando pela mesma situação no momento… felizmente (ou não), eu não me incomodo tanto quanto vc com crianças… mas o “monotema” é complicado… (ou quando pergunto como a criança está e recebo 2837188302749 fotos e 5 vídeos)

    Tenso!

    • Nanda, estou perdendo minhas amigas. Eu simplesmente não tenho mais nada em comum com quem tem filho, não tenho a menor vontade de continuar investindo nessas amizades.

      Acho que minha amiga não está preparada para ler este texto. Vai ficar na defensiva, dizer que eu tenho inveja, etc.

  • Esse texto veio num momento muito oportuno para mim, não porque eu esteja grávida ou tenha filhos, mas porque passei recentemente por uma situação de confronto com pessoas que têm essa imagem sagrada da maternidade.
    Mais uma vez o Desfavor confirma a minha admiração por permitir a pluralidade de opiniões e visões de mundo.
    Eu acho inacreditável que, na discussão onde eu estava, a visão da pessoa que não gosta de crianças nem de conviver com elas, mas que defende uma sociedade que garanta os seus direitos (segurança, educação, saúde, meio ambiente, etc), seja completamente distorcida porque se ela não gosta de crianças é a mesma coisa que não gostar de pessoas com deficiência e idosos. Sério, as pessoas são muito CEGAS quando se fala de filho e maternidade. O argumento é que crianças são parte da sociedade e que ela não podem ser ignoradas, que mães não gostam quando seus filhos são ignorados, entre muitas outras burrices que estavam sendo ditas.
    Sério, eu não sou obrigada a ouvir choro de criança quando a mãe está no restaurante linda comendo como se nada estivesse acontecendo, eu não sou obrigada a educar criança nenhuma que não tenha sido parida por mim ou que esteja MUITO próxima a mim (como um sobrinho, por exemplo), eu não sou obrigada a achar criança linda, abraçá-la e fazer com que ela se sinta parte da sociedade, isso é problema dos pais. Me dá uma raiva imensa quando os pais culpam tudo quanto é coisa e gente pelo jeito como seus filhos saíram, quando na verdade eles que negligenciaram a educação da criança, que terceirizaram a criação para babás e avós, que criaram uma bolha escrota para a criança crescer.
    Você tenta ter um diálogo racional com essas pessoas e é chamada de dondoca, escrota, majestade, cruel, entre outros. Porque claro, é mais importante que a pessoa babe no bebê dos outros do que batalhe por uma sociedade justa e igualitária para ele crescer.

    • É um misto de ignorância, negação e egoísmo. E é a cara do Brasil.

      Não dá para ter diálogo racional com essas pessoas, não perca seu tempo.

      • Burramente eu achei que poderia dialogar, mas fui dominada por uma onda de ignorância. Nunca mais entro numa dessas, quero que todas se fodam.

    • Vi uma discussão dessas numa página do FB, uma mulher citou o movimento “childfree” e uma médica esculachou. Disse que é preconceito, que são pessoas intolerantes, e vieram os camponeses atrás com tochas e ancinhos. Isso porque a moça comentou que os childfree só querem alguns restaurantes, hotéis e eventos em que não sejam permitidas crianças, por motivos que eu entendo 100%. Mas jogam os argumentos de que idosos com demência e deficientes podem se portar de modo similar às crianças, e completam com “você é preconceituosa! Elitista! Eugenista” etc.

      Como você disse, o problema não são as crianças, e sim os pais que acham que a partir do momento que pisam fora de casa fica suspensa a responsabilidade por educar os filhos. Eu sou evangélica e vou te contar, tô pra ver uma raça que dá menos educação pros pentelhos que crente. A criança corre, grita, atrapalha a concentração da igreja toda, arrisca tropeçar nos genuflectórios e perder os dentes de leite, e a mãe quando finge que não vê, manda um “Alisson, xiu” sem tirar a bunda do banco. Já tive vontade de fazer a Sally, catar a criança pelo braço e dizer “se continuar fazendo bagunça, Papai do céu vai castigar a mamãe”, mas MINHA NOSSA LIGIA NÃO SEJA TÃO INTRANSIGENTE.

      Não é por não gostar de criança. Tenho sobrinhos que amo de paixão, curto mesmo brincar com eles, passar o dia com eles, mas daí a achar lindo a criança chutando as costas da minha cadeira no cinema é fogo. É proibido não querer crianças por perto.

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