Hiroshima

Escrevo isto em um porão escuro, escondida. Espero não ser encontrada, pois se for, certamente serei mandada de volta para o campo de concentração chamado Unidade 731. O mundo não sabe, não somos tão interessantes ou populares quanto outros países, mas hoje, no Japão, existe um campo de concentração que pratica as piores atrocidades que você possa imaginar. Ninguém me contou, eu Sa-Lii, estive lá e consegui escapar. O que eles chamam de “Departamento de Purificação da Água e Prevenção de Epidemias” é, na verdade, uma fachada para um campo de extermínio onde seres humanos são usados como cobaias em experimentos da mais absurda crueldade.

Eles se referiam a nós como “madeira”, após cada experimento cruel, médicos e cientistas que fariam Josef Menguele corar, perguntavam quantas toras caíram. Não há critério para sequestrar e levar pessoas para este campo de concentração, basta que se entenda que a pessoa praticava “atividades suspeitas”, como foi no meu caso, por escrever estes panfletos de denúncia. Crianças, mulheres grávidas, idosos… todos igualmente levados e torturados por dias, meses.

Talvez vocês estejam se perguntando se os experimentos são assim tão ruins. Bem, me permitam compartilhar com vocês o pouco que eu vi. No meu primeiro dia, queriam testar as melhores distâncias para usar armas de fogo, então, amarraram várias crianças e alguns idosos a estacas no chão, enquanto jogavam granadas e davam tiros. Quando acabaram, os deixaram agonizando ali. Mães assistiram a seus filhos sendo mortos de forma cruel na sua frente.

No meu segundo dia, vi pessoas sendo penduradas de cabeça para baixo, para testar quanto tempo um ser humano sobreviveria nestas condições. Como demoraram a morrer, injetaram ar em suas artérias, para provocar embolia. Não seu resultado rápido, então injetaram urina de cavalo em seus rins, para ver o que acontecia. Quase fui escolhida para esse experimento, porém fui descartada por ser muito pequena. Os soldados americanos capturados acabaram sendo premiados com esta honra.

O experimento para o qual fui designada foi total privação de comida, para avaliar quanto tempo um ser humano sobreviveria nestas condições. Passei fome por dias, tendo oportunidade de ver outros experimentos tão macabros quando os anteriores: injetar água no mar nas veias, sepultamento de pessoas vivas, amputação de membros (que depois foram reimplantados em lados opostos do corpo), órgãos removidos e dissecados sem qualquer anestesia e muitos outros absurdos.

Mas o forte era a contaminação biológica. Não apenas os prisioneiros eram torturados e inoculados com todo tipo de doença, mas também em países vizinhos, que recebiam bombas de contaminação, que causaram morte e doenças além das fronteiras do Japão. Obviamente estas atrocidades começaram a chamar a atenção da comunidade internacional. E foi graças a isso que eu consegui escapar.

Fiscais de uma organização internacional apareceram do nada ali. Nem sei se eram fiscais ou espiões, mas intimidaram os presentes, que acabarem abrindo as portas para eles. O problema é que quando você tem uma instalação com mais de 150 prédios, fica muito fácil esconder atividades ilícitas. Os fiscais entraram, percorreram as instalações e saíram. Não sei ao certo o que eles viram, mas sua visita foi muito útil, aproveitei a distração dos guardas escoltando os visitantes surpresa para sair pela fresta das portas que ainda se fechavam.

Fiquei escondida por um tempo e ouvi os fiscais comentando entre si, quando estavam saindo, que aquilo era um absurdo inaceitável. Mas não tenho esperanças, o Japão tem um longo histórico de se fazer de vítima, duvido que alguém seja punido ou que as vítimas tenham alguma compensação. Tudo será negado, e quando não puder se mais negado, será abafado e esquecido. Provavelmente acabarão traindo a Alemanha quando esta guerra acabar e farão os alemães saírem como os grandes vilões.Auschwitz, que é uma gota dágua perto do que acontece aqui, será lembrada eternamente, enquanto as vítimas da Unidade 731 não serão sequer contabilizadas.

A verdade sobre o governo japonês nunca vem à tona: autoritários, opressores, desumanos. Focados em dominar os países à sua volta e, para isso, fazem experimentos sombrios e torturam sem constrangimento em um imenso campo de concentração que, até agora, matou mais de 300 mil pessoas. Um governo que se alia a Adolph Hitler, mata e tortura quem ousa discordar de qualquer uma de suas políticas ou atitudes. Não somos esse país pacífico, disciplinado e correto que todos pensam.

A maior prova disso é essa baixaria que o governo fez com os EUA. Isso sim vai dar problema. Ok, os EUA são um país repulsivo, traiçoeiro e vil, mas… um ataque surpresa? Isso é algo execrado até mesmo em guerras. Sorrateiramente o Japão decidiu bombardear Pearl Harbor e, ao contrário do que se pensa, não destruiu apenas navios e armamento. Muitas pessoas morreram, uma morte terrível, dolorosa. Com a destruição dos navios e tanques de combustível, vazou combustível na água, que acabou pegando fogo e queimando vivas todas as pessoas que afundaram junto com os navios. Não bastava a enorme quantidade de soldados americanos presos e torturados na Unidade 731, ainda tinham que ir causar terror e destruição em território americano.

O Japão vendeu ao mundo que foi um ataque exclusivo a armamento militar, mas sabemos que danificou pouco mais de 20 navios, enquanto causou mais de cinco mil vítimas humanas, muitas delas mortas de forma dolorosa e em emboscada. Quer aniquilar o inimigo? Pois bem, declare guerra e o enfrente em condições de igualdade, que vença o melhor. Bomba surpresa na calada da noite? Sinceramente, quem age desta forma, com emboscada, com traição, com simulação, tem que estar preparado para receber o mesmo tratamento de volta – e sem se vitimizar. Como será que o Japão reagiria se tomasse algumas bombas surpresa?

Muitas das vítimas nem sequer eram militares. Civis morreram. Quando o USS Arizona explodiu, mil pessoas foram queimadas vivas. O Japão está se arriscando muito, pois apesar de ter causado um belo estrago nos EUA, o poderio militar deles é muito maior. Se resolverem revidar, o farão de forma muito mais danosa e, quer saber? Não os culpo. Se alguém entra na minha casa sem ser convidado e bombardeia os meus, eu respondo com o dobro, o triplo da força, causo de volta o maior dando que conseguir a quem me fez isso. Acabou o amor. O Japão não respeita civis, não respeita território e não respeita ética, não pode esperar isso de volta do inimigo.

Quem faz uma coisa dessas desperta no inimigo uma fúria, uma força difícil de controlar. Os EUA, que não estavam tão ativos como poderiam nesta guerra, vão se levantar agora. Obrigada, Japão, por mexer com a vida e com os brios do inimigo em uma emboscada que mais foi um desaforo do que uma medida efetiva, vocês podem estar fazendo surgir uma grande potência mundial. Nada alavanca mais a pro atividade bélica do que a raiva, a ira e a vingança.

Sem contar que é sabido que Hitler está mal das pernas. Não é inteligente o Japão escrotizar grandes potências sabendo que o carro-chefe do seu time está baqueado. Há boatos de que Hiltler já foi capturado e se suicidou. Dizem que as tropas alemãs já se renderam. O governo japonês nega esta informação e insiste nesse tipo de ataque covarde, talvez sem respaldo. O que eles acham que acontecerá em resposta?

Falta medo. A ganância e crueldade que começaram a se disseminar nesse embrião maldito chamado Unidade 731 cegou o Japão. Era hora de se retirar e se render, como fizeram seus aliados. Mas não, o Japão, esta ilhota sem recursos na qual vivemos, se acha capaz de armar uma emboscada para os EUA e se sair bem com isso. Não vai. Certamente teremos uma resposta, e quando isso acontecer, não vai adiantar se fazer de vítima, pois foram mais de 40 anos de tortura e crueldade em um campo de concentração japonês e um ataque covarde na frente do mundo todo. O que vier será merecido e não é possível que o mundo não perceba isso.

O governo japonês insiste em não se render e nega que a Alemanha tenha se rendido. Estão lutando sozinhos contra um bloco muito poderoso de países. Não é preciso ser muito esperto para saber que eles, o governo japonês (não o inimigo!) estão comprometendo a segurança de seu povo. Ir na casa do inimigo promover um ataque surpresa com tantas vítimas abre uma porta, praticamente convida o inimigo a entrar nas nossas fronteiras igualmente em emboscada e barbarizar o país. Qualquer um daria uma resposta violentíssima, para deixar bem claro para o mundo o que acontece quando se arma uma emboscada baixa como esta. Desta resposta depende o medo e respeito que o mundo vai ter dos EUA daqui para frente.

E quando essa resposta quase que disciplinar vier, não vai adiantar que o Japão se faça de vítima. O mundo não é burro, todos saberão que não há proporcionalidade quando falamos de guerra, muito pelo contrário, o governo dos EUA vai querer fazer o que há de mais assustador para mostrar ao mundo que custa caro entrar em suas fronteiras e fazer um ataque sorrateiro. Qualquer país faria isso, caso contrário, seria um convite a constantes ataques, sem medo de represálias. Em guerras não há proporcionalidade, acho que todos nós sabemos disso. Ataca-se com a força máxima.

A história não absolverá o Japão. Este governo sem ética, sem preocupação com os seus, sem medo, será execrado. O Japão sairá deste evento como o vilão que é. O Japão deu o primeiro tiro, matando o inimigo enquanto ele dormia. O que quer que venha depois é apenas uma resposta, por sinal, bem merecida. Não tem vitimização que reverta isso.

Para dizer que nunca devemos duvidar do poder da vitimização, para dizer que se fosse com você defenderia com todas as armas mas quando não é, acha excessiva a resposta ou ainda para dizer que a classe econômica da vítima é a única coisa que conta: サリ@デスファボル.コン

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Comments (12)

  • Sem contar outras atrocidades cometidas. Existem fotos OFICIAIS de soldados japoneses com CRIANÇAS espetadas em suas baionetas durante a invasão na China, bem como de CENTENAS de civis mortos, incluindo mulheres que, antes de serem assassinadas, foram estupradas. Novamente: isso consta em registros OFICIAIS! Eles não tinham nem vergonha pra esconder, como todos os outros países faziam.

  • Essa história da Unidade 731 é simplesmente uma das coisas mais macabras com que já me deparei nesta vida…
    Ah! E o que a “Sa-Lii” diria ao ver o que realmente aconteceu depois disso tudo, hein?

  • O humano médio precisa entender que nenhum país é 100% vilão/opressor ou 100% bonzinho/coitadinho.

    E parando pra pensar, eu não aprendi nada sobre a Unidade 731 nas aulas do colégio (sobre Auschwitz sei até demais…). Nunca tinha ouvido falar até ter caído de paraquedas em algum texto da internet. De fato, nós só aprendemos o que querem que nós aprendemos sobre História…

  • Eu só tenho conhecimento dessa história graças à internet. Mesmo depois de tanto tempo que isso veio à tona, nunca vi nenhuma reportagem especial na televisão sobre a unidade, muito menos produções hollywoodianas cheias de pompa (dá até pra imaginar um filme onde um soldado americano heroicamente escapa da unidade), até porque os próprios americanos queriam que isso ficasse escondido.
    Lendo o texto me veio uma indagação aqui: qual seria a percepção do mundo sobre a Alemanha nazista se eles tivessem levado duas cacetadas atômicas na cabeça?

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