Macho-cados…

+Se você é daqueles que pensa que o machismo só afeta as mulheres é bom rever sua opinião, já que esse problema atinge a sociedade de um modo geral, nem as crianças escapam.

Sim, tem uma matéria sobre como homens sofrem com machismo e esse é um trecho dela. Leia e chore. Desfavor da semana.

SALLY

Olha… é com bastante surpresa e um pouco de constrangimento que comentamos o Desfavor da Semana: parece que agora homens também são vítimas de machismo.

Na cabeça dos criadores desta fascinante teoria, qualquer homem que seja recriminado por não gostar de coisas tipicamente masculinas ou por se comportar de forma que fuja do estereotipo de “macho” é vítima de machismo. Pelo dicionário, machismo é qualquer atitude ou pensamento que contrarie a premissa que homens e mulheres são iguais, colocando as mulheres em situação de inferioridade em algum aspecto.

Logo, por uma simples interpretação de texto, desde sempre o conceito de machismo é inferiorizara mulher em comparação com o homem. Mas o lacre estava pouco, é preciso estender o conceito para recriminar o máximo de pessoas possíveis, apontar dedos, falar mal, xingar muito em rede social e, claro, criar mais vítimas.

Esse novo movimento altera o conceito de machismo. Não basta tratar mulheres com igualdade, também é preciso que não se cobre nenhuma atitude específica dos homens. Curioso que as próprias mulheres cobram certas posturas das mulheres. São as primeiras a esculhambar mulheres que fazem opções com as quais elas não concordam (belas, recatadas e do lar ou então mulheres que não querem ter filhos), porém, cobrar algumas posturas de homem virou opressão.

Não sei ao certo que porra que está acontecendo com o mundo, mas, como diria Gil Brother Away: estou perplecta. Igualdade é bacana, super apoio a premissa que ninguém é superior ou inferior a alguém em função de sexo ou orientação sexual mas… isso não está excessivo não?

A gente protege crianças da pressão social e de comentários maldosos, pois crianças estão em formação, são mais frágeis e comentários depreciativos podem causar danos à sua autoestima. Querer estender um conceito para proteger marmanjo? Minha Nossa Senhora da Testosterona, que porra de adultos imbecilóides são esses que precisam da mesma proteção de uma criança? Quem tem filho de bigode é gato! Cada um que pense e fale o que quiser do estilo de vida dos outros!

Será que eu sou tão filha da puta assim que não consigo ver a utilidade disso? Cada um que ache o que quiser, que chame de viadinho quem quiser, que diga que é menos macho por não gostar de futebol, que diga que quem gosta de futebol é um merda, que digam qualquer coisa! Sabe por quê? Porque a opinião dos outros não é tão importante. Não vou legitimar, endossar e dar importância a discursinho babaca criando mecanismo para intimidar a pessoa a não falar! Inclusive, coloco isso em prática: tem texto meu com mais de três mil xingamentos direcionados à minha pessoa, todos devidamente aprovados. I don’t care.

As pessoas tem que ter o sagrado direito de serem babacas. Quer achar um homem menos homem por chorar em um filme? Porra, ache! Sagrado direito seu! E que bom que a pessoa possa externar isso, falar o que pensa, assim quem pensa diferente dela se afasta. É assim que se constroem círculos de amizade: conforme afinidade de pensamento. Mas não, não pode mais. Hoje em dia todo mundo tem que pensar igual, da forma “certa”, e se não pensa assim, pau no cu deles, terão que dizer que pensam assim, serão socialmente execrados.

Com isso, todo mundo fica com um discurso de medo uniformizado e graças a essa ditadura do pensar, fica cada vez mais difícil escolher amizades. Você realmente não consegue mais dizer quem tem afinidade de pensamento com você ou não. Acaba que o círculo de amizades da era do politicamente correto é determinado pelos locais que você frequenta (amigos da academia, amigos do trabalho, etc) ou por algum lazer em comum (amigos do futebol, amigos do curso, etc).

Sou de uma época onde escolhia amigos pela afinidade de pensamento, coisa que hoje em dia está entrando em extinção, por causa de babaquices como estas. Sério mesmo, e daí se alguém acha que um homem é gay por estar bem vestido ou por ser muito educado? E DAÍ? Que caralho de preocupação com o que os outros pensam é essa? Durante muito tempo da minha vida usei cabelo azul e milhões de vezes presumiram que eu era lésbica por isso. Ca-guei baldes, não fui chorar na mídia me dizendo oprimida por estereótipos.

Verdade verdadeira? Essa mobilização toda cheira a um tremendo marketing pessoal. Quando vejo esses homens (todos absurdamente feios, óbvio) segurando plaquinhas com dizeres pau no cu tipo “Trato mulheres como pessoa e não como objeto” tenho a certeza que estou olhando para uma versão piorada e tupiniquim de Barney Stinson. Não querem lutar contra nada, querem é se promover. Enfiem essas plaquinhas nos seus cus, pois um homem pode sim ser muito masculino, Navy Seal, forte, sarado, predador, bem sucedido, firme e tratar mulher muito bem. Trata mulher como pessoa porque é feio pra caralho, se não lamber a sola de sapato da mulher não come ninguém, seu merda!

Ok, estou um pouco nervosa. Peço desculpas pelo argumento acalorado do parágrafo anterior. É que não gosto de estelionato intelectual. Tanta preocupação em se dizer diferente do mainstream costuma ser marketing pessoal sim e tanto chororô por se sentir oprimido por críticas indica algum tipo de retardamento mental ainda não classificado no CID-10. Quão merdinha tem que ser um homem por se incomodar ao ser criticado por não gostar de futebol? Por favor, cresçam e se portem como adultos, como pessoas inteiras.

Minha vida toda fui muito pressionada por diversos motivos: tente não beber em uma chopada de faculdade, tente não fumar maconha em um trabalho onde 99,99% dos funcionários são hippies, tente ser mulher e se recusar a casar e ter filhos, tente receber recusa de dezenas de ginecologistas de prescrever o método contraceptivo que você quer pois “você vai se arrepender e vai querer ter filhos mais cedo ou mais tarde”. Pressão. Desde sempre, pressão social, julgamento, olhares de “deve ter algo muito errado com ela”. I don’t care.

Então, desculpa Empoderadinhos, todo mundo, independente de sexo, idade, religião ou cor, sofre pressão e, quer saber? Lidem com isso sem fazer esse marketing, esse chororô. Lidem como pessoas adultas, pois não é justo que por falta de estrutura de vocês, pessoas como eu sejam intimidadas a não poder dizer o que pensam.

Para dizer que em breve homens cortarão seus pênis por sentirem que a obrigação de ter uma ereção é pressão demais, para dizer que também está perplecto ou ainda para dizer que eu sou machista opressora: sally@desfavor.com

SOMIR

No meu tempo, e nem é tanto tempo assim no passado, quando uma criança chegava chorando em casa dizendo que foi chamada de idiota pelos colegas de escola, o pai ou a mãe olhavam para a criança e perguntavam: “e você é um idiota?”. Uma criança, com seu péssimo senso de autoavaliação, sempre dizia que não. “Pois então, se você não é idiota, não precisa se preocupar.”

Talvez não fosse a tática mais eficiente para acolher o sofrimento momentâneo, mas era essencial para plantar uma semente na cabeça do pirralho: a de que a opinião alheia não te define. Complicado para uma criança entender a profundidade disso, mas pelo menos dá algum subsídio para essa mente em formação conseguir enfrentar as intempéries dos relacionamentos humanos. Claro que não dá para passar pela vida ignorando todos os inputs alheios, mas todos nós precisamos de alguma resistência contra os não construtivos.

E eu estou falando sobre o caminho mais intelectual para a resolução do conflito: obviamente muitas crianças escutaram conselhos como revidar o xingamento ou mesmo enfiar a porrada em quem as incomodasse demais. São soluções menos ideais, mas tem sua utilidade dentro da mesma lógica de desenvolvimento de uma identidade mais segura. Pelo menos a pessoa não se sente tão indefesa contra a animosidade alheia. Isso pode ser lapidado com o passar dos anos para alguém que sabe a hora de enfrentar ou ignorar de acordo com a contrariedade em questão.

No meu tempo também existiam duas outras reações ao problema proposto no primeiro parágrafo, tão possíveis quanto nos dias de hoje, mas muito menos populares: ficar chorando na expectativa que alguém viesse te salvar, ou procurar alguma figura com poder para impedir seus detratores de agir. O problema de ambas é que colocavam a responsabilidade toda nas costas de outras pessoas. O que por vezes funciona, por vezes não, mas consistentemente enfraquece a imagem de quem precisou disso diante de seus pares. E no final das contas, não ensina ninguém a se proteger ou antever problemas, afinal, se tem alguém que resolve para você, por que desenvolver a habilidade, não?

Pois bem, questões de tempo. No tempo que eu descrevo, a visão da sociedade em geral era de que apesar de não gostarmos de injustiça, cada um de nós tinha que aprender como o mundo era bem menos do que ideal e criar ferramentas próprias para lidar com essa realidade. No tempo que eu escrevo agora, a percepção coletiva parece estar com as linhas borradas entre o problema pessoal e o coletivo. Como se não soubéssemos mais quando a atitude deve partir do indivíduo ou quando deve estar institucionalizada para gerar os melhores resultados.

De uma certa forma, os dias atuais viram o crescimento exponencial do “vou contar para a professora” contra o antes popular “revida ou ignora”. E se o método mais comum de outrora deixou muitos traumatizados pelo caminho por muitos casos de completo abandono, o para o qual parecemos tender atualmente periga criar gerações e mais gerações de pessoas que lidam com seus problemas segurando plaquinhas e contando com a pena alheia pelas suas condições. Nem vou pelo caminho de que é mais digno enfrentar de peito aberto as dificuldades da vida, estou só apontando que a inversão de valores aqui é a difusão da responsabilidade pessoal, e a esperada redução na taxa de resolução de problemas.

Quem enfrentou o “sistema” com sucesso suficiente para criar descendentes (os movimentos sociais que se deterioraram em “lacração virtual”) não o fez com histórias tristes e apelo ao bom senso alheio dessa forma tão ideológica, e sim com lágrimas, suor e sangue de ações na vida real. A plaquinha não era para reclamar que escutava piadinhas por não gostar de um esporte, era para avisar que estava correndo risco de morte. Ou mesmo para xingar de volta! Esse processo competitivo de vitimização – com todo mundo procurando seus motivos para receber pena alheia – rapidamente vira uma caricatura. E uma caricatura infecciosa: para cada chato com uma placa reclamando que sofre com o machismo mesmo sendo homem, uma mulher a mais vira uma piada por comparação.

O chororô sem ação vira um modo de funcionar, um modo que é percebido por outras pessoas e fica cada vez mais vazio de significados. Está reclamando de algo que interefere na dignidade da vida ou é uma criança chorando porque foi sacaneada pelos amiguinhos? Se todos começarem a seguir nesse caminho de não aguentar nenhuma pressão social antes de despedaçar e se fazer de vítima, será que as gerações futuras vão saber a diferença prática entre as coisas?

Quando tudo é drama, nada é drama!

Para dizer que eu poderia ter sido mais macho no texto, para dizer que dedo-duro toma porrada, ou mesmo para dizer que vai reclamar com a professora do meu texto: somir@desfavor.com

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Comments (25)

  • O vítimiam e suas consequências. ..
    Esses caras não nos representam.

    “Homem” chorando por se sentir vitima de machismo…Era só o que me faltava!

  • Confirmado após essa reportagem: o número de pessoas inteiras da cabeça pra enfrentar algumas intempéries da vida (como simples críticas ou apontamentos jocosos vindo de outras pessoas) é cada vez menor. Ficar pedindo socorro em redes sociais com essas plaquinhas ridículas é motivo de muita vergonha nessa vida

    • A internet não esquece. Quem faz uma porra dessas fica marcado. Se eu estou contratando alguém e, ao pesquisar sobre o candidato, acho uma foto dessas, mas nem fodendo que contrato. As pessoas são irresponsavelmente idiotas!

      • Isso me fez lembrar que nos tempos de escola, em que a rede social mais usada ainda era o Orkut, assistimos a uma palestra com um cara falando sobre mercado de trabalho. E ele disse que as empresas estariam, a partir daquele momento, começando a cuidar o que fazemos e postamos na internet antes de nos contratar, então deveríamos tomar mais cuidado com as comunidades das quais éramos membros. Comunidades como “odeio segunda-feira” ou outras bobagens, segundo ele, deveriam ser evitadas. Hoje, parece que, ou as empresas não olham mais nossas páginas curtidas no Facebook (porque a gente vive cercado de gente idiota), ou boa parte olha e taca o foda-se. Devem ser poucas empresas que devem tratar comportamento online como diferencial para contratação.

        E eu também não contrataria essa gente com ego de cristal e suas plaquinhas estúpidas

  • Homens fortes criam tempos bons
    Tempos bons criam homem fracos
    Homens fracos criam tempos difíceis
    Tempos difíceis criam homens fortes

    pelo visto estamos na terceira parte do ciclo…

  • “(…), mas era essencial para plantar uma semente na cabeça do pirralho: a de que a opinião alheia não te define. ”

    O bom, velho e eficiente “VOCÊ NÃO É TODO MUNDO!”

    Não se fazem mães como antigamente!

  • Foda-se essas bixas sobra mais mulé pra nóis.

    Eu não vejo esses feministos como homem e não acho que as mulheres consigam levá-los a sério.

  • Isso não tem nada a ver com machismo. Tem a ver com a postura de algumas pessoas perante a vida. O que esperar de alguém que se deixa abalar por críticas ou insinuações bobas? Não ter um comportamento esperado de um homem não faz de ninguém viado, mas, sinceramente, eu não consigo imaginar um cara fresco desses que chora por qualquer coisinha comendo uma mulher. É mais fácil a mulher comer ele.

  • É por isso que nos povos mais antigos e primitivos o cabra era tirado de perto da mulherada na adolescência, tomava umas porradas e era casado de uma vez pra não se tornar inútil pra caça e pra guerra. Não dá pra ser útil pra isso ouvindo palpite de mulheres. Todo mundo sabe que o feminismo radical criou um bando de frouxos, mas agora é feio dizer. Se é pra alguém ser ogro e coçar o saco, que seja eu, que vim com o firmware pra isso.

    • Cada vez mais vejo homens confusos e psicologicamente castrados. É questão de tempo para que as lacradoras comecem a reclamar do que elas mesmas fizeram.

  • “Trata mulher como pessoa porque é feio pra caralho, se não lamber a sola de sapato da mulher não come ninguém, seu merda!”
    Poxa Sally, nunca tinha pensado por esse ponto de vista, viu?

    • Lili, homem feio e correto não tem mérito algum. Eu só dou crédito ao cara que é muito lindo, muito sarado, muito inteligente, poderia pegar a mulher que quisesse, tem mulher aos montes se jogando nele e, ainda assim, trata bem e é fiel.

  • Anônimo opressor

    ocidental hoje em dia é tudo frouxo mesmo, deve ser esse monte de soja e veganismo enfraquecendo o corpo.

    opinião feia, mas boa parte dos casos de bullying não dariam em nada se a vítima só tacasse o foda-se. tipo o gordinho que faz piada consigo mesmo ou dá uma baita revidada, o tímido que fica na sua com seus hobbies solitários ou estudando…

    vai acontecer o que a Sally disse num texto recente: vai chegar num ponto que as opções de opressores vão acabar (pois todo mundo acha uma brecha pra virar oprimido e “opressores” desistem de debater) e vão começar a achar opressores entre si, como uma cadeia alimentar.

    • A arma para matar o bullying é não se importar. Quanto mais a pessoa se importa, mais ela eleva o poder do opressor. Mas, na real? Nem sei se no caso estamos falando de incomodar, acho que é oportunismo, para se fazer de vítima e ganhar afagos sociais.

  • NÃO! NÃO! NÃO! NÃÃÃÃÕOO!!! MIL VEZES NÃÃÃOOO!!! Caí pra trás quando li. Sério que tem “homem” por aí – as aspas são necessárias – se dizendo vítima de machismo? E que ainda fica por aí de mimimi e choramingando com plaquinhas? PUTA QUE O PARIU! É O CÚMULO DA BUNDA-MOLICE! PORRA! HONREM AS CALÇAS QUE VESTEM, CARALHO! (Respirando fundo tentando se acalmar) Olha, eu nem vou vou me estender muito neste comentário porque agora eu tô “perplecto” demais pra dizer qualquer coisa…

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