Os Lacradores – Seleção

Para comemorar a semana do Nerd aqui na República Impopular do Desfavor, criaremos nosso próprio universo estendido de Super-Heróis. O mundo tremerá diante de Os Lacradores!

Mas, temos um problema, por questões de verba, só podemos manter cinco heróis no grupo, e temos seis candidatos. Os quatro primeiros estão aprovados, mas deixaremos para vocês, impopulares, a escolha do quinto. Sally e Somir tem seus candidatos, e vocês?

Tema de hoje: quem deve se juntar aos Lacradores, Al-Kabum ou Prepucius?

SALLY

O ano é 2097. Graças à histeria do politicamente correto, policiais tem medo de prender ou acusar minorias. Bandidos se aproveitam desta realidade e recrutam apenas minorias vitimizadas para realizar crimes. A criminalidade inclusiva sai do controle por falta de repressão e a sociedade está à beira do caos.

Para combater essa onda de crimes, recrutam uma liga de super-heróis que são os únicos socialmente autorizados a agir contra os criminosos-minorias: Os Lacradores.

Já foram selecionados quatro heróis para integrar essa liga:

Pérola Negra: Uma mulher negra que pesa 159 quilos, se acha linda e combate a ditadura dos padrões da beleza. Ela possui dobras de utilidade, excesso de pele e banha em seu corpo onde esconde armas e alimentos.

Homem Cervo: Delicado, sensível, vegano, defensor dos animais e da natureza. Seu super poder é uma super velocidade, mas infelizmente ele não consegue usá-lo por muito tempo nem lutar, enfraquecido pela falta de proteína no corpo.

Super Mongo: Portador de Síndrome de Down, seu nome real é “Capitão Especial”, porém ele gosta mais de Super Mongo e só se refere a si mesmo assim, apesar do protesto dos outros heróis. Seu poder especial é a Super Força Monga, uma força que homem algum pode controlar.

Arco-íris: De aparência andrógina, ninguém sabe se é homem ou mulher, pois defende a causa gay com a mesma fúria que defende o feminismo. Para não ofender, ninguém tem coragem de perguntar seu gênero. Seu super poder é o Grito Supersônico, emitido quando há discordância do interlocutor com seu pensamento, um grito que atordoa e cala o adversário.

Precisamos de mais um herói para combater o crime inclusivo. Por isso, venho aqui apresentar meu indicado: uma criança muçulmana, refugiada, que foi encontrada boiando em um barco inflável no meio do mar. Seu super poder é explodir coisas (apesar de que todos tentam controla-lo, pois não pega bem). Seu nome: Al-Kabum.

Estamos falando de uma criança, UMA CRIANÇA! Nada é mais vítima do que uma criança! Ok, há suspeitas de que Al-Kabum tenha matado os próprios pais e que seja um sádico psicopata, mas ainda assim, uma criança. Perfeito para a missão, ninguém vai se revoltar com nada que ele faça, afinal, “é apenas uma criança, é normal”. Ele tem um dos passes livres sociais mais fortes que existem, muito maior do que o de qualquer adulto.

Some-se ao fato de ser uma criança, o fato de ter uma tragédia de vida como esta, perdendo os pais na infância (ok, ele os matou, mas não deixa de ser uma perda, certo?), a vivência de uma guerra terrível (na qual ele explodiu muita gente por diversão, mas não deixam de ser cenas fortes, certo?) e todo o preconceito que ele experimentou por ter pele cor de azeitona e explodir pessoas por prazer.

Al-Kabum é grau máximo de intocabilidade, poderá prender quem ele quiser e se o bandido ou a sociedade reagirem, basta uma palavra para calar a todos: islamofobia! Al-Kabum pode fazer qualquer coisa sem ser recriminado, pois além de criança, é muçulmano, amparado pelo escudo da presunção de preconceito.

Seu poder de explodir coisas vai ser muito útil no combate ao crime inclusivo, afinal, por ser muçulmano, ele está autorizado a matar sem ser responsabilizado por seus atos. Certamente os jornais, com medo, estamparão manchetes como “Explosão mata 297 pessoas”. Jamais terá seu nome ou sua nacionalidade vinculada a qualquer ato violento, pois ninguém quer ser acusado de islamofobia, não é mesmo?

Sim, o candidato do Somir é forte, mas convenhamos, são séculos de hegemonia. Judeus dominam a arte da vitimização e da culpa por muito tempo, é hora de dar oportunidade para outras culturas infernizarem a vida alheia. Al-Kabum está pronto para se juntar a esta liga de heróis e para, se for o caso, acabar com eles também, afinal, tudo que ele faça será perdoado em função da infância difícil que teve. Auschwitz já tem muitas décadas, as mazelas que afligem Al-Kabum são atuais. Hora de evoluir, minha gente!

O próprio grupo de heróis vai aceitar Al-Kabum de coração mais aberto. Pensem no que um… uma… errr… feminista faria com um homem branco de boa situação financeira? Pensem em um vegano convivendo com um homem branco que come carne! Pensem em uma mulher baranga convivendo com um homem que não quer pegá-la? Al-Kabum, por ser criança, vai trazer harmonia ao grupo (se não explodir ninguém, oremos).

Sem contar que a presunção de inocência sempre vai miliar a favor de Al-Kabum: mesmo que câmeras o filmem explodindo transeuntes, sempre será cogitado tudo, desde problemas na tubulação de gás até ataque alienígena e, só depois de descartadas todas as hipóteses havidas e por haver é que alguém, talvez, terá coragem de perguntar se isso foi obra de um muçulmano. É certeza da impunidade, minha gente! Pode explodir mulheres sem ser acusado de feminicídio! Quando que um homem branco com boa condição financeira vai ter isso? Nunca!

Aguardo ansiosamente pelo voto de vocês e prometo desamarrar e tirar a focinheira de Al-Kabum se ele for o eleito. Lembrem-se: crianças, não importa o quanto tenham torturado animais de estimação ou explodido inocentes, são sempre uma bênção, anjos de luz, o futuro da sociedade.

Vote Al-Kabum!

Para se preocupar seriamente com a repercussão desta semana, para dizer que é #TeamMohamed ou ainda para pegar a pipoca e espera começarem a chegar as ameaças de processo: sally@desfavor.com

SOMIR

Se vocês estão lendo isso, tem o nível de segurança necessário e sabem da realidade. Estamos diante uma crise, os grandes cartéis criminosos do mundo estão fora de controle, contratando minorias vitimizadas para cometer os crimes, tornando a polícia completamente inútil. O sistema policial está à beira de um colapso, com os criminosos lucrando com os crimes e os processos por abuso de força da polícia. Tentamos contratar policiais mais… diversos, mas aparentemente o simples fato de carregarem o distintivo já os torna homens brancos.

Nosso plano é ousado, mas é a nossa única alternativa contra o crime: através de um programa de exposição de comunidades carentes, centros de apoio ao deficiente e mercados orgânicos a altas doses de radiação, tivemos a oportunidade de criar alguns seres extraordinários. E cada um deles com alguma proteção natural contra os processos da indústria do crime minoritário. A agente Sally já contou para vocês sobre os integrantes aceitos, e deu seu voto de confiança para o jovem Al-Kabum.

Mas temos mais um candidato elegível: Prepucius. Eu sei que ele já começa com alguma desvantagem por ser um homem branco, mas não é tão branco assim: na verdade, Prepucius é judeu. Nossa arma secreta. Pensem bem, se todos os outros grupos vitimizados estão mais em voga atualmente, nenhum deles foi mais eficiente do que os judeus. Eles conseguiram um país com isso! O que as outras minorias conseguiram? Seguidores nas redes sociais? Os judeus sabem fazer as coisas funcionarem, e sabem usar a culpa da forma certa: superficialmente.

O que as outras minorias falham em notar é que culpa é apenas um facilitador para conseguir objetivos bem mais concretos, não um fim como se faz atualmente. Prepucius foi treinado desde a infância para usar a culpa cirurgicamente, apenas nos momentos onde ela for vantajosa. E o poder mutante que ele desenvolveu é espetacular para isso: o Raio da Culpa. Prepucius pode disparar um raio de culpa concentrada sobre seus adversários, tornando quase impossível para qualquer vítima se perceber como a maior vítima de uma situação. E sabemos como é importante para a cultura das minorias vitimizadas a hierarquia de culpa.

Sim, Prepucius não tem o carisma de uma criança refugiada, mas tem uma linhagem poderosa ao seu dispor. Por mera coincidência, sua família é abastada e pode financiar (com juros) as operações da equipe enquanto ficamos presos em burocracias. E vamos concordar que com esse grupo de pré-selecionados, precisamos de toda ajuda possível e imaginária para gerir as finanças da equipe. Por mera coincidência, Prepucius é formado em administração e excelente em matemática financeira.

Sem contar que ele vai ser bem mais estável do que o explosivo árabe defendido por Sally. Convenhamos que não precisamos de mais uma criança na equipe para agir impulsivamente diante dos perigos. Os poderes de Al-Kabum são mais perigosos para a equipe do que para os inimigos. Prepucius pode não ser tão poderoso no combate físico, mas pelo menos vai garantir que ninguém faça algo claramente suicida durante as missões. Até porque, por pura coincidência, a família dele é dona do banco que faz o seguro do equipe.

Por pura coincidência também, grandes amigos da família de Prepucius controlam boa parte da imprensa, o que pode nos ajudar imensamente quando algo… problemático acontecer. Ajuda ter a mídia do nosso lado, não? São muitas coincidências favoráveis para ignorarmos. A única coisa que pesa contra ele é ser um homem branco. Mas eu tenho plena confiança que assim que ele jogar a carta do judaísmo, vai conseguir disputar a batalha de vitimização de igual para igual. Por coincidência, foram décadas e décadas de produção cultural demonstrando o sofrimento dos judeus sendo absorvidas pela população geral.

Eu sei, eu sei… parece mais inclusivo o refugiado, mas às vezes precisamos de alguém com quem possamos contar. E o jovem explosivo tende a detonar a qualquer momento. E não é por nada não, mas eu tenho quase certeza que ele faz a barba já.

Escolham bem! Escolham Prepucius!

Para dizer que por coincidência vai votar no judeu, para dizer que prefere que todos explodam rapidamente, ou mesmo para dizer que só estamos nessa pelo dinheiro: somir@desfavor.com

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