Anestesia social.

Pense nas coisas que você faz nos seus momentos de lazer. Se possível, faça uma listinha. Fez? Ótimo. Agora pense no motivo pelo qual você faz isso: é por estar alinhado com o seu propósito de vida, por contribuir para o bem de outras pessoas ou seu próprio bem, por aprimoramento pessoal ou… é por pura anestesia social?

Complicado generalizar, mas acredito que a maior parte das pessoas hoje busca determinados lazeres, hábitos e relacionamentos apenas em busca de anestesia social: algo/alguém para preencher um buraco, para se escorar, para esquecer daquilo que incomoda. Beleza, não vejo problema em eventualmente se dedicar a uma atividade de anestesia social, ninguém é obrigado a lidar com a realidade o tempo todo. O problema surge quando esta é sua única ou predominante fonte de lazer.

Tem um conceito muito mal entendido no Brasil de que lazer é algo que, por premissa, serve para nos alienar, caso contrário, não é lazer. Cansei de ver espírito sem luz debochando de atividades que eu considero de lazer (como uma noite de jogos ou assistir a uma palestra TED) e dizendo que “se fosse para aprender ia para a escola”. Lazer que tenha algum conteúdo, que acrescente algo (cultura, informação, consciência) é algo muito mal visto, taxado como sendo coisa de gente chata e que não sabe se divertir.

Assim, pelo que observo, há uma crença errada de que onde entra a informação sai a diversão. Não é para menos, com o sistema de ensino tenebroso que temos, com a ode à futilidade das redes sociais, com o culto à zoeira, é natural que acabem criando esta premissa: se aprendo alguma coisa, então não é divertido. Para ser divertido, é indispensável que seja diversão pura. Se não for diversão pura, não é diversão.

Assim, a diversão vazia virou uma obrigação e também uma forma de anestesia social, em um mecanismo que, provavelmente, nem os praticantes entendem direito: para se divertir é preciso esquecer por completo a realidade. A diversão tem que ser 100% ficcional. Sim, redes sociais normalmente são usadas como 100% ficcionais, uma realidade paralela na qual cada um cria a vida e a personagem que mais lhe agrada.

Isso gera um círculo vicioso, onde atividades que podem ter algum grau educativo ou instrutivo são sumariamente rejeitadas, pela falsa crença de que não podem ser divertidas. Isso vai passando de pais para filhos, sendo incorporado de forma definitiva na cultura do país. Lazer é ver seriado, jogar videogame, postar foto que saiu bonita em rede social.

Nem seria tão grave se as pessoas investissem um tempo do seu dia nesse lazer puro e outro em seu aprimoramento pessoal, mas um estranho fenômeno acontece com o brasileiro: para chopinho com amigos, para redes sociais e para falar da vida alheia sempre sobra um tempo, mas para aprimoramento pessoal e para cuidar da saúde, nunca há tempo. As pessoas se entregam a esta anestesia social e não investem em conhecimento, cultura e autoconhecimento. Depois reclamam que não tem reconhecimento profissional, que não sabem qual é o seu propósito na vida e que é muito difícil ser magro. Realmente, com esse lifestyle, é mesmo.

As mesmas pessoas que reclamam não ter reconhecimento profissional, não sabem falar nem inglês, mesmo existindo uma infinidade de aulas online gratuitas e aplicativos para isso. As mesmas pessoas que enchem o nosso saco com a ladainha de estar acima do peso não reservam meia hora do seu dia para sair e caminhar, pular corda ou colocar o corpo em movimento. Só precisa ter um chão onde você mora, lembra? Tem chão no seu bairro? Se tem, bem, você pode se exercitar. Não é acaso, destino ou karma, estas coisas das quais as pessoas mais reclamam são fruto de escolhas.

É mais fácil culpar o outro: o chefe é um filho da puta que não o reconhece, a pessoa é azarada por ser gorda, ela tem nenhuma aptidão especial, por isso não sabe seu propósito. A culpa está sempre em outra pessoa ou em um fator externo. Tudo que se passa que não é de responsabilidade da pessoa, ganha uma aura de inevitabilidade: não tem nada que ela possa fazer para mudar, a culpa está fora dela. Tudo isso para não se livrar do vício da anestesia social.

Se estas pessoas parassem de usar seu lazer/anestesia social para suportar esta escolha de vida, o incômodo ficaria grande demais. Elas seriam compelidas a uma mudança, pois sem anestesia, esse tipo de vida se torna insuportável. Mas sair da zona de conforto dá medo, né? Aí vem mais toneladas de abobrinhas como desculpa para continuar se anestesiando. Ninguém quer sentir a dor das próprias escolhas, isso gera mais dor e uma necessidade cada vez maior de anestesia.

O que será que acontece se a pessoa não puder tomar altas doses de anestesia social? Provavelmente ela vai ter que não apenas olhar para a própria vida, como também será obrigada a sentir aquilo do qual ela vem fugindo. Uma série de verdades e consequências sobre suas escolhas de vida começarão a gritar em sua cabeça. É chato, é ruim, mas é um mal estar necessário para impulsionar uma mudança. Se você vem fugindo dessas coisas, te dou um conselho que parece muito errado, mas que no fim dá certo: deixa a dor entrar. Ela é parte importante do processo para mudar sua vida. Se a realidade de hoje na sua vida é a dor, melhor senti-la de uma vez para poder muda-la.

No geral, a pessoa prefere se anestesiar para continuar na mediocridade. E, vejam bem, cada um leva a vida como quer, quando falo em “mediocridade”, é sem julgamento de valor. O ponto de reflexão é: se a pessoa precisa de constante anestesia social para suportar sua vida, é óbvio que, qualquer que ela seja, não está satisfatória. Ficar na anestesia parece uma escolha possível e sustentável, mas não é. Tem um pequeno detalhe que inviabiliza uma vida assim: enquanto a pessoa se mantiver nesse estado, a vida não flui. As coisas não acontecem, não dão certo, nada na vida da pessoa evoluí.

Em um resumo bem grosseiro, para progredir nessa vida precisamos de consciência (saber o que queremos, por qual motivo queremos e o caminho que vamos adotar para chegar lá) e hardwork (garra, perseverança e disposição para trilhar esse caminho, que fatalmente terá muitos altos e baixos). A anestesia social tira ambos: a consciência e o hardwork.

Aí muitos dirão que recorrem à anestesia social por não ter a menor ideia do que querem. O que veio primeiro, a galinha ou o ovo? Saber o que se quer da vida não é uma dádiva divina para poucos privilegiados. Não é como se um dia você acordasse e fosse tocado por um raio de luz do Espírito Santo e tivesse uma revelação mágica. Saber o que se quer da vida também requer consciência (sobre o que você realmente é) e hardwork (experimentar muitas coisas até se encontrar em alguma).

Se a pessoa não sabe quem é, não vai saber o que a faz feliz. E, novamente, saber quem você é não é fruto do acaso ou sorte. Existem infinitas formas de buscar autoconhecimento: ciência, psicologia, filosofias de vida… todos os caminhos levam ao mesmo lugar, adote aquele que mais te agradar. Basta testar todos eles e mergulhe do que for mais efetivo, como dizem, aquele com o qual você tiver afinidade ou entrar em “ressonância”. Não precisa de dinheiro, só de tempo e atenção.

É possível ler a respeito, assistir a palestras e cursos online sem gastar um centavo. Sugiro, para começar, escutar o que a Marcela Leal tem a dizer sobre o assunto. Por ser uma comediante de standup, ela fala de uma forma mais leve e divertida que os gurus tradicionais do autoconhecimento. Ela também reúne várias vertentes em um só lugar e, apesar de não concordar com todas, é inegável que o trabalho que ela faz é excelente. Veja os vídeos dela, pegue para você o que servir, o que não servir, simplesmente ignore, afinal, quem disse que precisamos concordar com tudo para tirar algum benefício? A vida não é um pacote de adesão.

Apesar do que nos dizem os filmes da Disney, as respostas não vem sozinhas, as coisas não se resolvem sozinhas e não vai aparecer ninguém para te resgatar. Você, e apenas você, é responsável por você. Se em 2017 você viu a vida passar, em 2018 seja protagonista da sua vida. Dá trabalho, mas você é capaz. Todos nós somos. E se não o fizer, ao menos tenha a decência de não passar o ano reclamando no ouvido dos outros: vai pra frente de um espelho e reclame com você mesmo. E sem se anestesiar com redes sociais enquanto reclama: escute-se, quem sabe assim você acorda para a vida.

Para perguntar por qual motivo eu resolvi desgraçar sua semana mexendo em um vespeiro, para dizer que você se acha tão ruim que prefere o autoignoramento ou ainda para dizer que você é tão especial e diferente de todos os seres humanos da face da Terra que nada disso dá certo com você: sally@desfavor.com

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Comments (45)

  • Sally, gostaria de te agradecer especialmente por este texto. A partir da leitura dele, tive a coragem de deletar minhas redes sociais e usar mais do meu tempo em busca de autoconhecimento e aprimoramento pessoal. Obrigada!

      • Demais! Acabei percebendo que a vida alheia muitas vezes não me interessa tanto assim… Basta me esforçar pra acompanhar de perto e estar presente pras pessoas que me importam.

        Fora o fato de que é ótimo estar um pouco mais reservada, sem plateia, só preocupada em viver o momento mesmo. Não sei se você conhece o trabalho da Gisela Vallin, mas ela fala bastante sobre isso no canal dela (de um viés espiritualista) e tem me ajudado bastante também. Recomendo!

  • Certa vez, estava conversando com um colega de trabalho, e falávamos sobre várias coisas, até que falei que tinha bastante vontade de aprender vários outros idiomas além de inglês, a começar por alemão. Ele me olha com aquela cara de quem viu um alien e pergunta: “pra quê?”. O mané durou três meses no emprego e só falava besteira. Dava pra ver a quilômetros de distância que ele era bem desse tipo que você descreveu no texto: diversão e entretenimento, só se for absolutamente alienante.

    Não consigo pensar em “largar o cérebro na banguela” dessa maneira, preciso ficar com a mente em movimento, absorvendo alguma coisa.

    • Faz muito bem!

      E eu vou além: conhecimento puro, apenas em tese, não basta. É preciso também de aprimoramento pessoal no sentido de autoconhecimento, de olhar para dentro, de aprender a escutar do que o corpo precisa, do que a mente precisa, entender quem se é, onde se quer chegar e o que nos faz feliz. Tudo isso também demanda hardwork e tempo.

  • Ótimo texto!
    Desde a adolescência gosto muito de aprender outros 2 idiomas além do inglês e estudo no tempo livre. É bem divertido ler e assistir coisas no idioma original, ampliar a internet, mas meus pais e alguns conhecidos não entendiam e pensam que é loucura estudar no tempo livre, ainda que por só uma ou duas horas, e que eu estava desperdiçando as férias (sério, eles falavam exatamente assim).
    Acho curioso como acham estranho alguém estudar mas acham normal ser um viciado sem rumo em redes sociais…

    • É que se parte da falsa crença de que estudo é desagradável, é sacrifício. Estudo pode ser muito prazeroso, para qualquer pessoa. Tudo depende da forma como se faz.

  • É, confesso que em partes esse texto foi pra mim, embora tenhamos aí dois assuntos distintos se misturando. De um lado, não que eu use da anestesia social, mas as vezes realmente eu sinto necessidade de alguma atividade de lazer que me dê prazer e que eu faça por puro deleite no sentido de me desligar de tudo, do meu mundinho acadêmico, do trabalho etc. E sim, isso inclui jogar guitar hero, just dance, e perder tempo na netflix.

    De outro, é claro que eu uso meu tempo livre pra me aprimorar, estudar outro idioma, ler outras coisas, enfim. Mas confesso que as vezes até isso cansa, isto é, as vezes parece que bate um cansaço e uma estafa mental tão grande que tudo que tu quer é ficar na cama como um zumbi morto sem fazer nada, sem pensar em nada.

    Mas o ponto de diálogo mesmo que o texto me suscitou diz respeito a certa crise que estou passando atualmente no doutorado. Quer dizer, estou naquela fase de questionar se tudo isso vale a pena mesmo, se todo esse esforço vai ser recompensado, cadê que eu colho meus frutos, porque eu me dedico horrores à vida acadêmica e não vejo retorno, não há concursos públicos por aí, e eu me torno apenas uma máquina de escrever artigos em série, um atrás do outro, viro um robõ pra pontuar bem de acordo com as exigências da CAPES e nem assim rola uma mísera bolsa. E a coisa fica tão mecânica, tão sem graça, tão… Que perco até o prazer em continuar a fazer o que tanto gosto, as coisas perdem o brilho, passo a enxergar tudo cinza.

    E daí passo a questionar também se fiz a escolha certa, se não seria melhor jogar tudo pro alto e fazer outra coisa, ter uma vidinha simples e abandonar toda essa ambição da vida acadêmica, enfim… Desculpe talvez o desabafo, mas é isso… Digamos que eu saiba (ou sabia até algum tempo atrás?) muito bem o que queria da vida, mas agora tenho lá questionado tudo isso. Ou talvez tudo isso seja só cansaço extremo, seria melhor eu dar uma pausa antes de continuar…

    • Anestesia social eventualmente é um recurso muito válido, acho que só passa a ser um problema quando é a única forma de lazer da pessoa.

      É terrível passar por essa “crise do querer”, o único conselho que posso te dar é que não decida nada agora, no olho do furacão. Não vemos as coisas com clareza nesse estado. O tempo vai trazer a resposta.

  • Sally, faz um tutorial sobre como sobreviver a cobras. Apesar de não ser muuuito comum em cidades, é possível!

  • Acho que, como falaram aí em cima, é uma mistura de criação e discernimento da pessoa em querer se aprimorar. Eu vejo irmãos criados da mesma maneira onde um devora livros e o outro não lê nada há anos. Meio que as pessoas vão seguindo seus próprios caminhos.
    Pessoalmente, me incomoda muito quando não faço nada a meu favor. Teve um reveillon, lá pelos meus 23 anos que eu percebi que tinha passado um ano praticamente em branco, em que eu tinha feito 0 coisas por mim e para mim. Só fui indo com a maré e me senti muito mal quando percebi.
    Depois desse insight nunca mais deixei um ano passar dessa maneira, sendo viajando, lendo muito, estudando, me exercitando, indo mais ao cinema. É muito importante fazer algo por si próprio. Nem que seja pegar um dia da semana à noite para ir sozinha no cinema ver um filme francês.
    Assistir série é válido, tem muito conteúdo interessante atualmente e que serve para diversos gostos, mas sinto um pouco de pena das pessoas que SÓ fazem isso. Tem tanta coisa no mundo para fazer que esse combo comer+beber+assistir tv é pobre demais para o espírito.
    Sem contar que as pessoas mais legais são as que se informam, têm conteúdo, sabem falar mais de uma língua, conseguem conversar sobre tudo, etc.

  • Eu acho que somos tão infectados por essa cultura que é difícil sair da bolha e entender a situação.
    Em 2016, quando me mudei pra Europa e fiz amizades locais, no início ficava perplexo sobre como meus amigos europeus “usavam” o tempo livre deles: pedalando no verão, lendo um livro na beira do rio, fazendo noite de jogos, viagens juntos, museus, jardinagem…. ou às vezes só um encontro pra conversar, sem pretensões de perder tempo tirando selfie e se autopromover em rede social.
    Nos primeiros dias achei muito estranho e diferente, afinal, eles conseguiam fazer tantas coisas no tempo livre, enquanto minha folga passava rápido e não era produtiva.
    Com o tempo comecei a entender que isso é um problema muito sério, sobretudo do brasileiro. Perde-se muito tempo em redes sociais, o conceito de diversão obrigatoriamente deve conter churrasco/excesso de bebida/brigas/praia… a grande maioria de museus e galerias são gratuitas no Brasil e as pessoas não vão! Querendo ou não, é fácil achar algo cultural (não necessariamente de boa qualidade, mas há cultura por aí).

    Hoje, já acostumado com o ritmo daqui, não me identifico com nenhum aspecto do brasileiro médio. Em 2 anos fiz muito mais aqui do que meus 24 anos no Brasil.

  • “Se você vem fugindo dessas coisas, te dou um conselho que parece muito errado, mas que no fim dá certo: deixa a dor entrar. Ela é parte importante do processo para mudar sua vida. Se a realidade de hoje na sua vida é a dor, melhor senti-la de uma vez para poder muda-la.”

    Obrigado, esse conselho veio em boa hora.

    • A dor é um cu, uma bosta, uma merda. Mas ela passa. É um processo necessário. Pode apostar que depois que você vivenciá-la e deixar ir o que tem que ir, a vida vai fluir muito melhor. Não falha, depois que o processo termina, coisas boas começam a acontecer.

      Anota isso e me cobra.

  • “Tudo que se passa que não é de responsabilidade da pessoa, ganha uma aura de inevitabilidade: não tem nada que ela possa fazer para mudar, a culpa está fora dela”.

    Há dez anos troquei o almoço diário (mas vazio) com colegas e ir de carro ao trabalho pelo transporte público e comer marmita. Resultado, ganhei algum tempo extra de lazer durante a semana, pois, ao almoçar em 1/3 do tempo, utilizo o resto desse intervalo lendo, estudando línguas (aprendendo o quarto idioma agora) e assistindo vídeos úteis no youtube (já que é política do RH apagar as luzes do escritório entre 12h30 e 13h30). Sem falar que, desobrigada de jogar tempo e dinheiro fora ao volante, consegui mais uns 60 minutos de lazer (40 minutos lendo no metrô e 20 minutos a pé refletindo no que acabei de ler). Isso ajuda a compensar compromissos e obrigações que nos esperam ao final de cada dia e nos finais de semana.

    Detalhe: esse lazer extra na semana não foi uma sacada minha, mas sim um hábito copiado de uma japonesa amiga minha, mãe de quatro filhos.

    Resultado: a cada final de semana, contabilizo pelo menos um livro lido, às vezes dois.

    (em se tratando de canais de YouTube, recomendo como lazer um canal americano chamado Valuetainment. É mantido por um empresário, voltado para empreendedores. Mas agrega valor a qualquer um. Tem mais de 600 vídeos)

    • Obrigada pela indicação, com certeza vou assistir!

      Parabéns pela disciplina, nem todos trocam conforto por aprimoramento pessoal…

  • Coincidência, pouco antes de ler esse texto eu tava vendo um vídeo que fala mais ou menos sobre esse mesmo assunto, por outro ângulo: https://www.youtube.com/watch?v=W2PBmb9WwSA

    Nesse trecho “Existem infinitas formas de buscar autoconhecimento: ciência, psicologia, filosofias de vida…” por um segundo achei que tu ia incluir “religiões” na lista.

    • Religião pode sim ser uma forma, dependendo de como a pessoa a trata. O Budismo, por exemplo, pode levar a um auto-conhecimento. Meditação, Cabala, espiritismo… tudo depende do uso que se dê. Sabemos que na maior parte das vezes a pessoa acaba usando como muleta, o que é uma pena.

  • Que texto bacana, Sally! Só me confirmou que eu estou no caminho certo…
    Por muito tempo eu me ignorei e, sempre que tinha algum problema que parecia insolúvel, repetia o famigerado mantra “Fazer o quê, né?” e me mantinha na situação desagradável em questão.
    Nesse último ano, finalmente decidi tomar as rédeas da minha vida e não é que deu certo? Tirei a habilitação, avancei bastante na faculdade que estava estagnada e quase trancada (me formo esse ano), tô voltando a malhar e até a depressão deu uma diminuída… rsrs
    Nada nos é impossível, só é trabalhoso… rsrs
    OBS.: o esforço é redobrado quando não há estímulo em casa. Uma vez comprei 6 livros com o valor da bolsa que recebi da universidade e minha família achou ruim, perguntaram “porque eu não comprei roupa” kkkkk
    Daí eu percebi que se eu não corresse atrás, ninguém correria por mim.
    Continue nos trazendo esses tapas na cara em forma de texto. Eu, pelo menos, adoro!

    • Fuja dessas crenças limitantes. Frases como “Eu sou assim” (ou seja, não dá para mudar), “Entrego para Deus” (quem manda na sua vida é você), “O que eu posso fazer?” (sempre pode fazer alguma coisa) atrasam a vida. Não se acomode no insuficiente. Nunca. Nem que para isso você nomeie uma amiga sua como tutora, para te dar um sacode quando você precisar se mexer!

  • Família também influencia, né? Quando eu era criança, meu pai me levou várias e várias vezes junto meu irmão para o que se poderia chamar de passeios culturais, mas sempre sem a menor pretensão de querer nos enfiar goela abaixo o que ele pudesse achar que “tínhamos que saber” ou querer nos cobrar depois se tínhamos mesmo aprendido alguma coisa. E, que eu me lembre, nem eu nem meu irmão nunca reclamamos de ir nesses passeios. A gente gostava e até pedia pra ir. Ao mesmo tempo, eu e meu irmão também fizemos todas as “artes” e brincadeiras comuns aos outros meninos da vizinhança.

    Outra ótima coisa que meu pai fez por mim na minha infância foi fazer a assinatura de uma revista – que, creio, existe até hoje – chamada “Nosso Amiguinho”. A editora dessa revista era ligada à Igreja Adventista e, por isso, havia uma ou outra seção de conteúdo religioso, mas também uma enormidade de informação, curiosidades e cultura de almanaque que eu adorava. Naquela fase em que criança quer logo ser adulto e às vezes tenta imitar os pais, eu já me achava super importante e “crescido” por ter uma assinatura de revista feita em meu nome! Coisas da minha meninice mesmo… E mais: eu até me identificava com um dos personagens da turminha da revista, chamado Sabino, que tinha freqüentes “ataques de enciclopedite” e sempre trazia informação na ponta da língua sobre quase qualquer assunto. Anos depois, já na faculdade, chegaram a me apelidar de “computador ambulante” e, quando não sabiam alguma coisa, vinham me perguntar. E nessa de perguntar, tinha gente que ainda fazia graça, me cutucando a barriga como quem aperta vários botões no painel de um daqueles “cérebros eletrônicos” enormes dos anos 50 ou de um daqueles que apareciam em filmes antigos de ficção científica.

    Por fim, meus pais sempre fizeram questão de guardar muito bem todos os livros e apostilas da escola desde o primeiro ano. Esses livros e apostilas estão na estante até hoje. E, em uma era ainda sem Google, a minha casa era praticamente a biblioteca com que os vizinhos contavam para fazer trabalhos escolares. Gostava tanto disso… Pena que essa fase passou…

    • Sem dúvida um bom exemplo ajuda. EXEMPLO, não adianta os pais falarem sobre a importância da leitura se eles próprios nunca abrem um livro para ler. Mas não dá para culpar os pais por tudo, depois de uma certa idade, já temos o discernimento de saber que é preciso investir em aprimoramento pessoal constantemente…

    • “…chamada “Nosso Amiguinho”. A editora dessa revista era ligada à Igreja Adventista e, por isso, havia uma ou outra seção de conteúdo religioso, mas também uma enormidade de informação, curiosidades e cultura de almanaque que eu adorava.”

      Caramba, meu pai também assinou essa revista pra mim (gostava da “Página da Luísa”, das histórias principais e da coluna “Para Você Pensar”)! Tenho algumas edições antigas até hoje! Me sentia “A adulta” quando chegava a revista lá em casa, pois até então só meu pai e minha mãe tinham assinatura de revistas do interesse deles! Bons tempos…

  • “Para perguntar por qual motivo eu resolvi desgraçar sua semana mexendo em um vespeiro,”

    Pelo contrário, acabou de salvar a minha semana.

  • Acompanho o Desfavor há mais ou menos seis anos e este foi o texto que mais incomodou. Percebi, como nunca antes, que venho usando o não saber o que quero para me conformar a situações insatisfatórias, aderir à apatia total ou mesmo cultivar pensamentos suicidas. É surpreendente como às vezes basta um outro olhar para começarmos a ver que aquilo que nos parece tão coerente pode estar equivocado. Agradeço o incômodo, Sally!

    • Poxa, J, que boa notícia que você tenha percebido isso!

      O seu propósito não vai surgir do nada como uma iluminação divina, não fique esperando esse dia. Corra atrás, estude, busque autoconhecimento e se permita experimentar muitas coisas até encontrar algo que seja “certo” para você. Acredite, quando você encontrar, vai saber na hora!

  • To apaixonada pelo site. Confesso q conheci apenas hoje, especificamente com o post de borrifar jatos de água no cu do gato perturbador q mija onde não deve kk

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