Paulicéia Desvairada.

Conforme as regras do mês Macacos com Navalhas, Diego Pontes escolheu a manutenção do Desfavor da Semana e também sugeriu o tema: antigamente os paulistas eram sacaneados por não saberem fazer carnaval, hoje em dia a cidade está lotada de gente fazendo as mesmas coisas que fazem no Rio ou em Salvador. Numa cidade muito maior e mais populosa. São Paulo não é mais refúgio… desfavor da semana.

SALLY

Qual é a surpresa? Carnaval é uma merda mesmo e todo mundo sabe disso… Tá, sabemos que carnaval é um período do ano complicado, com o qual não nos identificamos, mas há um diferencial: a coisa era mais civilizada em São Paulo e este ano descacetou de vez. Ahhh São Paulo, que triste ver sua riodejaneirização! Minha alma chora.

Rio e Bahia são lugares sujos, repletos de violência, péssimo atendimento e gente oleosa e promíscua. Não é surpresa nem novidade para ninguém. Mas São Paulo estava em outro patamar, nem que fosse pelo fato de todo mundo pegar o carro, encarar 379 horas de congestionamento e fugir da cidade. Infelizmente, meus amigos, isso mudou. Aquelas pessoas alinhadas, mais silenciosas, mais civilizadas, deram lugar a uma massa nefasta.

O carnaval de rua ou os “bloquinhos” invadiram com força a cidade de São Paulo, com tudo de hediondo que tem direito: gente muito bêbada criando confusão, urina, suor, mau cheiro, gente melada, promiscuidade e indignidade em geral. Só que pior, pois em São Paulo tem mais gente. É, galera, a hora chegou. A Bahia migrou até conquistar hegemonia cultural em São Paulo. Parece que agora eles são maioria nesta cidade que era um dos poucos refúgios de dignidade no país. Nesse ponto eu admiro Campinas: lá não tem perdão, os populares não saem da obra para se tornarem formadores de opinião, eles não deixam de jeito nenhum. Mas em São Paulo… algo deu muito errado.

É folião depredando o metrô, tirando selfie nos trilhos, mulher mijando na rua ostensivamente, gente melada e suada se pegando sem qualquer critério. Não, não é moralismo, quando falo “sem qualquer critério” me refiro a ver uma pessoa vomitando e, ato contínuo, agarrando e beijando um transeunte que passava, ainda com resto de vômito na boca. Boa sorte para vocês que frequentam bloquinho em São Paulo, viu? Se a coisa saída do controle no Rio, com menos pessoas, em São Paulo vai ser o inferno na Terra. Está oficializada a mesma tática de guerrilha utilizada no Rio: vai pra casa do crush ver netflix, que carnaval de rua não dá. Mas sai cedo, bem cedo, que o trânsito de São Paulo está bizarro e vai demorar para chegar!

O mais curioso é que, apesar de enormes abusos, como bebedeira, uso de drogas e promiscuidade, este também vem se desenhando como um dos carnavais mais politicamente corretos de todos. E o surgimento desse “pode – não pode” vem, em sua maioria, de formadores de opinião de São Paulo. Uns alternativos barulhentos, que se acham donos da verdade apenas por gritar mais alto.

Assim, São Paulo se tornou a pior combinação: carnaval baiano (porco, sujo, violento, mal educado e fedido) com policiamento de Sudeste. Se na Bahia se portam como animais, a polícia também segue na mesma linha, basta dar uma olhada no vídeo do carnaval de Salvador que comentamos faz pouco tempo: é porrada de cassetete na cara de mulher, idoso e criança, não querem nem saber. A porrada estanca de forma violenta, não tem conversa. Policial de São Paulo tem um preparo um pouquinho melhor, não barbariza assim, ou seja, não consegue parar esses animais.

E aí entra outra contradição: o que pode e o que não pode é esquizofrenizante. Abaixar as calcinhas e urinar na rua na frente de crianças e até de uma câmera, ok. Vomitar e agarrar alguém ainda com a boca vomitada, ok. Fazer sexo sem camisinha com desconhecidos dos quais não se sabe nem o nome, ok. Mas glitter… Não. Glitter é desumano, faz dodói nos peixinhos. Isso mesmo, algum desocupado se deu ao trabalho de pesquisar o que acontece com o glitter que os foliões passam no corpo: aparentemente ele vai parar no mar, é comido pelos peixes e causa algum dano ambiental.

A tinta escrota e tóxica de cabelo colorido, a maquiagem, os óleos corporais, os cílios postiços ou todos os demais acessórios químicos de passar no corpo não causam dano algum, mas o glitter é condenado. Se você passa glitter você não tem consideração e está arriscado a que gritem com você no meio da rua. Proibir bebida alcoólica e evitar a morte de centenas de inocentes é “censura”, é “opressão”, é excesso. Mas proibir o glitter, que faz dodói na barriga do peixe, é super necessário.

Também tá rolando estresse envolvendo fantasias. Carnaval é uma época onde se brinca de ser justamente aquilo que você não é, e, contrariando essa premissa, uma série de fantasias vem sendo endemoniadas. A grande estrela deste ano é a fantasia de índio, com direito a campanha com o slogan “Índio não é fantasia”. Aparentemente, é apropriação cultural e desrespeito se vestir de índio e, se você sair fantasiado com uma das fantasias “proibidas” pela histeria do politicamente correto, você pode ser hostilizado na rua. Manda esses porras tirarem a camiseta da Adidas ou do Flamengo então, pois estão se apropriando da nossa cultura!

Além de não pode usar fantasia de índio, também está decretado que as seguintes fantasias são desrespeitosas: Homem vestido de mulher (a menos que você seja o Pabllo Vittar, nesse caso, é lacre), Muçulmano(a), Cigano(a), Empregada Doméstica, Enfermeira, Iemanjá e qualquer coisa envolvendo negros (a menos que você seja negro, apesar de que, neste caso, não faria o menor sentido se fantasiar de negro). Cada uma delas tem uma explicação histérica e lamentável, que me permito nem explicar. Se eu tivesse um pouco mais de disposição, dava um jeito de sair com todas elas ao mesmo tempo, mas, ainda prefiro aquele plano do Netflix para o meu carnaval.

Então, temos a seguinte esquizofrenia: festa pagã, onde vale tudo, desde que esse “tudo” atenda ao que um grupo que, diga-se de passagem, é minoria, estabeleceu que é correto. Caso não se atenda ao que esse grupo decretou como aceitável, você provavelmente vai ser hostilizado em algum momento. Sensacional. Logo São Paulo, que sempre bancou suas regras próprias, que sempre chamou de piranha mulher carioca, que sempre chamou baiano de preguiçoso, se rendeu ao politicamente correto. Ô tristeza… São Paulo, você estava nos meus planos, mas se continuar se portando feito um viadinho, vou desistir de você!

Gente que passa a porra do ano todo pisando na cabeça alheia, tem um surto de bondade no carnaval e se preocupa com os pobres peixinhos, com o ecossistema e com as minorias. Mas olha… vai tomar no cu, que vontade enorme de lacrar e se dizer boa pessoa! Vão impor as neuroses de vocês para seus filhos e parceiros, não venham encher o saco da pessoa normal que sempre saiu vestida de índio ou com o vestido da esposa no bloco das piranhas.

Tem também a questão do assédio. Eu rio horrores quando vejo grandes portais “ensinando” o que é assédio e o que é cantada. Vamos ser bem sinceros? Mulher pode tudo, homem não pode nada. Boa sorte aí para quem quer se arriscar a abordar uma mulher no carnaval, é uma grande loteria. E se a mulher não quiser nada, pode dar um fora grosseiro, rude ou até violento. Se for o oposto, um homem que tenta se desviar de uma mulher que o agarrou, bem… boa sorte. Francamente, é preciso ter muito complexo na cabeça para achar que um paulistano está te assediando. Homem paulistano é manso e educado. Se essas pessoas passarem um carnaval no Rio morrem do coração.

São Paulo… São Paulo… Não parta meu coração desta forma! Você sempre foi meu “what if guy”, meu eterno projeto futuro, a antítese de tudo que eu desgostava no Rio. Não, São Paulo, ainda temos uma história de amor para viver. Parem com a riodejaneirização de São Paulo!

Para dizer que também está triste por São Paulo, para dizer que carnaval é indigno em qualquer canto do Brasil ou ainda para dizer que está torcendo pela minha “história de amor com São Paulo”: sally@desfavor.com

SOMIR

Podem me chamar de bairrista, mas a verdade é que no Brasil, ninguém faz mais bem feito que São Paulo. Tentaram botar o centro do poder em diversos outros lugares primeiro, tentaram desenvolver o país ao redor de Salvador e do Rio de Janeiro, mas quem acabou dominando a economia e honestamente, o poder do país (dinheiro decide as coisas), foi a capital paulista. E se não fosse o suficiente, o estado ainda desenvolveu o interior mais rico do país. Quem é de fora pode não notar muito claramente, mas as cidades grandes do interior do estado tem uma estrutura muito próxima das capitais dos outros.

A única região que se aproxima disso é o Sul, mas aquele povo não parece tão desesperado por fazer dinheiro como nós aqui de SP. Eu sei que está soando demais como um juízo de valor, mas até aqui eu não estou falando nada sobre o que é melhor ou pior, estou só apontando fatos comprováveis por números. Paulistas historicamente são bons de desenvolvimento. Pegam um conceito e fazem ele virar economicamente viável e duradouro. E como estamos no Brasil, por décadas e décadas isso foi motivo de piada: paulista não sabe se divertir, só pensa em trabalhar, não tem criatividade… blá, blá, blá. E tudo isso elevado ao cubo quando se fala da capital.

A piada recorrente sobre o carnaval paulistano ser depressivo está acabando. A gentalha está nas ruas, fazendo as mesmas merdas pelas quais os outros grandes carnavais de rua do país ficaram famosos. Sim, voltei a fazer juízo de valor… porque temos dois grandes desfavores nisso. O primeiro é que esse povo que consegue fazer as coisas se desenvolverem decidiu que vai entrar de cabeça na baixaria do carnaval. Quando isso acontece no Rio ou em Salvador, a própria mentalidade local se encarrega de segurar as coisas mais ou menos estáveis. A ideia de fazer as coisas no jeitinho, de levar vantagem imediata e tudo mais que vem nesse pacote que tornam os antros mais famosos de carnaval cidades terríveis no resto do ano ajuda a manter as coisas isoladas por lá.

Agora, quando paulista resolve fazer carnaval? Repito, estamos no Brasil, até os supostos seres mais eficientes do país ainda são brasileiros. Não vai ter bom senso ou equilíbrio psicológico suficiente no público de nenhum estado para segurar toda a parte horrível da festa. De alguma forma, o estado estava mais ou menos protegido do carnaval pela fama que tinha conquistado, até mesmo os paulistas querendo fugir de suas cidades nessa época para não perderem oportunidades. Isso tinha um efeito colateral positivo: pelo menos o paulista e o paulistano não cagavam no quintal da própria casa. Iam fazer merda para fora e quando voltavam, tinham a civilização suficientemente intacta para usufruir. Mas, com a guerra entrando em suas fronteiras, a população local não tem mais pra onde correr.

E mais juízo de valor: pessoas que trabalham para deixar o Brasil menos brasileiro e dar uma chance mínima de desenvolvimento à nossa sociedade tendem a detestar carnaval. Esse estupor alcoolizado infestado de fluídos humanos choca e enoja quem tenta se colocar num patamar mais evoluído de existência humana. Num exemplo mais clássico: não foram os vomitórios que fizeram Roma crescer, foram os aquedutos. Sim, somos todos humanos e temos nossas necessidades, mas via de regra precisamos mirar em algo mais alto se quisermos um desenvolvimento social. Tremenda sacanagem com tantas dessas pessoas interessadas em trabalho que se mudaram pra São Paulo cagar dessa forma a casa deles. O carnaval podia ficar contido nos lugares sem salvação, como de costume.

Só que não estamos vendo isso, estamos vendo o carnaval invadir a capital, e temo que logo logo o interior (ainda é relativamente seguro aqui na roça – tem muita merda acontecendo, mas é mais fácil de desviar) vá pelo mesmo caminho. Eu sei que parece muito drama por alguns dias do ano, mas quem garante que a “carnavalização” do país não ficou restrita nesses dias só pela incompetência dos organizadores de outros locais? No Nordeste (e Rio é Nordeste, desculpa a sinceridade) o carnaval já dura fácil fácil um mês contando o antes e o depois. Imagina só se paulista consegue fazer isso ficar economicamente viável por mais e mais tempo? Tem muito mais dinheiro em circulação pra cá, é muito mais fácil se locomover pelo estado (cidade pequena aqui é cidade média no resto do país), o mercado de consumo é gigantesco… e se os poderes paulistas forem usados para o mal?

Sem contar que de alguma forma, o povo desse estado caiu no papo horrível que serem ruins de carnaval era um problema. Era justamente o ponto positivo do estado. Era motivo de orgulho ter uma cidade vazia nessa época do ano, ser sacaneado por não saber sambar, por ser reprimido e viciado em trabalho. Essas são as características dos povos que geraram sociedades ricas e seguras! Ao invés do paulista encher o peito e dizer com orgulho que não sabia fazer essa macaquice de ficar rebolando bêbado por vários dias seguidos, se mordeu e resolveu mostrar que conseguia sim.

Grande vitória. Da mediocridade. Acho que está na hora de começarmos a nos mudar do Paraná para baixo, porque os Orcs já estão nas nossas fronteiras. Parabéns, São Paulo.

Para dizer que ficou mordido(a) com esse papo de superioridade paulista (mesmo vendo que eu não elogiei), para dizer que estamos reclamando cedo demais, ou mesmo para dizer que só veio aqui pra ler a Sally cacetando as pessoas nojentas que mijam na rua: somir@desfavor.com

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Comments (25)

  • 2018 e ainda existe carnaval, brasileiro não perde nenhuma chance de se comportar feito um bicho selvagem.
    hegemonia cultural é uma merda…

  • 2025: Blocos de carnaval infestando cada avenida da cidade de São Paulo em todos os fins de semana de Dezembro a Abril
    2030: Blocos de carnaval aumentam no interior do Sul

  • Tem muita gente das cidades em volta de SP quem vem pros blocos.
    E acho meio exagerado essa estimativa de 3 milhões de pessoas, isso é 1/4 da população da capital e 1/6 da grande SP.
    Momento taquem pedras: fui num bloco (porque eu nunca tinha ido e era perto de casa, dava pra ir a pé e assim que eu ficasse de saco cheio voltava pra casa), era bem ruinzinho, só escutava a musica quem se acotovelava pra ficar em volta do trio. Paulista não sabe fazer carnaval *sorriso de satisfação*
    Esse negócio de blocos pegou porque a cidade oferece poucos atrativos que sejam de graça. Pura falta de coisa melhor pra fazer.

      • Foi bom porque a algazarra foi menor do que eu pensei, o lugar era bom, aberto e não precisava ficar aglomerado em volta do trio, não podia entrar vendedor ambulante não credenciado, levamos nossa bebida e ninguém encheu o saco. O ruim foi que não deu pra ouvir a musica, ok que era musica ruim, mas eu sai de casa no clima de aproveitar coisas bregas.
        Ontem eu fui num segundo bloco, do Sidney Magal, eu adoro as musicas bregas dele e até deu pra ouvir, mas esse bloco foi péssimo porque foi no centrão de SP, menos aberto do que o outro lugar, mais aglomeração, o público do centro de SP é menos agradável fisicamente, tinha muito vendedor ambulante pedindo passagem com os carrinhos enormes, vimos briga e não dava pra escapar do cheiro de maconha e cigarro. Não fiquei nem 1 hora e fui embora.
        Resumindo, um teve o local bom mas a música decepcionou e o outro a musica era boa mas o local um lixo.

  • A sorte de São Paulo, Sally e Somir, é que a cidade é grande demais para ser destruída pelo Carnaval.

    Explico: no tocante às frescuras politicamente corretas há duas cidades de São Paulo, uma no eixo Centro-Paulista-Oeste “bem arrumadinho” e outra no resto da cidade. Enquanto a “Vila Madá” está fervendo, o bairro de Pinheiros cheio de sujeira e o Baixo Augusta sendo transformado em um inferno, as Zonas periféricas da cidade ficam extremamente tranquilas, porque:

    – o baladeiro-zoeiro-sem-noção não quer ficar nos bairros, porque não é chique;
    – o cidadão mais ordeiro das “Zonas” (Leste, Oeste, Norte, Sul) não quer perto de si a baixaria do Carnaval.

    Paulistano que é paulistano, de fato e de direito, fica bem longe da festa profana. A maioria, dos bairros, só vê o horror pela TV – e nem passa perto da encrenca, indo para o “shopping” mais próximo, no máximo.

    Que é, na pior das hipóteses, mais seguro que a rua.

    • Mas tinha 4 milhões de pessoas na rua…

      Paulistano que é paulistano não virou minoria? Vocês foram invadidos! Achar um paulistano tá tão difícil quanto achar um americano em Miami!

      • São Paulo pode ser grande, mas suas avenidas e marginais estão mais para varizes do que para artérias.

        Ou seja, basta meia duzia de blocos fechar as principais vias para sitiar boa parte dos paulistanos (afinal, se for para passar horas dentro do carro, que seja para a praia ao menos, e não de uma zona periférica a outra da cidade). E nem vou falar do metrô, trem, ônibus e uber…

        Enfim, não dá convidar (nem ser convidada por) amigos e familiares espalhados em todas as zonas da cidade. Quanto mais visitar.

        Pelo jeito, é algo que vem para ficar.

        (Ao menos dá para colocar a leitura em dia, sitiada em casa).

      • 4 milhões numa população de mais de 2o – fora a “população flutuante”, gente que está só de passagem (mas faz estrago).

        Aliás… 4 milhões considerando que tipo de medição? A da Folha, que sempre bota os números para o alto, ou a da Polícia Militar, mais segura?

  • Já não bastava o Palmeiras não ter mundial, agora ainda vem com essa de carnaval? O que vcs estão fazendo com a vida?

  • Carnaval também não é a minha praia, tô fora, rs. Ei, Sally, vc já morou em Campinas? O que achou de lá? Gosto bastante da cidade, no geral, mas adoraria saber suas impressões, assim como dicas de restaurantes e bares legais, lazer e cultura, em geral, locais bem frequentados e que valham a pena conhecer, enfim… Confio muito no seu bom gosto. Obrigada!

    • Nunca morei lá não, Marina. E já faz um bom tempo que não vou lá, desde 2015. Eu não gosto da cidade, acho caipira, provinciana de cabeça. Um lugar meio atrasado inteclual e culturalmente. É mais civilizado que o Rio (grandes coisa) mas é um lugar onde tudo é padronizado e previsível. Quando estive em Campinas me sentia no Dia da Marmota…

      • “Não, não é moralismo, quando falo “sem qualquer critério” me refiro a ver uma pessoa vomitando e, ato contínuo, agarrando e beijando um transeunte que passava, ainda com resto de vômito na boca.”

        Porra, Sally! Que nojeira! Precisava ser tão descritiva?

      • Ah, que pena, Sally! Como já vi vocês mencionarem a cidade algumas vezes, pensei que talvez achasse legal. Eu gosto de Campinas, nunca percebi esses problemas que você citou, talvez porque as pessoas com quem convivi lá vieram todas de fora, para fazer faculdade. De campineiros, mesmo, acho que conheci muito pouca gente, e de forma superficial. Bom, para mim sempre pareceu um “cidadão”, talvez por eu ter vindo de um “município” de 15 mil habitantes no interior, que não tem absolutamente nada que preste pra fazer (só para dar uma ideia, não tem nem semáforo naquela porcaria, nem cinema, restaurante, shopping, quanto mais qualquer evento minimamente cultural). Aí sim vc ia ver o que é caipirice e provincianismo, hahaha… Coisas do tipo:
        – Família que monopoliza a igreja da cidade. Só eles podem cantar no coral, organizar as quermesses, ensaiar as crianças vestidas de anjinho (outro desfavor) pra festa da padroeira. Sem contar, é claro, preparar um banquete em casa pro padre nas datas comemorativas;
        – Gente que dá carteirada como filho(a) do prefeito, do vice, do vereador… (que têm uns nomes, tipo, Chico da Coxinha, kkkkk);
        – Gente que para o “carrão” na rua principal da cidade e fica encostado pra exibir o veículo pra “sociedade”, após, é claro, já ter dado umas 10 voltas com música sertaneja no último volume.
        – Gente que sonha em “garrar” os filhos do “Doutor Alberto Ortopedista”, os melhores “partidos” da cidade;
        – O grande evento do ano: rodeio ou festa do milho, da abóbora, da uva, do escambau, em que as jovens da cidade se estapeiam pelo título de “princesa”. Umas barangas bregas que se acham a Gisele Bündchen;
        – Os “programas” de sábado à noite: estacionar o carro na rua principal (com meia dúzia de lojas e bares decadentes) e ficar lá encostado conversando com os “parça” e azarando “as mina”, ou então, ir na “janta” ou churrasco na casa do “Luizão”;
        – Meta de vida: praqueles (as) que não “casaram bem”, arrumar um “emprego” mequetrefe na prefeitura – que emprega mais da metade da cidade – usando, é claro, o bom e velho “jeitinho”, porque em concurso público tem vaga garantida pra uma meia dúzia, pois é o filho da prima da vizinha da tia do prefeito.
        Enfim, poderia dar mais 1000 outros exemplos, mas esses foram os que me ocorreram agora. Aliás, fica a sugestão, sei que não é a vivência de vocês, mas de repente alguém se habilita a fazer um “desfavor explica: cidades pequenas (ou gente provinciana)”. É sério, tem muito desfavor nesses lugares, hahaha…
        Beijos e desculpe o textão!

      • Ah, os nomes que eu dei são fictícios, qualquer semelhança com pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência, kkkkk…

    • Se me permitem entrar no meio da conversa…
      Eu acho Campinas bastante parecida com Uberlândia sob vários aspectos: é uma cidade média/grande/emergente. Em termos de extensão territorial são enormes, vai precisar implantar metrô uma hora, e por enquanto só há ônibus pra dar conta. Bom polo industrial e comercial, as pessoas compram bastante, ostentam e tal; mas, indo justamente na contramão de uma cidade que cresce economicamente, as pessoas são mente pequena, ainda carregam aquele traço de cidade pequena, de “todo mundo conhece todo mundo”, de fofocas e de sentar no banco da frente de casa pra falar mal do vizinho, e de “ai pq meu pai é (insira aqui qqr profissão) e vai te processar”. É foda.

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