Marielle caiu.

A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução. LINK


O tema foi crescendo exponencialmente desde quarta-feira, e não tinha como não ser o desfavor da semana.

SALLY

Eu votei em Marielle Franco? Não. Eu concordava com ela? Na maior parte das vezes não. Eu a admirada? Não, eu a achava uma lacradora bem chata que abordava de forma errada/inútil temas como desigualdade social, racismo e feminismo. Uma pessoa que fazia muito barulho, se expunha de forma desnecessária, e jamais conseguiria mudar ou melhorar nada assim. Bem, parece que eu estava certa. Foi crônica de uma morte anunciada. Não se muda o mundo fazendo barulho, fazendo escarcéu, no grito.

Porém, nada disso impede que eu esteja profundamente indignada com seu assassinato, mortificada pelo sofrimento da família e amigos, devastada pelo grau de violência e desmando que assolou o Rio de Janeiro. Minha opinião política ou sobre a pessoa de Marielle não me impede de estar revoltada com tudo que aconteceu, por um motivo muito simples: eu acredito que ninguém deva ser executado. Ninguém. Em hipótese alguma. Por mais que eu discorde da pessoa, por mais que eu desgoste, assassinato não pode ser a resposta.

Gostando ou não dela, concordando ou não com ela, acho tudo isso uma afronta aos quase 50 mil votos que ela recebeu. Eu quero viver em um país onde quem foi eleito pela maioria possa exercer sua função e só seja retirado dela com uma condenação judicial, não com quatro tiros na cara. Acho vergonhoso que existam pessoas relativizando quão grave é o que está acontecendo. Para ser bem sincera, acho gravíssimo o rumo que essa tragédia está tomando no que diz respeito à opinião pública.

Marielle foi executada. Ela estava no carro, voltando para sua casa, quando um carro parou ao seu lado e disparou vários tiros em sua direção. Quatro pegaram em seu rosto. Mataram também o motorista. Atiraram e foram embora, sem levar nada. Uma outra pessoa que estava no carro sobreviveu. Além desta pessoa, há outras que presenciaram o crime pois isso aconteceu no meio de uma rua movimentada do Rio, nove horas da noite. O alvo era Marielle, pois atiraram apenas no lado em que ela estava. A pessoa que estava no banco ao lado, sobreviveu.

Ou seja, quem fez isso não teve sequer a preocupação de simular um assalto. Tinha tanta certeza da impunidade que deixou testemunhas vivas para contar. Seja lá quem for, dificilmente vai ser pego. Quem fez isso está muito bem calçado. Vivemos em uma cidade e em um país onde existem pessoas que podem se dar ao luxo de matar declaradamente e saem impunes.

Quando você pode matar sem maiores consequências uma das vereadoras mais votadas, você pode matar basicamente qualquer um. Duvido que a gente saiba o autor do crime, no máximo quem puxou o gatilho, o mandante vai ficar impune. Claro que, pelo clamor popular, vão pegar alguém para Cristo… mas vão prender UM culpado, não O culpado. Daqui pra frente cada grupo vai tentar tirar proveito desta morte. Vão trocar acusações. Vão tentar capitalizar para sua causa. Vão usar o nome dela para se promover. Um desrespeito.

O que é assustador é o leque de possibilidades. Marielle incomodava muita gente e todos eles são perfeitamente capazes de matar. Parabéns, Rio de Janeiro! Ela denunciava abuso policial, ela denunciava milicianos e, recentemente ela foi nomeada relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.

Todo mundo está se apegando à polícia como principal suspeita, pois poucos dias antes ela fez uma denúncia sobre policiais barbarizando moradores de uma comunidade. Olha, se tem uma coisa que eu sei sobre a polícia carioca é que eles tem vasta experiência em execução e sabem como fazer. Se fosse um policialzinho zé mané putinho porque foi denunciado em rede social, não acredito que o fizesse desta forma. Quem fez isso mandou um recado claro: matei e não fiz questão de esconder que matei, para que o próximo que ocupar seu lugar já entre sabendo o que acontece.

Um PM putinho não tem esse poder. Um PM flagrado executando uma vereadora está em maus lençóis. Eu sinceramente duvido que seja policial ou miliciano, eles teriam o cuidado de simular um assalto. Para mim, está ligado ao papel de Marielle de fiscalizar a intervenção federal, o que, para mim, seria a pior hipótese. Percebam quão angustiante é descobrir que aqueles que vieram te ajudar a botar ordem na casa são os mais desordeiros de todos. Tem algo muito sujo nessa intervenção e provavelmente Marielle descobriu. Claro que em se tratando de Brasil, é preciso cogitar tudo, até colega matando colega para angariar simpatia para o partido ou para uma causa.

Se foi queima de arquivo, quem fez foi muito idiota: matou Marielle e chamou a atenção para isso. Além de tudo, criou um mito, em um ano eleitoral, em um país carente de ídolos. Se algum parente ou alguma pessoa intimamente ligada a Marielle se candidatar com a promessa de dar um “basta” na corrupção e abusos, periga ganhar. Se foi fogo amigo para angariar simpatia, foram geniais.

Agora, talvez o mais grave dos desfavores: as pessoas estão brigando entre si, polarizadas. A tática “dividir para conquistar” do PT entrou mesmo no coraçãozinho do brasileiro. Meus queridos, em uma coisa, todos concordamos: não se resolvem as coisas assassinado pessoas que discordam da gente. Ficar brigando de forma polarizada é tirar foco da tragédia. Uma pessoa foi assassinada, todos somos contra isso. Que tal a gente se unir para tentar evitar que esse continue sendo o modo de funcionar da política nacional?

Não faz sentido achar que isso é algo novo, de agora. Isso acontece no Brasil desde sempre, agora, com internet, está mais claro. Em 2002, Celso Daniel estava prestes a denunciar um esquema de corrupção do PT. Foi executado. Não só ele como sete, eu disse SETE testemunhas do processo foram morrendo, uma a uma. E quando você ousava dizer que era execução, petistas se apressavam em te desacreditar, apontando o dedo e dizendo que você era uma pessoa louca que acreditava em “teorias da conspiração”. O caso Celso Daniel ficou impune. Então, não está acontecendo nada novo. Talvez a novidade seja para qual lado a corda arrebentou agora. A esquerda perdeu o poder vertiginosamente, vai começar a virar alvo.

Sinto um pouco de nojo ao ver cada grupo puxando a brasa para sua sardinha. Cheguei a ver uma discussão de uma militante dizendo que Marielle morreu por ser mulher, enquanto a outra a chamava de burra e dizia que na verdade Marielle morreu por ser negra. Não façam isso, é um desfavor para todas as causas e para o Brasil como um todo. Não é sobre pobreza, cor da pele, sexo ou credo. É sobre corrupção, poder paralelo e ausência de lei e justiça. Se focarmos nisso, todo o resto melhora.

Tem alguém dando um recado no Rio de Janeiro: eu mato de forma declarada quem atravessa meu caminho. Quem é? Como tem tanto poder? Quem está pactuando com isso? Por qual motivo está pactuando? Bora focar nisso em vez de tentar lacrar na morte alheia.

Para dizer que tem que ter intervenção internacional no Rio, para dizer que o campo eletromagnético é o menor dos problemas do Rio ou ainda para dizer que os direitos humanos deveriam se preocupar mais com o assassinato dos defensores dos direitos humanos: sally@desfavor.com

SOMIR

Sally fecha a lista de notícias da semana na quinta-feira. E na quinta-feira mesmo ela me perguntou se o assassinato de Marielle tinha sido algo só regional em alcance. Com os meus feeds de notícias (essencialmente paulistas) berrando de cinco em cinco minutos sobre o tema, dava para saber que isso ia aumentar sem parar até o final de semana. E quanto maior o alcance, maior o potencial para desfavores.

Pra começo de conversa, o governo federal se coçou na hora. Tinha a imagem da intervenção militar em jogo, e tinha o fato de termos uma eleição em poucos meses. Assim que o povo de todos os cantos do país começou a se doer pela morte de Marielle, vimos todas as maiores instâncias de poder correrem para demonstrar suporte.

Desde o presidente e o ministro da Justiça até a Polícia Federal, o que não faltou foi gente prometendo toda sua estrutura para solucionar o caso. Podemos ver isso de uma forma mais cínica como uma oportunidade para todos aparecerem um pouco mais na grande mídia, mas também podemos analisar o peso do assassinato de uma representante democrática. Os tiros em Marielle também são tiros na estrutura mais básica do nossa sociedade: o estado democrático de direito.

Todos especialistas e políticos usaram esse termo, e mesmo que às vezes eu desconfie se realmente sabem o significado, ele não poderia estar mais correto. O estado democrático de direito é basicamente o nome de como toda a nossa sociedade está organizada: estado significa que existe uma organização hierárquica de poder entre as pessoas, democrático porque essa hierarquia é escolhida pela vontade coletiva do povo, e de direito porque o conjunto de regras que todos tem que seguir já está definido pelas leis locais.

Tudo o que consideramos mínimo no funcionamento de um país faz parte de um acordo entre todas as pessoas (quer elas estejam conscientes desse acordo ou não). E se quisermos manter esse mínimo, é necessário defender o tal do estado democrático de direito. Ele não surge por mágica, ele depende de esforço de manutenção constante.

Mas parece quase que inocência falar sobre isso aqui no Brasil, não? Com toda a bandalheira que ocorre, difícil acreditar que estamos realmente fazendo alguma manutenção nessas regras básicas do jogo. Parece que está tudo abandonado por aqui e a única lei que vale é a do mais forte. Só que as coisas são ainda piores do que isso: estamos vivendo uma situação dessas porque o estado democrático de direito ainda funciona no Brasil. Funciona mal, cheio de defeitos, mas tem um mínimo em ação que ainda não foi derrubado. Você ainda consegue algum senso de justiça e estabilidade no Brasil justamente por isso. Parece tudo quebrado, mas ainda está funcionando em baixa capacidade.

O sistema brasileiro é tipo um sistema de ventilação numa caverna, um que falha muito, que funciona muito abaixo da capacidade, mas que está ligado por tempo suficiente para não sufocarmos de vez. Porque piora, piora muito se ele pifar de vez. Então, se você deixar o cinismo de lado, ainda consegue entender porque o poder público se mordeu por esse caso.

A indignação com a morte de Marielle é basicamente o que nos liga com democracias mais funcionais. Num país muito mais organizado e justo, a reação seria essa também. O Estado botando o tema em prioridade total, para se defender. E mesmo que você tenha reservas sobre as escolhas políticas da pessoa, mesmo que você ache que aquela representante democrática não acerte na defesa de suas causas, é a figura do representante democrático que está em jogo. Quando esse elemento perde um mínimo de segurança, a coisa desmonta rapidamente.

É fácil entrar na pilha da divisão ideológica de redes sociais, de ficar pensando nos diversos problemas da nossa sociedade e ficar amargo com qualquer opinião sobre o tema. Mas não dá para ficar procurando divisão numa hora dessas. Seja lá o motivo que você enxergue por trás da indignação toda com a morte de Marielle, por mais sujos que pareçam os interesses dos agentes públicos em ação… a ideia de fazer um carnaval em cima desse tema está certa. É o que se espera mesmo do poder público: que defenda com unhas e dentes a existência das suas bases. É para quem encomendou o assassinato estar com o cu na mão, percebendo que as coisas saíram muito de controle. E se não estiver, tem que ter inteligência policial e força de opinião pública o suficiente para que essa pessoa ou grupo comece a sentir medo. Infelizmente em última instância só o medo resolve.

Minha teoria é que quem quer que apertou o gatilho já está morto a essa altura do campeonato, quando o mandante percebeu o tamanho do que aconteceu, dificilmente deixaria uma ponta solta. Acredito também que vão achar alguém, mesmo que não tenham cometido o crime. A sociedade se doeu demais com essa história para a polícia não aparecer com qualquer suspeito o mais rápido possível. Se forem espertos, vão achar um miliciano ou traficante relativamente famoso para “cristo” e usar o exército para fazer uma mega operação heróica em algum dos morros cariocas. Seja essa pessoa culpada ou não por esse crime específico. Honestamente acredito que já estão pensando em quem vai tirar o “palitinho menor” e ser culpado por tudo. Algo me diz que Temer vai querer fazer uma limonada disso.

Seria uma palhaçada se pegassem um só para fazer uma pose, mas de uma certa forma, faz parte dos defeitos do nosso estado democrático de direito. Um equilíbrio sutil que prega que cometer crimes que chocam a sociedade significa que alguém vai pagar o pato, mesmo que aleatoriamente. Um aviso claro que é para matar gente que não chama muita atenção, e um pedido para os chefes do crime para controlarem seus trabalhadores: sejam impulsivos só com pessoas desconhecidas. Afinal, em último caso, o sistema sempre depende do povo com medo de ir cortar cabeças na sede do poder…

Para dizer que começou bonito e estragou, para dizer que não gosta de feminista mas isso é demais, ou mesmo para dizer que se falássemos disso semana que vem, ninguém mais ligaria: somir@desfavor.com

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Comments (36)

  • Eu fico me perguntando como é que está a cabeça do cidadão comum, aquele que sai dos morros e vai tentar a vida no asfalto, nessas horas. Se quer saber, ficaria revoltado ao ver que a minha vida não é tão valorizada quanto a de uma “pobre ostentação” que conseguiu chegar a ser vereadora em cima dos votos de uma elite que vive num mundo à parte, no qual tudo é resolvido com papo cabeça e resolução de empresa puxa-saco.

    Para piorar, o Estado não pode agir de forma publicitária e demagógica, como a Globo no caso William Waack (e outras tantas empresas que “empoderam” mulheres e outras minorias da boca para fora). Pode-se reclamar do Estado democrático de Direito, mas uma das coisas essenciais para que ele exista é o procedimento penal, o inquérito e a ação, que não deveria desabar em condenação sumária.

    O Estado é horroroso, o Estado é uma droga, o Estado só cobra imposto e não faz nada… mas o Estado, nessas horas, é o único que tem o monopólio do julgamento. Qualquer outra coisa que não deixar o poder público fazer o seu papel – e respeitar o resultado – será mais da mesma caca.

    • Sim, o Estado é uma merda. É sujo, é nojento, é inoperante.

      Mas eu não vejo essa indignação pela morte da Marielle como um sinal de que a vida dela vale mais. Acho um sinal de revolta por ter chegado a um ponto de silenciar pessoas que incomodam com uma execução declarada. É uma prova concreta da total falência do Rio.

  • Ironicamente os maiores desfavores quanto a isso partiram justamente dos partidos da base PT/PSOL, da qual a Mariele fazia parte. “Foi o exército que matou a Mariele”. “Foi o Golpe que matou a Mariele”. “Foi a Globo que matou a Meriele”.

    Certo está o Bolsonaro em ficar na dele.

  • A esquerda sempre adotou essa estrategia de cortar o braço pra não perder a perna, sempre jogam os seus na fogueira quando é conveniente então eu não duvido que algum partido de esquerda tenha encomendado a morte dela, porem não sei de nada, mera teoria da conspiração. A direita não tinha nada ou quase nada a ganhar com a morte dela.

    • Não sabem. Você sabe o que ela sabia? Será que ela tinha ou estava chegando perto de alguma informação que comprometia alguém? Esse alguém pode ser se qualquer partido, qualquer cargo. Não sabemos nada.

  • Não conhecia a vereadora até saber da morte dela. Foi triste? Foi! Mas pior ainda é ver gente fazendo todo o tipo de politicagem e militância em cima disso! Mal morreu e já vi idiota culpando a “direita branca fascista e racista” pelo assassinato dela (????)! Esse povo é doente demais!

    A impressão que dá é que esses militantes acharam ótimo ter um cadáver que atende suas necessidades ideológicas! Vão explorar essa tragédia (principalmente o discurso de “morreu-por-ser-negra-e-mulher”) até a última gota! E olha que as eleições sequer começaram ainda!

    PS: Tenho PAVOR de “comoções forçadas” em rede social. Todo mundo competindo pra ver quem chora mais, se comove mais, se revolta mais (tudo em troca de likes, lógico)! Por isso que quando acontece alguma merda desse tipo eu mantenho distância da internet!

  • O bostileiro não sabe a hora de parar. Depois que pegaram isso de esquerda x direita, na época das eleições vai ter é muita morte feia nas ruas. Não quero nem ver.

  • Só sei de uma coisa: a esquerda vai sugar o cadáver dela pra fazer política (já vi gente culpando os “batedores de panela”) e isso vai desagradar muito a população. Vão enfraquecer ainda mais com esse tiro no pé.

    • Esquerda e direita:

      ESQUERDA:
      – Sua panela está suja de sangue
      – A prisão de Lula é a mesma coisa que a morte de Marielle
      – Isso é consequência do golpe contra Dilma

      DIREITA:
      – Quem mandou defender bandido
      – Nisso que dá direitos humanos
      – Alguma coisa errada ela deve ter feito

  • Conselho: o clamor público está altíssimo, tenham responsabilidade com o que falam, pois neste episódio, uma escorregada pode custar caro. Tem cabeça de desembargadora rolando aqui no Rio por fazer acusações sem provas, imaginem o que não vai acontecer com pessoas comuns que se metam a espalhar informações caluniosas…

  • Concordo com muito do que vocês dizem – ninguém jamais deveria ser executado independentemente de ideologia e é abominável que pessoas da própria esquerda e da direita cheguem a usar um caso como esse como mero palanque político -, mas gostaria de dizer que vi gente por aí dizendo que teria sido a própria Marielle quem “criou o monstro” que a matou. Explicando: saiu um vídeo com imagens das câmeras de segurança da rua que flagraram o crime sobre a gravação via Whatsapp de uma voz – que ainda não se sabe de quem é – afirmando que Marielle teria sido eleita com apoio do Comando Vermelho mas estaria trabalhando em prol de áreas dominadas por uma facção rival. Ainda de acordo com a voz nesse vídeo, o C.V., sentindo-se traído, matou-a em retaliação. Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=0xcDVbh1rbk. Não excluo, no entanto, a possibilidade de que esse áudio de Whatsapp seja apenas “fake news” espalhada por gente bem calhorda.

    • Mentira. Marielle quase não recebeu votos na favela. Os votos dela vieram da classe médias e alta do Rio. Para você ter uma ideia, a favela de onde ela veio tem quase 150 mil habitantes e de lá ela só recebeu 50 votos.

      De mais a mais, todo político do Rio recebe dinheiro sujo, provavelmente de todo o país. Por esse raciocínio, seria merecido que todo fossem executados.

      • OK, Sally. Bom saber. Por isso mesmo que eu disse que não excluía a possibilidade de que esse áudio de Whatsapp fosse apenas “fake news” espalhada por gente bem calhorda.

        • Sim, você disse em tom de pergunta, não de afirmação.

          Desconfiem muito de tudo que vocês ficarem sabendo daqui pra frente: quem sabe a verdade não vai falar por medo de morrer. Quem está por aí em rede social tentando explicar o caso provavelmente não sabe porra nenhuma.

          Chocada de ver como o brasileiro é manipulável, tem toneladas de conspiradores para ambos os lados postando uma tsunami de bosta em redes sociais só por terem ouvido alguém falar aquilo. Mas que caralho, são papagaios? Escutam e repetem?

    • Esse também é boato… já foi desmentido, assim como a história que ela engravidou de um traficante X aí…

      Agora o que mais vai ter é defensor transformando ela em Santa e o povo contra inventando coisa pra desmerecer…
      Triste esse momento, em que é mais importante ter um argumento “lacrador” (independente para qual lado), do que discutir a realidade…

      • Quem é a favor vai transformá-la numa santa, quem é contra vai transformá-la em um demônio. Nós, pessoas racionais, temos que fazer a nossa parte e não divulgar merda de nenhum dos lados. Não divulgar é não postar nada, pois postar escrevendo “olha que bosta que esta pessoa falou” é divulgar.

  • “Acho vergonhoso que existam pessoas relativizando quão grave é o que está acontecendo.”

    Pois é…

    Mas se dá pra tirar algo bom disso, é fazer aquela limpeza básica periódica nos contatos, porque o que eu to vendo de barbaridade nos comentários sobre isso… é de embrulhar o estômago!

    No mais, discussão impecável sobre o assunto. Parabéns!

    • Basta usar a cabeça para perceber uma coisa: quem sabe o que aconteceu, não vai dar um pio agora, muito menos em rede social, se não morre também. Então, quem tá falando isso ou aquilo, fazendo X defesa ou Y acusação, é gente que cospe achismo e não sabe porra nenhuma dela ou da realidade do Rio. Ignorem achismos.

  • Achei muito “conveniente” para a esquerda ter uma militante mulher, negra e defensora dos desfavorecidos assassinada brutalmente, logo nessa época turbulenta para eles… ela foi mais útil morta do que viva mimimizando. Há algo de podre no reino da Esquerdia.

    • Basta ver que os esquerdistas exaltaram essas características dela pra vender sua narrativa de que só mulheres negras são mortos no Brasil, que foi racismo. A direita não tá muito melhor não: vários acharam “bem feito” uma “defensora de bandidos” morrer na mão de bandidos. Os dois lados cheios de certezas.

      O único ponto válido foi a direita ter apontado uma certa hipocrisia da turminha esquerdista passar o ano todo xingando de fascista quem quer punições a criminosos, mas quando alguém da turminha sofre violência, gritam que o país precisa de justiça.

      • Sim, há contradições de todos os lados. Porém não podemos cair na falácia de que uma reação diferente à morte dela quer dizer que ela “vale mais” que outros mortos. Não é a morte dela que está sendo julgada, é uma demonstração de poder de executar quem incomoda no meio da rua sem cerimônia. ISSO merece toda a atenção e protestos do mundo. A direita não pode tentar desqualificar a revolta saudável que todos estamos sentindo por achar que a vítima é alguém de quem eles discordam ideologicamente.

        • Não é a morte dela que está sendo julgada, é uma demonstração de poder de executar quem incomoda no meio da rua sem cerimônia. ISSO merece toda a atenção e protestos do mundo.
          Triste ver a que ponto chegou a situação do Rio… O pior é que, além de não se ver luz no fim do túnel, ainda tem – muita – gente por aí que prefere ficar antagonizando em vez de focar no mais importante.

          • Virou uma guerra direita x esquerda e esqueceram do assunto principal. Mais uma vez o “dividir para conquistar” vai fazer com que o povo não foque, que não faça a pressão necessária.

  • Sabia que esse ia ser o “desfavor da semana”. Eu acho um saaco quando a imprensa pega um tema desses e fica dias falando a mesma coisa. Para mim é impossível sentir empatia, comiseração. Até agora não descobriram nada do caso. Passeatas em outras cidades, que ridículo, ninguém nem conhecia a mulher. Com certeza coisa marcada pelo facebook, feita pelo próprio partido. Já saiu a notícia que bots divulgaram no twitter. Em vez de divulgarem os projetos, o que ela apresentou, vem se mostrar indignados. Gente da globo, famosos, que aposto que não sabiam nada fazendo só para passarem a imagem de pessoas conscientes. Eu até entendo que devido a intervenção federal isso cause uma revolta maior, para mostrar que não está funcionando. Mas convenhamos, a vida de ninguém mudou de segunda para sexta, continua tudo a mesma coisa.

    • Virou embate. O ponto central está sendo esquecido: há um poder paralelo no Rio que não sabemos quem é, que controla o Executivo, a polícia, o Judiciário e a imprensa, um poder que é forte o bastante para executar uma pessoa (o motivo pouco importa agora) de forma aberta, declarada, na frente de testemunhas, sem sequer a preocupação de fazer parecer um assalto. Enquanto isso, oportunismo em redes sociais: gente querendo posar de bacana se indignando (mas não fazendo absolutamente nada para mudar a realidade de oprimidos) e gente metendo o cacete sem ter a menor ideia do que está acontecendo, se promovendo como espertões divulgando “verdades” das quais não tem a menor certeza. Lamentável chegar num ponto onde, para conseguir levar ao leitor o que mais ninguém leva, precisamos fazer um texto ponderado.

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