Sbrubles.

Não passa uma semana sem que eu receba um e-mail de pessoas perguntando “Nossa, Sally, como você faz para conseguir escrever texto todos os dias por tanto tempo!”. O tom de admiração faz parecer que eu nasci com um “dom”. Não é dom porra nenhuma, é algo que qualquer pessoa pode fazer com autoconhecimento e planejamento.

Para quem não sabe, além do desfavor, escrevo a trabalho também. Então, se acham os textos daqui algo puxado, que tal escrever entre 5 e 10 blogs além do Desfavor? Isso só é possível (com qualidade) se você souber como tirar o melhor do seu corpo e mente. Passo aqui a minha experiência, se servir peguem, se não servir, passa amanhã que vai ter um texto muito legal.

Se você tem que fazer uma viagem com um carro, seu papel como motorista representa apenas uma pequena porcentagem do desempenho do veículo no trajeto. Coisas como manutenção do carro, quantidade e qualidade de gasolina, trajeto escolhido, hora na qual você vai sair de casa e muitos outros fatores somados é que vão determinar se esta viagem vai ser realizada da melhor forma possível. Não adianta um carro com pouca gasolina (ou sem freio) nas mãos do melhor motorista do mundo, certo?

Então, como obter o máximo de rendimento em quantidade e qualidade? Bem, se eu fosse capaz de mentir e dar uma resposta concreta, uma receita de bolo para esta pergunta, estaria rica escrevendo autoajuda e não pobre escrevendo de graça. A verdade é que cada um tem suas necessidades, é preciso se observar, entender e respeitar seu corpo e sua mente.

Não posso dar uma fórmula mágica universal, mas posso te ajudar a entender melhor seu processo criativo, seu mecanismo de produção com um conceito que eu desenvolvi. Dá trabalho? Dá. Mas sua produtividade vai aumentar muito em poucos meses.

Para começo de conversa, algumas premissas básicas valem para todo ser humano: esteja bem dormido, bem alimentado e ativo. Horas de sono suficientes mantém seu cérebro mais produtivo, alimentação de qualidade fornece o combustível necessário sem causar sono ou preguiça. Sedentarismo impacta diretamente na sua capacidade cognitiva, gostando você ou não, quem se exercita regularmente tem melhor desempenho mental. Está é a base da pirâmide que vamos construir. Se esta base estiver cagada, nem se dê ao trabalho de fazer o resto, pois em algum ponto tudo vai desmoronar.

Tirando as necessidades básicas de todo ser humano, agora será necessário olhar para dentro e escutar o que seu corpo e sua mente tem a te dizer. Não é uma atividade racional, onde você vai parar e dizer “Olá, o que está acontecendo?”. Você tem que sentir. Você sente que em alguns dias rende maravilhosamente bem e em outros não rende porra nenhuma? Claro que sente, todo mundo sente. Então. Hora de se perguntar o motivo disso. Eu chamo o motivo disso de “Sbrubles”, um somatório de fatores que são responsáveis pelo bom rendimento.

Eu costumo brincar que nós temos uma capacidade produtiva limitada, algo como aquelas barras de energia de jogos de luta de videogame: tem que esperar encher para dar um golpe bom, e depois que esvazia, tem que esperar encher novamente se quiser voltar a dar o golpe. Não tenho nome para este conjunto de atributos que implicam em poder de concentração, criatividade, inspiração, foco, entusiasmo e muitas outras coisas. Como de costume, quando não tenho nome para algo, chamo de Sbrubles.

Sbrubles não é simplesmente a capacidade produtiva ou de concentração. Sbrubles é uma disposição, um entusiasmo para o trabalho, uma força criativa, um estado de ânimo. É a capacidade de fazer fluir, de entrega total, de produzir presente, consciente e dando o seu melhor. Complicado definir, Sbrubles não se classifica, se sente. Todos nós já tivemos aquele dia ótimo onde saiu aquele trabalho lindo sem muito esforço. Sbubles é aquela hora em que você cumpre a missão que lhe foi dada orgulhoso de si mesmo, pensando “mandei bem”.

Você tem uma cota limitada de Sbrubles. É como a descarga do vaso sanitário: você dá uma vez, mas se quiser dar novamente, tem que esperar encher o tanque. Ninguém funciona o tempo todo em Sbrubles. Então, para montar sua estratégia, é muito importante que você entenda três coisas: 1) O que enche seu Sbrubles ; 2) O que detona seu Sbrubles e 3) Quanto tempo demora para que o seu Sbrubles recarregue novamente.

Tudo isso já acontece na sua vida diariamente, só que você não está consciente disso. Agora que você vai se observar e adquirir consciência, vai poder entender e usar melhor seu Sbrubles, traçando sua própria estratégia e, quem sabe, aprendendo a alimentar e majorar seu potencial.

Primeira missão: o que enche seu Sbrubles? Geralmente são atividades que gostamos de fazer, que nos relaxam, que dão prazer, que nos fazem feliz. Não raro pessoas inconscientemente se dão pequenas recompensas para se motivar quando tem um desafio difícil pela frente, de alguma forma truncada percebem que aumenta seu Sbrubles. Pensa aí com os seus botões o que você te deixa tão feliz quando você faz que você sai cheio de energia, empolgado, bem disposto, pronto para encarar desafios. Pode ser qualquer coisa, até mesmo descansar.

Se você não conseguiu pensar em nada (ou se o que você pensou faz mal para a sua saúde), tá na hora de experimentar mais coisas na vida. É fundamental ter recursos para encher seu Sbrubles. O ser humano precisa de hobbies, de um lazer, de alguma atividade que recarregue seu corpo com vitalidade e disposição. Vai experimentar! Experimente tudo (que não seja crime e não faça mal ao seu corpo). Nade, dance, lute, monte quebra-cabeça, assista a um vídeo, crie chinchilas. Não importa. Faça e veja como isso te impacta.

Quando você sair radiante, feliz, pronto para encara um desafio, cheio de disposição, você achou uma atividade que enche seu Sbrubles. Mas não pare por aí, o ideal é ter um rol de várias atividades que encham seu Sbrubles. E se você tentou um monte de coisa e não achou nada, bem, dá uma olhadinha aqui neste texto (https://www.desfavor.com/blog/2016/09/distimia/ ) e vê se você se identifica, pode ser uma questão bioquímica.

Outra forma de perceber o que enche seu Sbrubles é observar quais são os denominadores comuns de dias em que você está muito bem disposto, produzindo maravilhosamente bem. Sentiu uma junção de bom humor, com disposição, criatividade, capacidade de concentração, vontade de fazer bem feito, empenho e energia? Está em um dia ótimo de rendimento? Beleza, anota em um caderninho o que você fez nas 24h anteriores: o que comeu, com quem falou, tudo que puder. Depois de um tempo, faz aquele cruzamento de dados dos parágrafos anteriores.

Uma caderneta é uma ótima aliada para responder a estas 3 perguntas do texto. Se você tiver disciplina para fazer um Diário de Sbrubles, vai obter melhores resultados. Está em um dia rendendo muito bem? Ou muito mal? Pega um caderninho e faz uma retrospectiva das suas últimas 24h. O que comeu, como dormiu, como estava seu emocional, se havia algo incomodando, se ficou feliz, se comprou algo. Tudo que conseguir lembrar.

Com o tempo, você vai poder cruzar os dados de vários dias ruins (ou bons) e encontrar o denominador comum que provavelmente é o responsável por este dia fora da média. Reproduza este estímulo e perceba se ele afeta seu rendimento. Se afetar para melhor, incorpore ele na sua vida e, se afetar para pior, tente eliminá-lo. Estímulos externos podem pesar mais do que você imagina no seu rendimento.

Hoje eu sei que atividades como dança enchem meu Sbrubles. Conversar com algumas pessoas também. Assistir alguns vídeos, determinados alimentos (café, eu te amo), ouvir determinadas músicas, enfim, é uma grande lista. Então, quando tenho tarefas importantes a cumprir, monto uma estratégia de guerrilha e faço um super-combo nos dias anteriores ou durante o próprio dia, enchendo meu Sbrubles o máximo que posso. Sim, eu sinto uma enorme diferença nos resultados.

Descobriu o que enche seu Sbrubles? Maravilha! Quanto mais coisas melhor. Está em um dia ruim? Precisa cumprir uma meta e está com o Sbrubles baixo? Recorra ao seu potencializador de Sbrubles. Usa a hora do almoço e vai investir Sbrubles. Pode ser um brigadeiro, pode ser ouvir uma música, pode ser conversar 20 minutos com uma pessoa. Você vai sentir resultados qualitativos e quantitativos.

O segundo passo é entender o que detona seu Sbrubles. Não adianta cultivar com carinho se tem algo roubando ele de você. Aprenda a proteger seu Sbrubles!

Pode ter certeza que poucas horas de sono, alimentação ruim e sedentarismo detonam seu Sbrubles. Se você acha que vive bem mesmo assim, saiba que poderia estar rendendo muito mais. O melhor carro do mundo peforma mal quando está sobrecarregado, com gasolina de péssima qualidade e peças enferrujadas. Só porque ele ainda anda, não quer dizer que esteja performando bem.

Mas, além destes fatores objetivos, certamente você tem outros, subjetivos, que detonam seu Sbrubles. Por exemplo, ficar doente, brigar com uma pessoa querida, sentir muito calor ou frio, ter alguma pendência te preocupando ou até coisas mais mundanas, como por exemplo, uma maldita calcinha enfiada na sua bunda que você não pode tirar pois todo mundo vai reparar.

Aqui também vale o caderninho, para ir anotando o que aconteceu que pode ter feito seu Sbrubles cair. Às vezes nem é algo que você fez, basta que uma pessoa ansiosa ou negativa entre na sala que sua alma vai sendo drenada (e com ela seu Sbrubles). Às vezes é apenas fome e você não percebeu. Você ficará surpreso com a quantidades de sinais que o corpo manda diariamente e a gente não percebe, pois estamos “muito ocupados”.

Burrice. O corpo tem que ser prioridade. O corpo é mais importante que a mente, pois a mente consegue nos dizer exatamente do que ela precisa, o corpo não, ele fala, mas de um jeito mais difícil de escutar. A voz dele é mais baixa, mais sutil. Tem que ser sentido, e para sentir, geralmente é preciso prestar atenção. Então, foco maior nele, porque a mente é uma histérica que berra com a gente quando quer alguma coisa, mas o corpo… o corpo, via de regra, pede discretamente. Só quando ele cansa, percebe que não está sendo ouvido, que engrossa. Não queremos chegar nesse ponto, queremos?

E se você pensa que a mente é mais importante que o corpo, discurso típico de intelectualoides, pense duas vezes. Se você acha que é a mente quem controla tudo, provavelmente você nunca teve uma diarreia avassaladora na rua. A mente, meus queridos, é hipervalorizada. Em última instância, quem manda é o corpo. Experimente ignorar o alerta de tanque de reserva em um carro e me diga se um bom motorista consegue contornar o problema que vai acontecer. Sério, ouça seu corpo.

Observe-se. Observe-se durante o dia, todos os dias. Se possível, dê nota de 0 a 10 para seu Sbrubles periodicamente. Quando ele começar a cair, tente entender o que aconteceu, se ele se esgotou ao longo do trabalho ou se algum fator interno ou externo influenciou nisso. Óbvio que não podemos nos livrar de todos os fatores que detonam nosso Sbrubles, mas, se metade deles for de alguma forma contornável ou atenuável, é provável que você consiga dobrar seu rendimento.

Hoje eu sei que celular mina meus Sbrubles, por isso nem chego perto quando estou produzindo, nem uma hora antes de dormir. Brigas, gente com energia ansiosa e barulho alto também reduzem meu Sbrubles. Ser interrompida durante meu trabalho simplesmente zera meu Sbrubles e me faz demorar mais ou menos meia hora para conseguir me recompor e continuar produzindo. Calor, fome e sono e muitas outras coisas também. Algumas posso evitar, outras não, tem que criar mecanismos para lidar com elas da melhor forma possível.

Agora, o mais importante: quanto dura seu Sbrubles e quanto tempo demora para que recarregue?

Todos nós temos um tempo médio de Sbrubles, que não se confunde com capacidade produtiva. Às vezes a capacidade produtiva continua, mas vem um desânimo. Às vezes o ânimo tá nas altura, mas não tem capacidade produtiva. Sbrubles é traiçoeiro, como eu disse, não pode ser definido, tem que ser sentido. Perceba quando a atividade flui bonita, no auge das suas capacidades físicas, intelectuais e emocionais. Uma hora seu estoque de Sbrubles acaba e é importante que você saiba quando, para recarregar em vez de tentar tirar leite de pedra e se frustrar.

Se você tem uma margem de 2 horas de Sbrubles até esgotar o reservatório e demora uma hora para recarregar, você pode programar seu dia de forma inteligente. Dá um intervalo depois que o Sbrubles esgota, tenta enfiar alguma atividade que o alimente, assim ele recarrega mais rápido ou faz alguma atividade meramente mecânica enquanto ele recarrega, em vez de ficar dando murro em ponta de faca se forçando a produzir algo que não vai sair.

Algumas atividades consomem mais Sbrubles, outras menos, conforme grau de dificuldade ou do quanto você goste de executá-la. É muito importante mapear isso para calcular seu Sbubles assim como se calcula a gasolina de um carro antes de viajar.

Para saber quanto dura seu Sbrubles, basta se observar. O tempo que você consegue produzir com empenho, qualidade, com vitalidade. Tem gente com Sbrubles de 8 horas. Tem gente com Sbrubles de uma hora. E sim, é possível trabalhar para que o Sbrubles aumente, mas isso é tema para outro texto.

Geralmente quanto mais dura seu Sbrubles, mais demora para recarregar depois que você o esgotou. Natural, quando maior a piscina, maior a demora para encher de água. Dependendo do quanto eu force o meu, posso demorar dias para recarregar. Então, pode ser uma estratégia inteligente gastar só meio Sbrubles no seu dia, para que ele recupere mais rápido e esteja cheio no dia seguinte, se for um dia importante.

Observe o quanto você consegue produzir com qualidade. Chega um ponto onde a atenção já não é a mesma, mas isso não quer dizer que o Sbrubles tenha acabado. É natural que o ser humano precise de um intervalo, em média, de hora em hora, para que seu foco de atenção continue bom. O Sbrubles acaba quando simplesmente não sai mais nada da sua mente, ao menos nada que preste. Sabe quando acaba o xampu e a gente fica sacudindo, sacudindo e sacudindo para que, depois de tanto esforço caia só uma gota? Pois é. É isso aí. Alguns dias o Sbrubles acaba mais rápido, provavelmente porque você não começou o dia com ele cheio. Falhou na recarga.

Conte quanto dura seu Sbrubles. Depois conte quanto dura para recuperá-lo. É possível que você tenha um Sbrubles por projeto, se eles forem uns muito diferentes do outro. Por exemplo, eu tenho um Sbrubles para textos, outro para áudio, exaurindo um, não exaure o outro. Quando entender mais ou menos quanto dura seu Sbrubles, você pode antever o quanto vai conseguir produzir e distribuir melhor suas tarefas ao longo da sua semana, sem sustos, sem atrasos, sem ter que trabalhar sofrendo, tirando resultado a fórceps da sua mente.

Não raro, nossa mente, essa cretininha histérica, chama a gente quando o Sbrubles está cheio. Tem um projeto no qual você exauriu seu Sbrubles? Deixa ele de lado por alguns dias. Quando o Sbrubles encher, é provável que sua mente te chame de volta, te dando alguma ideia ou alguma pista de que pode voltar a pegar naquele projeto. Se a mente não chamar, faça você um teste alguns dias depois e veja se o reservatório já encheu. Você vai resolver os problemas, entender a situação e concluir as tarefas com muito mais facilidade.

Mapeie seu Sbrubles. Conheça o quanto ele dura, o que o aumenta, o que o diminui. Aprenda a distribuí-lo durante o dia, durante a semana. Aprenda como recarrega-lo mais rápido. Porém, se for conversar sobre isso com alguém, evite o termo Sbrubles, tente algo mais socialmente aceitável como “energia criativa de trabalho” ou coisa do tipo. Fica a dica.

Para dizer que chegou ao final do texto sem entender o que diabo é Sbrubles, para perguntar se eu bati com a cabeça ou ainda para dizer que está sentindo falta das semanas em que os leitores escolhiam os temas: sally@desfavor.com

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Comments (42)

  • Oh conglomerados de rochas sob vestes de gelo com bactérias do paleolítico, aqueles cuja existência foi limitada a ser státil diante tamanha grandeza a encarnar como deuses limitados à toda vaidade montanhosa…
    Anos de Evolução vos contemplam.
    HAHAHA TUDO QUE VC LEU NÃO É SEU HAHAHA MACACO EVOLUÍDO !!

  • Em algumas acepções sbrubles me lembra o conceito de mana. Mana pode ser vitalidade pessoal, ou magia. Por isso IMHO se aproxima mais de sbrubles que outras denominações de energia como prana, chi/ki, orgon e outras.

  • Bem legal o texto, Sally. Acho que preciso dar uma atenção pra isso pois ultimamente senti que ando meio estagnada…

    Mas se pronuncia “isbrubles” ou “isbrâbous”?

  • Adorei os exemplos e as comparações, rs.
    Pensei sobre esta questão hoje, pois no momento parei/travei no tempo, e não sabia como reiniciar os meus estudos, vou começar as anotações ;)

    Estou pegando o hábito de dar uma passadinha todos os dias no blog, e tenho certeza que não será viagem perdida. Sempre saio daqui aprendendo alguma coisa, ou uma nova forma de ver ou pensar sobre qualquer assunto, seja uma simples leitura nos textos ou até nos comentários. :)

    • Flow, até onde eu sei, é um estado temporário no qual você entra dependendo de alguns fatores, onde produz ao máximo da sua capacidade. Uma espécie de hiperfoco. Já fiz um texto sobre esse Estado de Fluxo. Se for isso que eu estou pensando, não se confunde com Sbrubles. No fluxo você entra, Sbrubles você tem.

  • Pois é, tá aí algo que reflito às vezes, principalmente quando o “sbrubles” tá lá embaixo e eu não consigo recarregar de volta. Depois do mestrado e agora no doutorado tenho sentido muito isso, acompanhado de um cansaço imenso, cansaço da vida, não só físico e mental, e também de um desânimo, de uma apatia que olha… Estou me policiando pra não flertar com a depressão de novo.

    • Esses projetos a longo prazo como mestrado e doutorado tem que ser conduzidos com cuidado e planejamento, respeitando seu Sbrubles, respeitando o tempo de recarga… Você consegue “se dar” umas férias de tudo? Isso pode te ajudar!

    • Nossa, me dar umas férias de tudo e sumir pra uma ilha paradisíaca, bem que eu queria viu? Mas não, não dá. Apenas parcialmente.

      • O que seria tirar férias internamente? Porque vejamos, deixa eu tentar desenhar mais a questão: não dá pra “trancar” o doutorado, não numa federal. Tem tempo pra cumprir tudo que tem que cumprir, são 48 meses, passou daquilo e tu não defendeu tu tá fora, então…

        Talvez o que dê pra fazer seria eu me afastar de minhas atividades, não ler, não pesquisar, não escrever nada durante um tempo, ficar no limbo algumas poucas semanas eu diria, quem sabe um mês ou dois. É isso? Mas depois tenho que voltar com tudo, porque um mês já dá a sensação de que perdi muita coisa, de que perdi tempo e não produzi.

        E sobre a sensação de “cansaço da vida” que escrevi no comentário anterior, quis dizer o seguinte: sabe assim quando bate mais que o cansaço mental e físico, bate aquela sensação de nada? Bate aquela sensação de que nada mais faz sentido, nada mais tem graça, nem as coisas que tu gosta de fazer, nada mais tem sabor, nem café, nem vinho, nem whisky, nem sexo… nada! Parece que a vida se torna um eterno piloto automático, até as tarefas mais básicas do dia a dia como levantar, lavar uma louça e preparar um café se tornam num fardo, um peso enorme, e tu não tem vontade nem de levantar da cama, apenas ficar lá… vegetando e apodrecendo esperando lentamente a morte chegar? Pois é.

        E, mais do que isso, tu passa a se perguntar o que está fazendo da tua vida, se tudo isso vale a pena MESMO, se tu escolheu a profissão certa, e pra que tanto esforço, pra que tanta dedicação na vida acadêmica sendo que parece que na real isso não vale nada, não há valorização em termos financeiros, não há emprego, não há… enfim! Tá tenso Sally!

        • Férias internas é tirar um tempo (pode ser uma semana) para deixar estudos e trabalho de lado e se dedicar somente a coisas que você goste e que alimentem seu Sbrubles. Faça um detox: desligue celular, relaxe, não pense em nenhuma dessas questões (quando estamos estressados não vemos nada com clareza).

          Depois, mais sereno, você retoma e observa a situação novamente. Garanto que vai ter um ponto de vista melhor.

        • Ge, também torço para que depois possa relatar sobre serenidade…

          (…Aliás, ano passado estive em Curitiba – adoraria ter te conhecido…)

          • Ahh cejura? Em que mês esteve aqui? E o que te trouxe aqui?
            E porque não avisou? Eu to sempre por aqui, oras…

            Eu também torço pra sair logo dessa vibe ruim, viu? Tá tenso. Estou me policiando já que tenho percebido que são mais ou menos os mesmos sintomas de quando tive um quadro depressivo no mestrado.

            • Primeiramente : …melhoras…

              Respondendo : eram maio e junho, tinha angústias com o RJ e por falta de conhecer “uma cidade-referência”. Foram férias do trabalho usadas até para achar onde consertam tablet…(risos)

              Pois é, me retraí demais quanto a pedir teu e-mail…

              Aliás : …melhoras…e “boa sorte”.

              • Sim sim, vou retirar umas férias internas, to precisando MESMO!

                E poxa, DSVS, não deveria ter se retraído. Eu poderia te indicar todos os locais, cafés, bares, restaurantes legais e baratezas aqui em Curitiba, bem como te dizer onde pisar e onde não pisar. Guia turístico completo! haha

  • Em resumo: para ser produtivo, cuide-se, conheça-se muito bem e abasteça ao máximo as suas reservas de “Sbrubles” criando para si um bom “ambiente de trabalho” investindo naquilo que te faz bem e se afastando do que te faz mal. Acertei?

    • Vai um pouco além. É saber jogar com a verba que você tem: quando gastar, como gastar. É preciso entender o que é prioridade na sua vida e destinar mais atenção e energia a isso também.

  • Sbrubles é uma questão que a filosofia debate há bastante tempo, tratando do assunto como uma espécie de energia que anima as pessoas, uma energia que oscila gerando ora um estado de foco e produtividade e ora outro de pequenez e desânimo. Freud chama isso de libido, Schopenhauer de vontade, Nietzsche de vontade de potência, Liebniz de elã vital, Spinoza de potência de agir. Mas todas essas construções são construções teóricas. Achei bem interessante ler neste texto uma abordagem bem mais pragmática da questão. Obrigado.

    • Libido não é só para energia sexual?

      Acho que esses conceitos todos falam é de um fluido vital, não necessariamente vinculado à produção…

      • Também achava que “libido” só se referia a energia sexual. Mas essa idéia de que esse termo tenha outras aplicações até que faz sentido: muitos de nós aqui já dissemos – ou ouvimos alguém dizer – que sente “tesão”, ainda que em sentido figurado, em realizar alguma atividade, não?

      • Eu ia citar Schopenhauer mesmo, mas já que alguém chegou primeiro… rs
        E sim, Freud se refere à libido não só como uma pulsão sexual, mas também como uma espécie de “energia vital”, um impulso primordial que faz a gente agir diante das coisas. E quando ele diz que projetamos ou “investimos” impulso libidinal em alguma coisa é bem essa ideia de jogar esse impulso pra fazer alguma coisa acontecer. Nesse sentido, tudo envolve libido, seja lazer, trabalho, obrigações, enfim. Ninguém trabalha sem uma dose de libido envolvida, como também ninguém estuda sem libido no meio e por aí vai.

          • Acho que não foi uma pessoa. Acho que todo o trabalho do Freud foi meio que simplificado e “dividido” entre a parte sexual e a parte do subconsciente/inconsciente. Assim, libido virou uma referência só pra parte da pulsão sexual, embora originalmente fosse o sinônimo pra toda energia psíquica.

  • Sally, eu e vc temos muitas coisas em comum!! Eu super uso “Sbrubles” como minha palavra básica pra algo sem nome, desde sempre!! Nunca tinha visto ninguém falar isso também! Hahaha!

    Agora, em relação ao Sbrubles do texto: dança também enche meu Sbrubles e pessoas ansiosas/negativas minam numa velocidade absurda!! Tanto que até agendei minhas aulas de dança nos dias que lido com mais pessoas, porque pelo menos termino o dia equilibrada!

    E só queria deixar grifado aqui:
    “ou até coisas mais mundanas, como por exemplo, uma maldita calcinha enfiada na sua bunda que você não pode tirar pois todo mundo vai reparar.”
    Hahahahahah!!!

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