Mal não vai fazer…

Sabe aquela pessoa que não é médica, mas palpita na saúde e no tratamento dos outros? Pois é, não seja essa pessoa.

Antigamente essa pessoa não tinha muito poder de interferência, pois, para nos banhar com sua sabedoria leiga, ela precisava se deslocar da sua casinha ou gastar dinheirinho telefonando. Mas hoje, com o advento o whatsapp, a maior concentração de desfavores do mundo digital (sim, ganha do Facebook), os pseudo-doutores, os cientistões conspiradors, os sabichões escondidos atrás do manto da boa vontade podem encher o saco o quanto quiserem. E não ouse você dar um fora, pois “aiiiinn, eu só queria ajudar”. Faz melhor: manda este texto para eles em resposta, assim eles ficam com raiva de mim, não de você.

Quem já ficou muito doente ou já teve um membro da família muito doente com certeza já recebeu uma excrescência dessas, provavelmente via whatsapp, a terra dos que tem muito tempo sobrando e pouca massa encefálica na cabeça: algum tratamento milagroso, desconhecido e caseiro para curar esta doença. Tem de tudo um pouco: bicarbonato cura diabetes, beber água com limão pela manhã cura HIV, graviola cura câncer e por aí vai. Farmácia é coisa do passado, basta ir à feira para se curar de tudo. Neguinho morre por aí porque é otário, é só dar uma passadinha no Hortifruti que seus problemas se acabaram! No dia em que eu foi Presidente do mundo, essas pessoas serão esterilizadas.

Veja bem, vocês acham que se houvesse algum tratamento eficaz contra o câncer alguém se submeteria a uma extenuante, sofrida e torturante quimioterapia? É sério mesmo que falta tanto bom senso assim aos seres humanos? Vocês acham que se existisse tratamento definitivo contra doenças até agora sem cura, como HIV, isso seria de domínio público?

“Ah Sally, é que a indústria farmacêutica esconde, pois não quer deixar de vender remédios!”. Retiro o que disse, quando eu for Presidente do Mundo essas pessoas não serão esterilizadas, serão deportadas. Lançadas em um foguete para Marte, com apenas uma barrinha se cereal e um saquinho para vômito.

Na década de 80, falar uma bosta dessa sem levar uma tijolada na boca até seria uma possibilidade, afinal, era mais fácil esconder as coisas. Porém, quem repete uma asneira dessas nos dias de hoje claramente não sabe como funciona o mundo. Se é idoso, dou um desconto e peço apenas que se atualize. Se é jovem, recomendo internação e Haldol, pois esta alma não está apta a viver em sociedade.

Com internet não há a menor possibilidade de que a cura do câncer já exista mas que isso se mantenha em segredo. E se houvesse, não seria Dona Maria, aposentada, dona de 3 gatos, lê Paulo Coelho nas horas livres, moradora de Valinhos, que teria acesso a essa cura que a indústria farmacêutica quer esconder, não é mesmo? É tão secreto que ninguém sabem mas circula pelo whatsapp!

Mas não. Como costumamos falar sempre, o desempoderado sente um complexo violentíssimo e incontrolável. Gente que não faz a menor diferença para o mundo, que não fez nada relevante, que não deixou sua marca, que leva uma vidinha medíocre, chata e sem reflexão, tenta o tempo todo, a todo custo, se sentir especial. A pessoa sabe algo que os outros oito bilhões não sabem. O desejo de ser especial, mesmo que por alguns segundos, faz a pessoa receber uma bosta dessa no whatsapp e, em vez de se perguntar se é verdade ou não, reenvia, em uma grande diarreia digital.

Apesar de existir gente constantemente vigiando e competindo com a indústria farmacêutica, órgãos de fiscalização, instituições científicas em paralelo que contestam cada premissa e amplo acesso a informação na internet, um grande segredo, os poderes ocultos do limão, vem sendo mantido guardado a sete chaves!

A indústria farmacêutica não permite que divulguem, eles calaram oito bilhões de pessoas, calou instituições inteiras, empresas, organizações científicas, assassinado e silenciando quem ousa fala a verdade sobre o miraculoso limão… exceto Renan, desempregado, leitor de Mangá, morador de Brotas. Ele a indústria farmacêutica não consegiu calar! Ah, vá… São terraplanistas da saúde. Merecem levar uma surra com um gato morto até o gato miar.

O que mais me irrita desses anencefálicos é o pensamento que, para mim, é o suprassumo da burrice nacional: “Vou mandar… mal não vai fazer, né?”. Faz sim, imbecil. Faz mal por tantas vertentes que eu precisaria de um texto inteiro só para explicar isso. Sua substância inofensiva pode até causar a morte da pessoa por interagir de forma danosa com os remédios que a pessoa está tomando.

Para começo de conversa, se tem uma pessoa doente, ela está fragilizada. Ela vai querer acreditar, ela vai se iludir e vai sofrer quando perceber que aquilo não é verdade. Causar um estresse ou um sofrimento para uma pessoa em tratamento de uma doença grave é contribuir para sua morte. Isso se a pessoa não se iludir tanto que larga o tratamento convencional e parte para imbecilidade que você mandou. “Mas Sally, a pessoa pode pesquisar se quiser”. Vou repetir: a pessoa doente está fragilizada. Não é ela que tem que ter discernimento, é você, babaca, que mesmo saudável propaga fake healing.

Empurrar para uma pessoa doente o ônus de pesquisar sobre a veracidade da informação é mais do que covardia, é canalhice. A pessoa vai querer acreditar naquilo. Você vai criar uma falsa ilusão na pessoa, a menos que ela seja muito esclarecida (e se ela fosse esclarecida, não suportaria ser amiga de uma pessoa que acha que bicarbonato cura câncer, não é mesmo?). Então, antes de enviar qualquer uma dessas merdas, pergunte a um médico sobre a veracidade, se o médico não atestar a veracidade daquilo, não mande.

“Ah, mas os médicos tem um conluio com a indústria farmacêutica, eles também escondem a verdade”. Ahãn, entendi. Então, tenho duas perguntas para você. A primeira é o que você sugere, digamos, para uma pessoa que está com câncer? Que ela abandone um tratamento convencional, que se prova efetivo na maior parte das vezes, migrando para um tratamento sem qualquer comprovação e funcione de cobaia ou que se arrisque com um tratamento em paralelo correndo o risco de comprometer o tratamento médico? A segunda pergunta é: você era o conselheiro do Marcelo Resende?

A verdade é que depois de conversar sobre o assunto com muitos médicos, houve um consenso: pode fazer mal sim. Dependendo do que se mande a pessoa tomar, pode intervir nos seus medicamentos, na sua quimioterapia, nos seus antirretrovirais, no seu pós-operatório. Substâncias que, sozinhas, não causam mal algum, combinadas com outras podem virar um veneno, ou até tirar a eficácia do remédio. Uma erva, um chá, qualquer coisa, por mais inofensiva que pareça, pode acabar causando a morte de alguém.

Então, a menos que você seja doutorado em química e tenho uma noção muito precisa do quanto cada substância afeta em cada medicamento, não coloque a vida da outra pessoa em risco nessa babaquice de “mal não vai fazer”. Você não sabe se vai fazer mal ou não. Tem chá que mata misturado com certos remédios, tem quantidade de bicarbonato que detona certos tratamentos, tem coisas que você e seu pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva, não consegue nem cogitar. Tem alimentos que os próprios médicos ainda não tem certeza de como interferem no tratamento, mas Gislaine, assistente social, acredita que a terra é plana, moradora de Feira de Santana, tem certeza absoluta de que mal não vai fazer.

É temerário presumir que “mal não vai fazer”. Faz. Psicologicamente, pois cria uma ilusão em uma pessoa já fragilizada e muitas vezes fisicamente também, interferindo no tratamento. “Mas Sally, se a pessoa não testar, ela nunca vai saber se é verdade ou não…”. Ah tá. Já tomou no cu hoje? Faz assim? Testa VOCÊ, com a sua mãe ou com o seu filho, quando eles estiverem doentes. Depois, se der certo, você espalha, beleza? Nem eu nem minha família seremos cobaias de teoria de whatsapp, enviada por uma pessoa que nem ao menos deve saber nomear os elementos da tabela periódica, mas se acha capaz de discernir o que serve como cura para qual doença.

O pior é que muitas pessoas caem nessas mentiras descaradas de whatsapp e se prejudicam muitíssimo por fazer esses “tratamentos” paralelos, algumas vezes sem sequer dizer ao médico que o estão fazendo, por ter essa convicção de “mal não vai fazer”. Pode fazer sim, pode dar merda. Você não é médico, você não tem como avaliar os riscos. Uma coisa que pode ser inofensiva para todo mundo, para você pode ser a ruína, por causa dos remédios que está tomando. Que o diga uma amiga minha que tá embuchada de gêmeos pois seguiu conselho de whatapp de tomar chazinho para emagrecer que cortou o efeito do seu anticoncepcional.

O me dá mais raiva nesses Testemunhas de Jeová das ervas medicinais é que existe uma camada mais profunda ai, que talvez nem eles mesmos percebam. Um misto de preguiça (sair repassando tudo que recebe sem exercer juízo de valor, pesquisar ou perguntar a um médico) com vaidade (ela vai ser A Pessoa que revelou uma verdade que poucos sabem). Tem que dar uma surra nessas pessoas com uma meia cheia de pilhas!

Passar adiante essas bostas que você recebe por whatsapp (ou informação de qualquer natureza que você não tenha certeza) é como passar diante uma doença venérea do intelecto. Por favor, vamos ter um mínimo de consciência e só repassar o que temos certeza que é verdade? Uma vez que você repassa, isso pode impactar centenas, milhares de pessoas. Tenha responsabilidade com o que você joga no mundo.

Não adianta reciclar, não jogar lixo no chão, se intelectualmente você está jogando toneladas de lixo por aí. Isso não vai parar nas pessoas que você enviou, elas podem enviar para outras 10 pessoas, e cada uma dessas dez enviarão para outras 10 pessoas. Isso pode chegar em uma pessoa humilde do interior que acreditará cegamente e vai fazer disso seu tratamento, e, como consequência, vai morrer. Já pensou nisso? Já pensou que cada bosta dessa que você mandou pode ter matado algumas pessoas?

Mas não, o desempoderadinho… ele não aguenta. Você liga para dizer que sofreu uma fratura exposta, você está lá, com o osso para fora da perna, o fêmur parecendo uma hashtag, artéria coxo-femural rasgada, sangrando feito um chafariz… e a pessoa vai dizer “Passa arnica, resolve tudo”. Sério, por qual motivo estas pessoas não estrão extintas? Elas devem só divulgar, né? Se colocassem em prática essa pseudo-medicina com elas mesmas já teriam morrido faz tempo.

Eu acho que ao dar entrada em Pronto Socorro os médicos deveriam fazer uma triagem, checando o celular: se a pessoa tivesse divulgado uma asneira, só poderiam trata-la com a substância que ela divulgou: se espalhou que graviola cura câncer, deveriam enfiar uma graviola no seu ferimento a bala. Se passou adiante que limão cura diabetes, deveriam usar apenas limão para curar sua apendicite. Se disse que bicarbonato cura HIV, teriam que estancar sua hemorragia com o pó do bicarbonato. Só assim para essa gente aprender.

Estas pessoas desconhecem senso do ridículo, bom senso ou vergonha na cara. Você pode ter amputado o braço, que vem um desses e te diz que se você pingar o floral de whatever, vai nascer um braço novo. Meu anjo, a menos que minha concepção seja fruto da minha mãe estuprada com uma salamandra, não vai acontecer. Mas qualquer argumento médico ou racional para refutar sua maravilhosa cura alternativa é imediatamente contestada com uma conspiração que esconde a verdade da população – e que só essa pessoa e um grupinho de privilegiados sabe.

“Mas Sally, não precisa ficar brava, é só não fazer o que te enviam…”. Não faz mal pra mim, meu anjo. Faz mal pro mundo. Como eu disse, quando você encaminha uma informação desse tipo, você joga ela no mundo. Você não sabe quem, além do seu amigo(a) vai ler. Seu amigo(a) pode enviar para outras pessoas, causando um dano irreparável se algum desavisado resolver seguir sua macumbinha natureba.

Mas, o mais grave e o que mais mal causa ao mundo: A longo prazo, a coisa pode acabar tão divulgada (afinal, a maioria das pessoas é desempoderada e carente, se sente muito bem divulgando “a descoberta” que ninguém sabe) que, por massificação, acaba sendo absorvida como verdadeira. Dá para ter uma noção do poder de um boato muito repetido país que acha que manga com leite faz mal, né?

É assim vocês trabalham para um mundo melhor? Não adianta ir para igrejinha, rezar ou fazer ritualzinho se na horas vagas você está massificando mentiras que podem danificar a saúde de alguém ou até matar, ok? Boa sorte na próxima encarnação, como besouro rola-bosta, terão bastante tempo para pensar no mal que fizeram.

Divulguem este texto para as pessoas sem noção que repassam informações achando que “mal não vai fazer”. Não mandem dos seus e-mails, abram um e-mail anônimo e enviem. Você estará fazendo a sua parte para conscientizar esta pessoa. Se ela fazia por não perceber, pode ser que ela pare.

Estes inconscientes só se permitem agir desta forma leviana por falta de predador, porque ninguém dá um corte violento. Contribua para um mundo melhor e seja você parte da vacina contra esse vírus da desinformação que está assolando a humanidade, quem sabe depois de ler este texto mesmo que os inconscientes não se conscientizam, ao menos se constrangem de mandar esse tipo de bosta pros outros por saber que serão recriminados.

Para dizer que coca-cola com mentos cura câncer, para dizer que suor de mula selvagem cura diabetes ou ainda para dizer que vai enviar isso com o seu nome sim, pois também está cansado do efeito “mal não vai fazer”: sally@desfavor.com

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Comments (50)

  • As pessoas querem tudo fácil. Participo de um grupo de mulheres com SOP o que tem de relatos tipo “estou com dores e outros x sintomas, o que vcs acham?” sempre respondo “acho que vc tem que procurar o médico”. O que era para ser uma troca de experiências acabou virando um monte de gente querendo milagres e indicando remédios e chás.
    Já tive experiências positivas com tratamentos alternativos mas como vc disse sempre com aval do médico.

    • Sim, Sissy, as pessoas querem solução milagrosa e consulta gratuita. Pagam uma fortuna em celular, mas na hora de cuidar da saúde, fazem esse tipo de coisa.

      O ser humano, ele tem que acabar.

  • Esse texto veio em ótima hora. Sempre que recebo essas aberrações, mando só “é mentira.”, mas parece que isso não é suficiente. Enviando o link em 3, 2, 1.

    • Isso, Luísa. Envia. Se tem alguém mandando essas besteiras por não perceber o que está fazendo, talvez reflita depois desse texto. Os arrogantes continuarão, mas se ao menos um filho duma égua parar, já é um começo para um mundo melhor.

  • Jurava que já tinha lido esse mesmo texto aqui antes… recomendo nunca ir a um terreiro, lá os guias só recomendam ervas e coisas naturebas…. realmente é um risco que recai sobre os médiuns caso alguém não passe bem…. eu pedi para meus amigos espirituais não fazerem esse tipo de recomendação…. enfim, cada um cada um…

    • Tender, fazer em paralelo com aval do médico eu não vejo problema algum. O que eu acho temerário e vender uma cura milagrosa e inofensiva para uma pessoa que está desesperada. Fé ajuda na cura, isso está comprovado. O que não pode é fazer da fé uma inimiga dos medicamentos, é para somar forças.

      O objetivo do texto não é dizer: nunca usem nada alternativo. É dizer nunca usem nada alternativo, por mais inofensivo que pareça, sem aval do seu médico.

  • Essas conspirações de “indústria farmacêutica está escondendo”, “indústria do câncer”, essas merdas me dão nos nervos. Não consigo levar conspiracionistas a sério.

    Mas na minha opinião tem coisa pior que induzir a pessoa a tratamentos alternativos que vão esculhambar com tratamentos reais: induzir a pessoa a não se tratar/não se prevenir. Já vi campanhas contra a vacina da febre amarela, contra a vacina do HPV, contra a vacina da gripe A, e por aí afora. O motivo é quase sempre o mesmo: a pessoa que alerta fica sabendo da “grande verdade que tentaram esconder”, e que “os tratamentos são feitos pra matar todo mundo”. Triste que a internet seja utilizada na maioria das vezes como pulverizador de ignorância

    • Guilherme, é questão de raciocínio. Se eu descubro a cura do câncer e patenteio o remédio, eu vou ser uma das pessoas mais ricas do planeta. Posso escrever um livro, ser entrevistada pelo mundo todo, ter meu nome entrando para a história como a pessoa que curou o mal do século… Mas não, em vez disso, eu prefiro espalhar minha maravilhosa descoberta pelo whatsapp! Não faz o menor sentido, né?

      Gente que desencoraja remédio ou vacina tem um grau de ignorância que eu não sei lidar, já tive que conviver com pessoas assim, não consigo respeitar, não consigo argumentar. O pior é que são pessoas com acesso a informação, gente que tem subsídios para ser melhor do que isso, mas é tão carente, tem um buraco na autoestima tão grande, que topa deixar de lado a razão para se sentir especial, detentores de um conhecimento que poucos tem.

  • Sabe o que esse texto me lembrou, Sally? Aquele texto que havia escrito a muito tempo atrás aqui no desfavor sobre diabetes. Lá atrás eu já dizia que dá uma puta raiva de gente que sequer sabe como funciona a doença e vem dar pitaco com a erva milagrosa, o chá de não sei o que, ou mesmo dizer que “não, come só um pedacinho, não vai fazer mal não”. Dá raiva de a pessoa ser ignorante, misturando também com uma putez de ter que explicar algo que pra ti é tão básico, tão banal. Melhor dizendo: falta de paciência!

    Como disse naquele texto – e aliás, se me permite dizer de novo porque informação nunca é demais – se o sujeito está na fase inicial da doença, ainda se acostumando com as agulhadas e insulinas, e com a glicemia toda zoada, pelamor de deus, NÃO FORÇA A BARRA! Um pedacinho qualquer de um docinho pode zoar pra valer a glicemia, e é uma luta pra conseguir controlá-la.
    Já se o sujeito já está habituado, tem seu controle bem especificado, bem rígido e segue à risca seu tratamento, seja qual for (contagem de carboidratos + insulina ultra rápida/bomba de insulina/dieta restritiva de carbs…) ainda assim também não force a barra poo!

    É foda a tal da ignorância se espalhando amplamente. Mais foda ainda perceber que, junta a carência no meio, só dá merda.

    • Pois é, já é ruim quando falavam no boca a boca, agora que a coisa viraliza e é divulgadas de forma desenfreada ficou muito perigoso!

  • “tomar chazinho para emagrecer que cortou o efeito do seu anticoncepcional.” Minha nossasinhora dos catarrentinhos! Essa eu não sabia. Eu sei que o que corta efeito de anticoncepcional é caganeira, alguns remédios pra gripe, alguns antibióticos… mas chá? MEDO

  • Tipo aquele vídeo secreto da Nasa que está no Youtube e você precisar assistir rápido antes que derrubem ele.
    O vídeo foi postado em 2008 e continua lá.

    • A NASA foi enganada por Pedro, 19 anos, cursando zootecnia, toma florais, morador de Bauru, que postou um vídeo exclusivo que eles tentavam esconder! Que coisa, não?

  • Sally, mas e quando esses tratamentos alternativos partem de um médico formado em instituições de renome? O dr. Lair Ribeiro é famoso por seus tratamentos pouco convencionais e por recomendar alterações alimentares drásticas, que a maioria dos médicos condena, para combater doenças graves como diabete, câncer e até depressão. E o pior é que o cara estudou na Harvard. O Dr. Rey também é um médico que recomenda a dieta paleolítica para as pessoas, principalmente como uma cura para a obesidade.

    Quando nem a comunidade médica entra em um consenso, em quem mais nós devemos acreditar?

    • Quando um médico da sua confiança recomenda, não vejo problema. Ele está ciente da doença e dos remédios que a pessoa toma.

      • Você tem alguma opinião sobre o Dr. Lair Ribeiro, especificamente? Ele tem a maior pinta de charlatão (trabalha com autoajuda, o que é suspeitíssimo), mas possui um background educacional e profissional assombrosos. Acho que foi ele que começou a propagar essas ideias da água com limão, água dos milagres e modulação hormonal que abundam nos grupos de whats hoje em dia. Eu sofro de uma doença cujo único tratamento é uma cirurgia de alto risco, de acordo com os médicos com quem eu me consultei. Mas, segundo o Dr. Lair Ribeiro, meu problema pode ser facilmente solucionado com seus suplementos naturais. A tentação de largar o tratamento convencional para seguir suas orientações vanguardistas é grande, já que ele é um profissional de saúde legítimo. Ao mesmo tempo, estou com a pulga atrás da orelha (uma voz que me diz que vai dar em merda) e não quero arriscar piorar ainda mais, pois só eu sei o quanto esses dias têm sido difíceis. Se alguém aqui for da área de saúde e puder me dar uma opinião sobre o dr. Lair, eu agradeço efusivamente.

        • Tem vários médicos aqui, já já vem alguém te orientar melhor.

          Minha opinião: consulte o seu médico de confiança e veja se fazer o tal tratamento em paralelo pode prejudicar você. Se não prejudicar, tenta antes de fazer a cirurgia radical. Não sei quem é Lair Ribeiro, mas se puder, faça uma pesquisa para ver se ele tem processos judiciais pendentes na internet. Às vezes, como o nome todo da pessoa você acha cada coisa…

          • Não confia não, Max. Esse cerumano aí não tem pinta de charlatão, ele tem a pele inteira! Nunca confie em um profissional da saúde que se apresenta dizendo como ele é o melhor da sua área, o “único brasileiro” num grupinho internacional fechado, o “topzera”. Aliás, esse post inteiro podia ser sobre essa pessoa!

            E já que a Sally citou a pessoa, o Marcelo Rezende foi tratado pelos métodos desse “””””doutor””””.

          • Dr. Lair Ribeiro é aquele mesmo “da água alcalina” e sem registro paulista de médico (caso Marcelo Resende ?) ! Lembrei dele ontem mesmo, espero ter ajudado como leigo…

            • Eu nem sabia que era preciso ter um registro de médico para cada estado, pensava que o diploma de medicina de qualquer cidade era válido no Brasil inteiro. O que mais me choca é a alta formação do sujeito, mas ainda bem que desconfiei da ladainha de político dele e resolvi perguntar a vocês. Agradeço muito pelas informações!

  • Meu sobrinho teve câncer com dois anos. Tratou, lutou, operou, fez quimio, radio, mas o tumor dele era muito agressivo, tinha taxa baixíssima de sobrevida e ele acabou falecendo aos 4 anos, em decorrência de uma pneumonia (que se agravou pela baixa imunidade, consequência dos tratamentos).

    No decorrer desses dois anos, mais de uma pessoa começou a encher a orelha da minha mãe (tia do menino) sobre os poderes ocultos do bicarbonato de sódio. “A indústria farmacêutica não deixa as pessoas saberem do bicarbonato”, diziam. Uma pena que essas pessoas nunca vieram falar bostinha pra mim. Até mesmo por que elas iam levar o susto da vida delas quando eu contasse que o menino tomou bicarbonato na veia, como parte da quimioterapia, como medicamento antimetastático. Ninguém precisou me contar, pois eu conferia TODAS as drogas aplicadas quando acompanhava a quimio.

    Em determinado momento do tratamento, os médicos o desenganaram e mandaram para casa, com 20 dias de vida (esse tumor necrosou durante a radio). Um dia em que a família toda foi vê-lo, a irmã da mãe da criança disse que tinha ido até o fim do mundo comprar uma fruta que ela tinha lido na internet que curava todos os males. Ela queria que a mãe a desse para o pequeno. Quando ela começou a manusear a fruta, não teve coragem de dar (era babenta, tinha uma aparência doentia e um cheiro amargo). A irmã ficou ofendidíssima, pois havia pagado caro. Achou ruim.

    Toda vez, eu juro, TODA VEZ que vejo algum retardado compartilhando bosta de água alcalina, cura com ervas e conspiração no Facebook, tenho vontade de atear fogo na pessoa. Meu sobrinho ficava em creche desde bebê, tinha alimentação controlada, na última escola que ele estudou tinha restrição de lanche, comia frutas todos os dias, na medida do possível tinha alimentação fresca e era uma criança ativa. Dá vontade de esfregar a história no nariz da pessoa e dizer “agora me fala, seu filho de uma puta inchada, me fala que uma CRIANÇA DE DOIS ANOS ficou doente por negligência dos pais, ou por se alimentar errado, ou por essa caceta de sangue ácido, fala na minha cara”.

    E se você corrige, pesquisa e desmente, puta que o pariu, você sai de errada. Você é ruim. “Duvido que se fosse você ou alguém da sua família você não ia aceitar qualquer coisa”. É JUSTAMENTE ESSE O PROBLEMA, no desespero se aceita qualquer coisa. Até fosfoetanolamina cogitaram arrumar para o meu sobrinho. E eu aconselhando, melhor não, não funciona. Felizmente meu irmão e minha cunhada foram bem equilibrados até o fim, para evitar o sofrimento do filho.

    Desculpa pelo desabafo. Mas seu texto vem bem a expressar o que sentem as famílias que já sofreram com doenças e sabem quão levianas são essas afirmações.

    • Ligia, seu relato é extremamente importante. Pessoas doentes e suas famílias ficam fragilizados, fazer isso é uma puta covardia.

      Agua alcalina, bicarbonato, graviola, limão ou fruta magica que cura todos os males, não importa o nome que se dê, são mentiras que causa dano, que fazem mal.

      As pessoas tem que entender que elas são responsáveis pelo que divulgam e que divulgar bostas como essa, além de minar sua credibilidade, faz mal a quem recebe.

  • Tenho um lado meio hippie, adoro fitoterapia e é justamente por isso que não repasso esse tipo de informação e evito indicar coisas até pra quem me pede. Quem já observou (ou viveu, no meu caso) o efeito que um chá aparentemente inofensivo pode causar interagindo com outras coisas pensa duas vezes antes de falar.
    Nem os chás mais popzinhos por causa da vibe termogênica estão livres de efeitos colaterais. Chá de gengibre, por exemplo, tende a afinar o sangue e pode causar efeitos adversos se interagir com uma simples aspirina. E tem outros chás aparentemente inofensivos que causam efeitos medonhos quando interagem com alcool (não precisa ser uma bebedeira, basta uma dose bem pequena), de deixar gente de cama por dias. Plantas são a fonte do princípio ativo de um monte de remédios, mas têm várias outras substâncias de brinde e nem todas vão causar o efeito que a criatura quer. Com o estilo de vida que a maioria das pessoas leva, é muito melhor usar um remédio que tem os princípios ativos necessários isolados e foi receitado por alguém com conhecimentos médicos e químicos.

    • Paula, você falou em gengibre e eu lembrei de uma conhecida que fez todo tipo de tratamento para engravidar e quando finalmente conseguiu, fez o desfavor de provocar um aborto em si mesma, sem querer, pela ingestão de chá de gengibre…

      • Que horror!
        E pensar que ela não precisaria passar por isso se tivesse consultado o médico antes de tomar o chá… pior ainda se tiver sido indicação de alguém. Espero que da próxima vez fique mais esperta!
        Quem quer tratar plantas e chás como remédio na hora de se aliviar tem que tratar como remédio como um todo e lembrar que tem efeitos colaterais. Pior ainda, lembrar que esses efeitos não estão numa bula e são menos previsíveis, já que todo mundo só fala dos benefícios. Sinto muito por sua conhecida!

    • Fitoterapia é muito amor, Paula! Eu adoro também. Mas precisa de alguém (médico) que saiba o que está fazendo.

      Quanto aos chás emagrecedores “inofensivos” também conheço uma que, ao não querer engordar na gravidez, provocou um aborto espontâneo com chá de hibisco.

  • Uma fruta que interfere em medicamentos e que em excesso pode te dar problemas é o Pomelo, amplamente consumido na Argentina. É uma fruta que é ruim de um jeito bom, ou boa de um jeito ruim, ainda não decidi.

  • Pior ainda quando a (des)informação parte de gente influente, uma fanática que trabalha por aqui não tomou a vacina da febre amarela, porque o pastor disse que a vacina não cura nada, e que tomar a vacina vai acabar com o casamento dela(eu também não entendi qual a relação de uma coisa com a outra, mas enfim, esse povo não precisa de lógica).
    Resultado: Estamos todos aqui torcendo pra que ela pegue uma gripe comum, pense que é febre amarela, e o pastor mande ela enfiar alguma coisa no cu pra ser curada.

  • Dessas mensagens do whats, o pior tipo é a que usa o nome de algum médico (ou inventa um nome) que exerceria alguma chefia em um hospital existente e famoso para passar essas informações sem fundamento. Porque acaba dando um ar de “credibilidade” para a mensagem e aí que a pessoa nem se importará em checar mesmo!

    Observando o comportamento das pessoas mais velhas próximas, me parece que se elas acham a pessoa que mandou a mensagem minimamente esclarecida, acreditam que aquela informação repassada não pode ser mentirosa, que a pessoa não faria isso com “seus amigos do zapzap”.

    • Pois é, é um perigo.

      Gente mais velha é de um tempo onde só se publicavam informações em jornal, ou seja, tudo era verificado, checado.

      Eles ainda não tem o mindset de internet, de perceber que agora qualquer pessoa mente ou fala qualquer merda. Acabam acreditando em tudo.

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