Versão brasileira.

O ano era 1947. A Segunda Grande Guerra terminara há pouco, e o mundo pensava em como lidar com os judeus que se acumulavam nas terras palestinas. Os britânicos, donos do território árabe, mantinham uma política de bloqueio de imigração para manter a região minimamente estável. A recém-criada ONU sugere a criação de um estado judeu na área. Os britânicos se negam, pois estavam sendo atacados por terroristas judeus há vários anos. Com a recusa, surge um novo plano: criar um Estado judaico na América do Sul, mais precisamente no Brasil.

O lugar escolhido é o Mato Grosso, um estado brasileiro maior que quase toda a Europa. O local tem muitos recursos naturais e espaço de sobra, pela presença quase nula da população local. O presidente brasileiro, Gaspar Dutra, nascera em Cuiabá e gostava bastante da ideia de dar ocupação para as imensas terras mal administradas ao sul, terra sem lei como conhecera por toda sua vida. Com a promessa de grandes aportes de dinheiro vindos dos cada vez mais abastados judeus norte-americanos para ajudar o desenvolvimento local, o país acaba apoiando a ideia.

No final de 1947, chegam as primeiras famílias, na região de Campo Grande. Recebidos com hospitalidade pelos locais, os judeus rapidamente começaram a montar suas fazendas e colônias no interior do estado. O estado judeu, chamado de Nova Israel, ocuparia toda a parte sul do Mato Grosso. Segundo o acordo, os moradores originais da região receberiam cidadania dupla e poderiam escolher livremente se voltariam para o Brasil ou se ficariam em Nova Israel, seguindo o novo governo local. Poucos nativos fizeram a mudança para fora de suas terras, mesmo com a promessa de gordas indenizações pela desapropriação de suas terras.

Para os judeus, nada daquilo incomodava. Os poucos brasileiros com cidadania dupla em seu novo país pouco ou nada interviam na nascente organização estatal de Nova Israel. Apenas alguns poucos fazendeiros ainda mantinham poder local, mas esses eram rapidamente convencidos a vender suas terras por um número cada vez maior de judeus europeus e norte americanos com carteiras tão grandes quanto seus interesses em ocupar Nova Israel.

Durante a década seguinte, o novo Estado judeu cresceu a olhos vistos, em imensa harmonia com a economia sul-americana. Um gigantesco influxo de judeus de todo o mundo dirigindo-se para Nova Israel, e todas as obras de infraestrutura e importações necessárias para o novo país geraram negócios e mais negócios para o Brasil e outros países vizinhos. Enquanto isso, a fértil e extensa área local fomentava a agricultura, cujos trabalhadores vinham em massa dos vizinhos, especialmente descendentes de escravos e imigrantes europeus. Os EUA e a Europa investiam pesadamente, transformando Nova Israel num dos maiores produtores rurais do mundo.

Nos anos 60, começou o processo de militarização de Nova Israel. Sob o argumento de não permitir mais que seu povo sofra ameaça de extinção, Nova Israel importa equipamento militar dos EUA e solidifica o controle regional durante a Guerra Fria. As primeiras incursões em solo paraguaio iniciam-se em 1964. O presidente do país vizinho recebera a acusação de estar se aliando com o regime soviético, dando sinal verde para Nova Israel avançar suas fronteiras em alguns quilômetros rumo ao território guarani. Os paraguaios recebem mal a notícia, e começam a criar atritos constantes na região. O recém-instaurado regime militar brasileiro dá sinais de contrariedade aos desejos expansionistas de Nova Israel, vendo ali uma oportunidade de reestabelecer dominância regional.

O governo brasileiro denuncia Nova Israel, dizendo que as acusações de comunismo contra o Paraguai são falsas. Nova Israel responde fechando suas fronteiras com o Brasil e revogando a dupla cidadania dos brasileiros originais da região. Em 1968, começa a Segunda Guerra do Paraguai. Nova Israel invade o país vizinho com apoio americano, praticamente sem resistência. Brasil, Argentina e Chile se unem para defender o regime paraguaio. A guerra é declarada. Incapazes de manter dois frontes de guerra ativos, pois já estavam no Vietnã, os americanos decidem entregar uma parte de seu arsenal nuclear para o governo judeu.

Sob ameaça de retaliação nuclear, a campanha de invasão de Nova Israel pela coalizão ABC (Argentina-Brasil-Chile) não dura mais que uma semana. As fronteiras permanecem militarizadas, com uma batalha diplomática complexa travada nos bastidores. Os EUA tinham interesse em manter os regimes latinos sob controle e resistentes aos assédios comunistas, mas também não poderiam perder o controle do continente através do enfraquecimento de Nova Israel. Em 1970, é realizado o tratado de paz na região: Nova Israel ganhava o direito a avançar suas fronteiras em direção ao Paraguai e ao Brasil em troca de um plano de expansão econômica e de infraestrutura em todo o continente financiado pelos EUA. Os ditadores dos três países são depostos em menos de três anos depois da assinatura do tratado.

O que se segue é uma expansão econômica como prometida, mas focada na economia judaica. O poderio militar de Nova Israel torna-se invejável, colocando-os como terceira força mundial já nos anos 80. As democracias sul-americanas são reestabelecidas, mas sob forte controle de Nova Israel. Em 1978, o país dos judeus já ocupa quase a totalidade do Mato Grosso, inclusive no norte, o Paraguai e metade das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Argentina e Uruguai cedem os quilômetros restantes de Nova Israel, agora um dos maiores países do mundo em área. Com o suporte de Nova Israel, os EUA vencem todas as guerras de atrição contra a União Soviética, forçando a dissolução do regime comunista nos primeiros dias de 1981.

O Brasil definha rapidamente, dependendo de Nova Israel para praticamente tudo. Argentinos e Chilenos montam uma resistência maior, mas logo acabam sufocados pelo poder econômico dos judeus. O Banco Nova Israel torna-se a maior empresa do mundo em 1989, com valor de mercado superior ao PIB de todos os outros países da América do Sul combinados. Mesmo com grandes objeções de outros países, principalmente os europeus, Nova Israel anexa o restante do Brasil, junto com o Uruguai e a região de Buenos Aires na Argentina no final de 1994. Em 1996, pela primeira vez, a economia de Nova Israel ultrapassa a americana. Nos EUA, cresce um movimento de resistência contra os judeus, que é logo tachado de ressurgimento do nazismo pelos líderes de Nova Israel. Os dez anos seguintes são tomados por uma escalada militar sem precedentes nas Américas. Os arsenais nucleares de EUA e Nova Israel ultrapassam com folga os da época da Guerra Fria.

E então, o primeiro israelense descendente de brasileiros é eleito primeiro ministro de Nova Israel. E o resto todos vocês já sabem, crianças: Nova Israel perde 80% do território e poderio econômico em dez anos, começa a Grande Guerra do Fim do Mundo e a América do Sul continuará uma área radioativa pelos próximos mil anos. Mas a lição importante aqui não pode ser esquecida: jamais se misturem com brasileiros. Não se esqueçam de ler sobre a criação da Nova Israel do Oeste para a próxima aula, ok? Dispensados!

Para dizer que previu tudo, para dizer que não previu nada, ou mesmo para dizer que se amarra em história alternativa: somir@desfavor.com

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