Campo inimigo.

A Copa do Mundo se aproxima, e com ela, uma série de desfavores. Não precisa de notícia, o tema vai te encontrar logo logo. Desfavor da semana (e do próximo mês).

SALLY

Muita coisa ruim aconteceu esta semana, entre elas, uma especialmente grave: Yellowstone, talvez o único potencial desastre natural capaz de extinguir a humanidade, parece estar acordando. Mas nada, meus amores, nada se compara com a desgraça que nós escolhemos. Se Yellowstone entrar em atividade, vamos todos morrer, e isso é bem mais agradável do que enfrentar as macaquices de Copa do Mundo que começam a despontar!

O comportamento macaquito está no ar! Uma hipervalorização do futebol, somada à perda de dignidade e um prazer quase sexual em importunar o próximo. Cornetas e fogos começam a dar as caras. O ritmo de trabalho desacelera. Neguinho já programa o churrasco. As primeiras unhas pintadas de verde e amarelo aparecem. Sim, meu amigos, o que nos espera é estética e auditivamente desagradável.

Desde o lançamento de uma catuaba que vira uma Vuvuzela (que é para neguinho muito bêbado ficar assoprando essa merda a madrugada toda), até o banimento do Canarinho Putaço como mascote oficial da Seleção Brasileir:, a semana foi permeada por muitos desfavores relacionados à Copa. Em poucos dias essa danação vai crescer exponencialmente e o país ficará monotemático. Não basta apenas só falar sobre futebol, como ainda é necessário falar aos berros.

O contraponto disso é gente pau no cu cagadora de regra que se refere à Copa com desdém intelectual chamando de “pão e circo”. Gente que prestigia coisa muito menos digna que futebol tá tirando uma onda… Pão e circo fazem parte da vida, é indispensável ao ser humano um momento de lazer e distração. Francamente, se valer do fato de não gostar de futebol para lacrar desta forma, inferiorizando todo mundo que gosta, é de uma insegurança sem fim.

Na dicotomia brasileira média, ao que tudo indica, você pode aderir a dois extremos: ser o debilóide que grita, quebra coisa e enfarta todo pintado de verde e amarelo durante o jogo ou desprezar profundamente tudo relacionado a isso, inferiorizando quem assiste. São os dois lados de uma mesma moeda muito pau no cu. Não existe equilíbrio, não existe um caminho do meio onde se aprecia o evento. A polarização chegou ao futebol.

O mais engraçado é que parece só ter sobrado o lado ruim das Copas, ou seja, as pessoas, em especial o torcedor brasileiro macaquito. Um exemplo: vocês sabem qual é a música da Copa? Eu ainda canto Waka Waka se alguém me perguntar. Foi a música da Copa de 2010, quase uma década atrás e o refrão era em fuckin´ dialeto africano chamado “pidgin”. Não toca em nenhum lugar faz tempo.

Ainda assim, eu canto fácil Waka Waka (e danço também, mas não me orgulho disso) e não tenho a menor ideia da música desta Copa. Assim como não tenho ideia do nome da bola da Copa, do mascote ou das cidades dos jogos. Ou seja, o circo está um pouco deficiente. É uma Copa realizada em um país sem a menor tradição em futebol, com um clima ingrato, com homofobia comendo solta, ameaça de atentados. Como espetáculo, deixa muito a desejar.

Mas a Copa, como espetáculo, estar caída não é o pior. Quem surge em tempos de Copa? Ele, o Inaposentável, o de Vida Eterna. Mum-Rá? Não, Galvão Bueno. Em breve, sentiremos toda aquela demência senil do Galvão Bueno nos nossos ouvidos. Mesmo que você esteja com a TV apagada, chegará até você, pois o brasileiro médio tem uma compulsão por escutar a TV 10 vezes mais alto do que necessário e o Galvão por falar 20 vezes mais e mais alto que o necessário. Então, as inconveniências, descontroles emocionais e burrices vão respingar até em quem estava em casa quietinho. Não tem jeito, em Copa do Mundo o Galvão Bueno alcança a todos.

Obviamente, como em qualquer evento, teremos fogos. O brasileiro é um primata piromaníaco. É indispensável para sua comemoração invadir o espaço auditivo daqueles que vivem em seu entorno: gritos, cornetas e os onipresentes fogos. De preferência, depois de ter bebido bastante, que é para ser com emoção, com aquele risco do little monkey apontar a porra do rojão para sua janela em vez de apontar para o alto. Tão rindo? Quem é mais velho sabe que já teve brasileira chegando à revista Playboy por soltar um rojão errado, não duvidem de nada neste país.

Vai bater um patriotismo cafona nas pessoas. Mesmo em quem costuma ter bom senso. Acho que o maravilho mix de sangue índio + escravo + português grita de alguma forma. Uma coisa é apreciar um esporte com dignidade, outra é uma horda de comovidos com orgulho de semi-analfabetos que ganham milhões para chutar uma bola batendo no peito feito orangotangos e gritando elogios. Deve ser por isso que o Brasil não tem nenhum Nobel, ter Neymar parece bastar para encher o peitinho dos BM de orgulho.

E, é claro, para mim Copa do Mundo tem todo um sabor especial. Argentinos viram automaticamente inimigos. Não é “rivalidade” como gostam de falar, é inimizade mesmo. Em tese, esse povo malemolente e hospitaleiro diz que é rivalidade, mas comem de porrada, com cadeirada e paulada na cabeça, quando chega a hora do jogo, principalmente depois de beber umas e outras. A coisa mais agradável que escuto é “piranha” e “puta” (daí pra baixo) se ousar transparecer minha argentinidade.

Minha seleção está um lixo, provavelmente vai sair logo depois da oitavas. Três jogadores já foram cortados por contusão (sendo um deles, vejam só, o goleiro!), enquanto a porra do Higuaín tá lá, inteiro e felizão. Minha seleção foi mal escalada pra caralho, como sempre, pensando nos caprichos desse anão autista que só joga bem na Europa. Mas, acima de tudo, minha seleção não merece ganhar porra nenhuma, o que não quer dizer que não possa ganhar, 1978 já nos deu experiência suficiente para saber onde deposita para fechar essa transação. Então, nesta Copa, encararei como experiência antropológica.

Preparem-se, amiguinhos. É hora de ver a macacada feliz, como se futebol fosse algo 100% honesto onde vence o melhor. Como se a penca de escândalos de compra de votos, de compra de chaves em sorteios com bolinhas quentes e frias, como se toda a merda envolvendo desonestidade no futebol que já se comprovou não existisse. É a pátria de chuteiras, porque brasileiro é assim: para ser considerado “torcedor de verdade” você tem que chegar a um patamar indigno de descontrole, infantilidade, despreparo emocional e negação. Passionalidade e irracionalidade como mérito. Parabéns, Brasil!

Aproveitem os próximos dias, depois o país ficará monotemático e ainda mais brega.

Para dizer que está muito feliz pelo Higuaín escalado, para dizer que já está com o bonequinho de vudu do Neymar na mão ou ainda para dizer que tudo vale a pena para não precisar trabalhar: sally@desfavor.com

SOMIR

Não vou negar, eu gosto mais da Copa do Mundo do que deveria. Vão ser dias de produtividade comprometida, porque alguém tem que assistir aqueles jogos entre seleções desconhecidas que nem o narrador tem empolgação para vender… mas, o que diverte cada um não está em discussão, e sim o clima gerado pelo evento, especialmente no Brasil.

Porque não se enganem, todos os povos que colocam futebol como seu esporte principal (vulgo a maioria) ficam mais empolgados na época. Especialmente aqueles que torcem por seleções com alguma chance. Essa baboseira ufanista espalha-se como vírus pelo mundo e nem mesmo os povos mais “dignos” se controlam. Competição esportiva é uma fórmula de sucesso para gerar interesse e babaquice mundo afora.

Ei, um pouco de babaquice como torcer para onze marmanjos chutarem uma bola dentro de um gol não tem nada de mais. A vida tem que ser mais divertida e descontraída do que só o que consideramos verdadeiramente sério. Já comecei me dizendo culpado de dar mais importância à Copa do que ela deveria justamente para não criarmos a ilusão aqui que estamos nos colocando num pedestal intelectual ou algo do tipo. Acha divertido? Aproveite! A vida não tem muitos desses momentos normalmente.

Mas quando olhamos para a forma como o brasileiro lida com a Copa, vale um pouco mais de atenção. Sally foi no alvo relembrando todos os desfavores que vão nos perseguir pelo próximo mês, mas tem mais uma coisa que eu ando notando: o brasileiro parece cada vez mais estar “fingindo” empolgação com o evento. A Copa de 2018 é uma das menos badaladas nos seus dias anteriores que eu já presenciei. Quando começar, vai ser a baderna de sempre (na medida que a seleção brasileira avançar), mas o que veio antes sugere uma mudança nos ares.

Pode ser impressão minha, mas a Copa está virando algo como Dia das Mães e Dia dos Namorados… uma data essencialmente comercial que as pessoas meio que se obrigam a celebrar. Não necessariamente porque sentem algo especial na data, mas porque é assim que as coisas funcionam. O hábito é poderoso numa sociedade. Como a seleção canarinho (um minuto de silêncio pelo canarinho pistola na Rússia) é uma das favoritas a ganhar desde a década de 50 do século passado, e como ao contrário de outras áreas onde o Brasil vive ganhando (como assassinatos e desigualdade social), nessa outros povos também se importam com o título, é até meio estranho simplesmente não dar bola para a competição.

Caso vocês não saibam, a maior torcida do Brasil não é do Flamengo ou do Corinthians, e sim do Caguei FC: a maioria da população brasileira que não torce pra time nenhum e nem liga tanto pra futebol. Os dados apontam nessa direção desde que se começou a fazer essa pergunta nos censos e pesquisas. Durante a Copa fica mais fácil ter um favorito, mas durante os outros três anos e onze meses do ciclo, o amor pelo futebol não é tão grande assim. Por isso eu comparei com outras datas estritamente comerciais: namorados(as) e mães que nem valem tanto assim ganham presentes e comemoram a data do mesmo jeito, por puro hábito e pressão publicitária.

No final das contas, o que mais vale na Copa é vender TV e desovar estoques de brindes verdes e amarelos. Para o cidadão comum, alguns feriados e um pouco de paz no trabalho. Mas no passado isso parecia um pouco maior… as pessoas pareciam mais animadas com o evento e o tema era mais proeminente na mídia. A minha teoria é que a Copa sofre com o mesmo problema da TV tradicional: a população média tem muito mais opções ao seu dispor e começa a perder interesse no processo. Dada a opção, muitos brasileiros preferem não dar bola para o campeonato na Rússia até serem confrontados com isso.

E se com a opção, tantos decidem se importar menos, é de se considerar se no passado não teriam tomado a mesma decisão caso existissem opções. Se essa união nacional não era apenas a expressão da limitação das opções de lazer e cultura de um povo antes da internet e dos celulares. Porque se essa teoria está certa, toda a macaquice que vem por aí é ainda pior: não é nem mais o verdadeiro gosto do povo, e sim só uma inevitabilidade baseada numa data. É a propaganda da data comercial mais uma vez definindo o comportamento popular.

Nesse caso, o carnaval fora de hora e todas as chatices às quais seremos expostos nos próximos dias… existem apenas por convenção. O que até explica porque tanta gente fica tão focada em infernizar os sentidos alheios ao invés de ir ver os jogos, como pessoas como eu. Eu não são obrigado a ver a Copa, eu não sou obrigado a conhecer 90% dos jogadores que vão estar lá, muito menos ter qualquer ideia sobre os favoritos e os coadjuvantes… mas, como eu gosto do evento e não preciso ser cooptado pelo espírito comercial dele, eu posso fazer tudo isso com o máximo de dignidade e noção completa do valor disso na prática (zero).

Se eu quisesse encher a cara e não trabalhar, eu poderia fazer em qualquer outro momento. Até por isso posso escolher curtir os jogos em paz, sem o desespero de aproveitar o passe livre para macaquices tupiniquins que é dado nesses tempos. Quando é uma escolha sua, você se concentra nela para tirar o máximo. Mas como o brasileiro sequer cogita que na verdade a grande maioria da população está cagando baldes para a Copa, o clima ufanista consegue passar por debaixo das defesas e contaminar qualquer um caso a seleção jogue bem e ganhe o título.

E não estamos na hora certa de sermos iludidos a gostar de novo desse país. A putez do povo está lentamente corroendo as bases das estruturas de poder, num processo que inevitavelmente seria longo, mas que quase com certeza não é visto assim. Só nos resta torcer para que a seleção fracasse de forma retumbante. O que é um saco, porque eu só queria ver meus jogos em paz…

Para dizer que daqui a pouco eu volto ao horário certo depois de dar a volta pela madrugada, para me chamar de burro por gostar de futebol, ou mesmo para dizer que se a Argentina cair primeiro, tudo vai ter valido: somir@desfavor.com

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Comments (40)

  • Desculpem o comentário tardio, mas devo dizer que concordo muito com vcs. Sou a favor do prazer de torcer – pra quem quer e tem saco pra isso, que gostando ou não gostando de copa, todos possam conviver em paz. O problema é que o BM não sabe torcer civilizadamente – o que é um sintoma de uma sociedade (mal) acostumada a demonstrar alegria de forma exacerbada (uma forma hipócrita de disfarçar a própria miséria e infelicidade) e assim tome gemer alto na hora do sexo pra “provar” pra vizinhança que o casal é feliiiiiizzzz na cama, colocar aquele som alto estuprando os ouvidos dos outros pra mostrar que tá “apaixonado”, “feliz” dentre outras coisas, e como a copa tá aí, tome foguetório para mostrar uma felicidade que na prática não existe. Ouvi dizer de alguém que “quem é feliz não enche o saco”, coisa que concordo plenamente. O BM adora encher o saco dos outros, logo… Felicidade passa longe. E sobra falta de educação. É possível torcer com educação, mas pro BM isso não existe (ou é coisa de “gente fresca”). Por isso tô quase torcendo abertamente contra, pois só assim se pode ter paz e silêncio por aqui… E ainda reclamam porque BM tem a fama de mal educado que tem hahaha

    • O BM vive de ostentar. Relacionamento tá uma merda? Vai em rede social postar foto exaltando o quanto o casal tá feliz. Tá com a conta no negativo no banco? Posta foto de comprinha ou de bens. É muito lamentável. Só sabem demonstrar felicidade ou alegria fazendo muito barulho, que é para o mundo saber. Vai ser um mês de vuvuzela, corneta, gritos e fogos.

  • Gosto de futebol, mas detesto ufanismo. Acho um barato assistir a todos os jogos, mas há muito tempo não assisto Copa com minha família – até porque uma “tradição da casa”, até bem pouco tempo, era xingar o meu irmão porque ele é um “pacheco” incorrigível.

    Dito isso, dá para perceber no país uma certa ressaca desse espírito irracional que nos acomete a cada Copa. O 7×1 foi um balde de água fria em nosso ufanismo besta, um recado para a gente deixar de bater no peito, dizer “sou brasileiro com muito orgulho” e admitir que nada vem sem algum tipo de trabalho.

    A filosofia de auto ajuda do Tite, nesse contexto, é a cereja do bolo: somos 200 milhões de formiguinhas, que precisam ganhar dinheiro para o churrascão e o bolão – ou a soneca durante o horário do jogo.

  • Como na copa anterior, vou usar as possíveis dispensas do trabalho pra dormir ou jogar videogame, já que não vejo um puto de graça em futebol. Ao invés de torcer pro Brasil fracassar o quanto antes, eu quero que ele vá até a final e perca, não só porque aí a decepção e o mimimi vão ser muito maiores, como eu vou ter o máximo de dispensas possível do trabalho.

  • De todas as coisas horríveis, acho que nada supera os fogos pra mim. Que coisa mais feia, irritante e barulhenta! Deus me livre! De resto, aguento tudo numa boa, lido bem com chatices brasileiras no geral.

    XÔ, FOGOS!

  • Tenho o mesmo sobrenome de um argentino famoso, e em geral, as pessoas apenas brincam que sou parente dele.
    Quando Sally falava sobre essa inimizade com os argentinos, achava exagero. Mas na copa passada, chegou ao cúmulo de um segurança de um bar falar que eu não entraria no estabelecimento em razão do meu nome.

  • “Hur dur pão e circo” é mais irritante do que patriotismo bissexto. Vai acontecer independente da vontade de nobodies como nós, e festejar futebol faz parte da nossa cultura mesmo que algumas pessoas achem isso lamentável. Cultura não é só o que a gente gosta.
    Estou cagando para a copa, mas já arrumei coisas melhores pra fazer durante o período e acho que não vou dar muita atenção, mas talvez mude de ideia para assistir uma provável derrota humilhante do Brasil…

  • Tolero a Copa só por causa dos “feriados” que vêm junto. Mas a verdade é que eu acho um saco todo esse clima de empolgação forçada porque o Brasil vai jogar (fora os rojões e todas as coisas irritantes já mencionadas). A última vez que tive paciência pra ver jogo do Brasil foi em 2006 e olhe lá.

  • Copa do Mundo é algo épico, mesmo sendo algo surreal e desonesto. Em 1978 a torcida argentina passou a noite fazendo barulho em frente ao hotel onde estava o Brasil, não deixando dormir os jogadores. Sim, isto foi intencional, não era comemoração de uma vitória argentina. Depois disso, os generais Videla e companhia compraram a equipe peruana para entregar o jogo de goleada para o Brasil perder a vaga na final para a Argentina. Em 1986, o aspirador de pó portátil Dieguito fez um gol de placa e outro de mão e eliminou a Inglaterra. A vida é assim, injusta e curta.

    Para mim, a melhor seleção argentina é: Julio Cortázar, Jorge Luís Borges, Ernesto Sábato, Astor Piazzolla, Cacho Tirao, Alberto Ginastera, Pedro Aznar, Carlos “Negro” Aguirre, Juan Quintero, Alberto Spinetta e Fito Paez. Técnico: Adolfo Bioy Casares.

  • Mascote da Copa 2018: Zabivaka, o lobinho: https://i0.wp.com/oportaln10.com.br/wp-content/uploads/2017/12/Zabivaka-1.jpg?fit=1024%2C596&ssl=1. Pra mim, em termos visuais, dá de dez no Fuleco. Aliás, toda a parte gráfica desta Copa – poster, logo, letreiros oficiais, etc. – já humilha a de 2014. Já o nome do bichinho, traduzido do russo, seria “Aquele que marca gols”.

    Bola Telstar 18: Confeccionada mais uma vez pela Adidas, seu visual sugere uma releitura do design em branco e preto da Telstar original, de 1970, que era a primeira bola de Copa feita pela empresa alemã parceira da FIFA. A bola oficial deste ano tem ainda em seu interior um tal de “chip de transmissão de dados em proximidade” (chamado NFC), que permite interação mediante um smartphone.

    – Telstar 1970: http://www.soccerballworld.com/Telestar1970MEXICO.jpg
    – Telstar 18: http://s2.glbimg.com/w2QA23u3KWUn7xFHgEiFtLQiGJg=/620×430/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2017/11/09/636458545909676874w.jpg

  • Ah! E, Sally, a Rússia tem sim alguma tradição em futebol! Embora essa tradição tenha sido quase toda construída nos tempos da URSS, é verdade. São duas medalhas de ouro olímpicas (1956 e 1988), um título (1960) e dois vices na Eurocopa (1964 e 1972), além de uma quarta colocação no Mundial de 1966, quando perderam de Portugal na disputa do terceiro lugar.

    Há ainda de se falar no maior jogador da história russa: Lev Yashin – homenageado inclusive no poster em estilo construtivista desta Copa – , considerado o maior goleiro de todos os tempos e o único de sua posição a ter recebido um prêmio de melhor jogador da Europa. Elegante, carismático e sempre cavalheiro, Yashin era ídolo dos russos e tido por várias pessoas de outros países como um raro exemplo simpático vindo de um país que era então visto como inimigo e uma ameaça ao ocidente. Em campo, Lev Yashin também era conhecido por usar quase sempre um sóbrio uniforme todo preto, que lhe valeu o apelido de “Aranha Negra” já que, devido à sua agilidade, realmente parecia ter oito braços em certos momentos.

    Em tempo: uma piada que surgiu depois de a seleção brasileira ter vencido o “futebol científico” da URSS na Copa de 1958 foi a de que as letras CCCP nas camisas significariam: “Cuidado Camarada Crioulo Pelé”. Essas letras, claro, são do alfabeto cirílico, e na verdade significam apenas a sigla de Союз Советских Социалистических Республик”, (transliterado como “Soyuz Sovetskikh Sotsialisticheskikh Respublik”, ou União das Repúblicas Socialistas Soviéticas” em russo).

    Poster da Copa com Yashin: https://farm1.staticflickr.com/783/39433636910_13534cf883_o.jpg

  • Posso só ter sido sortudo, mas pelo menos aqui onde eu vivo o entusiasmo por esta Copa do Mundo na Rússia é praticamente nulo: nenhuma rua ou bar decorados de verde-amarelo, nenhum carro com bandeirinhas, quase ninguém tocando no assunto em rodas de conversa e nem pensando nas folgas no trabalho… Copa atrai muito torcedor bissexto – aquele que nem se liga em tanto assim em futebol, mas embarca bobamente com muito gosto na mania do verde-amarelismo a cada quatro anos – mas, fiquei com a impressão de que, depois daquele 7 x 1 histórico de 2014, muita gente já perdeu o tesão pela coisa…

    • Decoração o povo tá mais desanimado mesmo, acho que é para não ter o trabalho de repintar logo depois, quando o Brasil sair… Hahahahaha

  • Esse povo do “hurr durr pão e circo” é um câncer, e não é como se eles passassem 24h lendo artigos científicos e políticos, só querem desmerecer o entretenimento que ELES não gostam. Tenho amigos que são bem inteligentes e estudiosos, mas estão animados com a Copa, colecionaram figurinha e vão torcer nos jogos. Não sou muito ligado em esportes, mas por mim, já que o mundo vai sugar toda a minha força de trabalho como um espremedor até eu envelhecer, toda oportunidade de feriado é bem vinda. Já programei algumas viagens.

    E outra, uma característica do ser humano é sempre achar uma forma de seguir a vida e arrumar momentos felizes mesmo na situação mais desfavorável, tem todo um lance evolutivo por trás disso mas pra resumir: somos programados para sermos otimistas.
    É por isso que nessas reportagens sobre lugares fodidos sempre aparece o povão sorrindo, fazendo dancinhas e tocando instrumentos e crianças brincando na rua de barro. Mesmo em regiões que sofrem com ditaduras ou guerras que podem matar a qualquer momento, as pessoas continuam trabalhando, estudando, celebrando datas comemorativas e casamentos… A vida continua, pô.

    Aguardo o texto do Somir.

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