Mulher que apanha do marido há 11 anos faz desabafo: “Cansei de me calar. Estou aqui para quem quiser ver. Meu ex-marido acabou de quebrar meu nariz”. Espancada na frente dos filhos, mulher que sofre violência há 11 anos decide dar um basta. Mesmo assim, houve ainda quem culpasse a vítima. LINK


Na quinta-feira (5), o jogador de futebol americano LeSean “Shady” McCoy foi acusado de mandar espancar a ex-namorada, Delicia Cordon, depois que uma foto dela com o rosto machucado e sangrando em uma cama de hospital viralizou nas redes sociais. LINK


Culpa de apanhar as vítimas não tem, mas do contexto nas quais essas fotos são postadas em redes sociais… aí a coisa fica muito mais próxima de um desfavor da semana.

SALLY

Esta história é meramente ilustrativa, de uma tendência que parece estar ganhando forma em redes sociais: mulheres postarem fotos espancadas, arrebentadas, sangrando, para mostrar o que seus maridos ou ex-maridos fizeram com elas, acompanhadas das piores mensagens possíveis.

É uma versão hard daquela mania de postar foto com soro na veia quando a pessoa adoece: algo que eu classifico como um dos degraus mais baixos de carência que o ser humano pode chegar. Ostentar a vitimização é um sinal claro de severos problemas mentais e de autoestima. Longe de mim dizer que estas mulheres mereceram apanhar, ninguém merece apanhar e devem existir consequências, porém, o que se questiona aqui é a necessidade de ostentar isso para o mundo, ainda mais acompanhado de uma mensagem tão nefasta,

Esta moça postou naquela rede social esgoto mor uma foto sua toda arrebentada, com o rosto sangrando com um textão daqueles que você lê e fica descrente da humanidade. Ela ficou com o marido por onze funckin´ anos e me solta essa: “Vocês acham que eu gostava de apanhar? Vocês acham que eu era feliz sendo traída e ofendida com os piores nomes possíveis? E o pior , ver meus filhos presenciando tudo isto”. Não, não acho. Mas acho que você topou isso, pois pagava qualquer preço para ter marido e filhos. Pronto, falei.

Acho bastante complicado dar esse ar de inevitabilidade que ela deu: “vocês acham que eu gostava?”. É um desserviço com quem está hoje em um relacionamento abusivo. Quer dizer, ela está normalizando que não se goste de ser agredida mas que, ainda assim, existam casos nos quais é meio que inevitável ficar. NÃO, NÃO É. SEMPRE SE PODE E SE DEVE SAIR.

Não há questão financeira, emocional ou caralhal a quatro que justifique alguém ficar nessa situação. Principalmente quando existe o dano irreversível causado a essas crianças, que pelo visto presenciavam tudo. Se ela não se poupava disso, as crianças, pelo menos, ela tinha a obrigação de proteger e poupar 1) não tendo filho com um sujeito desequilibrado e 2) em tendo, mantendo esse elemento bem longe dela e das crianças. Mas mulher quando quer casar e ter filho, sai de baixo. Nada a impede!

Vamos combinar que ninguém chega metendo a mão na sua cara. Há sinais claros de agressividade antes disso acontecer. Então, nesses sinais, já tem que pular fora. Mas aí não casa nem tem filhos, né? Não pode. TEM QUE casar e ter filhos! Não é azar, não é karma, não é imprevisível: foi escolha. Digo mais: pessoas se juntam com pessoas agressivas por um motivo, ainda que inconsciente e, por este mesmo motivo, continuam juntas. Não mete essa de que não dava para sair.

“Ain, mas filhos bla bla bla”. A questão é precedente. É questão de se perguntar porque merdas fez filho com um sujeito agressivo e que não a respeitava. “Ain, porque quando a gente ama bla bla bla”. Beleza, então vamos refletir que tipo de desamor próprio é esse que te faz amar uma pessoa que te agredir e te maltrata? Quem não se ama não pode amar a ninguém, nem mesmo a filhos. Por qual motivo não procurou ajuda ou tratamento para sair disso? Por qual motivo colocou filhos no mundo antes de ser uma pessoa inteira? “Ain, você pensa que é fácil bla bla bla”. Em momento algum disse que era fácil, eu disse que era possível. Deve ser difícil pra caralho, mas, ainda assim, possível.

Foi uma escolha sim, uma escolha bem ruim, por sinal. Não cuidar da mente, não cuidar de si mesma e sair fora desta merda, que, como ela mesma diz, durou onze anos. Merece apanhar? Jamais, por nada deste mundo, de forma alguma, nada justifica isso, ninguém merece isso. Porém, merece entender que sim, foi uma escolha dela, pois só assumindo essa responsabilidade se tira um aprendizado e não repete o erro. Esse papel de vítima que não podia ter feito nada diferente é lamentável.

E, na boa? Deixou de ser sobre ela. Eu não tenho filhos, mas só de imaginar um dano como esse sendo causado a filhos meus, já me daria forças para fazer uma mochila e sair escondida do país pela fronteira para qualquer republiqueta que não me extradite, me virando de garçonete se fosse o caso, só para afastar meus filhos disso. Podia ter feito QUALQUER COISA para afastar os filhos disso, até matar o agressor, que eu entenderia. Mas permitir que os filhos sejam expostos à violência por 11 anos e depois postar foto toda arrebentada para todo mundo ver? Vai muito à merda.

Mas ninguém vai ter coragem de mandar ela muito à merda, porque né, é uma mulher espancada. Vão dar biscoito. Ela desperta pena. Vítimas são vampiros que se alimentam da pena alheia. Mas pena, meus queridos, é o maior sugador de dignidade que existe. Cada vez que um pouquinho de pena entra, um pouquinho de dignidade sai. Então, não tenho pena, pois acho que ela pode ser forte para ser muito melhor do que isso. E merece sim um puxão de orelha, se não vai repetir o erro por não entender qual foi sua parte de responsabilidade nessa história.

Ela diz que tentou terminar o relacionamento, mas nunca conseguia: “Por várias vezes tentei me separar, mas aí a perseguição era tanta (…) Diante das perseguições eu acabava voltando”. Vejamos… uma pessoa te xinga, te trai e te bate, sujeita seus filhos a cenas de agressão traumáticas. Você se separa. A pessoa te persegue, mostrando ainda mais falta de respeito. O que você faz? Você volta. É vítima essa porra? É vítima?

Da forma como ela coloca, parece que era inevitável. Isso faz com que outras mulheres que acabaram de tirar força do cu para se separar desse tipo de homem sintam endosso em voltar para eles se eles as perseguirem o suficiente. Perseguição deveria ser motivo para afastar ela ainda mais do sujeito. Já que vai fazer textão, ao menos deixa algo de positivo, de aprendizado para quem está lendo: “você pode se separar, sai fora da primeira vez que acontecer, você tem forças para isso”. Mas não, ela não quer ajudar, ela quer biscoito, ela quer ser vítima. Mas, quem é que vai acusar o golpe de uma mãe toda ensanguentada agredida na frente dos seus filhos? Só a gente mesmo, mais ninguém vai ser louco de abrir a boca para falar uma coisa dessas.

Ela continua: “Se eu fosse relatar esses 11 anos, eu escreveria um livro, mas um livro com uma história de terror, mas só fiz um resumo rápido para que essas pessoas que acham que eu me sujeitei a isso tenham um pouco de noção dos fatos.” Novamente, ela não tem responsabilidade por nada. É apenas uma vítima indefesa. Novamente, ela não deixa ajuda, força ou aprendizado para quem está passando por isso. É uma grande ode à vitimização. Estar ao lado desse homem foi uma escolha, muito errada, porém uma escolha, então SIM, SE SUJEITOU A ISSO SIM. Tem todo o perfil de vítima. Aliás, só alguém com um perfil de vítima profissional posta uma foto como essa, com o rosto todo esfolado e cheio de sangue. Há um ganho secundário enorme nisso.

Apanhou? Vai pra polícia. Coloca o agressor atrás das grades. Sai do país. Faz macumba. Pede ajuda. Compra uma arma. Aprende a lutar. Foge. Bate de volta. Sei lá, faz qualquer coisa que resolva, mas postar foto toda ensanguentada é ser muito biscoiteira. É uma pessoa indigna, que sofreu onze anos de indignidade e, mesmo depois que se separou, continua se portando de forma indigna com ela mesma. Só vai atrair mais indignidade, questão de tempo. Você vê, a indignidade está dentro da pessoa.

E se você acha que eu estou contra ela ou julgando, pense duas vezes, eu estou dando o conselho que ela ouviria se tivesse amigas de verdade, com uma cabeça saudável e coragem para falar.

Ganhar biscoito com base em agressão é defecar na causa feminina, me ofende, me agride, me enjoa. Não acho que seja por mal, acho que esta moça tem a cabeça bem fodida mesmo e está em meio a um turbilhão de coisas, mas porra, a partir do momento em que escolheu tornar isso público, me dá o direito de opinar. Esta porra está virando moda e eu quero deixar aqui meu repúdio a essa desnecessariedade. Ela é claramente fodida da cabeça, mas e todo o resto que está dando biscoito pra ela? Serão tão covardes que nem mesmo ficar calados conseguem, tem que ir lá biscoitar? Tão apoiando por serem fodidos da cabeça também ou por querer pagar de boas pessoas?

Cansei de ver mãe de sete filhos, pobre, favelada, do lar, que cansou de ser agredida, pegou as crianças e caiu no mundo tentando a sorte fugindo do marido, trabalhando com o que dava. Quem quer faz, quem não quer dá desculpas. A verdade é que a pessoa paga qualquer preço para “zerar a vida” no grande combo “casada e com filhos”, pra isso topa até levar na cara… mas tem um marido, uma família. Apanhava, era desrespeitada e o caralho a quatro mas postava fotinho feliz da vida no Facebook, né? Não existem vítimas. Você cria sua realidade.

Espancadas, façam um favor: antes de dizer que não gostavam da vida que levavam, apaguem as fotinhos abraçadas com os maridos e as legendas “amor eterno”, se não, não dá para usar o argumento “vocês acham que eu gostava?”. Não, eu não acho que gostava, não acho que ninguém gosta. Eu acho que valia a pena para você. Acho que era um contrato que custava muito caro, mas você topou pagar o preço. Não venha dizer agora que não saiu porque não dava, que isso fode com todas as mulheres que estão tentando sair. Diz a verdade. Diz “fiz escolhas erradas, para aparentar ser bem sucedida na minha vida familiar, prestar contas para a sociedade, mostrar que eu tinha marido e filhos e para isso me sujeitei a coisas horríveis. Não cometam esse erro”. Aí sim dá para te respeitar.

Espancadinhas, não venham a público dizer qualquer coisa no sentido de que é inevitável ser espancada e continuar com a pessoa, por favor. Quem estava tirando forças do cu para sair dessa situação vai encontrar o argumento que precisa para se acomodar na merda. Digam coisas positivas, ensinem como sair, ofereçam conselhos, digam que as mulheres são fortes e não precisam passar por isso. Não digam que o sujeito perseguiu tanto que você acabou voltando, como se isso fosse compreensível ou aceitável. Você não voltou porque o sujeito te perseguiu, voltou porque foi fraca, estava mentalmente doente. Não digam nada que não seja para repudiar veementemente quem fica com um agressor.

Quem está nessa situação está fragilizada, precisa de forças para sair, não de fotos assustadoras de uma mulher toda arrebentada dizendo que quando o cara te persegue é impossível larga-lo. E, por favor, escolham melhor com quem fazem filho, bando de irresponsáveis! Para completar seu projetinho “casar e ter filhos” embucham de qualquer merda. Isso não é azar, não é destino nem provação. É egoísmo que chama.

Para dizer que vale tudo por um biscoito, para dizer que é impossível imputar qualquer responsabilidade a esta mulher sem sair como um monstro ou ainda para dizer que sim, que acha que ela gostava: sally@desfavor.com

SOMIR

Ainda bem que tem uma mulher escrevendo também. Se eu solto essa opinião sozinho, capaz de ser tachado de misógino. Porque aparentemente hoje em dia não tem mais espaço para analisar as situações de forma racional: ou você está em concordância absoluta com a vítima (desde que seja mulher) ou concordância absoluta com o agressor (desde que seja homem). Não tem meio termo.

Mas existe meio termo sim. Esse maniqueísmo de rede social é para quem não tem condições emocionais ou intelectuais de lidar com um assunto. Dá sim para achar o homem que bateu na mulher um covarde terrível que tem que ficar preso por muito tempo e TAMBÉM achar que a mulher tem problemas por ter aceitado essa situação por tanto tempo assim. Da mesma forma que eu não sou imbecil de querer que matem o cidadão, preferindo a chance de reabilitação com cadeia, eu não sou imbecil de achar que a mulher deve ser punida por ter apanhado.

Não deve ser punida, mas deveria ouvir verdades. Não dá para melhorar a vida de ninguém fingindo que não está vendo um problema. A verdade escrota da realidade é que muitas vezes a vítima poderia ter evitado a situação se fosse mais bem aconselhada. Ninguém é obrigado a nascer sabendo reconhecer situações de risco, por isso que a humanidade compartilha conhecimento o tempo todo. Quando alguém descobre algo perigoso, avisa outras pessoas. E a verdade é o melhor caminho para passar essa informação.

Então, se infelizmente essa mulher não encontrou em si a capacidade de escapar de um marido que a espancava por 11 anos, fico triste por ela, mas é uma temeridade não contar para outras mulheres que isso não precisava acontecer, que elas não nascem vítimas. E não estamos falando de um vilarejo no meio do Afeganistão, estamos falando de uma sociedade minimamente estruturada onde as pessoas realmente ficam putas com homens que batem em mulheres! O mundo moderno tem um problema de violência doméstica, mas não é como essa gente doente das redes sociais prega: não é aceitável para a maioria esmagadora das pessoas. Não existe cultura de bater em mulher, existem pessoas podres da cabeça que fazem isso, mas não é como se vivêssemos num mundo totalmente hostil para as mulheres.

Deve ser difícil sair de um relacionamento fisicamente abusivo, ainda mais com filhos? Com certeza. Mas é mais difícil que apanhar constantemente? Se é, fica meio relativizada a violência. Não é um bom caminho mental para seguir, não é mesmo? Se largar o marido é pior que apanhar, toda a discussão de violência doméstica fica meio esvaziada. Não acho saudável sequer seguir nesse caminho argumentativo. Muito embora pessoas mais brutalizadas não lidem com violência da mesma forma como a maioria de nós mais privilegiados lidam, ainda sim não dá pra achar aceitável que uma mulher apanhe em casa, principalmente na frente dos filhos.

Então, se não estamos relativizando violência doméstica, sobra a via de apanhar ser mais difícil que largar o marido. Então, quem fica muito tempo com um homem abusivo com certeza tem algum problema que precisa ser tratado com urgência. Ficou no caminho mais inaceitável dos dois. Pior dos mundos… apanha e não consegue/quer sair do relacionamento. Esse tipo de post em rede social acaba jogando contra a ideia de não relativizar violência. A pessoa se posiciona como uma vítima incapaz de evitar seus problemas e é recompensada socialmente por isso. Deveria ser é protegida e cuidada, não admirada. Não se admira quem está numa merda profunda dessas, manda um sinal totalmente errado para as outras mulheres que estão nessa situação.

De boa? Teria que tratar como uma pessoa com um problema mental, mesmo que momentâneo. Alguém que precisa ser protegido inclusive da exposição. Sofrer com violência doméstica deve ser devastador para a mente humana, viver com o inimigo é uma vida que não desejo para ninguém, viver com medo é uma das maiores torturas que pode se colocar em um ser humano, e é óbvio que não vai ser alguém no topo das suas faculdades psicológicas. Não deixa essa pessoa se expor assim, não deixa os malucos de redes sociais distorcerem a narrativa toda e dizerem que ela não tinha problema algum. Tinha sim, viveu 11 anos com um maluco covarde. Tinha que ter saído, e se não o fez, temos que descobrir o que diabos aconteceu para ela não tentar se proteger nesse tempo todo.

Não é atacar a vítima, é se preocupar com ela. Não é tomar o lado do agressor, porque o lado do agressor é relativamente simples de entender: a pessoa não tem condições de viver em sociedade e precisa ser separada pelo tempo necessário. O lado da vítima que precisa de atenção e nuances: essa mulher, assim como tantas outras, não conseguiu evitar o abuso por muito tempo. Se não conseguirmos olhar para o problema claramente, ele nunca vai ser resolvido. Ou pior, vão achar que uma foto ensanguentada na rede social tem alguma função!

Todos podem ser vítimas, mas ninguém deve se definir dessa forma. É danoso para a sociedade como um todo. Somos vítimas por um tempo, mas precisamos escapar disso. E não vai ser ignorando o elefante na sala que vamos ter alguma chance de conquistar esse resultado.

Para me chamar de misógino, para tentar me demitir do desfavor, ou mesmo para dizer que ler é coisa de opressor: somir@desfavor.com

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Comments (27)

  • Sally, o que dá a ligeira impressão, vendo esses casos de postarem fotos em redes sociais, é que a violência – ao contrário da relutância, ao contrário da pessoa ir lá e fazer um esforço pra sair dessa situação – acabou que virando fetiche e ferramenta pro vitimismo. Afinal, é mais barato, mais fácil pra pessoa se vitimizar e ganhar likes do que de fato mexer a bunda pra sair daquela situação. Uma pena que tenhamos chegado a esse nível bizarro de fetichização.

    • Sim. Ao menos ela “lucra” algo com isso: se colocando na posição de vítima ela constrange as pessoas de falarem verdades dolorosas e de responsabiliza-las por seus atos. Foto espancada é um Free Pass para falar o que quiser e receber afago.

  • Na boa, acho que não é boa idéia expor fotos ensanguentadas, surradas, etc assim como não é legal expor fotos de pessoas acidentadas, imagens de tortura. Que tirem fotos e arquivem no boletim de ocorrência, divulgar a foto pode ser arriscado pra quem se expõe, principalmente pra modelo que foi agredida por alguem que invadiu a casa e acusou o ex, corre um sério risco de ser processada e ser agredida novamente. Na grande maioria dos casos, existe violência psicológica antes da violência física, em alguns casos tem “amostras” mais sutis de violência como empurrões, tropeções “sem querer”, puxão de cabelo, brincadeiras que machucam antes da pancada propriamente dita.

    • O DESRESPEITO NUNCA COMEÇA COM UM SOCÃO NA CARA.

      Mas a pessoa quer ter o combo “marido, casamento, filhos”, então ela fecha os olhos para isso. É esse o ponto que precisa ser debatido, desconstruído: existem várias formas de ser feliz. Não vale a pena se violentar aceitando o que te faz mal (não importa o que seja) só para ter alguém.

  • Amei o termo “quer biscoito” . Sally, vc merece o Oscar, te juro.
    De verdade é muito bom ver uma mulher escrever sobre isso.
    Tô cansada de ver amigas passarem por isso diversas vezes e a coisa só se repete. Semana passada eu ouvi: “ah, mas ele falou que ia mudar” hum rum… senta lá.
    Não falo só de abuso fisico. Falo de pessoas fodidas da cabeca que se envolvem em relacionamentos nitidamente abusivos e que tambem se alimentam disso. O texto realmente é perfeito, falou tudo e falou lindo. Pensa que não da pra sair compartilhando por ai porque senão, infelizmente, vão achar que eu sou a agressora, a anti mulheres, a grossa, a sem sentimento… enfim.
    Obrigada.

    • Quem paga preços tão altos como abusos psicológicos ou até físicos para ter alguém precisa de terapia URGENTE.

      Imagina quão pouco essa pessoas se gosta para ter tanto pavor de ficar sozinha consigo mesma!

    • O termo “quer biscoito” ou dizer que a pessoa é “biscoiteira” não é bem novo e exclusivo da Sally. É bastante usado nas redes sociais pra designar aquela pessoa que quer atenção.

  • Lendo o texto da Sally pensei na hora da sogra do meu cunhado (sim, é uma volta enorme: o irmão do meu marido é casado com uma mulher que tinha um pai abusivo). Sou evangélica, a família toda do meu marido também, então já se imagina o tipo de merda que eu ouço e vejo na comunidade da qual faço parte. Uma amiga da minha mãe só não foi forçada pelo ministério da igreja a voltar para o marido estuprador porque minha mãe interferiu.

    Enfim. Minha sogra tem uma visão de casamento e relacionamento muito simples: se um casal tem filhos, deve ficar junto. Em especial a mulher deve suportar de tudo pelos filhos (já ouvi da boca dela que uma mulher que foi traída, se tivesse perdoado o marido, estaria dirigindo Mercedes e vivendo numa casa boa. Nesse dia eu precisei falar pra ela que dignidade não tem preço). Essa sogra do meu cunhado, por exemplo, viveu com 6 filhos e o marido que batia na casa inteira até o crápula morrer. O argumento que se faz é que ela não sabia como iria manter a si e os filhos caso largasse o marido. Só que eles mesmos já relataram diversas ocasiões em que ela sustentou a casa sozinha, pois o marido não dava dinheiro pra ela.

  • Ontem assisti um exemplo triste disso. Uma mulher que apanhava do marido que cronicamente sustentava, suportando tudo por causa do filho.

    Resultado: foi morta por ele a facadas, e o filho foi levado. E a polícia teme que o garoto já esteja morto a essa hora também. Ou seja, a mulher fez tudo pelo filho. Fez tudo para ele acabar morto…

  • Coisas que a gente só lê no Desfavor.

    E ainda tem a questão dos filhos que, ao crescer, de forma inconsciente poderão seguir um dos dois modelos conhecidos na infância: serão vítimas e procurarão parceiros agressivos, ou serão violentos e procurarão parceiros passivos. E a violência não acaba nunca.

    Acompanhei casos de violência doméstica com mulheres próximas (não necessariamente violência física, em alguns casos emocional), inclusive com minha mãe, e é bem o que a Sally colocou: mulheres percebendo que havia algo errado com os homens, mas querendo desesperadamente ter filhos, ou não desagradar a família e a sociedade, ou a culpa católica.

    Estou feliz por há muitos anos ter buscado o autoconhecimento de que a Sally tanto fala, e de ter colocado as minhas necessidades acima do script que criam para as mulheres. Tantas vezes ouvi essa palavra – script – nas sessões de terapia!

    Mulheres nesta situação, procurem acompanhamento psicológico. Desenvolvam o amor próprio, tenham mais atitude. Aprendam a reconhecer os ganhos secundários e a sair da passividade.

  • “Apanhava, era desrespeitada e o caralho a quatro mas postava fotinho feliz da vida no Facebook, né? ”

    Conheci uma praga assim, que, por pavor de ficar solteira (mano, compra um vibrador, que não te trai, não te bate e ainda não engravida), está com um bostinha que bate nela de ficar toda roxa. Aí, chega no outro dia ‘eu fui assaltada e o bandido me espancou’. Menos…. ele te daria um tiro, não ia gastar tempo e energia te arrebentando assim. Eles têm metas, sabia?

    E procriar… que mania de procriar esse povo tem? Jisuis, me horroriza. Eu não tenho crias e nem vou ter… talvez as pessoas até falem mal de mim, mas eu nunca notei… sou muito azeda para ligar para essas marias do bairro da vida.

  • Eu acho que a questao e: em paises pobres, ter um machinho e ter um trofeu, ainda que o macho em questao seja uma cacamba de lixo!!

    • Nem acho que seja o homem em si, é o grande projeto que a sociedade espera de uma mulher: casar, ter filhos, ter uma casa arrumadinha, cuidar da família. O entorno te convence que se você conseguir isso, vai ser feliz. Só que não.

      Essa crença falsa adere tão profundamente, que mulheres negociam tudo para alcançar esse objetivo, por pensar que ele é sinônimo de felicidade. Abrem mão de dignidade, amor próprio e até de respeito.

      Em uma situação dessas o que deve ser trazido à luz é que não existe projeto pronto de felicidade. Cada um monta o seu. Mas para isso é preciso se conhecer.

  • “Mas acho que você topou isso, pois pagava qualquer preço para ter marido e filhos. Pronto, falei.”

    PRONTO, copiei!!!
    Conheço muitas mulheres que se sujeitam a uma vida horrorosa só pra dizer que tem marido/ filhos….

    • Há uma falsa crença de que casar e ter filhos é receita de felicidade e, acreditando nisso, na ânsia por ser feliz, mulheres topam tudo para manter família e marido. Uma pena,era uma ótima oportunidade para mostrar a merda que dá insistir em fazer o que a sociedade diz…

      • Estou convicta que meu plano de felicidade não envolve nada disso de casar e ter filhos, tanto lugar no mundo pra se viajar e conhecer… E ainda assim, família e amigos insistem em querer saber quando é que vou arrumar marido, pq vou ficar pra titia, ‘quem muito escolhe é escolhido’ pois escolho sim, não quero acabar como essa moça, com o rosto arrebentado pq casei com o primeiro que apareceu.

    • Já fui desse time e nem sou tão velha assim. Nunca cheguei a levar porrada, mas chifre era direto. Isso é cultural, vai demorar muito pra mudar.

    • Nisso que dá votar nele… esperavam algo diferente?
      aquela previsão da Sally de quase uma década atrás(!), de o Brasil ter um presidente evangélico e ameaçar o já frágil Estado laico, está perto de se concretizar. Mas os malucos acham que o maior perigo é o estudante magrelo de Humanas com camisa do Che Guevara que acha que dar o cu é mérito.

      • #1 : Lembrou melhor que eu (!),
        a previsão da Sally provavelmente é a mais antiga e bem justificadíssima !

        #2 : …Pelo jeito, comparando com os “neo-talebanistas de crucifixos”, até que alguns estudantes de Humanas pensam melhorzinho; porque estiveram naqueles “neo-showmícios” do Pepe Mujica ainda ANTES E SEM aquelas falas pró-lulismo…

        #3 : Ninguém esperava algo diferente, tanto que NENHUM TÍPICO daqui foi dos que (nessa RID) debocharam / ironizaram quem já conseguiu se mudar ainda naquela época e por causa daquele resultado – restaram somente ver aqueles registros / BMs sintomáticos mesmo…

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