Má representação.

Jack Whitehall tem enfrentado uma reação furiosa dos fãs porque ele foi escalado como o primeiro personagem gay da Disney. O comediante britânico teria conseguido um papel na próxima aventura de ação ‘The Jungle Cruise’, mas os fãs da Disney estão questionando por que um ator hetero foi escalado em vez de um ator gay. LINK


Primeiro que não é assim que a profissão de ator funciona, segundo que só não foram devidamente chamados de imbecis por serem de uma minoria… desfavor da semana.

SALLY

Ator é uma pessoa contratada para interpretar algo que ele não é, para representar um papel, para dar vida a uma personagem. Porém, de uns tempos para cá a turminha da lacração parece ter deixado de lado este conceito. É cada vez mais comum ver protestos enfurecidos criticando atores contratados para um determinado papel por não serem compatíveis com esse papel na vida real.

Pegamos o caso do ator Jack Whitehall como mero exemplo ilustrativo, já que esta não é a primeira vez que os lacradores tem esse faniquito. Jack encarou uma reação furiosa dos fãs porque ele foi escalado como o primeiro personagem gay da Disney, no filme “The Jungle Cruise”. Pois é, as pessoas estão questionando por que um ator hetero foi escalado em vez de um ator gay. Ao que tudo indica, só um gay pode interpretar um gay.

Curioso que o contrário nunca é levantado, não é mesmo? Ninguém questionou por qual motivo colocaram um homossexual para fazer o impagável Barney Stinson do seriado “How I Met Your Mother”. Barney é, talvez, um dos maiores pegadores heteros da história da ficção e, na vida real, o ator que o interpreta, Neil Patrick Harris, é gay assumido. Também não questionaram as razões de escalarem o genial Jim Parsons para interpretar Sheldon Cooper, cientista hetero e casado, em “The Big Bang Theory”, sendo que o Jim não é nerd e é gay.

Eu poderia ficar aqui até amanhã citando gays que desempenharam brilhantemente papeis de heteros e nunca tiveram sua escalação questionada. Por sinal, deixar de contratar qualquer pessoa para qualquer trabalho por sua orientação sexual me parece a definição mais precisa de preconceito que eu já escutei. Mas, na Era do Lacre, a exata mesma coisa é toleradas quando favorecem certos grupos e repudiada quando favorece a outros. E se você apontar a incoerência, vai ser chamado de homofóbico. Assim caminhamos para uma onda de injustiça, silenciada pela constante ameaça de chororô.

O mais curioso é que esta revolta se deu no âmbito cinematográfico, um local onde os gays não são exatamente deixados de lado. Provavelmente tem mais ator gay do que hetero. Sem querer ofender, até porque, quem pleiteia direitos iguais, tem que saber lidar com tratamento igual e aqui a gente trata todo mundo meio que na grosseria: indústria do cinema é uma viadagem só. Hetero mereceria até cotas, de tanto que neguinho dá e come cu nesse meio.

Se é para aloprar e pretender que a vida pessoal do ator esteja conforme o papel que ele vai interpretar, então, por coerência, teríamos que aplicar isso a outras áreas. Roberto Benigni não é judeu, no entanto interpretou um em “A vida é bela”. Dustin Hoffman não é deficiente mental, no entanto interpretou um em “Rain Man”. Percebem que dá para escrever mil páginas de exemplos, né? Fora os casos que já existem de atores heteros que interpretaram com maestria papel de homossexuais, como Tom Hanks em “Filadélfia”.

Jack Whitehall ganhou o papel pois foi quem melhor performou na audição, independente do que ele faça ou deixe de fazer com seu cu nas horas vagas. Assim como o que a pessoa faz com o cu não pode ser motivo para deixar de contratar, também não pode ser motivo para contratar. O que cada pessoa faz com seu cu deve afetar apenas e unicamente sua vida amorosa, de forma privada. Deixar de contratar alguém porque não dá o cu é o mesmo naipe de racismo que deixar de contratar alguém porque dá o cu. Mesmíssima merda. Quem o faz é o mesmíssimo lixo de pessoa. E quem o pede também.

O que nos leva a outra questão delicada, a ser abordada com a sutileza de um estivador bêbado: os fãs da Disney estão cada vez mais merdas, acéfalos e mimadinhos. Uma empresa que sempre zelou pela postura mais politicamente correta possível, conseguiu atrair a nata dos pau no cu mundiais, os piores chatos, babacas e imbecis da face da Terra. Este aglomerado de mongoloides no qual hoje consistem os fãs das produções Dinsey estão se voltando contra a própria Disney. E eu acho muito bem feito. Quem cria cobras está sujeito a algumas mordidas.

O lamentável é o Toque de Merdas que estão dando a diversas franquias. Star Wars, Avatar, X-Men e tantas outras franquias inicialmente boas estão sendo arregaçadas pelo “padrão de qualidade Dinsey”. Filmes infantilizados, acovardados e pensados para não desagradar essa geração igualmente de merda incapaz de se frustrar ou ser contrariada são jogados no mercado todos os meses. E o mais engraçado é que, no saldo final, a empreitada não se paga, pois a turma do lacre, apesar de ruidosa, é uma minoria que consome pouco. Então, nem para mercenários os estúdios Disney servem. É um fracasso total em todos os pontos de vista.

Falta predador. Falta alguém que canse e diga: “Meu irmão, é ridículo você exigir que o ator dê o cu na vida real para que possa interpretar um gay”. Faltam dez mil pessoas que respaldem esse comentários, ridicularizando esse tipo de exigência, para criar constrangimento no imbecilóide que abre a boca para falar uma porra dessas. Debilóide não tem bom senso, não tem discernimento, não tem coerência, ele precisa de um predador que o impeça de abrir a boca e cuspir merda, pois debilóide se intimida com o que os outros pensam a seu respeito. Só andam saidinhos por falta de predador, que eles conseguem silenciar no grito e no choro.

É hora de enfrentar. É hora de fazer o Trump, por mais que isso seja considerado insano e altamente impopular. Alcançamos um patamar inaceitável, onde qualquer lacrador tem força para exigir coisas de um mega império como a Disney. Não é dar poder demais? É uma questão de equilíbrio, qualquer grupo que tivesse alcançado esse potencial opressivo seria alvo destas críticas. Na boa? se a Associação dos Palhaços Reumáticos estivesse pressionando para contratar palhaços reumáticos, eu estaria dizendo rigorosamente o mesmo.

Ator é contratado por desempenhar bem determinado personagem, não por se parecer com ele nas suas escolhas pessoais. Lamentável que isso tenha que ser objeto de explicação.

Para dizer que eu sou homofóbica, para dizer que a Disney estragou seus filmes favoritos ou ainda para dizer que está rindo lembrando do desenho do Pato Donald vestido de nazista: sally@desfavor.com

SOMIR

Representatividade em filmes e séries é um assunto até que recente. O argumento de que o mundo é mais do que pessoas brancas heterossexuais faz muito sentido e não tenho nada contra a ideia de gerar heróis e exemplos na mídia que gerem identificação com um número maior de pessoas. Na verdade, até mesmo de um ponto de vista comercial, Hollywood e o resto da indústria do entretenimento estavam mesmo perdendo oportunidades com tanta homogeneidade no material humano. As pessoas gostam mesmo de se verem representadas e consomem mais.

Então, ponto para os ativistas: todo mundo ganha se eles estiveram mais preocupados com diversidade. Mas, como a máquina é muito grande, demora para fazer qualquer movimento. O começo desse processo de diversificação foi meio confuso, com testes sobre onde colocar outras cores, credos e orientações no material já estabelecido. Colocando uma mulher onde estaria um homem antigamente, ou um ator negro no lugar de um branco como de costume. Algumas personagens viraram gays, outras foram aposentadas e trocadas por versões mais “modernas”…

E não sem reações negativas. Teve gente que achou horrível, por uma série de motivos. Eu por exemplo sempre achei estranho colocar um ator negro para interpretar um deus Nórdico nos filmes do Thor e achei um desastre refazer os Caça-Fantasmas com mulheres… no caso do filme do herói dos quadrinhos, rapidamente eu percebi que era uma bobagem encanar com isso. E no caso do remake do clássico dos anos 80, eu estava certo porque o filme deu totalmente errado mesmo. No final das contas, ficou claro que só era um susto pela diferença mesmo, e que os filmes seriam tão bons ou tão ruins quanto seus roteiros, direção e o carisma dos atores.

Representatividade não precisava ser esse monstro todo. Vai colocando gente bacana para trabalhar nas coisas e o mercado vai aceitar. O problema é que no meio desse caminho fomos criando monstrinhos: gente que colocou no coração que tudo era uma questão política, com o entretenimento jogado ao segundo plano. Não importa a qualidade do produto e sim o quanto ele se adequa à mensagem que a pessoa quer passar. Não é sobre escalar o melhor ator ou atriz, e sim sobre a diversidade pela diversidade. É como se tivessem deixado de enxergar o verdadeiro motivo pelo qual a indústria do entretenimento adotou a ideia tão rápido: porque gera negócios melhores. Sem o clima político, um filme de quadrinhos genérico como Pantera Negra jamais teria dado tanto dinheiro quanto deu.

Os executivos viram a chance: “eu posso ganhar dinheiro com brancos e negros!”. E de uma certa forma, isso é o mais próximo da igualdade que podemos chegar… ninguém se sentindo obrigado a entregar valor para um grupo por culpa ou obrigação, mas sim porque rende bem. Tem um resultado político, mas a base da coisa é a mesma de sempre, fazer um bom negócio e entregar para as pessoas algo que elas querem consumir. Um raro momento de integração tão honesta quanto interesseira… o que pode até tirar um pouco da graça para quem esperava a humanidade ficando mais nobre e inclusiva, mas pelo menos garante que existe uma fórmula de sucesso na diversidade.

O que nos leva de volta para a notícia que ilustra os textos de hoje: a Disney percebeu potencial financeiro ao colocar uma personagem gay (abertamente, pelo menos) numa das suas franquias. O ator que eles querem usar também é uma aposta no que mais daria dinheiro para a empresa. Mas tem gente reclamando do cidadão ser heterossexual nesse contexto… oras, quanto dinheiro a Disney ganharia a mais se ele fosse gay? Faz diferença? A empresa não existe para atender desejos aleatórios de pessoas na internet, existe para soltar filmes ruins um atrás do outro desde que gerem bilhões de dólares de receita.

É de uma inocência e arrogância infantis acreditar que a Disney está nessa para fazer política, e ainda mais uma política que agrade pessoalmente cada um dos chatos da internet. Pessoas com um mínimo de bom senso não se metem nessa discussão, até porque esse egoísmo estúpido gera muitas críticas. Nos dois casos que eu mencionei anteriormente, sobre o deus nórdico negro e as caça-fantasmas mulheres, quem reclamou na época foi chamado de racista e misógino imediatamente. Alguns realmente eram, mas na média eram pessoas meio chatas feito eu que estavam achando estranho fazer as coisas diferente. Por sorte, essa chatice foi ignorada e acabamos vendo as empresas mantendo suas escolhas até o fim. Ainda bem, independentemente dos resultados dos filmes.

Mas quando é uma reclamação de minoria, sempre existe o risco de um dos executivos sentir o cheiro de dinheiro indo pelo ralo e mudando de ideia. Porque executivos da indústria do entretenimento são seres humanos burros e falhos como quaisquer outros. Como nesses casos não tem uma resposta avassaladora chamando esses reclamões de chatos para baixo, a coisa avança como se eles fossem maioria mesmo. E vai perpetuando a ideia de que meia dúzia de histéricos na rede social representam a população. Na prática, a turma do politicamente correto tende a não gastar tanto dinheiro assim, estão pra lá de completos reclamando dos outros na internet. Não existe nenhum caso ainda de empresa que peitou essa gente e faliu por resultado de falta de vendas (spoiler: gente com dinheiro para consumir não passa o dia na rede social achando coisa para reclamar). Normalmente as coisas dão errado porque algum executivo se assusta e age de forma precipitada.

Espero que dessa vez ignorem os imbecis tentando politizar uma questão puramente financeira, mas como não são homens brancos heterossexuais dessa vez, sempre existe o risco de uma atitude estúpida…

Para dizer que é uma viadagem se preocupa com isso, para dizer que se sente excluído por ser heterossexual, ou mesmo para dizer que deveriam colocar o Paulo Vital (ou algo assim) para fazer o papel: somir@desfavor.com

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Comments (15)

  • A Disney está podre. Só lacrando. E só se fodendo.

    E eu adoro quando as cabeças da hidra devoram-se umas às outras. Pego a pipoca, sento-me confortavelmente e grito “Briguem, desgraçados! Formem times e se matem!”

  • As pessoas normais estão começando a fazer o óbvio: diante de produções que só geram ruído, por causa da “lacração”, boicotam o filme. Não dessa forma, exatamente, mas deixando de fazer coisas que “perderam a graça” – como o Star Wars desfigurado, por exemplo.

    Representatividade é legal, mas com originalidade e competência. Se não tem isso, é gastar dinheiro à toa.

  • Outra coisa que causou revolta dos politicamente corretos foi a série Insatiable, faço questão de assistir se tá gerando tanto mimimi dessa gente é por que deve ser boa, de acordo com os lacradores que se acham críticos tem muito humor negro, ponto pra Netflix. Sinal de que até a Netflix cansou de atender esse publico que adora problematizar tudo e não consumir nada.

    • Ótima notícia !

      Ainda bem (!), porque é importantíssimo ter uma opção dessas em caso de vierem erro(s) – não conheço nenhum – da Amazon Prime Video…

  • Lembrei daquele filme horrível chamado “Uma Dobra no Tempo”, produzido pela Oprah Winfrey e que tinha uma menina negra como protagonista. História fraca, com interpretação fraca (a menina era a menos pior, em relação a Oprah que também atuava junto a Reese Whiterspoon e a Mindy), mas que foi só pra lacrar.

    Preciso dizer que era da Disney e foi um fracasso retumbante?

  • Christiane Smith

    Entao esta na hora do “nosso” R. Jackeline parar de fazer o “hetero” porque ate as pulgas do meu cachorro sabem aonde a chaleira apita!!

  • Me lembra a história do filme Rug and Tug. A personagem principal é uma mulher trans, e a atriz escalada para interpretar o papel foi a Scarlet Johansson, que é uma espécie de musa para os lacradores.

    Os lacradores ficaram felizes? Nem um pouco, afinal ela não é trans. Então começou uma raid do lacre contra a Scarlet, que jogou a toalha e abandonou o projeto. Mas tinha dois detalhes nessa história: o primeiro de que a Scarlet Johansson é a Scarlet Johansson, e considerando que o material que deu origem ao filme não é exatamente um Os Vingadores em matéria de popularidade, a Scarlet seria a garota propaganda que ia vender os ingressos. O segundo é que a Scarlet Johansson tem uma equipe de produção própria que trabalha pesado nos filmes em que ela participa, e ela seria muito importante na produção do filme. E ela saindo, saiu a equipe dela.

    Resultado? Agora o tal filme está perigando de nem sair do papel. É como se tivesse um bando de crianças jogando futebol, e o dono da bola é um moleque legal e que joga bem; só que a platéia não queria o moleque lá e vaiou e esperneou até ele sair do jogo… carregando a bola.

  • Ei, quando Pantera Negra estava nos cinemas teve um povo reclamando que os dubladores não eram negros, não foi? Pra mim esses filmes da Disney são todos iguais, ainda mais super herói…
    “Como nesses casos não tem uma resposta avassaladora chamando esses reclamões de chatos para baixo, a coisa avança como se eles fossem maioria mesmo. E vai perpetuando a ideia de que meia dúzia de histéricos na rede social representam a população.”
    Matou pelo menos 3 teorias da conspiração com essa. Ultimamente no Desfavor tem aparecido umas pessoas que dá pra facilmente imaginar usando um chapéu de papel alumínio. E mesmo que de fato haja alguma elite forçando a barra pra empurrar pautas progressistas em todos os lugares (o porquê, nenhum conspirador fala), não é tão fácil assim mudar a mente de tantas pessoas. Vide a programação da Globo que só fala de cu e lacre mas a grande maioria dos brasileiros continua reaça até o sangue.

    Saudades de quando entretenimento ocidental não tinha a “obrigação” de ser um panfleto ideológico. Hoje em dia tentam ordenhar politização até de episódio da Peppa Pig.

    • …E isso porque o Somir também têm aviso, em tema de publicidade, que maiorias têm seus tipos de resistências em serem conduzidas; por mais que em outros assuntos ele pareça otimista até demais…

      Ou seja, mencionando-o e te respondendo mostro porque não sou “dos alumínio” ! haha

      E sim, todo este tema em si estava extremamente a calhar !

      Muito agradeço também !

    • Lacre Opressor

      Não apenas continua como está ainda mais. A forçação de barra é tanta por parte da Globo que isso inclusive conta CONTRA as pautas ditas “progressistas”, sendo que o apoio é nível “amigo urso”.

      • DSVS : sobre a "Goebbels"...Globo

        O que já sabíamos, com outras palavras :

        “Há muito eu andava persuadido que tu eras um sabido / com carinha de otário”

        (Gabriel O Pensador, “Amigo Urso (Resposta do Amigo Urso)”, 1999)

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