Menos médicos?

O governo de Cuba comunicou nesta quarta-feira (14/11) que vai se retirar do programa Mais Médicos devido a declarações “ameaçadoras e depreciativas” do presidente eleito Jair Bolsonaro, que anunciou modificações “inaceitáveis” no projeto. (…) Bolsonaro questionou a formação dos especialistas cubanos, condicionou sua permanência no programa à revalidação do diploma e impôs como único caminho a contratação individual, argumentou o governo cubano. LINK


Apesar de concordarmos com a decisão do Bolsonaro, o entorno dessa história virou o desfavor da semana.

SALLY

Muita desinformação, alarmismo e exercício de adivinhação permeiam o fim da parceira Brasil e Cuba no Programa Mais Médicos. Um show de achismos sem fundamento e besteiras repetidas até virarem verdades tomaram as redes sociais e a imprensa. Vamos por partes, descontruindo tudo que está errado

Antes de mais nada quero lembrar que tem texto nosso com este exato conteúdo na data em que o programa foi implementado pela Dilma, então, não é sobre ser a favor ou contra do Bolsonaro, é sobre o que pensamos do assunto. Eu não sou fã do Bolsonaro, mas nem por isso vou arrumar motivo em tudo para criticá-lo. Dessa ver o sujeito agiu bem, agiu certo e fundamentou seus atos com coerência. Tenho muitas críticas a fazer sobre ele e suas escolhas, mas não hoje.

Ao contrário do que vem sendo noticiado, Bolsonaro não “acabou com o Programa Mais Médicos”, ele apenas fez o que era necessário para adequá-lo à lei brasileira. Sim, até então ele era ilegal e inconstitucional, em uma das muitas gambiarras descaradas que o PT fez ao longo dos anos.

Se um trabalhador é levado de uma fazenda a outra fazenda para cortar cana e 80% do seu salário fica com o dono da fazenda, a lei brasileira considera isso trabalho escravo (ou análogo a). Não precisa ter muita inteligência ou sensibilidade para perceber que um trabalho onde 80% do que VOCÊ produziu te é tirado e dado ao governo é, no mínimo muito injusto. Garanto que nenhum dos hippies e zé droguinhas que defendem o Mais Médicos como estava aceitaria que o governo tire 80% do salário deles.

Além disso um trabalho onde você muda de país e não pode levar sua família, não desfruta dos direitos trabalhistas que lhe são devidos e tantos outros absurdos do esquema Mais Médicos são flagrantemente ilegais. Não apenas de acordo com as leis do Brasil, como também violando uma meia dúzia de determinações da Organização Mundial do Trabalho. Como eu disse: coloque quem defende o programa para trabalhar nesse esquema e veja se eles não dão um faniquito.

O que Bolsonaro fez foi dizer: “Beleza, nada contra manter a parceria com Cuba no Mais Médicos, mas para isso eles terão que ter o diploma revalidado no Brasil (exigência para profissionais DO MUNDO TODO), terão que receber direitos trabalhistas, terão que ter o direito de trazerem suas famílias se assim o desejarem e o salário fruto do trabalho DELES, vai para ELES não para o governo cubano. Pode ser?”. Era uma belíssima chance para o novo governo Cubano mostrar que é melhor que o anterior e aceitar. Não aceitou.

Acho curioso que a pessoa acusada 24 horas por dia desde o começo do ano de ser quem vai promover uma ditadura no Brasil é a pessoa que justamente está criando medidas para combater uma puta duma sacanagem que um esquema ditatorial cubano está usando para perpetrar uma injustiça contra seu povo.

Meus queridos, se tem uma coisa que Bolsonaro não é, é diplomata. Se ele quisesse acabar com a parceira por implicância com o governo cubano, ele teria dito “Não quero mais não, tá ok? Esses cubanos não prestam, chega, acabou!”. Grosseria é o forte ali. E ele pode se dar ao luxo, ele está eleito. Ele já foi grosseiro dezenas de vezes e o continuará sendo. Mas desta vez, ele fez questão de explicar os motivos e, pasmem, são coerentes.

Querer fazer parecer que Bolsonaro fechou as portas deliberada e cruelmente para os profissionais cubanos é imbecilidade. Primeiro que ele não fechou, ele apenas fez adequações para que o programa esteja dentro de normas nacionais e internacionais de trabalho. Segundo que ele explicou ponto a ponto a razão de cada alteração, todas com embasamento legal. Então, não é perseguição “contra” médicos cubanos, é uma medida protetiva a favor deles.

Tanto é coerente, que países que prezam pela seriedade das leis trabalhistas e pela liberdade de ir e vir deram o braço a torcer e, pela primeira vez, parabenizaram o Brasil por este ajuste. A pessoa que acha que o governo tem que ficar com 80% do que ela ganha só pode ter um parafuso a menos, haja fanatismo para sustentar uma coisa dessas.

O próprio governo cubano deixou bem claro que o programa foi suspenso por decisão unilateral sua, por não aceitar que os médicos que trabalham no Brasil tenham direito a seu salário sem ter que dar de 70 a 80% do valor para o governo cubano. Sério mesmo, quem é o vilão dessa história?

Quando um resquício de humanidade vem do lado onde está Bolsonaro, dizendo que é desumano proibir que as famílias acompanhem os médicos, obrigar que mães venham trabalhar no Brasil deixando seus filhos em Cuba, é sinal que o outro lado é muito fodido da cabeça.

Não é como se ele tivesse enxotado todo mundo e mandando embora, ele usou as seguintes palavras, citadas textualmente: “o cubano que quiser pedir asilo aqui, VAI TER”. O que ele não concorda é em obrigar uma mãe a deixar seus filhos para trás e em ser conivente com o governo cubano embolsando 80% do que o médico sua para ganhar no Brasil. E porra, está certíssimo! Sério que vão dizer que ele inventou motivo por implicância?

Ao contrário do que muitas bibas histéricas estão alardeando, ele também não tem a intenção de deixar um buraco no sistema de saúde, como ele mesmo disse, o programa não está suspenso, médicos de outros países, podem vir para cá, inclusive já estão trabalhando em um esquema de “importar” médicos de outros países, para suprir uma eventual defasagem. Pois é, o programa Mais Médicos contempla médicos do mundo tudo, não será a saída de UM país, uma ilhota, no meio de mais de 300 países que vai quebrar o sistema, não acham?

E digo eventual porque os cubanos não querem voltar para Cuba. E, ao contrário do que muitos pensam, eles não estão chateados com a atitude de Bolsonaro. Vi uma entrevista de uma médica cubana onde ela dizia que achava muito justo revalidar seu diploma aqui, já que é um procedimento de prática mundial, e que estava muito feliz de ser contratada fora do programa, assim não perdia mais da metade do salário dela para o confisco do governo cubano. Pensa comigo, quem de nós ficaria chateado se o salário aumentasse em 80%? Todo mundo ganha, só quem perde é o governo cubano.

Além disso, a lei que instituí o programa diz que a prioridade é para profissionais brasileiros. No ano passado, por exemplo, 99% das vagas foram preenchidas por brasileiros. Então, não sei que medo do fim do mundo é esse que as pessoas tem, de achar que o sistema de saúde colapsa se médico cubano for embora. O Brasil já tem capacidade de preencher as vagas, e esse 1% não preenchido pode ser recheado com profissionais de muitos outros países. Vamos parar de espalhar terror sem fundamento?

Então, não foi cruel, não deixou o brasileiro na mão, não sacaneou os médicos cubanos e não vai causar caos na saúde pública. Vamos parar com o exercício de futurologia de “eu sei que ele só fez isso porque…”. Não, você não sabe nada, que arrogância é essa? “Eu sei que vai gerar um caos…”. Não, você não sabe nada. Tem bola de cristal? Usa para os números da Mega Sena.

Se a cada ato do Bolsonaro as pessoas ficarem prevendo o fim do mundo, estarão alavancando a popularidade dele, pois quando o fim do mundo não acontecer, todos vão olhar e pensar “Hmmm, até que ele não é ruim”. Pior coisa é abaixar as expectativas da forma como estão fazendo: qualquer merdinha que o Bolso faça vai ser considerado melhor que a encomenda. Apenas parem, estão ajudando ele sem perceber.

Para dizer que você toparia revalidar seu diploma para passar a ganhar 12 mil em vez de 3 mil, para dizer que qualquer pessoa com bom senso percebe que esse esquema com Cuba era imoral ou ainda para se recusar a sair da bolha e dizer que é cubanofobia: sally@desfavor.com

SOMIR

Para quem já estava muito de saco cheio da forma como o Brasil estava sendo dirigido pelo PT nesses últimos anos, o momento é de esperança. Bolsonaro já é efetivamente mais presidente do que Temer jamais foi, e muitas das suas primeiras decisões parecem ter uma boa direção. Cortar a mamata do governo ditatorial cubano e exigir o tratamento justo dos médicos que vieram pra cá é uma ação surpreendentemente humanitária para um candidato que se elegeu por se opor aos direitos humanos.

Sally apontou muito bem como não há espaço para a gritaria das viúvas petistas e como muita gente parece não ter entendido ainda que a situação da medicina brasileira não era dependente dos cubanos. Males da era da desinformação. Mas eu quero aproveitar o tema e levantar uma preocupação, que ainda é embrionária até mesmo pelo estágio do governo de Bolsonaro, mas que vale a pena prestar atenção daqui pra frente: será que o antagonismo ao PT não é maior que a vontade de tornar esse país melhor?

Podemos ver essa situação de duas formas: na primeira Bolsonaro e sua equipe viram um absurdo no tratamento dos profissionais cubanos e no suporte brasileiro ao regime ditatorial caribenho; na segunda uma grande oportunidade de atacar um dos programas mais midiáticos da história recente do PT. Muito embora as duas visões possam coexistir, algo me diz que o fato de ter sido idealizado pelo inimigo eleitoral teve mais peso na decisão do que deveria.

Eu mesmo disse várias vezes aqui que o Brasil não é os EUA e não dá pra achar que as coisas vão funcionar igual, mas que as tendências de lá acham seu jeito de acabar por aqui, isso com certeza. Uma das primeiras ações de Trump quando assumiu o governo foi ir pra cima do Obamacare, o nome (que pegou) de um programa de saúde cujo objetivo era universalizar o máximo possível o sistema de saúde de lá. Parecia birra até porque o partido republicano passou vergonha por muito tempo por sequer conseguir escrever um plano diferente, como se não tivessem uma alternativa e só quisessem desfazer algo com o nome de um concorrente. Segundo o que eu acompanhei nos últimos tempos, no final das contas não reduziram muito os gastos do governo e pioraram o acesso à saúde para a população mais pobre. Birra.

Eu quero o PT longe do governo, eu quero que as inúmeras decisões equivocadas deles feitas em nome de propaganda eleitoral e governabilidade por suborno sejam desfeitas, mas… não podemos nos contentar com qualquer coisa em nome do “inimigo do meu inimigo”. Dessa vez eu acho que o Bolsonaro deu uma bola dentro. Mas é muito importante que Bolsonaro não tente continuar surfando na popularidade de ser contra o PT para sempre.

Até porque o cenário político brasileiro ficou tão bizarro que mais da metade da população de um país pobre está achando que a solução é eliminar a esquerda do espectro político. Derrubar o poder do PT serviu também para tentarmos soltar a esquerda do cativeiro petista, na qual foi torturada por mais de uma década em prol de interesses pessoais de Lula e seus amigos. O Brasil está muito atrasado ainda para tomar decisões profundas sobre esquerda e direita, o ideal é não abusar muito nem de um lado, nem do outro.

Eu posso estar errado, espero estar errado, mas… eu duvido muito que se trocássemos Cuba por Israel no caso do Mais Médicos, Bolsonaro teria agido da mesma forma. Está muito bem fundamentado? Está. Foi o Bolsonaro que pensou e escreveu aquilo tudo? Não, né? Até uma concordância sai meio forçada dali, quem dirá aquela argumentação. O suculento alvo de um programa símbolo do PT em parceria com Cuba parece ser a maior parte da motivação. Vamos celebrar os acertos, é claro, mas sempre prestando atenção se eles vem de uma base reprodutível. Bolsonaro demonstrou preocupação com sistemas de trabalho análogos à escravidão agora. Bato palmas. Mas, será que se for a Bancada Ruralista aprontando vamos ter uma posição parecida?

A polarização que o Brasil vive sugere que é popular com sua base atacar até mesmo as realizações do outro lado. A tendência americana vai se repetindo: ao invés de Republicanos, Bolsonaristas; ao invés de Democratas, Lulistas. Vale um texto à parte só para falar do perigo que é viver numa caricatura de um sistema bipartidário cuja maior identidade são seus líderes. Mas no que tange o ponto deste texto: só não podemos ser o “Brasil que dá certo” na hora de desfazer os erros do PT e continuar com o Brasil de sempre quando não tem esse incentivo” de atacar o adversário.

Porque aí importaremos o pior do sistema de dois partidos: o antagonismo pelo antagonismo e a incapacidade de dialogar. Não tenho dados concretos para cravar que Bolsonaro vai atacar os erros do PT e fazer vistas grossas para quem considera dos seus, mas tenho experiência de Brasil e um conhecimento considerável de outros países com sistemas tão polarizados. Não tenho muitas esperanças de estar errado, mesmo que esteja com muita vontade dessa vez.

Veremos.

Para me chamar de comunista, para dizer que democracia é o sistema de destruir o que o adversário fez, ou mesmo para me chamar de nazista por ter usado o exemplo de Israel: somir@desfavor.com

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Comments (44)

  • Sally, uma explicação bem rápida e superficial.

    Por causa da gestão tripartite do SUS, quem se responsabiliza pelos concursos são os municípios. Então o médico só topa fazer a prova nas cidades que ele tem interesse em trabalhar. Cidades como Nárnia (adorei o exemplo), podem fazer mil concursos todo ano e nunca ninguém vai se inscrever.

    Não existe concurso federal pra médicos, como tem no Direito – essa é a demanda pela “carreira de Estado”, que sinceramente, não acho que vá sair algum dia, porque ninguém tá nem aí pra saúde básica da população…

    O projeto Mais Médicos sai com número de vagas por estado E por município. O candidato escolhe até 5 opções pra ir (por ordem de prioridade). E o primeiro critério de seleção é colocar o médico na cidade mais próxima de onde o médico mora, seguido por colocar o médico na cidade escolhida mais próxima de onde ele se formou, e só aí vai colocar num lugar fora…
    Ou seja, se eu moro em Somircity e coloco trabalhar aqui como primeira opção, é pra cá que eu serei alocada. Eu só vou mudar de cidade se eu não colocar nenhuma cidade perto de Somircity como opções!
    Eles fazem isso pra diminuir risco de desistência – se eu moro aqui, e sou escolhida pro Acre, simplesmente abro mão do programa, porque ganho mais dando plantão aqui por perto.

    Entende porque a conta não fecha?
    Eu queria muito que 8.000 médicos se inscrevessem amanhã e preenchessem todas as vagas dos cubanos… mas duvido que vá acontecer.

    • Qual é o problema desses estados e municípios sem médicos? Eles não formam médicos suficientes por lá?

      Os cubanos, em sua maioria, querem ficar, agora compete ao Poket forçar a contraração deles nos lugares sem médicos pelo salário integral. Se houver vontade e pressão, pode ser feito, certo?

      • Esses municípios nem tem faculdades, Sally… A pessoa vai lá, viaja pra capital pra fazer faculdade, fica por lá pra fazer residência, começa a dar plantões, a vida começa a ser organizada ali, e fica difícil voltar pra um lugar sem condições… que vc vai ter que se responsabilizar por tudo (inclusive partos e pequenas cirurgias). A faculdade compartimenta TUDO, e o estudante sai se sentindo despreparado pra lidar com a complexidade que é a atenção básica (quem acha que é fácil e simples é médico especialista do alto da torre de marfim do consultório particular em que ele escolhe quem atende).

        Um exemplo fácil: Campinas. Uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, com 3 faculdades de medicina. Uma pública, sendo referência no país. Tem 42 vagas de Mais Médicos deixadas por cubanos. Falta médico?? Não, até sobra! Mas ninguém quer trabalhar no “postinho”, cuidar de pobre e ser olhado como um médico “inferior” por não estar no convênio/consultório.

        A medicina não tem o status do Direito na questão do concurso público. Médico concursado é médico “incapaz” de fazer nada melhor…

        E eu digo com a propriedade de alguém que foi olhada de cima pra baixo e ouviu “que desperdício, vc era uma das melhores da sua turma” quando decidi trabalhar no Mais Médicos…

        • Mas em toda carreira tem gente desempregada, precisando muito de dinheiro. Os médicos que estão na merda, sem emprego, mesmo sem ter essa vocação mais humanitária, preferem não pagar as contas do que ir para o cu do mundo? Todos tem a opção de se dar ao luxo de recusar?

        • Por essas e outras é que odeio o “status” que médico tem para muita gente. Eles podem se dar ao luxo de ser frescos, o mercado sempre sorrirá para a maioria – só sendo muito incompetente para não ter emprego, do jeito que quiser, no lugar que desejar.

    • Nanda, me esclareça uma coisa, por favor.
      Alguns médicos que conheço, entre os quais uns poucos trabalham ou já trabalharam no interior (não interior de São Paulo… interior de verdade, tipo do Pará ou do Rio Grande do Norte) dizem que o motivo da rejeição a estes lugares, em geral, não é financeira.
      Segundo eles, nesses fins de mundo, eles chegam a receber o triplo do que ganham nos grandes centros, mas as condições de trabalho são horríveis (não tem medicamento, equipamento, pessoal de apoio etc), e a maioria prefere ganhar menos nas grandes cidades (o que já dá pra viver bem) do que assumir uma bomba desse tamanho.
      Baseado nesses depoimentos, eu chego a pensar que, se fosse médico, faria a mesmíssima coisa. Minha pergunta é: isso procede ou não? Galera não quer ir pros buracos por questões financeiras ou pra não ficar vendo gente morrer sem fazer nada por falta de condições?

      • FAK, dinheiro não é o problema.

        A maioria dos médicos não vai porque não tá nem aí pra isso mesmo… e em cidade grande da pra fazer “esquema” – não que esses interiores não de, obviamente.

        Mas aqueles que têm vontade de trabalhar com isso não vão por falta de condição mesmo. É exatamente isso, ver gente piorar das doenças e morrer sabendo como poderia salvar, se tivesse estrutura. É muito angustiante…

        • Você não gasta oito, nove, dez anos de sua vida para ser clínico geral no fim do mundo. A grande maioria dos médicos pensa assim – e seus “patrocinadores”, pais e semelhantes, idem.

            • A esmagadora maioria. O curso de medicina, além de caro, é em período integral. Não é o tipo de curso em que o estudante consegue trabalhar pra se bancar. Geralmente, só consegue fazer quem tem um vento de cauda de

                • Depois de formado, entra a questão que o Fábio Peres e a Nanda já colocaram aqui… a pessoa começa a formar a vida dela num lugar. Até abandonar o sustento dos pais, vai dando plantão, criando vínculos, alugando horários vagos do consultório de alguém que já esteja estabelecido, inicia uma residência…
                  Isso quando não é o caso em que papai e mamãe montam m consultório para o rebento…

                  • Se abandonam o sustento de papai e mamãe, precisam pagar as contas, certo? Não me entra na cabeça uma pessoa que prefere ficar anos desempregada do que ganhando 12 mil no interior… sequer me parece uma escolha.

                    • Sally, a questão que vc não está entendendo é que a pessoa NÃO está desempregada!
                      Ela só não tem um vínculo fixo…

                      Médico “desempregado” vive de plantão e ganha 40.000 por mês, FÁCIL!

                      O problema é que trabalhar no “postinho” (odeio essa terminologia) te prende por 40h/semanais (até tem contrato 20h, mas não paga esse valor aí), que ninguém quer.

                      Pode olhar, quem tá atrás dessas vagas de Mais Médicos é recém formado, principalmente estudantes com FIES… porque os “desempregados” preferem o plantão da cidade grande do que ver as mesmas pessoas todo dia no interior.

                    • Então não existe médico desempregado? Quero dizer, não existe médico que não consiga lugar para trabalhar???

                      Porque caralhos eu não fiz medicina? Se eu soubesse que o pior fracasso da carreira era fazer plantão ganhando 40 mil jamais teria feito direito!

  • Acho que o maior mérito do Bolsonaro, mesmo que nao seja bem sucedido depois, foi ter colocado a massa pra questionar e pensar, daquilo que ficou anos travado por INTIMIDAÇÕES ideologicas. Essa coragem Trumpista foi a maior virtude dele e que faltou em todos os outros. Assuntos como maioridade penal e do porte de arma, por exemplo, sao assuntos que nunca se resolveram, enquanto a população sofria. O mesmo sobre a injustica com os medicos cubanos. Ou entao a insegurança das familias e dos religiosos contra os excessos do feminismo e do ativismo gay. É aquela coisa, se esta teoria nao resolve nada na pratica, entao nao serve pra nada: “-Olha, esse ECA tem que ser rasgado e jogado na latrina”.

    • Sim, assuntos inportantes estão sendo discutidos, mas até que ponto é válido, quando todos os lados discutem do ponto de vista do fanatismo?

  • O programa Mais Medicos sempre deu prioridade para contratação de medicos brasileiros,porem as vagas nao foram preenchidas pelos mesmos,por falta de interesse ou fracasso em passar nos testes.
    Essa falacia de “ah mas o Bolsonaro vai contratar mais 8 mil medicos ” é engraçada de tão inocente.Espero ser surpreendida com a noticia de que todas as vagas,inclusive a das aldeias e quilombolas,estão preenchidas por esses maravilhosos patriotas que acharam “bem feito” a saída dos Cubanos.

    • Em direito, quando a gente faz um concurso federal, já faz sabendo que vai começar em um lugar longe. Já sabe que vai para o Acre, pois nem tão cedo abre vaga na capital. Começam preenchendo os lugares com demanda, lugares como Rondônica, Roraima e Narnia. Porque caralhos o de médico não é assim também?

  • Ohhhh que incrível vcs terem escolhido este tema pro desfavor da semana! Parabéns!

    Tenho visto uma histeria sem fim no meu círculo social por causa da saída de Cuba do programa: Primeiramente, ainda impera por aqui o mito do “medicina cubana = melhor do mundo”, o que tem sido um prato cheio para fanáticos esquerdistas jogarem a toda pra demonizarem Bolsonaro até o talo. Não votei nele (votei nulo), mas não compactuo com mais esta tentativa de demonizá-lo. Mas como o BM não é de equilíbrio, já vi gente destemperada fazer o maior auê em torno disto da pior maneira possível, e com as teorias mais delirantes possíveis. Gente que ainda acha que o impeachmaent de Dilma foi “gópi”, que Lula preso é “injustiça” (já vi gente praticamente choramingar “ain, Lula é idoso, não faz mal a ninguém, não tem mais poder” – mas que justificou a facada em Bolsonaro porque “mimimi discurso de ódio mimimi”, olha o nível de coerência) e por aí vai – e mais esta pra acrescentar ao repertório de gente que quer o Brasil pegar fogo já que a esquerda perdeu. E nisso tudo eles se esquecem do regime escravocrata sob os feitores Castro (tido como “líderes” quando na prática são ditadores da pior espécie). Aí esquecem de tudo o que defendem para trabalhadores brasileiros – até pra si mesmos – pra rifar os direitos trabalhistas dos cubanos em nome da idolatria ao regime de Cuba – que “tira a liberdade mas faz”, parafraseando o famoso brocardo político-eleitoral. Revoltante

    • Quem preza pelos trabalhadores brasileiros deveria estar puto com o Mais Médicos. Só eu conheço três médicos que foram demitidos para dar lugar a médicos cubanos…

  • Sally, os “outros países” importam médicos inclusive daqui pra trabalhar em atenção básica. É uma área em crise mundialmente. Se um Médico de Família brasileiro quiser trabalhar no Canadá, Inglaterra, Austrália, ele vai SEM precisar revalidar diploma nem nada! É a única especialidade que é possível isso. Porque falta em todos os países! Os médicos não querem trabalhar nos interiores… então vc vai tranquilo, de boinha, DESDE QUE nos lugares que eles precisam de médicos. Exatamente o que faziam com os
    Cubanos e outros no Mais Médicos.

    Acho ótima a questão do “tem dinheiro, é só não roubar”, mas nenhuma prefeitura vai deixar de roubar pra pagar médico… então o problema continua existindo. Quem vai atender essas pessoas que os cubanos assistiam? Porque se tinham 8.000 cubanos aqui é porque 8.000 brasileiros E outras nacionalidade NÃO quiseram as vagas.

    • Mas o fato de uma prefeitura não deixar de roubar não pode ser justificativa para nada, muito menos para manter trabalho escravo. Bolsonaro que fiscalize o uso das verbas públicas. Não quis ser presidente? Faça a coisa funcionar!

    • Sou médico e fui demitido para colocarem médicos cubanos no lugar, pq o governo brasileiro levava uma parcela do $ que Cuba confiscava dos médicos. Parte do dinheiro usado na campanha do PT vinha daí.

      Como eu, muitos outros médicos foram demitidos, pq nosso salario não revertia em dinheiro de campanha para o PT. Não falta médico, falta dinheiro para bancar esses vagabundos.

      Médico cubano não vem pq quer, vem obrigado sim, com medo do que podem fazer com a familia deles. Antes de falar, façam uma visita a Cuba para entender como as coisas funcionam. O controle é tanto que muitos médicos cubanos não queriam ficar aqui mas não podiam voltar por medo de morrer, então acabaram fugindo do Brasil escondidos.

  • Pelo o q li o curso de medicina vem formando muitos médicos e brasileiros fazendo medicina na Argentina e outros países são muitos tbm. Acho q a maior vantagem do governo petista era ter médicos q não reclamavam das condições de trabalho. Assisti uma entrevistas com médicos Cubanos e eles já tinham trabalhado na África, Venezuela e falavam q apesar da pobreza tinham mais suporte do q em outros lugares. Tbm acho q médicos simpáticos e negros faz essa população se sentirem mais à vontade . Pode ser loucura minha…
    Como é saúde básica acho q Pocket terá tempo de organizar esse programa para não atrapalhar sua popularidade e conseguir fazer as reformas necessárias. Meu medo é ele comprar brigas de mais e a oposição conseguir paralisar o governo.

    • Acho curioso ver brasileiros brigando “pelos médicos cubanos”, quando os próprios médicos cubanos estão mais felizes com Bolsonaro do que com o PT…

  • Eu já imaginava que este seria o desfavor da semana… Mas não concordo com a abordagem hoje. E falo isso como alguém que trabalhou pelo Mais Médicos em um grande centro.

    Acho sim, que essa medida vai causar uma desassistência absurda. Não, o sistema não vai colapsar, porque ninguém está nem aí se as cidadezinhas do interior do interior vão voltar a não ter médicos. Mas milhões de pessoas vão voltar a não ter médico disponível. Milhares de indígenas vão voltar a ter médico uma vez a cada 2-3 meses (uma vez que quase todos os médicos de comunidades indígenas eram cubanos, assim como de comunidades quilombolas e áreas de muito risco social). Quem pagava esses médicos era o Ministério da Saúde e as prefeituras estão apavoradas de ter que gastar um dinheiro que não tem pra contratar médicos que não irão para lá trabalhar. A outra opção é substituir 8.000 vagas por médicos brasileiros (hahahaha), pagando o salário integral, que vai gerar custos a mais, porque o sistema de pagamentos para cuba era diferente do sistema de pagar no mês certinho individualmente 8.000 médicos.

    Em relação ao pagamento e toda a discussão em cima disso, o Brasil contratava a empresa estatal, e esta fornecia os médicos. Nenhum cubano veio forçado, ou sem saber que seu salário seria menor. Não estou aqui discutindo se isso é certo ou não (mesmo porque não acho que seja certo), mas diversas prefeituras contratam médicos via Organizações de Saúde e ninguém sabe qual a porcentagem que é paga pra esses médicos. Também ninguém questiona o valor que os convênios pagam aos médicos, que na maioria das vezes é bem menos do que os 30% do governo cubano… Se alguém questionar isso, vai vir logo o argumento “trabalha nisso porque quer”, quero ver alguém falar que médico de plano é escravo. Mas os donos dos planos de saúde estão super envolvidos no alto escalão da política, então disso ninguém fala…

    O desfavor pra mim é fazer a mudança de qualquer jeito, sem um plano B do que fazer, caso Cuba não gostasse das exigências (e alguém aqui achou que gostaria??).

    • Diz ele ter um plano B: chamar médicos de outros países. Aí está o ponto: o cara nem assumiu a presidência, nem executou seus planos e todo mundo já está dizendo que vai acontecer isso e vai acontecer aquilo. Brasileiro virou vidente em massa!

      Sobre o Poder Público não ter orçamento para pagar médicos, olha, trabalhei anos vendo de perto que tem dinheiro sim, é só parar de roubar um pouquinho. Nem precisa deixar de roubar,desviar, superfaturar, basta fazer um pouquinho menos que já tem dinheiro para pagar médico…

    • Nanda, você diz que nenhum cubano veio forçado, mas tenho sérias dúvidas quanto ao nível de espontaneidade com que eles são mandados.
      Tive a oportunidade, certa vez, de participar do transporte de um grupo desses médicos até alguns dos interiores onde eles iriam atuar. O esquema de segurança era fortíssimo: cada parada (programada ou não) tinha de ser informada a uma central de comando em Brasília e durar o mínimo possível, e os cubanos não podiam ir sequer ao banheiro desacompanhados.
      Não me lembro de ter sentido tão mal com algum trabalho quanto nesse dia. Até hoje, não consigo imaginar motivos para isso, senão o medo de uma possível fuga dos escravos.

    • Nesse ponto eu concordo com a Nanda. A troca em si pode ser boa ou ruim, há muitos aspectos técnicos envolvidos, há que se esperar para ver. Mas a maneira como está sendo feita é ruim. Não se manda alguém embora sem ter planejamento construído. No caso do governo federal, editais publicados, processos seletivos realizados e cadastro de reserva para contratação imediata.
      A realidade da saúde é local e muito heterogênea. A experiência de qualquer leitor do blog, só pelo fato de viver em um lugar com internet e computador, deve ser relativizada. Amigos me contaram que Paraty, que fica no RJ, vai ficar sem nenhum médico. Imagina as bibocas no resto do país. E eu duvido que o governo vai preencher essas vagas em 2 meses.
      Um exemplo que ouvi numa discussão. Você vai numa padaria, pede um sanduíche. Aí respondem: mandamos o chapeiro embora, então essa semana não tem sanduíche. Você chama o português da padaria do quê?

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